quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Conferência em Santarém

A Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém vai promover um Colóquio sobre «Defesa do Património da Humanidade em Zonas de Conflito», na sua sede, ao Terreirinho das Flores (ali ao lado da Igreja de Marvila, em frente ao Ex-Libris), na próxima Sexta-Feira, dia 14 de Outubro, pelas 21h30. Será uma óptima oportunidade para trocar impressões acerca da sombra destabilizadora que paira sobre o mundo.


Num primeiro painel, apresentam-se as principais convenções internacionais sobre o tema; segue-se um painel no qual se dará conta do actual contexto geo-estratégico mundial; num último painel, alertar-se-á para os riscos que se adivinham na difícil conjuntura de crise económica e financeira; finalmente, um espaço para esclarecimento e debate.

A entrada é livre.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tintin na Líbia

Oui, Milou.

domingo, 18 de setembro de 2011

Requiem por Obama

Obama vai passar esta semana numa maratona em reuniões na ONU cuja agenda, como muitos já suspeitam, vai ser crucial para o futuro, onde as paradas vão ser altas; e o risco elevado para a humanidade. Mas o facto é que este Obama é agora um homem fragilizado, pois perdeu o comboio da história, talvez mesmo o da sua própria dignidade. Acossado pelos candidatos republicanos, com as sondagens em queda livre, o efeito Líbia virou-se contra ele. Feitiço contra feiticeiro. Eleito com promessas de aliviar o peso da máquina de guerra no exterior, traiu as expectativas optimistas que nele depositaram (e não só na América, mas no mundo), antes propondo-se conduzir a América a novas guerras, sem o mínimo de credibilidade. Anunciou há três semanas uma vitória certa em dois ou três dias para a Líbia, agora encontra-se num beco sem saída.

Dez anos e uma semana após o 11 de Setembro, os americanos começam a desconfiar da maneira de fazer política de todos os que caem naquela Casa, por boas que sejam as suas intenções iniciais: de boas intenções está o céu cheio. Agora que a América está na bancarrota, que está feita a catarse do 11 de Setembro, «enterrados os mortos», alimento a sincera esperança que uma fagulha ilumine o seu povo e que da próxima eleição presidencial saia um homem pacífico, mas firme, mais virado para o comércio que para a guerra. Vão ser lastimáveis e penosos, os últimos dias de Obama: a perda da Casa, o descrédito, a desonra, a vergonha, o abandono dos amigos, a traição da mulher; mas que se console, seria muito mais grave se fosse apanhado pelos rebeldes líbios.

Escalada nas palavras

Naquilo que parece ser uma resposta ao embaixador russo na ONU, que anda pelos bastidores a dizer que esta Administração americana não tem qualquer credibilidade, o Secretário-Geral da NATO deu hoje uma entrevista à mesma televisão Russia Today. Vejam-no a ser devorado pela jornalista! O momento para o qual quero chamar a vossa atenção está aos 11'40'': pressionado, o louco irrita-se e, numa entrevista pausada e insonsa, sobe o tom e diz: «A NATO não tem intenção de atacar a Rússia!».


Que grande gaffe: então vai à televisão russa, sem ver na íntegra a reportagem de ontem? É que o embaixador já gozava com todas as afirmações e garantias dadas pela NATO. Deve ter caído mesmo mal, aos russos, que aquele mesmo que o seu embaixador acabara de acusar de mentiroso, viesse agora levantar o tom dessa maneira: se tivesse afirmado, por exemplo, que «estava preparado para o fazer, se fosse necessário», não caíria tão mal!



E escusa de estar a dizer (a dizer, não, a insistir muitas vezes) que é para proteger civis dos ataques, porque todas as fontes referem que a população de Ben Walid fugiu! Pura e simplesmente, já não há lá ninguém para o regime atacar (para além da praga de ratos e baratas, claro).


O retorno da Guerra Fria?

Rússia ameaça América... Segundo o seu Embaixador permanente nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, agora que o «novo poder» líbio recebeu reconhecimento internacional, há que levantar a «Zona de exclusão aérea», silogismo assassino que a NATO prostituiu até ao inimaginável. Vejam a entrevista concedida, em inglês, à televisão Russia Today: o ponto interessante vem entre o minuto 8 e o minuto 9.




