quinta-feira, 31 de maio de 2012

Os cães ladram e a caravana passa

Interessante artigo sobre a Guiné-Bissau de um jornalista angolano, a propósito da extensão das sanções da UE a mais quinze nomes a anunciar amanhã no jornal oficial...

http://altohama.blogspot.pt/2012/05/ue-nao-sabe-o-que-diz-e-nao-diz-o-que.html

A UE afirma ainda não reconhecer o Governo de Transição por este «estar aparentemente sob o controlo dos militares».

Angola desmente adiamento

Segundo a Reuters, afinal parecem ter sido ultrapassadas as «dificuldades de ordem técnica» que se anteviam para a retirada da MISSANG, tendo Angola negado os insistentes rumores de adiamento da partida do seu contingente militar, apressando-a para começar já este fim de semana prevendo que se possa prolongar no máximo até 10 de Junho, dia de Portugal e das Comunidades de Língua Portuguesa. Esperemos que sim.

Quatro aeronaves vão estar envolvidas na operação. Já o igualmente anunciado navio... talvez se fique apenas pelas intenções. Parece uma medida razoável, não adiar mais a resolução de uma situação desconfortável para todos os envolvidos.

Tentativa de manipulação mediática

A LUSA emitiu ontem, dia 30 de Maio, dois comunicados sobre a Guiné-Bissau, sem aparente correlação formal: no entanto, ambos se referem a embaixadores nesse país.

O primeiro anuncia a decisão de Portugal de retirar o seu Embaixador de Bissau, cuja reposição condiciona ao retorno da ordem constitucional no país.

Numa atitude mais construtiva, o embaixador da França na Guiné-Bissau, recebeu o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros, dando conta das expectativas da França quanto ao cumprimento do Roteiro do Governo de Transição, o que foi objecto de um segundo comunicado.

Nesse comunicado imputa-se ao diplomata a utilização no seu discurso do termo «imperativos», emprestando-lhe assim muito convenientemente um tom de diktat, próprio para acirrar ânimos anti-gauleses. Não parece muito provável que o senhor Michel Flesh, como diplomata de carreira, formado em Estudos Políticos, cometa gaffes tão grosseiras como aquelas que o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal tem vindo a cometer neste dossier. Se utilizou a palavra, deve ter sido noutro contexto, sem o relevo que lhe quiseram dar. Ainda bem que o jornalista deixou o rabo de fora, utilizando aspas...

A mensagem «de despedida» para os guineenses não poderia ser mais clara: «Olhem que os franceses são mais mandões que nós». Talvez os dois comunicados pudessem ter sido sintetizados num só, com o título: Portugal sai, França entra. Mais um tiro no pé de Paulo Portas.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Temporização indecente e improcedente

Angola estará porventura a fazer um erro de cálculo, nesta terminal tentativa de se agarrar ao chão. Ango-lapa não larga rocha. Firme que nem rochedo. No entanto, mais vale dobrar do que quebrar. Partir da Guiné ou partir tudo na Guiné?

Jogo perigoso, contra o tempo, que não joga a favor de José Eduardo dos Santos... Só aumenta mesmo a sua exposição à incerteza, até porque a imprensa internacional parece ter finalmente levantado a lebre da MISSANG, como principal factor do berbicacho.

A CEDEAO tem dificuldades em mandatar de forma precisa e em capacitar os seus representantes, demasiado complacentes face às contrariedades relativamente a objectivos básicos: como é possível que numa reunião para tratar de pormenores simples, se deixem enredar nos subterfúgios de Angola?

«Dificuldades técnicas»? Estarão a brincar? É de mau gosto. 3 viagens charter do mesmo avião e 10 idas e vindas (10m) do mesmo autocarro seriam suficientes... Porque se armam em esquisitos? Agora só saem se o autocarro tiver ar condicionado? Não estão em posição de condicionar...

Para quê tentar travestir a situação que já todos perceberam? Só chamam ainda mais a atenção! Que falta de fair play e de «recreio»! A provocar? É o princípio do chicote em funcionamento, mas se a CEDEAO abdica de cumprir o papel essencial com o qual se comprometeu, apenas demonstra, neste momento crítico, uma inoperância perigosa (para além de uma forte possibilidade de serem dispensados como incompetentes).


E, em último caso, voltar-se-á à casa de partida, com nova subida da tensão... Brevemente, com toda a provocação, a benevolência inicial para com os cambas assumirá cambiantes de merecida humilhação, com uma marcha forçada, apeada e apenas com bagagem «de mão». Não esperem pelo último barco...

Adiamento sine die e unilateral de uma retirada anunciada? Parece muito má opção, atendendo ao contexto politico e militar. O Comando Militar ver-se-á assim obrigado, mesmo que a contra-gosto e a título de estado de excepção, a voltar a sair das casernas para assegurar a soberania nacional.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pistas de Zamora apontam novamente Banjul

Sim, o jogo de comunicados e contra-comunicados continua, agora pela voz de Ensa Jawara, porta-voz do Ministério da Imigração da Gâmbia em declarações à France Press. Zamora estaria em Banjul em guarda à vista...

Parece o jogo do empurra.

Sem comentários II

À margem da inauguração da Embaixada de São Tomé e Príncipe, em Lisboa, os jornalistas confrontaram Paulo Portas com as declarações de Daba Na Walna, que o acusara pessoalmente (e não Portugal) de leviandade (mais que provada com a Missão Manatim). Resposta do já referido: _«"Portugal não entra em controvérsia com autoridades que não reconhece. A resposta é esta", disse Paulo Portas».  Pois o senhor Ministro defende-se de uma acusação pessoal falando em nome de Portugal? Porque não respondeu antes «Não entro em controvérsia com autoridades que Portugal não reconhece. A resposta é esta» Pequena, mas fulcral nuance. É, no mínimo que se possa dizer, falta de tacto, para um ministro dos Negócios Estrangeiros; no entanto, dado o carácter reincidente da forma como o faz, raia cada vez mais o insuportável. Ainda bem que os guineenses já aprenderam a distinguir o que vem de si, sem o associar a Portugal e aos portugueses (se bem que actualmente completamente manipulados por um «consenso» podre dos meios de comunicação social e dos partidos com representação parlamentar).

Arrombar Portas à machadada, Miguel?

Didinho insurgiu-se! E com razão. Chama «terrorista» a Miguel Machado, autor de uma triste (senão mesmo ofensiva para os guineenses) coluna de OPINIÃO no DN desta segunda-feira.

Este, se tem razão quando faz o diagnóstico da situação: nomeadamente quanto ao ridículo em que caiu o «inicial tom ameaçador do Ministro dos Negócios Estrangeiros português», apontando ainda «a precipitação inicial» e «uma politica de comunicação confusa, senão perigosa»; por outro lado, quando acaba esse diagnóstico e emite a sua OPINIÃO, vira uma verdadeira desgraça, entrando em puro delírio militarista, sugerindo a Paulo Portas que accione a NATO! A NATO foi desenhada como uma organização defensiva (e é um pouco forçado situar a Guiné no contexto geo-estratégico do Atlântico Norte)... aliás, tal como a CPLP nunca teve (até à era Paulo Portas), nos estatutos ou na prática, qualquer competência seja de «restabelecimento da ordem constitucional», seja sequer de «interposição» ou «manutenção de paz» (ainda para mais através da força das armas). Pelos vistos, a missão no Afeganistão deu-lhe a volta à cabeça, sr. Tenente-Coronel! Aterre com os pés no chão...

«Só falta convencer a NATO»?

Sem comentários.

Zamora desaparecido entre Ziguinchor e Banjul

A Gâmbia acaba de negar oficialmente a entrada de Zamora. Por exclusão de partes, Zamora parece estar realmente retido no Senegal, que faria bem em confirmar a recepção da encomenda: o novo Presidente deverá pessoalmente garantir a segurança do seu convidado (tal como parece ter ordenado a sua captura) não vá entretanto acontecer-lhe alguma coisa, pois há muita gente em Lisboa que, à falta de poder desfrutar da sua companhia, estaria interessada na sua eliminação física... 

http://thepoint.gm/africa/gambia/article/gambia-has-no-knowledge-of-g-bissau-ex-army-chief-minister

O coitado do Sr. Almirante já deve estar farto de ser interrogado... a esta hora deve estar um pouco confundido: as informações, para além dos dois anos de «décalage» devido ao seu afastamento, sofrerão decerto com isso.

Preocupação justificada

A Guiné-Bissau, pela voz da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, ocupou hoje, Segunda-Feira, a uma do Centro de Imprensa das Nações Unidas.


A situação parece realmente preocupante, mas talvez se devesse reflectir em torno das suas causas. De quem é a culpa da situação?

