sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Análise «sociológica»

Os desequilíbrios humanos e sociais cresceram como nunca nessa amálgama de Luanda, com profundos contrastes.

Por exemplo, para um povo que havia combatido o “apartheid”, assistiu-se à criação de“condomínios”, com padrões distintos de urbanização e habitação, muros altos e arame farpado, que marcam efectivamente o início de um “apartheid” sócio-cultural de novo tipo, que contrasta com o enorme espírito de solidariedade dos tempos de consentido sacrifício colectivo!

Para muitos detentores de poder económico e de capital, em especial para aqueles que vivem do comércio de grandes superfícies, ainda bem que houve tanta gente a concentrar-se em Luanda, de outro modo haveriam muito menos lucros se a mesma quantidade de população estivesse a viver num habitat muito mais disperso, ao nível do enorme espaço que constitui o território angolano…


Essa regra poderá radicalizar-se nos próximos tempos, pois uma conjuntura humana com esse carácter é, em relação à “antítese”, meio caminho andado para a fermentação de ideologias que podem alimentar “radicais”, “jovens revolucionários”, “revoluções coloridas”, ou determinado tipo de “primaveras”!

Se os antagonismos fermentarem a uma escala maior, podem um dia [destes] reverter numa explosão social, que por seu turno pode ser aproveitada pelas mais aventureiras ideologias…

O MPLA deve assumir um maior rigor em termos de consciência crítica das situações cujas tendências estão a prevalecer sobretudo na capital e levar em consideração que há vários dispositivos de inteligências externas que acompanham, ou estão mesmo por dentro dos factores de desestabilização!

Excertos de Martinho Junior (Luanda) in Página Global

O Junior percebe pouco disto. Agora é que o MPLA vai «descobrir» as gritantes desigualdades existentes na sociedade angolana? É uma boa e generosa ideia mas arrisca-se a chegar tarde demais. E não subestimem os vossos próprios compatriotas. JES é que é comandado por «inteligências externas», não os jovens revolucionários, que são verdadeiros patriotas (de outra forma não arriscariam tanto a vida) e sabem pensar pelas suas próprias cabeças. Que a revolução angolana comece a criar simpatias e partidários pelo mundo fora, não é de estranhar. Já tem os seus mártires, os seus heróis e está sociologicamente madura.

Viva Luaty Beirão!
Viva Nito Alves!
Viva Emiliano Catumbela!

Aproveito para publicar um pequeno excerto de artigo da DW sobre o efeito de contágio.

«Insurreição popular em Angola?

Em Angola, os jovens do chamado Movimento Revolucionário, que exigem já há alguns anos a saída de José Eduardo dos Santos, acreditam na possibilidade de acontecer uma insurreição popular como a que aconteceu no Burkina Faso, uma vez que “o povo está saturado”, lembra Adolfo Campos.

Segundo Adolfo Campos, o Movimento Revolucionário está já a analisar a possibilidade de organizar “uma manifestação que possa impugnar o poder de José Eduardo dos Santos”.“O povo angolano está cansado da política de José Eduardo dos Santos”, sublinha o jovem ativista angolano, lembrando que o chefe de Estado angolano se encontra “há mais de 35 anos no poder”.

O ativista está certo de que o Presidente angolano receia uma ação para o depor e, por isso, na sua opinião, implementou uma situação de terror no país ao criar uma guarda pessoal militar muito bem preparada, a Unidade de Guarda Presidencial (UGP).

Apesar disso, Adolfo Campos considera que os descontentes não receiam esta força e a queda do Presidente burquinabê é certamente “uma lição muito grande” para o Movimento Revolucionário. “Afinal de contas aqui também existe a possibilidade de tirar um ditador [do poder], uma vez que as Forças Armadas angolanas se encontram vulneráveis 
[à sensibilização a favor da causa]”, afirma o ativista.»

Sem comentários: