Apenas para publicar um comentário, entretanto colocado, ao artigo do Embaixador Seixas da Costa, publicado pelo Didinho.
«Sempre que se fala das ex-colónias, os portugueses inflam-se como nos tempos do ultimato inglês. Os comentários que surgem trazem o eco fantasmagórico do: "Para Angola rapidamente e em força!". A análise do embaixador é profundamente lúcida e obviamente não se insere naquele contexto. A questão essencial nas (não) relações entre a Guiné-Bissau e Portugal não é somente este episódio. O Governo de transição que resultou do golpe de estado de 2012 (acto naturalmente condenável, mas que, infelizmente, não é único na história daquele país) tomou em mãos uma situação muito complexa, mas tentou, e em certa medida conseguiu-o, manter os militares tranquilos, e conseguiu igualmente promover um governo de coligação com representação de todos os partidos, PAIGC incluído, pois este partido detém 5 ministérios (desde pelo menos Julho de 2013) e sem apoios financeiros excepto os da CEDEAO e muito significativamente de Timor-Leste, promover pela primeira vez naquele país um recenseamento que vai permitir outra transparência nas eleições marcadas para 16 de Março de 2014, retirando assim uma "justificação" para os sucessivos golpes de estado que contestam os poderes saídos de eleições grosseiramente fraudulentas, mesmo tomando em consideração o critério largo das outras eleições em África. Portugal nunca teve uma estratégia patriótica em relação aos países que outrora foram nossas colónias e nessa matéria também somos originais e diferentes das outras nações europeias que foram potências coloniais. Descolonizámos tarde e reactivamente aos acontecimentos que se impuseram no terreno. Agora com a democracia estabilizada andamos ao sabor da maré, leia-se dos negócios de uns poucos e, para mim, só neste âmbito se pode perceber as posições genuflectidas do nosso Governo em relação a Angola e a contrastante agressividade em relação à Guiné-Bissau. Somos fortes com os fracos e fracos com os fortes. Independentemente da forma, a posição do ministro guineense reflecte exactamente isso.»
Com o nosso agradecimento a Jorge Lemos Peixoto, pela citação;
Eu acrescentaria, em jeito de resposta a alguns dos comentários a esse artigo, que quiseram colocar ao mesmo nível o caso de Portugal (ou melhor, do seu incompetente MNE, que está em todas) com Angola e com a Guiné-Bissau (quando, precisamente, são opostos e antagonistas, passe a redundância), que é a própria soberania que está em causa, com esta atitude tão pouco digna (para não dizer cobarde) dos governantes portugueses.
Quanto ao erro que o Embaixador propaga, de que a «CPLP não se viu nem se ouviu», será simples falta de informação? Portugal e Angola constrangeram a CPLP a fazer e a dizer tudo e mais alguma coisa, moveram montanhas... (aliás, foi devido a esse mau ambiente que a CPLP morreu e deixou de ouvir falar dela, senhor Embaixador da memória curta) Parece antes má fé: tentativa de ignorar as inevitáveis consequências das incompetentes e pouco prudentes atitudes da diplomacia portuguesa; tentativa de arranjar bodes expiatórios para se a história das relações (as mais antigas do Império Português, com cinco séculos e meio: só para se ter uma ideia, os primeiros colonos brancos a chegarem à América, foi dois séculos depois) com a Guiné-Bissau correrem mal.
Há 6 minutos
2 comentários:
" De forma inconsistente, tem-se vindo a imputar culpas e responsabilidades pelas carências e fragilidades do país, quase que, em exclusivo, às Forças Armadas, pelos constantes levantamentos militares e golpes de Estado ocorridos no país.
Será que, é por isso, em exclusivo, que deixamos de ter uma Companhia Aérea Nacional; uma Companhia Marítima Nacional; uma Empresa Pública de Transportes Terrestre, por exemplo?..."
A resposta é sim.
Sim, tudo começou com o golpe de estado de 14 de Novembro de 1980 em que os militares comandados pelo General Nino Vieira, Coronel Paulo Correia, Iafai Camará e etc, tomaram conta do País e destruiram-no. São eles os responsáveis pelo ponto negro a que chegou a GBissau.
Sim, sim, sim e sim. Mal sabiam ler e escrever e eram ministros.
Talvez por isso, tentar afastar os militares do poder, não seja boa ideia...
E, além do mais, há progressos: os actuais «militares» no poder estão bem mais conscientes quanto à sua incompetência em matéria de governação. São bem mais humildes, pelo menos nesse campo, do que esses «responsáveis» de «primeira mão», que refere, tendo Nino por chefe de fila.
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