sábado, 11 de abril de 2015

O Adão saltão

As caricaturas com que os conservadores opositores do evolucionismo brindaram Darwin, se podem ser consideradas dignas de Charlie (ou o homem não se chamasse Charles), eram claramente redutoras, resumindo a evolução do homem, que queriam ridicularizar, apenas a partir do macaco.

No entanto, recuando ao tempo dos dinossauros, já por cá andava um nosso longínquo antecessor, um minúsculo ratinho numa terra de gigantes. Olhando para a escala da comparação, ninguém daria nada pelo insignificante ratinho, ao lado da impressionante imponência dos seus rivais. No entanto, os dinossauros já cá não andam e nós por cá nos mantemos. Então, como justificar essa promoção? É que o ratinho tinha feito uma aposta estratégica na adaptabilidade: o seu cérebro era proporcionalmente muito maior que o do dinossauro, que afinal, e apesar da dimensão, não passava de uma máquina demasiado especializada e dependendo de circunstâncias muito específicas do seu nicho ambiental.

[A metáfora do ratinho pode representar um óptimo contributo para uma reflexão estratégica da Guiné-Bissau. Sugiro o slogan «Small is beautiful».]

Mas, recuando ainda mais na nossa árvore genealógica, quem podemos encontrar? O Adão saltão! Sim, a vida animal nasceu na água e só depois migrou para terra. Os nossos ágeis braços foram-nos legados beneficiando do maravilhoso património genético das barbatanas do saltão, o rabo de peixe deu lugar a pernas robustas... Bela imagem, escolhida pela Presidente do PUSD, para ilustrar, recorrendo ao imaginário nacional, a ideia da necessidade de uma mudança radical de atitudes, fazendo o elogio da capacidade empreendedora, a todos os níveis da sociedade, num discurso subordinado ao tema Juventude Partidária e Empreendedorismo.

Destaco o seguinte parágrafo, como inspiração para o «salto epistemológico», e não só na Guiné:

«Gostaria de alertar para os riscos de uma visão do desenvolvimento assente na exploração desenfreada dos recursos naturais, pela forte dependência económica que cria em relação às flutuações das cotações das matérias-primas. Preferimos, à ganância de querer explorar e gerar receitas a qualquer custo, UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO MAIS CONSCIENTE E HARMONIOSO, atento à igualdade de oportunidades, à coesão social e, por essa via, à sua sustentabilidade para as gerações futuras.»

1 comentário:

Vital M Gomes disse...

"É VITAL MOSTRAR AOS JOVENS QUE É POSSÍVEL E ALTAMENTE DESEJÁVEL UM COMPROMISSO" isto é um desafio para todos, desde os mais velhos até aos mais novinhos, a Excelentíssima Ministra mostrou aqui que o espírito empreendedor, ainda que esteja sob os ombros da juventude, deve partir de cima e com COMPROMISSO, e ninguém mais que o governo para o fazer, até aos mais novinhos, nossas crianças hoje! Ficou aqui claro um modelo de aprendizagem, APRENDER COM OS MAIS VELHOS e com COMPROMISSO para ensinar os mais novos!
Desafio lançado, espero que haja reação e resposta, não só da juventude PUSD, mas também de todos os jovens guineenses!
Bem haja,
Obrigado Srª Ministra