Será de Angola? Pela ingerência grave? Será de Portugal? Por seguir canina e obedientemente o seu retro-colonizador e ter criado um clima de medo e insegurança? Dos restantes membros da CPLP que «deixaram andar» num primeiro tempo e estão custosos de emendar a mão? Dos arredados do poder, aqueles que tentam radicalizar as posições, inviabilizando consensos, tentando desesperadamente recuperar «na secretaria» o poder que perderam por inépcia criminosa e que agora apelam à desobediência e à guerra civil? Dos comerciantes que açambarcam as mercadorias?

O Comando Militar, como cooperante do Acordo Político, se não detém já toda a responsabilidade pela calma e paz social, que agora partilha com o Governo de Transição, continua responsável pela ordem pública, que tem religiosamente conservado, com o apoio da maior parte da população, cuja maior aspiração é a de que não haja vítimas a lamentar. Essa é, até agora, a maior coroa de glória do Comando Militar.

Lembre-se que a actuação do Comando tem sido firme e clara: mantém-se, sob a sua responsabilidade, toda a liberdade de opinião e de expressão, mas está proibida qualquer manifestação pública. Quando a Alta Comissária afirma que tem conhecimento de relatos «de violações dos direitos humanos» incluindo:

1) «a repressão violenta de uma manifestação pacífica»: estará decerto a referir-se à «oportunamente» ocorrida esta sexta-feira, 25 de Maio, à frente da sede das Nações Unidas em Bissau; no entanto, essa manifestação era tudo menos «pacífica», destinava-se a perturbar as negociações em curso nesse momento, nessas instalações, apoiando uma das partes (note-se que o Comando também proíbe manifestações de apoio), tendo-se registado apenas um ferido com pouca gravidade. Grave seria expor os senhores diplomatas e negociadores, por quem o Comando era responsável.

2) «liberdade de expressão?»: o exemplo da Ditadura do Consenso (claramente anti-Comando, e estou a ser simpático) fala por si

3) «saques»? só no próprio dia 12 de Abril, por o Comando ainda não ter assumido a sua responsabilidade, tendo desde aí agido em conformidade

4) «detenções arbitrárias»? mesmo considerando arbitrárias as prisões do Presidente e Primeiro-Ministro, como dar um golpe de estado responsável de outra maneira? além disso, já foram libertados, devemos portanto concluir pelo «non lieu» da acusação; a única detenção que continua, de um Secretário de Estado, foi justificada pelo Comando por subversão activa e tentativa de contratação de agitadores guerrilheiros na região de Casamança.

Talvez a Alta Comissária, com tanto trabalho por outras bandas do mundo (não resisto a apontar Angola, como exemplo, onde o seu trabalho poderá ser bastante útil, para onde deveria mandar já observadores com o objectivo de prevenir violências estatais pré-eleitorais) se acanhe um pouco nestes comunicados bastante vistosos e alarmistas mas muito pouco rigorosos...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

CPLP = Fantoche

Sim, Zédu$ compra tudo: quintas, bancos, economia, consciência...

http://dokainternacional.blogspot.pt/2012/05/cplp-nao-passa-de-uma-marionete-de-jose.html

Mas terá de responder: depois da humilhação pela qual passará em Bissau, já nem em casa o vão aturar.

Apoio alimentar da China

A China deverá dar continuidade ao apoio à Guiné-Bissau, enviando alguns milhares de toneladas de arroz, como já fez no passado, para ajudar o povo guineense a ultrapassar a carestia provocada pela crise política, e assim consolidar a simpatia do novo governo, em ordem aos seus objectivos de isolamento de Taiwan no seio da CPLP. Contraria assim também, nesta zona do mundo, a postura da Gâmbia... evitando cair no erro de «empurrar» o Governo de Transição para outras paragens, como fez a CPLP...

domingo, 27 de maio de 2012

Chegada do contingente nigeriano

Chegaram hoje a Bissalanca, num charter fretado pela Nigéria, os polícias nigerianos e senegaleses para se juntarem aos burkinabés, já em Cumeré, para uma curta missão de baby sitters, sob a bandeira da CEDEAO. As armas deverão chegar amanhã. Estão finalmente criadas «condições de segurança» para a retirada da kambada da MISSANG...

Entretanto, a confusão quanto ao destino de Zamora continua, com versões contraditórias. No entanto, o diário senegalês de referência Le Quotidien, mas também Le Senegalais, acrescentaram na edição de hoje pormenores que parecem credíveis, referindo que terá sido uma das primeiras ordens directas (e instantâneas) do próprio Presidente, Macky Sall, no seu novo cargo. O que parece ter existido foi uma verdadeira corrida na caça ao homem, entre Sall e Yammeh, pela obtenção de informações... com jogadas de contra-informação pelo meio; neste contexto, no mínimo estranha parece ser a «informação» de que Zamora procuraria «nova identidade» em Ziguinchor, o que revela indícios de que a Gâmbia terá escritórios «para-diplomáticos» em Casamança... Sall parece querer dar um sinal claro de que não quer ficar a ver «passar os navios»: homem bem informado sobre as questões geo-políticas-estratégicas-económicas, que fez a sua carreira em torno do Petróleo dessa zona, «roubou a chupeta» a Yammeh... Terá de se haver agora com os Estados Unidos, pois Zamora era o seu menino bonito. Zamora caiu claramente numa armadilha, tendo medido mal as consequências da sua desadequada e mal preparada fuga: bu ta sai da pilon, bu cai na balai?

http://www.lesenegalais.net/index.php/actualites/items/macky-ordonne-larrestation-de-lex-cemga-de-bissau.html

sábado, 26 de maio de 2012

Senegal prende Zamora e Fernando Gomes

Apanhados pela Polícia num carro com mais duas pessoas, sem documentos legais de saída da Guiné-Bissau, onde estavam refugiados na Delegação da União Europeia, deverão ser extraditados de volta para as «raízes», a pedido do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, através da embaixada em Dakar. Notícia insuspeita no Le Monde.

http://www.lemonde.fr/afrique/article/2012/05/26/l-ancien-chef-de-l-armee-bissau-guineenne-arrete-au-senegal_1707953_3212.html

Refira-se que Zamora, ao contrário de Fernando Gomes, não consta da lista de pessoas proibidas de sair do país... De qualquer forma, existem agora no país condições de segurança para que não seja necessário refugiar-se em lado nenhum, como teve que fazer ainda durante o antigo regime de Carlos Gomes Junior; nem se percebe para que foi alinhar numa «evasão» ilegal, se teria bastado pedir tranquilamente um visto para Dakar... As informações são contraditórias, outras fontes dizem que realmente o grupo dormiu em Ziguinchor mas que se teria depois dirigido para a Gâmbia, onde se ignora se chegaram.

A brincar com a tropa?

A tropa portuguesa, pela voz da AOFA, Associação de Oficiais das Forças Armadas, reagiu contra a brilhante «ideia» de contenção proposta pelo Ministro da Defesa, de «acomodar» pelos três ramos os custos da operação Manatim, depois dos cortes radicais no Orçamento já sofridos. Aviso de quem só vos quer bem: paguem, rapidamente e em força! A prudência fica bem é antes de activar a força, não é depois dar o Estado em mau pagador e caloteiro. É que quem tem as armas pode lembrar-se de seguir o brilhante exemplo da Guiné-Bissau...

Reuniões «frutuosas»

O mesmo adjectivo foi usado, em Lisboa e em Bissau, para descrever os trabalhos de reuniões em torno da situação na Guiné-Bissau. Manga di fruta. Ou seja, bué em angolano.

Em Bissau, concretizou-se a reunião entre CEDEAO e CPLP, sob os auspícios da ONU, os tais «novos canais»; no entanto, não foi autorizada qualquer entrevista dos participantes, tendo apenas sido referido o aspecto «frutuoso» das conversações. Parece um silogismo adequado para descrever um encontro com surdos (mas não mudos: são donos do mundo e não mudam uma vírgula).

Em Lisboa, uma iniciativa organizada pela eurodeputada socialista Ana Gomes no Centro Jean Monnet juntou eurodeputados e os 4 da vida airada (numa representação de luxo de ex- tudos: Presidente, Primeiro-Ministro, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Embaixador) os quais de Belém ao Rato não se cansam de marcar presença. No final Carlos Gomes Júnior declarou aos jornalistas que "Esta reunião foi bastante frutuosa para demonstrar que o povo guineense está a exigir o retorno do governo saído das urnas".

Note-se a incongruência de exigir o «retorno do Governo saído»: podiam também pedir ao contrário, a saída do Governo entrado, que ia dar ao mesmo... Parece pouco adequado estarem a decorrer conversações em Bissau e conferências paralelas «contraditórias» em Lisboa. Já quanto ao ex-Primeiro-Ministro, não se compreende em que se baseia para a sua afirmação quanto às «exigências do povo»: pubis ka burro.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Remake II

O porta-voz dos insurrectos, Daaba na Walna (sim, há imensas versões do nome) acusou Carlos Gomes Junior de...

