terça-feira, 7 de maio de 2013

Orgãos de soberania na internet

A propósito das recentes polémicas e do desafio lançado neste blog aos deputados para participarem na formação da opinião pública, utilizando a internet, alguém se lembrou de visitar a página da ANP à procura de informação actualizada sobre calendários, ordens de trabalho e o seu andamento.

Escreveu-me depois, escandalizado, porque nessa página o Presidente ainda é Raimundo Pereira e o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Junior! Uma Assembleia que não cuida do seu «output», dos seus órgãos de difusão, poderá legitimamente afirmar-se representativa do sentir actual dos guineenses?

Investiguei depois a página da Presidência e pior ainda, o coitado e esquecido do Raimundo Pereira nunca existiu (terá existido mesmo?), a última mensagem refere-se ao falecimento «esta manhã, no hospital Val-de-Grâce em Paris, de Sua Excelência o Presidente da Republica, Malam Bacai Sanhá».

Na página do Governo, excepto a colocação da foto e currículo do Primeiro-Ministro, o seu discurso de tomada de posse há quase um ano, o elenco governamental (mais dois ou três comunicados do Conselho de Ministros fora do respectivo sítio), nada mais foi actualizado, tudo continua velho, como antes.

Ora, como bem demonstram as estatísticas do Progresso Nacional, a Guiné entrou na era digital, com muita gente, desde simples cidadãos a jornalistas de rádio, seja autonomamente, seja em pontos de acesso, a querer obter informação actualizada e credível sobre a actual situação crítica do país.

Para ter uma ideia da situação anterior, publico as minhas estatísticas por país desde sempre.

Portugal
12499
Estados Unidos
2882
Brasil
2348
Senegal
2029
Reino Unido
1433
França
1142
Rússia
774
Guiné-Bissau
507
Alemanha
483
Itália
365

Como já referi em artigo anterior, a Guiné representava pouco mais de 3% do tráfico virtual. Nas estatísticas do DPN representa quase seis vezes mais: aproximadamente uma em cada seis visualizações de página.

A circulação da informação acelerou de repente, deixou de ser o exclusivo das rádios, obedecendo ao paradigma de comunicação de massas do um para muitos, para passar ao todos para todos. Foi com alegria que fui reparando no entusiasmo das pessoas com o projecto PN, que lhes deu voz.

Habituados a calar, a consentir, a condescender, perante o político, o senhor doutor, ou mesmo o militar, os guineenses estavam quase inteiramente esquecidos da mensagem de Cabral. Ora os guineenses estão ávidos de participação activa, neste momento não precisam de deputados quezilentos para os representar.

Os números, ainda limitados pelas dificuldades económicas e tecnológicas de acesso, que traduzem essa tomada de consciência, não são comparáveis, na minha opinião, com os acessos da Diáspora, já que têm decerto um factor de propagação boca a boca muito superior e um impacto muito maior na realidade local.


Ultimamente, em Bissau, tem-se ouvido muito o nome do Progresso Nacional. Como lançou a Esperança Cardoso: Bó na toca corçon di GUINEENSES dé!  Bó bata danu informaçon cu nó precisa!

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