A jornalista (russa também) pergunta ao embaixador em relação à posição da Rússia quanto à Síria. O embaixador, com um ar solene, avisa então que «quaisquer ideias dos Estados Unidos para repetir o cenário líbio na Síria, teriam consequências altamente destrutivas. Os meus colegas ocidentais juram a pés juntos que não é sua intenção usar a força.» Depois, um pouco de ironia: «Apenas acidentalmente, tenho de lhes lembrar que quanto à Líbia também recebemos múltiplas declarações e garantias, que vimos depois rapidamente esquecidas».

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Amnistia Internacional acusa rebeldes de Crimes de Guerra

A situação evolui rapidamente. O pseudo-chefe do novo pretenso-governo desembarcou em Tripoli, para logo se desentender com o comandante militar (pura e simplesmente organizou a pilhagem sistemática de casas de oficiais leais a Kadafi e de empresários ausentes da cidade), que invadiu a cerimónia sem ser convidado e lhe deu um valente empurrão. Agora que «estão» no poder, começam os verdadeiros problemas de como o repartir, que farão de mais esta sequela do 11 de Setembro um novo Afganistão ou Iraque.



O mundo começa a perceber a monstruosa maquinação urdida pelos terroristas da NATO, escondida por detrás das «boas intenções» propaladas pelos média. A AI denunciou as atrocidades cometidas em larga escala pelos rebeldes, desenterram-se todos os dias valas comuns com soldados leais executados a sangue frio.


Obama, em flagrante violação da Constituição (e da sua própria consciência - se não a tivesse perdido - pois enquanto Senador, nos tempos de Bush, fartou-se de invocar a Constituição nesse sentido), porque estava formalmente a refugiar-se numa prerrogativa presidencial de 90 dias para esta operação da NATO, foi obrigado a pedir ao Senado uma extensão, que, grande coincidência, foi a plenário a 11 de Setembro. Oiçam as declarações do futuro presidente americano Ron Paul... prepara-se para ganhar as eleições apenas a desenganar americanos quanto a esta absurda guerra, face aos erros e barracas que dá o actual. Claro que os media não lhe dão grande atenção...




Em declarações à TV, há cerca 4 meses, aquando do primeiro pedido de Obama... http://www.youtube.com/watch?v=xXvjsw-GTKs


O abcesso de Ben Walid, não sendo controlado, incha! Reparem nas «famílias que deixam Ben Walid», vejam nos carros e carrinhas: só crianças e velhos; não se vê uma única mulher a sair de Ben Walid; também elas vão continuar a resistir; passou a ser popular, a resistência.


A China, depois de ter veementemente condenado os bombardeamentos terroristas e criminosos da NATO, vem agora reconhecer que a «nova autoridade» representa a maior parte do povo líbio. Interesseiros? Com medo de perder os biliões em contratos em curso? Não parece que essas sejam motivações para o Partido, já atulhado em dólares aos quais não sabe o que fazer. Parece tratar-se antes de uma jogada diplomática: assumir uma posição de bloqueio no Conselho de Segurança (deveriam tê-lo feito antes vetando a resolução 1973) colocaria a China «nos cornos do boi» e teria elevados custos políticos e talvez pouca eficácia. Assim, estando «do lado certo», reconhecendo o «novo governo», poderão vetar qualquer extensão ao Mandato da ONU/NATO, pois é da competência «do novo Governo», sobre o seu «território». De qualquer forma, poderão sempre depois, como exigem os manifestantes nigerianos enquanto gritam ao seu governo: «desreconheçam o NTC» (e também «acabem com o black genocide»).


Vejam também as declarações patéticas do coitado do dinamarquês que tem o azar de ser Secretário Geral da NATO: surge mais crispado que um defensor de Ben Walid! E quando tem de afirmar que está a defender civis? Definitivamente, o senhor não foi talhado para o papel hipócrita que lhe pedem para representar, está a envelhecer muito depressa e a torturar-se por dentro. Pode sempre pedir a demissão, meu caro, talvez durma melhor! (vejam as mãos!) http://www.youtube.com/watch?v=YP8zzyyuGlg

