terça-feira, 1 de maio de 2012

Diligências continuadas


Pretória, África do Sul. Exemplo mundial de tolerância. Quando Nelson Mandela visitou o homem que o mandou prender, deu um sinal claro, com essa atitude: se ele próprio, que tinha razões de sobra para odiar, perdoara, ninguém se sentisse com «legitimidade» para vinganças.

O presidente de Cabo Verde, que pertence ao Grupo de Contacto da CEDEAO para a Guiné-Bissau, reuniu com responsáveis de Angola, Namíbia e África do Sul... As suas declarações foram mais prudentes que as do Primeiro-Ministro, ao reconhecer que a Guiné é um «caso complexo». Precisamente. Obrigado, Nelson.

Nesse contexto, o investigador cabo-verdiano Corsino Tolentino deveria ser levado a sério, quando põe em guarda o seu governo contra uma atitude demasiado marcada na questão da Guiné, aconselhando prudência e distanciamento relativamente à CEDEAO, que parece ter passado ao lado de uma grande oportunidade de afirmação regional e internacional, calmamente e sem violência, depois da vitória diplomática que obteve o seu «ultimato».

http://www.portugues.rfi.fr/africa/20120430-comando-militar-da-guine-bissau-nao-aceita-pressoes-da-cedeao

Após um bom augúrio inicial, e das provas de boa vontade dadas, foi de uma forma rígida e pretensiosa que esta organização tentou encostar à parede o Comando Militar, sem argumentos palpáveis, pois o que puseram no prato da balança, pior que muito pouco, é uma ofensa às forças armadas guineenses: então, com 500 a 600 homens (de várias nacionalidades), pensam invadir a Guiné? Fazem lembrar o «valente» Coronel senegalês que prometeu a Diouf tratar da «questão» em 24h... a sua caveira foi depois mostrada na televisão em mãos da Junta. E tiveram Nino para lhes garantir o desembarque...

Antigamente, enviavam-se forças de paz para zonas em guerra; agora, pelos vistos, falam em enviar forças de guerra para zonas em paz! O Comando Militar não podia dar o que não lhe pertence: a sua única legitimidade, para além da força, nesta situação, foi o ter-se oposto, com razão, à intenção de envio de forças estrangeiras. Em relação a esse ponto, pelo menos, os guineenses parecem estar de acordo, pois ninguém vê com bons olhos a presença de forças estrangeiras, mesmo se alguns defendem ser esse um mal menor.

Depois da Costa do Marfim, está mais que visto que a ingerência, através de missões de «cooperação» técnico-militar, nos assuntos internos de outros países, só pode prejudicar: é que qualquer visão exógena é forçosamente redutora. Nenhum soldado estrangeiro tem legitimidade para se imiscuir em questiúnculas internas de um país independente e soberano, sob risco de mal entendidos galopantes...

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