«abuso de poder, infidelidade aos princípios, uso indevido das instituições militares, violação da constituição, perseguições e atentados contra a integridade física de oficiais da classe castrense, entre outros, motivos da insurreição levada a cabo na Guiné Bissau».

Estão todos a pensar que isto é de Abril de 2012: pois enganam-se.

É sim uma «mentira» de 1 de Abril (mas de 2010)!

Como começou esse dia? Com uma «assembleia» de altas patentes em Amura, para o confronto directo entre CEMFA (Zamora) e seu Vice (Injai), na sequência do mal-estar que se vinha vivendo desde Janeiro, quando Zamora chamara Injai a São Vicente para o acusar de cumplicidade no retorno de Bubo da Gâmbia onde se encontrava refugiado; a coisa acabou a murro, com a grande maioria dos oficiais a darem razão a Injai, tendo sido imediatamente desarmados e presos Zamora e Samba, o chefe da sua sinistra secreta, o qual aparentemente urdira toda a intriga, nela acabando por enredar o seu próprio chefe. Injai estava a ser vítima de uma «inventona» («crioulo» guineense derivado de intentona) que teria tentado prevenir no dia anterior telefonando aos mais altos responsáveis da Nação, Presidente, Primeiro-Ministro e Procurador-Geral, que se negaram a ouvi-lo. Toda a cena depois, que a comunicação social apanhou, foi feita «a ferver», assumindo a forma de uma «explicação» não agendada com o Primeiro-Ministro, na qual não houve outro estrago senão um par de óculos de um ministro. 

Apertado, Samba terá chegado a deixar cair um nome relacionado com a Embaixada de Angola... Mais recentemente, quando foi morto (curiosamente na véspera de ser ouvido em Tribunal), como o Aly constatou, a surpresa da tropa foi total (I Samba!), até porque se tinham responsabilizado pelo desenrolar tranquilo do processo eleitoral, conforme justificação do «eterno» porta-voz. Quem poderia Samba denunciar? A quem aproveita o crime? Terá sido a gota de água que fez transbordar o copo da classe castrense? Se Zamora foi mais vítima da sua ingenuidade do que propriamente cúmplice, o seu testemunho será importante (o mais importante talvez nem seja o assassinato de Nino): deverá talvez, neste momento, evitar Lisboa, para manter a sua imparcialidade perante Bissau.

Neste contexto, o recente comunicado do dia 23, da Liga Guineense dos Direitos Humanos, para além de suspeito, contradiz-se na forma: como podem pedir, no ponto 2, a libertação de Bubo invocando a Amnistia a aprovar pela ANP ao abrigo do Acordo Político, se esta se refere, na letra, exclusivamente ao dia 12 de Abril deste ano? Se invocam o texto, se pretendem um alargamento do seu âmbito, estão a reconhecê-lo. Mas não: logo no ponto seguinte denunciam o Acordo Político, para no ponto 4, apelar à rejeição da Amnistia. Em que ficamos? Tristes encenações, a juntar-se ao coro de protestos internacionais visando a situação no país ao tempo do governo de Carlos Gomes Junior...

Fernando Gomes, o ex-Ministro do Interior, faz curiosamente lembrar um seu homónimo ex-Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos. O primeiro, na sequência de mais uma «inventona» ou «intentona», conforme se queira - ou der mais jeito (na Guiné os dois termos acabam sempre por se assimilar na confusão) - do último Natal, negociou a rendição de Iaia Dabó (irmão do falecido antigo ministro do Interior e deputado Baciro Dabó - outro sinistro personagem e narco-barão), o qual foi abatido a tiro a sangue frio no interior do carro em que pensava entregar-se (depois de negociações envolvendo vários personagens) por elementos da Polícia de Intervenção Rápida (força formada em Angola, que já chegara no tempo de Nino, para o «proteger»), facto também noticiado pela Ditadura do Consenso. Gomes consta da lista de elementos do ex-Governo proibidos pelo Comando de deixar a Guiné-Bissau.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Doka Internacional versão Serifo

A mosca tem estado relativamente em descanso, muito poucos contactos locais (ao invés de 1998), quase tudo com origem na internet e no coração.

Mas hoje, justificava-se uma violação do protocolo.

O Presidente da República lembrou o nome do Pai (morto) do Doka; quase um elogio ao Filho (vivo).

Com o pai elogiou a seriedade e a força. Com o filho, a opinião actual e o «poder ser»...

Não partilho da opinião de certas pessoas, que se recusam a especular o passado, em conversas sobre História, puxando dos lugares comuns:

«Se cá nevasse, fazia-se cá ski» ou «Se a minha avó tivesse tomates era o meu avô»...

Como pode o futuro ser um imenso campo de possibilidades em aberto, se, por outro lado, nos recusamos liminarmente a discutir o que «poderia ter sido», afunilando o passado à vulgar e miserável realidade que foi?

Ler a história...

http://dokainternacional.blogspot.pt/2011/03/paigc-depois-de-35-anos-do-seu_09.html

Ouvir Ke ki mininu na tchora
de José Carlos Schwarz    ke ki mininu na tchora

Portas impinge Bissau (também) em Estrasburgo


http://www.dw.de/dw/article/0,,15968891,00.html

Lamentável performance, uma vez mais, do (des)«Governo» português, esta quarta-feira na questão da Guiné-Bissau, desta vez no Parlamento Europeu. Paulo Rangel, eurodeputado do PSD e Diogo Feio do CDS, os lacaios de serviço, chatearam-se sozinhos porque ninguém os leva a sério: tiveram de se dirigir a uma Comissária propositadamente ausente, e constatava-se um forte tom de agastamento bem perceptível nos poucos euro-deputados presentes no hemiciclo quase vazio... bom exercício de «democracia».

O cão feioso EMI (his master voice)... para pior ainda, que horror, o homem nem falar sabe, cada vez que tenta levantar a voz, engasga-se a cada duas palavras! Olhe que parece um comunista, a berrar pelos «direitos»! Estado frágil? Deveria estar a referir-se ao seu próprio país... Quem quiser que veja a triste amostra de um minuto em video:

http://videos.sapo.pt/d4sMRMYNmYVoGEwGbaZH

Qualquer dia ninguém pode ver os portugueses: «Fujam, lá vêm os chatos com a mesma conversa»...

P.S. Quem tenta salvar a face (arranjar outros canais, deslocar-se a Bissau) não alimenta este género de diversões de mau gosto.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Jair Jaló : Que Deus ajude o povo da Guiné pensar para Bem!

Jair:

Não te conheço, mas tenho por justo fazer-te um grande elogio. Um jovem sem complexos que escreve português como o sente (independentemente de um ou outro erro: continua a «errar» assim)...

Que o teu desejo seja exalçado. Deus não dorme.

http://www.didinho.org/vamos_participar_na_busca_de_solucao.htm

Portas do Cavalo II

Paulo Portas está tão curto de argumentos, que já só os apresenta um a um: neste momento, o único que tem em cima da mesa, é a acusação de na Guiné-Bissau estarmos perante um golpe de estado pelo controlo do tráfico de droga. Está enganado (ou então está a querer enganar-nos). Como toda a gente sabe, Nino estava envolvido até ao tutano e nunca ninguém se lembrou de o acusar, quanto mais de pedir a sua deposição. Foi substituído por Carlos Gomes Junior no cargo de Barão Senior: quem não se lembra de Zamora, quando foi «espremido», o ter acusado de ordenar pessoalmente uma «desapreensão»? E Paulo Portas, como Ministro de Portugal, a porta de muito desse cavalo, deveria ter mais cuidado com as suas afirmações, pois o nível de hipocrisia está a alcançar níveis estrato-esféricos: talvez faça melhor, antes de falar, em inspeccionar os porões das traineiras que se dedicam à «pesca» nas águas da Guiné; já agora, podiam pagar as licenças... Sem ofensa para os comerciantes da especiosa mercadoria, vítimas da hipocrisia mundial, pois apenas aproveitam as oportunidades que a satisfação das necessidades desse mercado proporcionam. Aliás, uma solução desejável, segundo as conclusões do IISS, num estudo recente já aqui referido, seria a liberalização desse comércio: a luta ideal e eficaz contra o tráfico é a sua conversão em comércio legal, sob apertado controlo fiscal e sanitário.

Foto infeliz II

Depois de muito procurar, finalmente encontrei o Wally! Estava bem disfarçado na paisagem, desta vez. Só se via o contraste do fato, preto e branco. Deposto pelo Comando e decapitado pela escolha de um belíssimo fundo... «desadequadamente» feito ainda a Guiné não tinha sido «descoberta» pelos tugas (os primeiros dos macacos brancos sem pelo a chegarem ao continente)...