domingo, 11 de setembro de 2011

Abcesso de fixação

Grande derrota dos terroristas em Ben Walid. Depois de terem entrado na cidade, no Sábado de manhã, foram dispersos em múltiplos combates de rua e obrigados a recuar sob fogo cerrado sofrendo elevadas baixas. Salif parece apostado em criar ali um abcesso de fixação e está a consegui-lo: para já aliviou a pressão sobre Sirte; impotentes face ao desafio, os pretendentes ao poder em Tripoli estão a tentar concentrar o máximo de forças para controlar o «abcesso», dando os primeiros sinais de fraqueza (a data para o ataque «final» tem sido sucessivamente adiada escondendo-se atrás da aparente e cínica «boa vontade» para negociar e «evitar mais derramamento de sangue») ; enquanto Salif concentra as atenções, adapta as suas tácticas (em entrevista à televisão francesa, avisou que a sua vantagem está agora no combate não convencional) e aprende a lidar com os bombardeamentos da NATO, ganha um tempo político precioso, mantendo «o perigo», à espera que acabe o mandato (27 de Setembro) da ONU e a Aliança terrorista deixe de ter cobertura para operar nos ares... A própria NATO começa a dar sinais de desespero com a aproximação da data, tendo em conta a oposição da Rússia, China, Brasil, África do Sul, etc. Com esta clara vitória de Salif, começam também a notar-se sinais de desagregação da aliança rebelde contra-natura: desinteligências entre grupos rivais provocaram 12 mortos; agora até já se matam uns aos outros.

De Ben Walid não passarão!

PS De parabéns está a Guiné-Bissau: quando elementos da embaixada líbia retiraram a bandeira verde e colocaram um farrapo tricolor, foram imediatamente accionados para reporem a única bandeira acreditada e reconhecida internacionalmente. O que agora se passa na Líbia é algo parecido com o que se passou na Guiné-Bissau após o 7 de Junho de 1998: face a uma invasão estrangeira, esquecem-se antigos desentendimentos e toda a população se une para resistir ao invasor. Que grande símbolo, o Poilão de Brá.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A loucura continua



Aparentemente sob a indiferença generalizada... À beira do colapso financeiro, $ & € só pensam em atear fogueiras. É grave: Obama ameaçou directamente o presidente sírio e Sarkozy o Irão...

Ontem, quinta-feira, o telejornal da RTP1 foi uma triste e repugnante encenação à escala nacional. Os dois líderes da coligação governamental, numa constrangedoramente servil operação mediática, abanavam o rabinho à NATO. O ministro dos Negócios Estrangeiros, numa extemporânea, deselegante, desnecessária e prematura manifestação de reconhecimento implícito de uma «revolução» (inacabada, mas pronto), deslocou-se à Líbia, para participar da «partilha dos despojos»; com tanta gente a morrer, referia-se pateticamente às magníficas oportunidades que se abrem para os empresários portugueses... O primeiro-ministro recebia o Secretário Geral da NATO, para anunciar a transferência para Lisboa do Comando desta organização, já não apenas defensiva, mas agora vocacionada para a ingerência programada nos assuntos internos de estados soberanos.

Uma breve ilusão de poder e um preço alto a pagar: mais que uma ofensa, é um crime, associar o nome de Portugal a esta barbárie. Que temos nós a ver com esta loucura? Que temos a ganhar? Aos betos irresponsáveis que nos governam lembro as promessas que nos fizeram pela participação na 1ª Guerra: nem uma migalha caiu da gamela dos grandes... Não nos arrastem para a estupidez em preparação, deixem-nos cá quietinhos no nosso cantinho reduzidos à nossa tranquila insignificância; quanto ao hipócrita do jornalista falhado que é Paulo Portas, lembre-se dos combatentes da guerra colonial, dos quais popular e demagogicamente muito abusou, esses tempos acabaram, não faça pouco das pessoas. Já nos custou bastante sarar as feridas do Império. Então nós íamos neocolonizar a Líbia? Quando chegámos aos Açores e à Madeira não havia lá ninguém; olhe que na Líbia há líbios. Não se meta nisso, não estou a vê-lo a ter lições de árabe. Talvez sinta antes necessidades de pedir ao Dr. Adriano Moreira umas lições de geopolítica (para não falar de um mínimo de bom senso e tacto, que não será demais pedir a quem ocupa o Palácio).

Não será a inventar ameaças, a aumentar a intolerância, a promover as guerras e dissenções que se vão resolver os graves problemas mundiais. Ao estarem a apoiar estes actos criminosos, Passos Coelho e Paulo Portas são passíveis de ser acusados de Crimes de Guerra. E entretanto arrastam o nosso país e a nós todos, ainda com uma imagem positiva perante muitos povos, para uma escalada de loucura e animosidade que não augura nada de bom. Em vez de procurarem fazer pontes, dinamitam-nas... Isto é de loucos e em tudo contrário à tradição e vocação universalista portuguesa.

