sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Bode espiatório

Descansem os mais atentos, que não é erro nem gralha. Expiatório com X porque expia crimes alheios; deve aplicar-se com um S, quando se trata do chefe dos espiões (e ainda para mais tem nome de Marquês começando por S).

José Eduardo dos Santos, oportunamente no exterior na ocorrência do rebentamento do escândalo dos assassinatos políticos promovidos pelo seu regime, demitiu o chefe da secreta.

Lamentavelmente, o Decreto Presidencial, não satisfaz a curiosidade quanto ao motivo invocado para a exoneração de Sebastião José, recentemente nomeado para o referido cargo, há um mês... (o caso deu-se há ano e meio). Excesso de zelo como «Ministro do Interior» (como este era apresentado)?

Já agora, como as notícias de hoje espalham alguma confusão de siglas, refira-se que este Serviço de Inteligência e de Segurança do Estado (SISE) já foi conhecido por outros nomes, como SINFO, SINSE ou MINSE, a não confundir com o Serviço de Inteligência Externa (SIE). No entanto, ambos os serviços funcionam sob a alçada da Presidência da Republica.

Porque razão os membros do regime nunca se insurgem quando são despedidos em circunstâncias como esta, nada dignas? Já foi sugerido que José Eduardo dos Santos recolhe provas dos desvios de dinheiro que ele próprio promove, para os ter na mão, com essa chantagem... O homem trabalhava para si, senhor Presidente, não queira varrer para debaixo do tapete.

E não era santo nenhum, o Sebastião José. Premonitoriamente, a 13 Setembro de 2011, o Club-K publicava que «Sebastião Martins, o ministro do Interior revestido nas funções de Chefe do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SISE) é a figura apontada como estando a introduzir no regime o recurso a práticas de raptos a elementos da oposição política e da sociedade civil».

Tudo sem o conhecimento do Presidente, claro. Essa teria sido a figura mais adequada para justificar esta demissão: «ocultação de informação relevante ao Presidente da República». Vai ser difícil fazer engolir isso aos angolanos, que viram manifestações pacíficas pedindo esclarecimentos sobre o caso, serem reprimidas com grande violência...

Senhor Presidente, se calhar é melhor abortar a descolagem para Angola, pois parece que se prepara uma grande manifestação em Luanda para o acolher de volta ao país, poderia diluir-se na massa. Devido à sua ascendência guineense, pode sempre pedir asilo à Guiné-Bissau, se preferir manter-se no continente.

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