quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Resposta ao pedido de adiamento das eleições de Samakuva

O líder do maior partido da oposição pediu ontem uma entrevista com o Chefe de Estado, para legítima e justificadamente lhe pedir o adiamento das eleições, face às graves irregularidades que mancharam a sua organização e ferem de ilegitimidade quaisquer resultados a publicar.

A resposta veio agora, não como um desejável telefonema da parte de José Eduardo dos Santos, mas pela boca do Comandante da Polícia Nacional (numa injustificada escalada verbal por parte das autoridades) ameaçando defender «até às últimas consequências» o Presidente...

Sente-se encurralado, Senhor Presidente? Face ao autismo de que tem vindo a dar mostras, já todos lavaram as mãos. Não feche a porta ao diálogo, não queira sujar as mãos; pegue no telefone e poupe Angola a inevitabilidades das quais se constituirá como único responsável moral.

Ti Zé, arreda o pé, tô prazo expirô há bué...

Tzé aconselha Luaty: melhor que licor Beirão!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

terça-feira, 28 de agosto de 2012

As opções de José Eduardo dos Santos

70 anos, metade deles de poder…     Não farta?   Não estará na hora de aproveitar aquilo que a vida, o dinheiro podem proporcionar? Uma saída em beleza não é preferível ao opróbrio?


O respeito também deve ser levado em conta. Mas isso estaria garantido! José Eduardo dos Santos tornar-se-á sem dúvida um grande estadista se perceber que chegou a hora de abandonar o poder.

Não julgue que sai mal, Senhor Presidente! Se sair neste momento, negociando as condições em que o faz, será muito mais proveitoso, para o seu orgulho, que outras opções mais arriscadas…

Espero que o pragmatismo que tem demonstrado ao longo da vida e lhe permitiu os sucessos que se lhe conhecem, o possa benevolamente aconselhar neste momento crítico da sua carreira.

Espero que o exemplo do seu amigo Nelson Mandela o possa inspirar e lhe evite trilhar um momento de desespero que só poderá acabar mal (para si, a sua família e, infelizmente, para muito mais gente).

Na disposição de todas as suas faculdades (e hoje que é o seu dia de aniversário, muitos mais anos de vida, reconciliado com a Nação!), permita que se lhe pergunte se julga que dura para sempre.

Na memória dos angolanos, talvez, mas então que seja para o bem. Se algum genro, ou género de alternativa, se perfilasse, seria outra coisa. Estaria a defender a sua dama e ninguém levaria a mal.

Console-se, reconcilie-se com a morte, como manda a tradição africana, com toda a sua experiência, o bem que fez a Angola (e o mal lhe seja perdoado) e o legado que deixa em tão boa conta…

Aceite um merecido descanso; não espere que a Nação possa aceitar que se arrogue perpetuar o autismo e se disponha a sofrer passivamente senilidades sem sentido e sem futuro.

Angola é uma nação nova bafejada pela sorte (ou azar – como julgava Salazar) de ter petróleo (o qual entretanto subiu bastante nas cotações e nos termos de troca internacionais). Economia, enfim.

Sendo um homem esperto e inteligente, continua a ser a uma chave para uma possível solução equilibrada e negociada. Uma nova Angola, aberta a todos, com o contributo de todos.

Será de facto uma Angola muito mais rica. Em experiências, em saberes, em oportunidades, em competência. Na diversidade. No confronto de opiniões. Apostando no mérito, não no seguidismo.

Não queira hipotecar gratuitamente o valioso contributo de toda a sua vida. Por favor, senhor Presidente, telefone ao General Silva Mateus.

Dos Santos tem pés de barro e se tenta...

70 manter-se no poder, vai ser triste.

Como diria (ou melhor, cantaria) Marilyn Monroe, happy birthday to you, Mr President.

Depois da inauguração da marginal, que decorreu em Luanda esta manhã sem problemas, está na hora da cereja em cima do bolo: o General Silva Mateus conduz (supostamente) os seus «rapazes» para o Planalto, com o objectivo de cantar os parabéns ao Senhor Presidente, numa manifestação de descontentamento (bela diversão: quando for a hora, não saberão que horas são).

É, sem dúvida, um gesto (mudo) pleno de significado, um tranquilo e pacífico apelo ao diálogo. Apelo e diálogo que Eduardo dos Santos tem ignorado senão recusado, sucessiva e sistematicamente: sabendo-se fragilizado, sofre da tentação da fuga para a frente. Agora que deu o flanco, Senhor Presidente, que já sabemos que não é verdadeiramente Deus, está arrumado!

As primeiras manifestações dos Antigos Combatentes da COEMA, em Junho, provocaram grande surpresa, tendo JES visto nelas uma maquiavélica «mão estrangeira». Talvez não devesse ter-se metido com os seus antepassados guineenses: há relações «simpáticas» com os velhos camaradas da(s) Luta(s) de Libertação, em Bissau os Antigos Combatentes são respeitados!

Poderá sempre contar com asilo na Guiné-Bissau, se bem que não como candidato a presidente da República: é que a lei guineense é mais restritiva que o era o sistema nazi para preservar a integridade ariana, sendo necessário provar ascendência exclusivamente nacional por três gerações!

Mas a Comissão de Ex-Militares Angolanos e o seu Alto-Comissário constituiu-se sem dúvida como a principal organização de oposição real, traduzindo a vontade de mudança de toda uma Nação, encarnando a recusa actual da ideia da petrificação da «ordem» e sistema em vigor por mais um mandato; não há pachorra!

As calmas declarações do General-Comandante à Radio France Internacional, enquanto marchava este sábado em Luanda na manifestação da UNITA, são disso prova cabal. Poucos dias antes, dirigira-se pessoalmente a JES, afirmando que só parariam quando recebessem um telefonema pessoal dele.

Este desafio cristalizou assim todas as esperanças da oposição. O cheiro a esturro começou a levantar-se ontem; uma inflacção instantânea dos bilhetes para Lisboa, que dispararam de $1500 para mais de $2200 e a tendência parece ser claramente para a continuação do agravamento brusco, levantando velhos fantasmas.

Por falar em fantasmas, temos a ALCOFA, contra-organização fantasma que traduz claramente o desespero de JES. Do alto do seu pedestal de «Deus», não se apercebeu que sofreu um golpe fatal em Bissau; foi esse sinal de fraqueza que deu origem à convicção de que o seu regime, embora se lhe deva a Paz, já não serve.

A UNITA, depois das cisões internas que inevitavelmente teria de provocar a convicção generalizada da grande fraude que se prepara para (mais) estas eleições, e o seu posicionamento «nas mãos» do aparelho, passou a ter, neste tabuleiro, um papel pouco mais que residual.

JES, como velho estalinista convertido ao Livro Verde, achava que o dinheiro do petróleo pode comprar tudo; enganou-se em Bissau; e enganou-se, se esperava, atirando dinheiro ao ar, desmobilizar Silva Mateus. A dignidade não se compra, Senhor Presidente.