Hollande dá continuidade a política africana de Sarkozy

O papel da Missão Licorne na Costa do Marfim, não foi questionado, tal como as grandes questões de fundo, que não passarão pelo Parlamento, devendo manter-se como prerrogativa presidencial.

http://koaci.com/articles-75089

domingo, 20 de maio de 2012

Nova constituição

No site do Didinho foi publicado em primeira mão o texto do novo acordo político que deverá reger o retorno à normalidade democrática, assinado e promulgado pelo Comando Militar na última Sexta-Feira, configurando a integral entrega do poder aos civis, consagrando suas principais reivindicações, entre as quais se destacam preocupações de:

Garantir a autonomia e independência da Justiça e da Comissão Nacional de Eleições.

Garantir o combate à corrupção e ao tráfico de drogas.

Garantir o restabelecimento da confiança nas Instituições do Estado, a nível interno e externo.

Garantir a qualidade técnica dos envolvidos em questões de governação.

Garantir a transparência das Contas do Estado, promovendo auditorias independentes ao anterior Governo e ao próprio Governo de Transição (uma vez findo o seu Mandato).

Garantir uma Amnistia (prova de humildade da tropa, que reconhece assim que teve de optar entre dois males - enveredando pelo menor) a favor dos promotores da clarificação da situação política e elementos do Comando (mas porque não alargá-la, em prol da reconciliação e do apuramento da verdade, a todos os implicados em crimes políticos dos últimos anos? mesmo o principal beneficiado sendo Cadogo, de outra forma são feridas que nunca sararão e só podem trazer mais desentendimentos e complicações; perdoar, aliás, facilitará o seu esclarecimento - até porque muitos culpados, tal como as suas vítimas, estão mortos - e este é o momento ideal para uma pacificação «forçada»; vamos acabar com violência e ressentimentos? violência só pode atrair mais violência).

Do documento final constam 25 assinaturas: destas, a maioria (simples, presuma-se, ou seja uma dúzia mais uma), poderá exonerar o referido Primeiro-Ministro (ouvido o Comando Militar, claro, num entendimento alargado do Artigo 4º). 

Na ANP, talvez se devesse consagrar a sessão permanente. Os deputados que forem caindo, ao abrigo do regimento, deveriam ser substituídos por uma lista a elaborar, de figuras notáveis da sociedade civil, a começar talvez pelo Bispo de Bissau, que tem demonstrado caridade e disponibilidade para se envolver numa solução partilhada e realmente participada, bem como outras autoridades religiosas, civis respeitados, representantes de ONGs no terreno, etc.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Portas do cavalo na ONU

Depois de todas as asneiras que fez no processo recente da Guiné-Bissau, já não há saídas airosas para Paulo Portas, já não há sorte que lhe possa valer. O projecto de resolução, que pretendia estabelecer uma «força de reposição» da ordem, rapidamente se viu retrogradado a um humilde pedido de sanções contra os golpistas; mas mesmo conceder isso já parece demais perante tão mísera performance... porque não deixa de incomodar as pessoas? Uma Comissão terá de analisar o pedido. O projecto é obviamente remetido para as calendas gregas. E Paulo Portas recebe ainda a suprema humilhação de ser retro-condenado: há fortes «reticências» na organização quanto à insistente tentativa de impor a designação de «Governo legítimo» aplicada a cidadãos no exterior (cuja libertação, aliás, devem à CEDEAO e àqueles em quem tanto condenam a violação dos Direitos Humanos...), sem qualquer ligação com a realidade. Veja-se o jornal da ONU:

http://whatsinblue.org/2012/05/negotiations-on-a-guinea-bissau-sanctions-resolution.php#

O Togo acusou Portugal de deturpar o texto submetido, relativamente ao acordado... Agora Paulo Portas até já faz batota? Conhece a história de Pedro e do Lobo? Também o Expresso noticiará amanhã como o Conselho de Segurança deixou cair a exigência de «reposição» do «governo legítimo»...

Talvez seja altura de pensar como os portugueses do outro lado do Atlântico, ou seja, em colocar pelo menos um ovinho noutro cesto... é que o cestinho de Paulo Portas já ab...arrota, temo que alguns se tenham partido (suspeito mesmo, pelo cheiro, que alguns já estão a apodrecer...)

Brasil desmarca-se da CPLP e reconhece Comando

Ontem, num claro gesto de boa vontade, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil referiu-se à disponibilidade do Brasil para participar numa missão internacional conjunta de observadores da União Africana com a ONU, para a Guiné-Bissau, frisando insistentemente «que o Brasil não apoia uma intervenção militar na Guiné-Bissau, mas sim o envio de observadores» ou «que a posição do Brasil é a de defesa do diálogo». Defende ainda que qualquer acção deverá ser «acordada com as autoridades guineenses», estendendo a Lisboa e Luanda uma pequena ponte para o diálogo, dando um sinal para a saída do isolamento e beco sem saída a que estas diplomacias se votaram, ao defenderem intransigentemente um impossível retorno ao passado. Come back to the future!

Diplomático ultimato

Ouattara fez ontem um ultimato a José Eduardo dos Santos através do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, que enviou a Luanda: consonantemente, este não estará em posição de o recusar; a MISSANG terá de começar a sair já este fim-de-semana de Bissau. Esta ordem de despejo é uma prova de força instantânea para a CEDEAO e um sinal claro para o Mali: a organização não está para contemporizar com o apodrecimento das situações e pretende demonstrar a sua capacidade operacional conjunta e prontidão.

http://www.gbissau.com/?p=843

Garante-lhe «pessoalmente» uma saída ordeira, com a segurança garantida pelas forças da CEDEAO. Uma evacuação de POWs não teria melhor protocolo!

Falta apenas delimitar a missão da CEDEAO a esse ponto único, urgente, e a despachar rapidamente, para depois dispensar essas forças tornadas desnecessárias por uma transição de sucesso e evitar à organização regional incorrer em mais custos por causa da Guiné-Bissau; para retribuir o apoio agora prestado ao processo político guineense talvez seja mesmo possível, no âmbito do novo governo, disponibilizar um contingente para outras operações regionais de manutenção de paz.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Esquadra Burkinabé em Cumeré

O Comando Militar acabou de anunciar a chegada de um contingente de umas dezenas de polícias vindos do antigo Alto-Volta, que ficarão instalados no quartel de Cumeré, do lado oposto do aeroporto (a amarelo).

http://noticias.pt.msn.com/Saude/article.aspx?cp-documentid=250018085

No artigo, um belo instantâneo, com Daba Na Walna em primeiro plano meio desfocado, para focar os soldados um pouco mais atrás. A bonomia e descontracção reinam, em contraste com a crispação diplomática em torno da questão.

Crispação facial

Mais do mesmo, pelo mesmo mono. Pela enésima vez, Paulo Portas bateu na mesma tecla, ao receber o ex-Primeiro Ministro da Guiné-Bissau, esta manhã, em Lisboa. Retorno incondicional ao estatuto de Estado anterior a 12 de Abril. Está-se a tornar repetitivo, homem. Chato mesmo. Há um mais de um mês que «exige» sempre a mesma coisa, e cada vez mais a vê-la por um canudo. E não se cansa? E não acrescenta nada de novo? Nadinha mesmo? Népia? Bom, enfim. Mas porque prejudica ainda mais a sua arruinada carreira fazendo caretas? Qualquer pessoa, mesmo que não saiba português, topa logo como anda ressabiado só de lhe olhar para esses trejeitos. Sorria para a foto: olhó passarinho! Tão congestionado, parece que engoliu um sapo... Ou está com qualquer coisa atravessada? Necessidades?

Certos analistas internacionais começam a desconfiar dos reais interesses de Paulo Portas nesta questão. Para nos cingirmos a uma fonte utilizemos Radio France Internationale:

«Reste à comprendre pourquoi l'Angola et le Portugal tiennent autant à jouer un rôle en Guinée-Bissau. Certains évoquent des intérêts économiques et notamment des accords secrets passés avec l'ancien Premier ministre à propos de l'exploitation pétrolière.»
http://www.rfi.fr/afrique/20120509-guinee-bissau-grandes-manoeuvres-diplomatiques-poursuivent

Quanto à força anunciadamente a enviar pela CEDEAO, constituída quase exclusivamente por soldados nigerianos, reconhece-se o parecer negativo da imensa maioria das pessoas em Bissau:

«À Bissau, l’arrivée de la force de CEDEAO est sur toutes les langues, dans les lieux de travail, dans les quartiers et les coins de rue: Les gens pensent que cette force ne résoudra pas le problème : "En termes de stabilité, je pense que cette force ne saura pas résoudre le problème. Ce sera pire ! La Missang était ici, cela n’a rien changé. Au contraire, elle crée une crise, une polémique. Je crois que ce sera la même chose avec cette force".»
http://www.rfi.fr/afrique/20120516-guinee-bissau-cedeao-missang-abidjan

Sim, para que serviria essa força? Supostamente para proteger as instituições, fazer a protecção a VIPs & last but not the least, «substituir a MISSANG».