Quanto aos pilotos da Força Aérea, sugiro que se recusem a operar nesse cenário, como o piloto canadiano que deu o exemplo, recusando-se a sair em missão quando analisou os alvos que lhe estavam alocados. Seria uma desonra para o exército português uma participação, por mínima que seja, nesta guerra cínica. De cada vez que mudam os conceitos geopolíticos, há uma grande guerra. Lembre-se o Congresso de Viena: era preciso tramar Portugal e Espanha, então o Direito «Colonial» Internacional «evoluiu» e passou do «primeiro a chegar» para quem «ocupava de facto»... a coragem e determinação dos nossos exploradores ainda permitiu que atravessámos África, mas não impediu o fim brusco e infeliz do mapa cor-de-rosa, ainda antes de o nosso Corpo Expedicionário ser «sacrificado» (pelos nossos queridos «aliados») na batalha de La Lys (os rapazes é que eram rijos e aguentaram-se).

Resumindo: esta não é a nossa guerra. Então e ninguém faz nada? Se calhar devíamos ir para a Praça do Comércio manifestar contra o regime «democrático» que foi colocando no poder políticos corruptos e medíocres que nos sobre-endividaram e agora, betos sonsos e inconscientes que estão apostados em conduzir-nos alegremente para o abismo, sem o mínimo de orgulho ou considerações relativamente à identidade e soberania nacional. O cão do gramofone não faria melhor. Lamentável falta de dignidade. Vil. Repugnante.

Não à venda de soberania! Nem mais um soldado para as colónias (dos outros, ainda por cima)!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Salif entre os Ben Walid




http://www.youtube.com/watch?v=l-N13HixFFA

Na linha da frente. É ele a alma, agora. O pai passou à história.

PS O Kadafi velho fazia bem em abdicar formalmente. Facilitava as coisas. À falta de golpe fatal, a NATO sobe a parada: vão agora tentar destabilizar Marrocos e Argélia...

sábado, 27 de agosto de 2011

No more MASS brain washing!


Não se deixem enganar pelas notícias nos media!

Estão a querer fazer-vos uma lavagem ao cérebro...




Incrível: acabou-se de repente o «politicamente correcto» na América; quando se passa dos limites da hipocrisia e da ganância, cai-se na demência assassina! Cada vez mais americanos dizem claramente o que pensam do caminho que o seu governo quer impor ao mundo. Não vão por aí! Não percam: entrevista de historiador americano à TV iraniana: http://www.youtube.com/watch?v=gpB2LKLToog

Os russos parecem finalmente ter acordado e contra-atacam: acusam agora os americanos de ter mentido, aquando do pedido do mandato na ONU, ao afirmarem que Kadafi estaria a utilizar a sua aviação contra os seus compatriotas. Os russos mostram provas. Suficiente para refrear os entusiasmos? http://www.youtube.com/watch?v=_yuZCvmN_Fg


Grande pinta esta líbia! Até faz um manguito ao Obama. Manifestações em território rebelde: agora não podem dizer que são pagos pelo regime; as pessoas correm riscos para o fazer! Ao contrário das outras imagens de Tripoli, onde não se vê ninguém a não ser rebeldes. http://www.youtube.com/watch?v=_5EpvO47CUE

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

+ uns LINKS




7ze em missão no Norte de África! As melhores fontes de informação...

1) Lindíssimo, a não perder. Fiquem a saber as verdadeiras razões da operação da NATO: Kadafi, que ultimamente se convertera em ultra-liberal, tinha tido uma ideia, criar um dinar-ouro, como alternativa ao dólar, que todos os países da OPEC deveriam exigir em troca de petróleo. Mas vejam até ao fim, Obama a ser violentamente interpelado, num programa de rádio, por um líder black espectacular: melhor que Jazz! http://www.youtube.com/watch?v=w81x7WfGilI&feature=related

2) As opções estratégicas: passar à guerrilha. Aquilo que se perde em território, ganha-se em mobilidade. http://www.youtube.com/watch?v=B5oIj2rgt6U&NR=1

3) Para quem tenha paciência (e estôgamo), vejam a série! Este utilizador do YouTube tem mais... http://www.youtube.com/watch?v=RjUP3WA9APY

4) Horrível! Execuções a sangue frio de soldados regulares capturados... http://www.youtube.com/watch?v=70-QwPHMxDE&feature=related

5) Os crimes da NATO, continuam... no meio do desespero geral. http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=ZeNRs1E83gs

6) Uma análise esclarecida, por parte de um insuspeito ex-PM belga!
http://www.youtube.com/watch?v=2mHTPEb58HE&feature=related

