terça-feira, 19 de novembro de 2013

Pânico no MPLA

O Bureau Político do MPLA acaba de emitir um comunicado que é um autêntico tiro no pé, servindo apenas para revelar o desespero perante a convicção de que o povo sairá em peso à rua no próximo Sábado. Manifestação pacífica = espectro de Guerra? O lobo quer disfarçar-se de cordeiro? O agressor de vítima? É evidente que já não dispõem de máscaras convincentes.

Apenas para lembrar o Artigo 47.º da Constituição angolana, que dá pelo título de «Liberdade de reunião e de manifestação», o qual, logo na sua primeira alínea, refere que «É garantida a todos os cidadãos a liberdade de reunião e de manifestação pacífica e sem armas, sem necessidade de qualquer autorização». Embora essa não seja a prática corrente; mas desta vez vai ser diferente.

Ameaçar com guerra? Foi precisamente este género de discurso e de paranóia que motivou as mortes que a manifestação pretende lembrar. «Consequências imprevisíveis»? «Jamais será tolerada e merecerá a resposta adequada»? Mais mortes nas mesmas circunstâncias? Isso é contra os direitos dos animais! Os coitadinhos dos crocodilos vão apanhar uma indigestão.

Não me parece que assim o MPLA consiga conter a vaga de indignação, que neste momento é extensível às suas próprias hostes. Numa coisa o comunicado tem razão: a UNITA deve evitar protagonismos exagerados bem como bandeiras e distintivos seus, para que todos os militantes do MPLA e verdadeiros patriotas, se sintam bem vindos, pois a indignação é geral e compulsiva.

A UNITA não está a fazer «aproveitamento político» (para o qual teria toda a legitimidade, pois é esse o papel da oposição), mas a dar voz ao povo angolano. A UNITA levou tempo a aperceber-se dessa «oportunidade», estava «politicamente» mais virada para a fiscalização do executivo... Será prova de inteligência manter um low profile: não se trata de política; é um cortejo fúnebre.

O comunicado mostra como até o Portal de Angola se sentiu incomodado com o seu conteúdo: a única coisa que se aproveita é o próprio título (que é enganador): «MPLA condena rapto de cidadãos». Se foi um «acto vil», só têm de o condenar e aos seus mandantes, fazer acto de contrição e deixarem-se de hipocrisias. Mas a cúpula do MPLA está inteiramente corrompida.

Aos burros do Burrô político: burrô, em francês, é CARRASCO. E metem asco! Os cidadãos não se deixarão intimidar. Essa será a última e verdadeira homenagem que se pode prestar àqueles que morreram e serão recordados por isso: a sua coragem e determinação serviu para acordar o povo, que perdeu o medo. Já não é o MPLA da LUTA. É o do LUTO. Funeral no Sábado.

1 comentário:

Luiz Araújo disse...

Não espanta ninguém, era de se esperar essa verborreia do MPLA quando tudo indica estamos a chegar ao fim do seu regime ditatorial. Aliás essa tem sido a atitude do regime sempre que cidadãos pretenderam manifestar-se para protestarem contra as práticas da ditadura corrupta dirigida pelo ditador José Eduardo dos Santos. Outros cidadãos foram tratados com brutalidade quando tentaram manifestar-se e os agentes dessa brutalidade ficaram sempre impunes. O Caso do assassinato de Cassule e Camulingue foi um excesso de agentes dos sectores da segurança de estado que teve lugar há cerca de ano e meio e foi sendo escondido do público pela ditadura de José Eduardo dos Santos. Só quando se começou a falar na eventual entrega desse caso ao TPI é que o regime lhe deu o tratamento que acabou por gerar a indignação nacional, foi o cúmulo do abuso terem deitado o corpo duma das vítimas aos jacarés. Leve-se a sério esse comunicado do MPLA porque como sabemos estamos submetidos por um regime que já matou muita gente e que quando sentir que pode ser deposto pelo povo vai voltar a matar. Quanto ao resto não passam de lágrimas de crocodilo. Não se deve desistir do protesto anunciado, milhões devem sair às ruas para protestar contra esse acto de agentes da segurança da ditadura, quanto mais cidadãs e cidadãos saírem à rua menos vulneráveis serão a qualquer tentativa de repressão sangrenta, Anulemos a ditadura, sejamos milhões a exigir dignidade!