A MISSANG precisa de sair apenas, não de ser substituída. Angola está a começar a cansar todos os diplomatas que lidam com a questão: o burkinabê Kadré Ouédraogo mostrou-se agastado com o antagonismo de Angola e da CPLP relativamente à boa vontade da CEDEAO, sugerindo mesmo à VoA que se trata de clara ingratidão: depois de acumularem erros e hipocrisias em torno da «democracia», omitindo o verdadeiro problema, que surgiu quando a «CEDEAO ficou a saber da extrema tensão existente entre as tropas da Guiné-Bissau e as forças angolanas presentes no seu território», tendo-se prontificado a «ajudar a evacuar» essa força. 

Quanto à protecção das instituições e VIPs, não será necessário, pois o Comando Militar já deu provas da sua capacidade para a manutenção da ordem interna (a menos que estejam a pensar como Portugal e Angola, em instituições «democráticas» do passado, nesse caso o melhor seria irem directamente para Lisboa).

Dia D (ezoito)

Afinal não chega amanhã qualquer força estrangeira a Bissau. A CEDEAO ponderou e julgou que uma composição dessa força baseada apenas em soldados da Nigeria poderia ter problemas de comunicação com a população local... Dada a preocupante situação no Norte do Mali, os Ministros da CEDEAO vão reunir de novo depois de amanhã, Sábado, em Abidjan, para reavaliarem a situação, ali e em Bissau.

A Nigeria lamenta, mas confessa que também não seria possível cumprir o prazo inicialmente estipulado, dia 18, por dificuldades de logística: o responsável adianta mesmo que a única possibilidade seria o envio dos soldados desarmados, o material a (não) utilizar seguiria depois... segundo o Ministro da Defesa nigeriano na PANA: ''We don't want a situation where the soldiers will arrive ahead of the necessary equipment.''


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Encenações frustradas II

Desta vez em Lisboa:

http://www.socialaicos.com/index.php/media/videos/pesquisar/595-ana-rita-caneira-monteiro/video/10600-guineenses-em-manifestacao-de-apoio-ao-primeiro-ministro-deposto-da-guine-bissau?groupid=0

Meus caros adeptos do ex-PAIGC e alguns curiosos que se vêem neste vídeo: uma dúzia de pessoas não é uma manifestação, sobretudo nesse sítio, à hora de ponta! Todos os dias a essa hora, para além de alguns camones para a Ginginha, costumam estar nesse sítio mais guineenses que esses que se vêem «em directo» na imagem. É a pequena Bissau, sempre tolerante; de outra forma, a enorme, discreta, paciente e silenciosa maioria teria inibido essa manifestação pouco representativa do sentir autenticamente guineense.

Pontualidade britânica

E mal estar na sala. Bem sentadinhos e congestionados nos seus fatos e gravatas (e as mãos? todos com o mesmo tique entrevadinho) cinco minutos depois da hora de chegada ao Palácio de Belém (segundo o relógio de cuco), segundo o protocolo. Fazia calor em Lisboa...

O banco do meio ficou grande demais... será para assinalar a ausência de alguém? Infelizmente Daba não pode viajar... mas o lugar de honra, no centro das atenções, ficou reservado para ele.

Nas declarações para os telejornais, mantém-se a irredutibilidade do discurso... agora publicitados com renovado vigor pelos media portugueses. Tanto os Estados Unidos como a China já apelaram ao diálogo, criando um novo cenário político. O ex-PAIGC continua a esticar a corda, com consequências imprevisíveis, recorrendo à cobertura de Paulo Portas, numa inconsiderada aposta do «tudo ou nada» já apenas destinada a salvar a própria face. Chega de hipocrisia!

PS Com os devidos créditos ao repórter fotográfico da Presidência, através da respectiva página oficial. Cenas dos próximos capítulos, amanhã, nas Necessidades.

Testemunho impressionante

Sobre os crimes de Nino.

http://dokainternacional.blogspot.pt/2012/05/eu-alice-schacht-esposa-viuva-de-otto.html

Aguiar-Branco lava as mãos e chuta para Portas

A ida ao Parlamento de Aguiar Branco para justificar a Missão Manatim, que afinal se saldou em quase seis milhões de euros, foi realizada à porta fechada e acabou com um discurso contemporizador do P.S. que, no entanto, não quis deixar de lembrar que será necessária a presença de Paulo Portas para esclarecer os aspectos diplomáticos e a sua opinião quanto ao evoluir da situação. Segundo a Lusa:

Sublinhando que "os golpistas ainda controlam a situação", Marcos Perestrello disse que "o ministro da Defesa entendeu ainda não prestar nenhum esclarecimento, talvez porque sejam questões que essencialmente o ministro dos Negócios Estrangeiros tenha que esclarecer".

O P.S. afirma ainda que é constrangedora a falta de perspectivas do Governo português quanto a um evoluir claramente desfavorável da situação. Enquanto isso, a farsa que se prepara no Palácio de Belém, com a recepção «oficial» de exilados políticos a título de chefes de «estado», não poderá melhorar muito essa confrangedora situação. Julgo que haverá reportagem fotográfica da encenação para logo ao fim da tarde.

Afim de minimizar os estragos do indesejável ostracismo a que parecem querer votar a Guiné, talvez seja melhor não alinharem de cabeça perdida no plano de Guerra Civil que se prepara a partir de Lisboa. Os guineenses na Diáspora deverão evitar escutar ou sequer conviver com este género de parias e agitadores, com planos de governarem a partir do «exílio»... Quanto a Portugal, só tem a perder e nada a ganhar. Um erro de avaliação inicial de um Ministro mal informado (ou bem comprado) está-se a transformar, por via da sua teimosia e autismo, não apenas num sorvedouro de dinheiros públicos, como num desastre diplomático, que só não é também militar porque a tropa já percebeu quem é Paulo Portas e o Ministro da Defesa deixou bem claro que não está prevista qualquer outra operação!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Bu ta sai da pilon, bu cai na balai?

O Aly Silva tem razão: seria ridículo para os intervenientes neste Golpe de Estado que a emenda fosse pior que o soneto! Está provado que, no actual contexto, as tropas estrangeiras são O problema. E ninguém quer mais problemas na Guiné; problema, problema, e bem mais grave, é no Mali, e para já a CEDEAO retraiu-se na reunião de ontem, Segunda-Feira, em Abuja, afinal já não envia tropas… Ao contrário do que alguns parecem querer fazer constar no seio da organização, de a Guiné configurar um caso «mais simples» que o Mali, isso não é decerto verdade visto pelo prisma da eficácia militar. E nada justifica uma mesma bitola no tratamento das duas situações, que apresentam características muito diferentes.
Podem mobilizar forças «para a Guiné», isso ficou acordado. Mas estão a esticar-se, pela voz da Nigéria (quererão mostrar ao académico angolano que os acusou de medricas que não têm medo dos militares guineenses?) quanto ao enviá-las, pois não há esse compromisso (na última reunião com a CEDEAO ficou acordado que teria de ser o novo Presidente a solicitar essa intervenção); até podem enviá-las, mas sem material de guerra (o Comando deveria talvez formalizar a regra em comunicado estilo «Embargo» à importação de armas, um ano de interdito sem excepções), venham armados da sua boa vontade (talvez uns ramos de flores), para confirmarem com os seus olhos que as Forças Armadas da Guiné-Bissau dão bem conta do recado, em termos da defesa da soberania e do território nacionais, e que não alienam nem delegam as suas responsabilidades.
As últimas iniciativas da CEDEAO colocaram sobretudo a nu uma grande salganhada e uma miríade de interesses divergentes, não apenas entre países francófonos e anglófonos, cenário ainda complexificado por várias tramas regionais e mesmo continentais. Ouattara foi recebido em Paris por Sarkozy, a título privado, por duas vezes no último mês; na última dessas visitas o presidente cessante recebeu o seu convidado à porta, violando o estrito protocolo do Eliseu; mas agora, como irá reagir a nova Paris de François Hollande?
 La France ne change pas du jour au lendemain à cause d’un homme. L’interêt de la France est clair et au dessus de ce genre de contingences: il y a que maintenir l’effort d’affirmation autour des voies du developpement economique et de l’integration regionale en dépit du caractère militariste et interventioniste dont quelques états (les plus egarés de la situation, d’ailleurs) veulent impregner la CEDEAO: un état de guerre ou même seulement de tension prolongée en Guinée-Bissau, n’interèsse personne; en ce moment la mise la plus rusée semble être sur la capacité des autorités militaires actuellement en place non seulement pour la conservation de l’unité de l’armée et de l’ordre public (tel étant le cas jusqu’à present), mais aussi le maintien de l’orgueil national, sans quoi la dissolution de l’état pourrait se reveler bien plus dangereuse, tel le mal qu’atteint le Mali. La maintien de l’integrité de l’armée nationale est de loin la solution la plus economique; autrement, ce serait comme sauter du chaudron pour tomber sur le feu… Plus que devant une menace, l’alliance France-Afrique est nettement devant une opportunité à ne pas gaspiller, de stabilization de la sous-région et d’élargissement de ses horizons. Ce n’est pas le moment de perdre prise sur les evenements et d’accepter de pactuer avec la pretension d’hegemonie et de mainmise du Nigeria dans le processus (à quels risques?), en violation de l’esprit des conversations maintenues: celà ne pourra qu’amener le Commandement Militaire à l’egarement vis à vis de la table de negociations, jetant par terre tous les efforts conduits avec succès par la bienveillance de Monsieur le Président de la Côte d’Ivoire et président en exercice de la CEDEAO. À titre d’organisation pacifique, la CEDEAO pourrait proposer l’evacuation de MISSANG assistée par une délegation de personalités africaines de prestige, presidée par Nelson Mandela, par exemple, ou même, à la limite, par des joueurs de football appartenant aux selections africaines les plus connues. Originalité, s’il vous plait… pourrait on oublier les armes?
Depois de o Comando ter dissuadido a indesejada presença de Angola e de Portugal, nem que ao abrigo da ONU; a CEDEAO precisaria de bem mais do que os 3500 homens (de que supostamente dispõe para o conjunto das situações, Guiné e Mali, números ultimamente muito inflaccionados - para pressionar o Comando?) para iniciar qualquer acção ofensiva com hipóteses de sucesso (mesmo que obviamente demorada e com alto risco de baixas substanciais); o Comando nunca permitirá, sob risco de perder o seu único trunfo e consequentemente a sua base de legitimidade interna, que tropas estrangeiras penetrem em território nacional, vindo assim agravar substancialmente o problema já existente, o qual deu origem à própria constituição e acção deste Comando. Se for preciso, recorrerá ao argumento dissuasivo, que já desmoralizou todos os outros candidatos: «Serão tratados como inimigos».
Em conversações bilaterais, não faltarão, a prazo, estados para reconhecer a justeza e a boa fundamentação das asserções do Comando, cuja inalienável legitimidade reside cada vez mais (se é que alguma vez teve outra base) na «resistência ao invasor» (qualquer que ele seja). Os Estados Unidos, numa surpreendente jogada de antecipação, quiseram tomar a dianteira do pragmatismo, fora do âmbito regional, e reconheceram, através de discreta nota oficiosa emanada da Embaixada para a Guiné-Bissau e Senegal, o novo poder em Bissau, enfraquecendo grandemente a posição não só da própria CEDEAO (mensagem clara dos Estados Unidos: essa organização passa a ser claramente dispensável para o Comando), como as do ex-PAIGC, de Angola e de Portugal. Também na ONU, a rotina do reconhecimento «informal» já tomou conta do aparelho administrativo, no que toca à Guiné-Bissau...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Encenações frustradas