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FILAS ao contrário

Novo episódio da desordem mundial. Tripoli invadida, com o apoio da NATO, por um bando de bandidos e desordeiros. Diga-se, em abono da verdade, que nunca achei muita piada ao autor do livro verde, na sua tenda a beber leite de camela, sempre tentando polarizar a legimidade árabe - que invejava em Nasser - para a qual aparentemente nunca esteve destinado. No entanto, acho indecentes e indecorosas as atitudes da França e Inglaterra: apenas em busca de petróleo? ou de uma nova ordem colonial? Obrigados pelos americanos, em 1956, a recuar no Suez, apostam agora na ilusão de uma «partilha» imperial, com os americanos: uma oportunidade de reequilibrar a balança europeia, que parecia pender perigosa e definitivamente para o lado alemão; aos americanos, desgastados noutros lados, com manifesta falta de cultura geral e de sentido histórico, para além de hesitantes em envolverem-se, esta «aliança» parece, se não apenas pontualmente conveniente, talvez mesmo estruturalmente interessante.

Quero portanto, como cidadão europeu que nunca quis ser, desmarcar-me destas atitudes dos governos imperialistas de certos co-estados-membros. Esta atitude configura claramente uma situação de ingerência nos assuntos internos de estados soberanos, para além de uma péssima opção estratégica, com a agravante de que vai provocar mais uma impressionante tragédia humanitária, com o seu cortejo de ódios. O preto que se enganou na cor da Casa, enganou muita gente, mas já nem sequer respeita a antigamente sacro-santa Constituição, que foi a espinha da América, Constituição que o obrigava a pedir autorização ao Congresso para declarar a Guerra: mas também não faz a coisa por menos; com tanta desgraça e gente a morrer, resolveu a cena com uma rápida, sobranceira, arrogante e irritante explicação pela TV «Não preciso de pedir autorização ao Congresso porque já ganhámos a guerra»; por este caminho vai voltar a fazê-lo, claro. Com o mesmo despudor. E os americanos papam, baixa só meio pontinho nas sondagens.

Aparentemente, os árabes e muçulmanos estão divididos. Se no terreno parece ser uma irmandade multinacional (uma espécie de maçonaria árabe) que congregou uma insatisfação latente, chamando mercenários e bandidos de vários países (basta ver imagens dos «combates», do lado dos «rebeldes» são tudo menos civis entusiamados), já o aparente apoio saudita é bem mais estranho. Em África, o melhor exemplo vem do país de Nelson Mandela (a alma da reconciliação) que continua a recusar reconhecer o pretenso «governo» como resultado de um levantamento popular (que seria legítimo); considerando tratar-se antes de sedição. Assinale-se também a prudente posição da Rússia, afirmando ser ainda cedo para reconhecer esse «governo» (não íam chamar-lhe associação de malfeitores...), que só o farão se estes «dominarem o país com força suficiente».

A situação pode parecer desesperada. No entanto, analisando friamente a situação, constatam-se várias brechas na «muralha» rebelde. Kadafi fala em «retirada estratégica». O coronel pode ter muitos defeitos, é definitivamente um falhado, mas aprendeu, ao longo dos anos, pelas piores razões e utilizando os piores métodos, a manter bem alerta o instinto de sobrevivência (não vamos, claro, ao ponto, de lhe chamar raposa, pois, dado o cenário, correríamos o risco de ofender a memória do Marechal). Mas não é ele que me interessa. Aparentemente na sombra do pai, SALIF prepara algo há meses, vejam, esta notícia poderia ser de há poucas horas:

http://www.youtube.com/watch?v=3OTYqpZFSTc
Na Segunda-feira, a notícia caía como uma bomba: o complexo presidencial acabava de cair e o filho de Kadafi (poderiam ter escolhido outro, mas não, era Salif) fora morto nos combates; algumas horas depois, afinal não fora morto, estava em poder dos rebeldes, «que o estariam a tratar bem». Ora, logo na madrugada de Terça, o «morto» dava uma Conferência de Imprensa, em directo, para 35 jornalistas estrangeiros especialmente acreditados (e mantidos para o efeito) no Hotel Roxio. Não era um homem perseguido: transbordava boa disposição, mesmo. Era um vencedor. E estava a falar uma linguagem (árabe) muito clara, ao contrário do pai, que está meio chéché há um quarto de século.













http://www.youtube.com/watch?v=LlVu7X8FJ_4
Pensando bem... Qual é a melhor maneira de dinamitar uma aliança rebelde? Trocar de campo. Deixá-los ocupar. É que enquanto se defende, é preciso dispersar as forças e manter uma autoridade difícil perante a situação. Até aqui, muitos líbios, poderiam ainda estar com o espontâneo e eventualmente legítimo «levantamento popular». No entanto, a partir de Terça, todos começaram a mudar de campo, com as barbaridades cometidas pelos estrangeiros. Salif passou a dispor de gente disposta a morrer por ele, aquilo a que a maior parte dos terroristas que se auto-intitulam rebeldes (para além de uma ínfima franja multinacional decerto mais crédulos e ingénuos) não estão dispostos. Além disso, agora que já não precisa de defender um território, pode concentrar as suas forças onde decidir bater. Será que reserva alguma surpresa? No caso de uma reviravolta no terreno, será bastante difícil a França e Inglaterra retirarem os seus espiões e forças especiais, que assumida e insidiosamente não apenas forneceram armamento e deram apoio logístico, como combateram ao lado dos bandidos e saqueadores. Estando no terreno em trajes civis (os meios de comunicação dizem «vestidos de árabe»... como se toda a gente não visse que a maior parte dos locais vestem como aqui em Portugal ou em qualquer parte do mundo, era como se viessem montados para o Ribatejo vestidos de campinos para passarem despercebidos) e não gozando de qualquer protecção por parte das Convenções de Genebra, até pela forma (pouco) diplomática e não declarada da intervenção dos respectivos países mandatários, podendo ser, portanto, legítima e sumariamente abatidos, permitam-me desde já que interceda por eles: julgo que seria suficiente, e um bom exemplo de humanidade, dar-lhes apenas (poupando os de origem muçulmana, que foram, claro, escolhidos para a missão por serem «sacrificáveis») uns valentes tabefes à frente do mundo, para os executivos dos respectivos paísesinhos e os paizinhos verem em directo pela televisão. Teria um efeito interno altamente galvanizador, lembrando a Embaixada americana junto do Chá, sendo externamente bastante pedagógico.

A legitimidade árabe é algo difícil, na qual os estrangeiros, aos países e à fé, se não deviam meter. É que pode-lhes sair o tiro pela culatra, o que, no momento que vivemos, seria altamente oneroso. Quer-me parecer que Salif agradece a oportunidade que lhe deram e que não está disposto a desperdiçá-la. Boa sorte para Salif e oxalá acabe rapidamente com a praga na Líbia, exterminando radicalmente as baratas.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Terror privado? ou a manipulação de um rejeitado?

Irritante? O beto levou a melhor.

Conseguiu catalizar o momento e publicitar o «seu» manifesto. Perante a actual crise de legitimidade (U$A, €uropa, países árabes), primeiro pareceu-me que a mensagem essencial seria a de uma nova era aberta ao terrorismo individual. O único precedente conhecido foi Theodore Kaczynski, que ficou conhecido como Unabomber (também deixou um manifesto), mas com a grande diferença de este ser selectivo e actuar na base do 1/1: só matava um de cada vez; essencialmente, este brilhante matemático visava congéneres, com bombas artesanais que encaminhava pelo correio.

Passe a estupidez de os meios de comunicação mundiais (não resisto a chamar-lhes burgueses-marxistas, utilizando a terminologia do «artista») estarem a tentar censurar o(s) manifesto(s) do rapaz, numa clara reacção do politicamente correcto à propaganda subversiva. Ninguém enfia o barrete tão para baixo: isso mais parece a política da avestruz, para além de ser claramente pernicioso para a intenção formal, apenas servindo de mais publicidade ao objecto.

Uma leitura atenta do panfleto poderá revelar que não se trata de uma obra individual, mas antes de uma compilação impingida por alguns mestres «espirituais» pseudo-templários, com pretensas ligações à maçonaria regular, cujo rasto é fácil de seguir na internet. De qualquer forma, o resultado não é bonito nem recomendável. Configura mais uma ofensa ao próprio terror, até agora de causas e obra de organizações. A dantonesca cabeça de Robespierre deve rolar umas voltas, no panteão revolucionário.

Banalizado e futilizado, o terror! Que diz o palestianiano quando vê o filho sair de casa? «_Lá vai o meu rebento». E a mãe assente. Isto sim, é consistência social. Pessoalmente, tenho pena do rapaz (e do pai): no início da adolescência, fez um desenho, mostrou ao pai e o pai não gostou; para além de ter abandonado o filho, o idiota vem agora com declarações à imprensa a dizer que «preferia que o filho se tivesse suicidado»! Devia era cortar a pila, para castigo (aliás, devia tê-la cortado antes de fazer merda - não diz o Senhor: «Se a tua mão é ocasião de pecado, corta-a. Mais vale ires maneta para o céu que inteiro para o inferno»). Quanto ao filho, se queria publicidade, teria outra dignidade e o mesmo resultado, ou mesmo mais, a imolação pelo fogo, como fez o jovem tunisino.