Numa triste encenação, pouco mais de uma dúzia de guineenses, erguendo cartazes impressos, standartizados e muito pouco «espontâneos», participaram (por obrigação, decerto) numa nano-manif em Paris, no sábado dia 12.

Ver foto

A expectativa dos organizadores saiu claramente gorada com a sua fraca capacidade de mobilização. Por mais que se esforce no seu «internacionalismo» o ex-PAIGC já não consegue mobilizar ninguém, para além de funcionários de embaixada. Boa amostra para evitarem qualquer «demonstração de força» desse calibre em Portugal, pois cairiam no ridículo pela mísera adesão que conseguiriam entre a Diáspora guineense: les gens ne sont pas dupes.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Adivinha do Didinho

Quem foi o jornalista que pediu 3 milhões de francos CFA para promover a candidatura de Serifo Nhamadjo na blogosfera e, perante o Não, resolveu apoiar a campanha do candidato do Governo?

Espero que Didinho não se esteja a referir ao Aly, pois tenho-o em alta consideração como jornalista sério e corajoso.

Mas também espero que o Ditadura do Consenso, para não hipotecar os seus altos créditos e não se sujeitar à sujeira de tais suspeitas, possa rever em breve a sua linha editorial, pois algumas das suas últimas tomadas de posição pecam, na minha opinião, por demasiado parciais e emocionais para um jornalista (isso tolera-se apenas num blogue partizan como este e não no Ditaturadoconsenso de quem todos esperam imparcialidade, notícias objectivas, cobertura na hora, boas fotos, como sempre nos habituou).

Julgo mesmo que se terá excedido nas suas expectativas em relação ao poder do seu blog (e somos os primeiros a reconhecer o seu corajoso e mesmo ferozmente independente trabalho) e no desejo de passar uma ideia de unanimidade no seio dos guineenses, no âmbito da blogosfera, não obstante o seu modo de sentir pessoal seja contrariado por todos os outros bloguers (de entre os mais relevantes e ultimamente interventivos) de intelectuais guineenses como www.didinho.org ; www.gbissau.com ; dokainternacional.blogspot.com ; djemberem-samuel.blogspot.pt perdoem-me se esqueci alguém.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Bofetada de luva branca


Daba dá bofetada de luva branca em Paulo Portas e no Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Portugal:
1) À retirada da força portuguesa, respondeu que não sabia, só sabia que tinham ido para resgatar portugueses, mas que sempre lhe tinha parecido que isso não se justificava por causa da abertura das fronteiras aéreas (quem quer ir aos trambolhos? de barco? isso era há meio século… para quê, se pode apanhar confortavelmente o voo da TAP?), além de que, claro, se os portugueses não querem voltar para Portugal, não podem obrigá-los a sair… eheh
2) À ridícula justificação apresentada para a impo(t)nente missão Manatim, de ter contribuído para a dissuasão de uma violência de maiores proporções, respondeu que os militares guineenses estiveram debaixo de fogo na casa do Primeiro-Ministro e que nunca dispararam. Ainda não correu uma única gota de sangue (humano, pronto) desde há um mês. Maiores proporções que nada? Sabe quanto é zero multiplicado por qualquer número? Lá na Academia não se aplicou muito em Matemática, está-se a ver. Limite-se a cumprir bem o seu dever; se acha que é um herói e merece uma medalha (por uns dias de férias à pesca nos trópicos), faça um requerimento a quem de direito, mas poupe-nos às suas lucubrações infelizes, que pouco vêm ajudar ao apaziguamento da situação, e podem prejudicar a imagem de Portugal,  podendo ser vistas como inseridas na campanha de mistificação em torno da «democracia» promovida por José Eduardo dos Santos (com que moral?) em conluio com Paulo Portas, um par cujas motivações dariam decerto uma boa reportagem independente no Expresso. Senhor CEMFA.pt: deploráveis são as suas afirmações; convir-lhe-ia mais estar calado e fazer-se esquecer. Foi de facto um bom exercício militar de mobilização intempestiva, conseguiu demonstrar a prontidão que se requer de uma força criada para isso; mas já que se recusa a entrar no campo financeiro, que não é da sua competência, não enverede também por distribuir avulso opiniões políticas pessoais, pouco fundamentadas e avalizadas, pois já chega a irritante incompetência de quem o mandou para lá. Dissuasão? Não seja ridículo. Se não tivessem acudido tão prontamente nem o canário do Sr. Ex-Primeiro Ministro teria escapado! Um banho de sangue...

O Chefe de Estado Maior da Marinha angolano está agora junto dos seus congéneres da CPLP: numa reunião «menor» no Brasil, hoje dia 8 de Maio, abordado pelos jornalistas, falou na esperança depositada na CEDEAO para resgate da MISSANG. Pelos vistos o tema deixou de ser tabu: o Senhor Almirante referiu-se humildemente ao desejo de Angola de obter segurança para a retirada da força. O discurso parece estar a mudar, no bom sentido.

O cerco de Zedugrado


José Eduardo dos Santos, homónimo de José Estaline. O cerco de Estalingrado constituiu o ponto de viragem da segunda guerra mundial. A uma escala mais pequena, o cerco da «bolsa» de Zedugrado faz dentro de dois dias um mês que dura já.
Sim, seria fácil matar a fome. Zut. Uma bala certeira. Depois disso, nunca mais ninguém tem fome.
Mas quem pode ter razão diante de um morto? Quem pode ralhar para um pobre corpo tombado, crivado de balas? O seu último adeus, grito que ninguém percebeu porque as balas zut! zut! … silvam alto e fosse o que fosse que ele queria dizer zut! zut! zut! não chegou a fazê-lo.
Perguntar-lhe-emos depois «Que estavas aqui a fazer numa terra estranha?» ou «Sabias o que estavas a defender, ao certo?»?
O Comando Militar tem usado da maior humanidade para com os militares angolanos que estão neste momento nesta posição desesperada por culpa dos seus políticos e diplomatas (mas pouco), os quais, depois de fazerem asneira, lhes prometeram resolver a situação num curto espaço de tempo. Passados todos os prazos, ninguém os poderá acusar de não terem cumprido o seu dever até ao limite do humanamente possível. É fácil sentirmo-nos solidários com estes soldados que apenas cumpriram ordens, como julgam ser o seu dever. Face às necessidades por que estavam a passar, o Comando Militar facilitou-lhes o abastecimento em pão.