Se até aqui, restava ao terror alguma dignidade, perdeu-a por causa deste beto nórdico egocêntrico e estragado com mimos. O arsenal dos pobres ficou mais pobre. Talvez devêssemos reflectir sobre o caminho de barbárie que leva este mundo sem regras e a deriva das identidades assassinas para a qual há muito chama a atenção Amin Maalouf.

sábado, 30 de abril de 2011

Mentiroso e hipócrita

No almoço comemorativo do 25 de Abril, tive a oportunidade de perguntar ao Senhor José Niza, se estava a pensar retractar-se publicamente, conforme lhe tinha solicitado. Primeiro balbuciou coisas incompreensíveis, depois disse que mantinha que era verdade, virando as costas e começando a afastar-se: imediatamente lhe atirei com um «_O senhor não passa de um mentiroso e de um hipócrita»; o senhor José Niza ainda tentou representar a comédia do «ofendido», mas depois de o olhar nos olhos lá afastou a sua incómoda presença, deixando-me almoçar descansado. Pois é, senhor José Niza, teve a sua oportunidade para rectificar a gaffe que cometeu, mas não quis aproveitá-la.

Realmente não passa de um aldrabão e de um troca-tintas sem escrúpulos, que passou toda a vida a enganar toda a gente, não hesitando em tudo e todos submeter à sua despudorada vaidade: há três anos, «Afirmou-se reconfortado com as manifestações de apreço no ano em que completa 70 anos de vida e voltou ao humor com fundo histórico: “Cesário Verde só publicou um livro e do meu vão fazer 30 mil exemplares”»... Pior: em pleno delírio da sua pueril megalomania, quis amesquinhar Salgueiro Maia. Há limites para a paciência!

Permitam-me que cite Salgueiro Maia, nas linhas que se seguem aquelas que já citei...

«Resta-nos, na orgulhosa situação de implicados no 25 de Abril, criticar os muitos que pagam o idealismo e a generosidade dos Capitães de Abril com:

- a corrupção

- a incompetência

- o compadrio

- o circo do poder

até quando?»

O senhor José Niza e os seus amigos do P.S. de Lisboa são os responsáveis morais pelo estado a que isto chegou. Os mesmos que, a 24 de Novembro de 1975, se puseram a caminho do Porto com a Constituinte às costas, apostados em abrir a «caça ao comunista», numa guerra civil do Norte anti-comunista contra o sul comunista, da qual pretendiam sair como heróis... Como «corajosos« que eram, só pararam em Vigo, de onde pretendiam assistir, da esplanada, a uma distância respeitável, ao espectáculo de ver os portugueses a matarem-se uns aos outros. O bom senso de pessoas como Salgueiro Maia, uma vez mais evitou o pior. Dispensamos, por isso, que vertam lágrimas de crocodilo, pelos homens de Abril, que vos ofereceram generosamente uma oportunidade para mudar o país, lamentavelmente desperdiçada com toda a vossa hipocrisia, incompetência e indigência moral e espiritual. Vejam, para terminar o «circo», o elogio mútuo que esta gentalha pratica:


Modesto, o Niza? Pois... até metem dó. Pretendem com isto iludir o povo acerca das vossas reais responsabilidades? Lavar as mãos à Pilatos? Sacudir o pó da lapela? Só que infelizmente já não é só pó, é m.... mesmo. Não se mexam muito senão vai começar a cheirar mal.

Por tudo isto considero lamentável que o nome de José Niza tenha sido associado às comemorações do 25 de Abril: considero que foi um erro da Comissão das Comemorações Populares, esperando que não se volte a repetir no futuro. A expulsão do José Niza da referida Comissão, conforme já aventado em reunião da mesma Comissão, seria talvez a melhor forma de resgatar o mau passo deste ano.


Quanto a si, Senhor José Niza, o seu nome, fique descansado, ficará lembrado, como pretendia. Mas como objecto de asco e público opróbrio, como merecem os vis e repugnantes invertebrados rastejantes.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Homem lá saiu de cena...






Não estava no programa


nem é considerado notícia...

Envergonhadamente, o Mirante lá acusou o toque, sob a pica(e pito)resca classificação de Cavaleiro Andante.

http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=492&id=73785&idSeccao=7985&Action=noticiaidEdicao=492&id=73785&idSeccao=7985&Action=noticia

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Arrependimento ou censura?












O Mirante on-line chegou a publicar uma pequena notícia «Espectador interrompe colóquio e interpela José Niza» associada a um pequeno video de 1m56s sobre os factos relatados, texto e video que foram «empurrados» automaticamente para o Sapo. No entanto, pouco tempo depois, cortaram as ligações e fizeram desaparecer tudo...

Talvez seja melhor adoptar, aí no jornal, o bom método salazarista da censura prévia, para obviar a este género de incómodos.

domingo, 17 de abril de 2011

Crónica de uma sanha anunciada


Finalmente concretizei o que me prometi há 3 anos, com o Manifesto Anti-Niza. http://7ze.blogspot.com/2008/06/manifesto-anti-niza.html Bem sei que neste país a mentira, por muito descarada que seja, ganhou foros de lugar comum, apostando-se cada vez mais na memória curta do vulgar cidadão. Infelizmente para alguns, talvez, há verdades que considero inquestionáveis, que fazem parte da minha história e da minha identidade, das quais não poderia abdicar sem colocar em causa a minha dignidade. Aqui fica o relatório dos factos. Ontem, dia 16 de Abril, pelas 21h30, dirigi-me à Escola Prática de Cavalaria para um Colóquio sobre as senhas de Abril, com o Coronel Correia Bernardo (a Lusa difundiu o erro de lhe chamar «Bernardes»), Otelo Saraiva de Carvalho, Paulo de Carvalho, Joaquim Furtado e José Niza. Esperei pelo fim da conversa para pedir educadamente a palavra ao moderador, Joaquim Furtado, agitando o livro dos depoimentos de Salgueiro Maia, que ele obviamente conhecia, pois acabara de o citar. No entanto, após breve consulta ao organizador do evento, ao seu lado esquerdo, José Niza, «esqueceu-se» do pedido. Marchei pois em direcção ao palco, pois não estava disposto a deixar escapar a oportunidade. Face a uma tentativa de interposição do Joaquim Furtado, declarei que o 25 de Abril tinha sido feito a favor da liberdade de expressão e que o evento fora apresentado como Colóquio e não como Solilóquio. O Joaquim Furtado, por quem, aliás, tenho o máximo respeito como jornalista (bastar-me-ia lembrar os programas sobre a Guerra Colonial), ainda balbuciou algo como «não estarem previstas intervenções» e «tinha de começar o concerto». Face à debilidade da oposição, tomo-a por uma autorização, subo o degrau para o palco e sinto que alguém me agarra o braço: era José Niza que me convidava «a ir falar lá para fora»; sacudi-o veementemente. Eu fora ali para uma reparação pública e não para um duelo. Adquirido o direito de me dirigir à assistência, deixo aqui de memória o essencial do meu discurso, daquilo que me lembro de ter dito em alta voz, sempre virado para o visado: «Há 3 anos, por ocasião das Comemorações do 25 de Abril, o jornal Mirante, cuja sede é aqui bem perto, publicou um livro de poesia de José Niza, que foi amplamente distribuído com o Semanário Expresso. O destaque de capa inteira ía para uma entrevista a José Niza, dando por título «Salgueiro Maia quis entregar 150 G3 na sede do PS em Santarém.» referindo-se ao dia 24 de Novembro de 1975. Infelizmente, Salgueiro Maia já cá não está para o contradizer. No entanto, tenho aqui as suas memórias, escritas pelo seu punho, das quais um excerto, páginas 86 a 87, acaba de ser citado por Joaquim Furtado. Passo a citar Salgueiro Maia, nesse mesmo livro, página 110: Num almoço com o coordenador da acção do 25 de Novembro, concordei em actuar nas condições referidas, tendo por especial preocupação evitar a distribuição de armas a civis, até para evitar uma guerra civil. _Sr. José Niza: a sua entrevista correspondeu a um momento menos feliz da sua carreira, compreensível no âmbito de uma saúde comprometida. Aproveito o ensejo de estar aqui presente nestas comemorações para lhe manifestar a minha indignação e lhe pedir humildemente para se retractar em público. Deve-o à história» Um elemento da assistência levantou-se então com «maus modos» a dizer que lhe estava a adiar o concerto, pelo que abandonei a sala, infelizmente sem agradecer à audiência a atenção que tinha solicitado e recolhido. Desde já as minhas sinceras desculpas a todos os presentes, bem como o meu obrigado pela salva de palmas à qual a causa que julgo justa e soube apresentar teve direito. De dar que pensar ao Senhor José Niza.

José Fernando