Estou-me a lembrar do gesto desesperado de Hitler, enviando o bastão de Marechal a Von Paulus no último Junkers que aterrou em Estalingrado, pedindo-lhe para se sacrificar e aos quase um milhão de soldados por quem era responsável; quando Hitler soube da rendição, teve uma crise de fúria, vituperando Von Paulus, gritando que era uma desonra «caminhar ao lado dos seus soldados» e que deveria ter optado pelo suicídio, como bom prussiano. Foi quando Rommel se levantou, ousando desafiar o ditador (acabaria por pagar com a vida) e disse que achava muito mais digno «caminhar ao lado dos seus soldados», partilhar a sua sorte, do que um suicídio. Rommel estava habituado a desobedecer: fê-lo em Junho de 1940 na sua louca cavalgada para Paris, quando Hitler julgava que a brecha aberta na Linha Maginot era uma armadilha e transmitia ordens incessantes do QG, pela rádio, mandando parar e consolidar posições, Rommel pura e simplesmente sabotou o rádio e continuou (com o enorme sucesso que se sabe); ou quando, ao abandonar (com um peso no coração) os seus homens do Afrika Korps, ao receber ordens terminantes para fuzilar os oficiais ingleses, rasgou pelas próprias mãos a mensagem e deu ordens para serem libertados de imediato.
Quando as ordens são estúpidas… nenhum militar se deve sentir obrigado a obedecer. Coisa mais fácil de perceber para um guerrilheiro guineense do que para um soldado convencional, admitamos. Claro que a carreira do oficial que assumir o acto estará acabada (pelo menos enquanto durar a carreira de José Eduardo dos Santos), mas será de longe a melhor opção militar e humana.

P.S. Faz hoje 67 anos da queda de Berlim e da rendição incondicional da Alemanha nazi.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Factura da estupidez

O Expresso está a conduzir uma investigação para apurar o custo da «desinquietação» da Força de Reacção Rápida. Contas muito por baixo, e só até agora, será superior a
2 000 000 €
Dois Milhões de Euros

(custo, só de si, superior ao Orçamento de Boa Vontade, submetido a José Eduardo dos Santos neste mesmo blogue). Mas o título provisório é desadequado: «Golpe na Guiné» não; estupidez de Paulo Portas, isso sim!

Golpe na Guiné custa milhões de euros a Portugal

Discurso vão para orelhas moucas

Agora o Conselho de Segurança ouve tagarelas que fazem tabu do que os traz? Depois de um discurso muito bobo do eterno representante da UNOGBIS; segundo o PAIGC, que alçou a voz para impor sete condições ao Conselho, estão em curso as «maiores barbaridades» contra civis na Guiné. A que se refere? Ah, mataram o cão ao Primeiro-Ministro! Segundo o piroso Jaló, a CEDEAO está «objectivamente a legitimar um golpe de estado». Ainda bem que também reconhece, mas por favor, não tchore más que djá endjooa...

O chicote angolano foi-se um pouco abaixo, os estalidos soam a falso: embora o discurso continue desadequadamente high-profile, o tom e o ritmo da voz já não conseguem acompanhar, pois o próprio já não acredita... Lamentável performance. Um novo ditado: «Quem entra de chicote, sujeita-se à chacota.»


A vermelho, o perímetro do Palace Hotel, a amarelo o aeroporto.

A representante da CEDEAO deu conta, numa voz mais alegre que as anteriores, do essencial do que ficou acordado em Dakar, ou seja que «le deployement de la force devra être convenu avec les autorités militaires». Sim, bastarão dois generais de países da CEDEAO para acompanhar ao aeroporto estes turistas políticos que acidentalmente se encontram em território guineense, ninguém lhes vai fazer mal, desde que respeitem os anfitriões. Quanto ao adjectivo utilizado, «iminente» (mesmo que fosse para uma força com mais de 50 soldados), não acreditem muito; financiamento... (CPLP? UE? Angola?) mobilização (três a quatro semanas, segundo a própria organização), discussão das modalidades (ui...)... Mas também não será preciso tanto mais tempo assim, porque caem de maduros antes disso. As mangas amadurecem primeiro, mas não as comam já porque ainda estão um bocadinho verdes... incha barriga.

P.S. Faz hoje 13 anos que se resolveu o que tinha sido começado 11 meses antes.

Poilão de Brá II

Recomenda-se, para a nova bandeira ou o novo brasão, o símbolo que representa o Poilão de Brá. Quem não lembra a Rádio Voz da Junta Militar «Do Poilão não passarão!»? Como afirmação de resistência e de soberania, pois o Poilão, para além de imponente, tem as raízes profundas, mas quase aéreas...

A amarelo, o aeroporto. A vermelho, um quadrilátero mais ou menos regular com aproximadamente 200 por 200 metros.

Trapalhões & Cª no Conselho de Segurança

Depois de toda a trapalhada em que se meteram, talvez tenha chegado o momento do discurso apaziguador... É só puxarem as pontas, muita gente esclarecida, na CPLP, já constatou a simples realidade. Saúda-se a postura prudentemente mantida do outro lado do Atlântico; e agora, directamente de São Tomé e Príncipe:

http://www.telanon.info/suplemento/opiniao/2012/05/07/10334/cplp-e-as-trapalhadas-na-guine-bissau/

Para Paulo Portas, a demissão tornou-se inevitável. Terá de começar por responder às acusações de inépcia e irresponsabilidade perante uma Comissão Parlamentar.

Para José Eduardo dos Santos, é o fim da carreira. Embora pretendesse bater em longevidade Bongo & Kadafi, no livro dos recordes; 33 anos (Cristo não teve mais de vida) de poder já é, sem dúvida, uma marca invejável. Com o balde de água fria que levou por fora, vai arrefecer por dentro. Já não há terapia que lhe possa valer.

domingo, 6 de maio de 2012

Erro na escolha da localização

Um hotel com vista para o mar teria sido claramente uma melhor opção, para Paulo Portas poder brincar com o seu submarino. A vermelho, em pleno coração da «praça», a MISSANG. A amarelo o aeroporto.

Reconheçam o novo Governo legítimo a constituir na Guiné-Bissau, saiam do Palácio, atravessem a avenida e vão aí mesmo em frente, ao novo Palácio do Governo de Brá (ocupado pelos «golpistas», não em ordem a uma qualquer «simbólica» do poder mas por uma questão de posição de tiro), peçam vistos de saída às autoridades competentes, cinco minutos depois estão a apanhar o avião para Lisboa.

Baratas tontas

Paulinho SWAT já não sabe mais para onde se virar; um autêntico fiasco: ao contrário da CEDEAO, que colocou a palavra chave «MISSANG» no seu documento, já no documento da CPLP continua omisso (missing). Hom'isso não!

Cabo Verde, Cabo Amarelo, Cabo Azul... num dia assina pela CEDEAO, para logo no outro assinar, em nome da CPLP, outro documento contradizendo-se: e os interesses da Guiné-Bissau? A postura não é supostamente independente? Ou vão a reboque do reboque?

Que rica figura a CPLP vai apresentar ao Conselho de Segurança: não fiquem muito irritados se se rirem na vossa cara... O que é que querem mesmo? A proliferação de pontos é pouco esclarecedora e bastante confusa: pelos vistos, contentam-se com sanções de mobilidade internacional aos golpistas, que aliás os próprios visados nomeados afirmam compreender. Ok, tudo bem.

Vantagem no marcador

Cada vez mais isolado na cena mundial e sem opção militar actual, o presidente angolano já se apercebeu que se encontra num beco sem saída. A jogar fora de casa, está agora reduzido a duas opções simples: cash or body?

A primeira opção parece de longe a mais razoável, pois não é coisa que lhe faça assim tanta falta (pelo menos tanta como faz na Guiné). Avançam-se algumas hipóteses para propostas que poderiam ser encaradas como boa vontade da sua parte. A elaboração de um pequeno orçamento permitir-lhe-á constatar que se trata de um género de solução bastante em conta.

1) Já que a ideia era requalificar e redignificar as Forças Armadas guineenses, oferecer um par de fardas novas a todo o militar guineense.

2) Ceder às Forças Armadas guineenses todo o material de guerra que se encontra no seu território (a alternativa da sua devolução para ferro velho apresentaria um valor residual tendencialmente nulo)

3) Colocar um cargueiro com bens alimentares não perecíveis e medicamentos no porto de Bissau, para minimizar o impacto do pânico e carestia criado pelo alarmismo que despoletou

4) Conceder um empréstimo sem juros, para despesas urgentes de reconstituição da capacidade governativa na Guiné-Bissau

Como o objectivo de Angola é sair de cabeça levantada e como amigos da Guiné-Bissau, estará decerto disposta a fazer um pequeno esforço desinteressado nesse sentido, dando um sinal positivo de boa-vontade, pelo qual todos os guineenses anseiam.

sábado, 5 de maio de 2012

Legitimidade III

Depois da grande vitória política e diplomática que constituiu o reconhecimento pela CEDEAO da impossibilidade moral de uma «recondução» do ex-presidente, mesmo que ao abrigo de uma nova legitimidade, pois este estivera preso por quem iria chefiar; o mesmo princípio (ou precedente) se deverá aplicar à Constituição, espezinhada por Nino em 1998, que se manteve depois, desadequada... dando aso a todo o género de atropelos: está manchada de morte.

Segundo comunicado da Liga emitido hoje dia 5 de Maio: «Desde o conflito politico-militar de 7 de Junho de 1998 que o país reclama medidas consistentes, sustentáveis e adequadas (...) o problema guineense deve ser resolvido com base nos interesses nacionais objectivamente estruturados e não com base nos interesses geo-estratégicos sub-regionais ou continentais.» A legitimidade da antiga Constituição é igual à de Raimundo Pereira para CEMFA: ou seja, nula.

O Comando, logo nos primeiros dias, ancorou a sua legitimidade numa proposta de transição «técnica» afastando o «político» da praça pública. Conseguida uma solução «em branco», justifica-se, como afirmação de seriedade, a política da «tábua rasa». Dissolução dos vínculos do ex-PAIGC com o Estado, ao nível da própria bandeira; dissolução da Constituição; dissolução do Governo. Vários cenários para 12 meses de transição, mas o que parece perfilar-se e de longe o mais substancial

o de um chefe de estado militar, como responsável e garante da afirmação da soberania nacional e da estabilidade político-militar, reunindo as competências de Presidente e Primeiro-Ministro;

um governo colectivo consubstanciado num Fórum de Discussão / Decisão, conforme vários sinais substantivos de interacção com a sociedade civil dados pelo Porta-Voz do Comando

«A Guiné-Bissau precisa de um novo modelo de sociedade» afirmou hoje, dia 5 de Maio, o sociólogo guineense Ricardino Teixeira, autor do livro “Sociedade Civil e Democratização na Guiné-Bissau”.

http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article75862&ak=1

Considera que a Guiné-Bissau precisa de um novo modelo social assente na valorização da manjundade, que define como «um grupo pedagógico, cultural e político, com capacidade de articular os diferentes grupos étnicos em torno de objectivos comuns. Este grupo deve constituir-se numa rede governável na diversidade e implicando a sociedade civil».

Tentando traduzir para português o termo em poucas palavras: convívio dos mais velhos e esclarecidos.

Com os créditos adquiridos e uma legitimidade «virgem», pede-se agora a Daba Na Walna que se empenhe na sua nova carreira, se dedique a formalizar juridicamente uma nova soberania no novo Estado da Guiné-Bissau. Uma tarefa essencial, para além do «design» da nova Constituição (os acertos já foram admitidos pela CEDEAO), será a elaboração de um inventário de recursos minerais e de estratégias ou projectos de rentabilização relacionados, prevendo mecanismos de controlo técnico independente por parte do Estado, bem como a integral transparência dos contratos (e das Contas do novo Estado), dando assim garantias de seriedade técnica e continuidade económica tanto a investidores como aos guineenses.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Força portuguesa sai


http://visao.sapo.pt/forca-portuguesa-sai-da-guine=f662564

Mesmo a corveta e a fragata que «faltam», sem logística, não está previsto que se atardem.

Hora di BYE, BYE.


Ditadura do Consenso recupera equipamento

Felizmente a imagem voltou ao Ditaduradoconsenso! Acabaram por entregar ao rapaz a máquina fotográfica. O computador, mesmo se aparentemente violado, pelos vistos, funciona. Ainda bem, pois o Aly parecia ter ficado um pouco desmoralizado e à beira de desistir. Poucos dias depois do dia da liberdade de imprensa (que mereceu um discurso inflamado do Embaixador dos Estados Unidos para a Guiné-Bissau e o Senegal), face às alegações sem fundamento de «perseguições» a jornalistas na Guiné-Bissau que circulam pela internet, esta parece ser a melhor resposta. Cai assim também pela base a acusação dos RSF Repórteres sem Fronteiras relativamente aos bloggers.

Pleonasmo ou retórica?

Andam para aí a escarnecer de uma afirmação de Daba, que cola «endógeno e interno».

Ora, em primeiro lugar, as duas palavras apresentam nuances e portanto complementam-se (endógeno, nasce de dentro, mas é livre; interno, tem a ver apenas com o que está lá dentro e assim se mantem);

Em segundo lugar, o seu discurso militante e parcial destina-se a convencer e a ser lembrado (permanecer na memória implica uma certa dose de repetição, é o que faz a publicidade, nunca vemos um anúncio uma só vez) e encontra-se estruturado com base numa retórica consistente.

Neste contexto, chamar analfabeto a Daba apenas demonstra a falta de Fair Play, o nervosismo e o comportamento primário de alguns actores. Uma coisa é dizer «subir para cima», ou «pareceu-me bem parecido».

Mas se eu disser «lamber com a língua»? Pois claro, havia de ser com quê? Mas a redundância redunda neste caso numa valorização do dito, num empolamento do efeito: ao acrescentar à descrição do acto, o respectivo instrumento, facilita-se a construção da imagem mental. Daba utilizou uma figura de estilo, de retórica hiperbólica. É um verdadeiro bólide: demolidor.

Talvez seja melhor esquecerem a língua portuguesa, pois ela é muito traiçoeira. Já a atitude, essa, parece mais de inveja, se não mesmo de desespero. Em vez de criticarem o que não percebem, aproveitem para aprender com o senhor Porta-Voz. Encosta-vos a um canto, dá-vos um chuto com a ponta do pé!

La pagaille à Dakar

A cimeira extraordinária da CEDEAO reunida esta noite em Dakar para tratar da questão da Bissau acabou por ser absorvida pela rápida e perigosa evolução da situação no Mali; o Comando Militar também não leva a mal que passem o «problema» da Guiné-Bissau para segundo plano. O presidente em exercício da organização lembrou, a propósito, que a principal vocação da Comunidade é «a construção de escolas» e não a arbitragem de conflitos políticos... Para bom entendedor, meia palavra basta.

Não gostou decerto da «marcação ao homem» que Paulo Portas e José Eduardo dos Santos lhe andavam a mover incluindo: «enviados especiais»; dos anúncios de auto-intitulados-ministros dos «negócios estrangeiros» fantoches, contrariando a organização (e com pretensões de falar em nome da ONU); das notícias orquestradas a partir de Luanda quanto ao peso dos franceses em África, escarnecendo a «FrançÁfrica»; e das afirmações tentando pressionar as decisões da organização por parte do presidente da CPLP. Banjul tinha sido de facto a última jogada dos partidários da guerra, com as tentativas ofensivas, mas falhadas de Jameh para destabilizar os intervenientes guineenses, ao recebê-los sempre em separado e apostando na intriga...

C'est la zizanie. E uma clara vitória do Comando, em especial do seu Porta-Voz. As leituras são óbvias: a transição foi legitimada pela CEDEAO, sem que esta conseguisse fingir sequer a aparência de um «retorno» à ordem, através da imposição do ex-Presidente. A força em espera, será mobilizada apenas para o Mali, onde há um conflito, mas ficará à espera de ser convidada para entrar. A organização passará a dar mais importância às questões do desenvolvimento económico e da integração regional. Lacónico.

Tal como Daba garantiu, não haverá qualquer intervenção de forças estrangeiras na Guiné-Bissau.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Alarmismo barato

Notícia original:

Segundo a Lusa, citando por fonte o Ministério da Defesa, Portugal estaria a avaliar a retirada da força naval, que inclui, para além dos dois vasos de guerra e navio de logística já conhecidos, uma outra fragata, a Bartolomeu Dias, cuja presença na área não tinha sido anunciada à comunicação social. De acordo com a TVI, José Pedro Aguiar-Branco recusa ter havido qualquer intenção de fazer segredo com a última fragata.

Mas o jornalista do Correio da Manhã não soube ler bem a notícia e anuncia na penúltima página da edição de hoje que «Ontem, partiu a terceira fragata», em lugar de destaque de «última hora»! Não foi ontem, foi há duas semanas; a notícia é de que vão voltar à base e não atacar; e não é a «terceira» fragata, mas a segunda, pois também lá anda uma corveta.

Guiné-Bissau: Fragata a caminho

 

A operação de resgate dos portugueses residentes na Guiné-Bissau poderá ocorrer a qualquer momento. Segundo a Rádio Renascença, são três os meios navais que integram a Força de Reacção Rápida. Ontem, partiu a terceira fragata, a ‘Bartolomeu Dias’.

Comentário mais votado (Natália)
"Nenhum cidadão residente na Guiné-Bissau, seja de nacionalidade portuguesa ou outra, precisa de ser evacuado! Bissau tem ligações aéreas semanais para o exterior, das quais 3 directamente para Lisboa!"