quarta-feira, 4 de março de 2015

(In)Justiça

Caros irmãos do Bambaram di Padida e Doka:

Julgo que não devem deixar que uma animosidade pessoal latente e eventualmente despropositada, contra a pessoa da Ministra da Justiça, vos tolde o pensamento, reduzindo o discurso de Carmelita Pires a um único ponto. Sempre tive a vossa postura como crítica e abrangente, por isso me custa que esgotem energias ingratamente, entre mal entendidos e intrigas menores.

Para além de ser a principal voz crítica - ainda mais que o Presidente e, aliás, em perfeita sintonia com este - a Ministra apresentou uma série de ideias inovadoras, e demonstrou estar envolvida na tentativa de resolução dos factores de bloqueio estruturais que obstroem a Justiça.

Preocupa-me que, ao irmão Doka, tenha passado despercebida a proposta de criação da Autoridade da Memória e Justiça. Esta é a primeira vez que o Estado da Guiné-Bissau reconhece o Direito à reparação das vítimas (nas quais se incluem obviamente, os Comandos Africanos), bem como à verdade histórica.

[julgo mesmo que esse esforço se deveria estender um pouco mais, começando pelo próprio assassinato de Cabral... talvez tu, Doka, possas mesmo vir a ser um interlocutor privilegiado dessa Autoridade, com toda a informação que foste recolhendo acerca de inúmeros desses casos]

Caro irmão Doka, teria preferido que tivesses encarado este discurso como uma vitória pessoal, em vez de te reduzires a uma interpretação negativa, enviesada e redutora. Continuo a acreditar no teu papel, mas julgo que todos devemos crescer, evitando fisgar-nos em posições demasiado radicais e irredutíveis.

Espero sinceramente que possam rever a vossa posição, em prol de uma Guiné-Bissau positiva. Um grande abraço aos dois.

5 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia meus senhores. Essa questão do doka acerca da morte do seu pai é extremamente importante.

Com que então o pai do doka que foi comando africano que lutava contra á independência, fuzilando e matando pessoas inocentes durante o periodo colonial é muito normal, porque esta pessoas mortas não são humanos não tem familia.

É somente uma questão que quero colocar para melhor perceber.

Ou deixamos de brincadeira ou falamos de coisa séria.

O pai do doka foi fuzilado e muito bem fuzilado porque fuzilou também muitos inocentes.

7ze disse...

O pai do Doka era soldado. Pedro Pires jurara a pés juntos, na mesa das negociações, que não tocaria num cabelo desses homens. Deveria ser processado por isso: esses homens não constituiam nenhum perigo, tal como não constituiam nenhum perigo todos aqueles que foram fuzilados a granel após a morte de Amílcar. É por causa deste género de raciocínio (cobardemente anónimo) que a violência se continuou, desde aí, a alimentar a si própria, numa espiral descontrolada, que é necessário interromper.

Anónimo disse...

Isso são negociações e todo nós sabemos como é que isso se faz.Tens de açeitar algumas exigências para agradar o outro, vimos isso durante o 7 de junho, mais no fim de tudo á vingança é infalivél.
Não sou apologista de vingança, mais o doka tem de deixar-nos com história do seu pai, porque como tinha dito ele cometeu também muitos crimes.
O exemplo foste tu que acabas-te de dar num comentário que des-te no dito blog do doka sobre á memoria da justiça, entre o nino e o tagma. No fim todo cometeram crimes e todos foram mortos onde está o problema.

È por isso que eu disse ou deixamos de história e ver-mos o futuro.

Outra coisa o que doka e o bambarm fazem não é denuncia. Isso é pura intriga e inveja.

Durante o 12 de Abril, estavam á favor porque beneficiaram financeiramente com isso e nunca fizeram nenhuma denuncia, como exemplo mais flagrante era abate das nossa florestas que os benificiários foram alguns militares que eles frequentaram assiduamente para recuperar dinheiro.

Não nos enganam, tudo isso é problema de tako, quando não estas dentro tudo esta mal, se te puseram por dentro tudo esta bem.

Só uma questão, de certeza lembras das chantagens do doka acerca de um pagamento que o ministério das finanças lhe devia? Mais queria saber qual é o trabalho ou serviço que doka prestou ao estado durante o 12 de abril para lhe ser pago.

7ze disse...

O problema é diferente. Os dois primeiros mataram-se mutuamente, num ambiente de intrigas. Já os comandos negociaram, foram desarmados e posteriormente colectivamente fuzilados, ao contrário do sentido do acordo firmado e da mais elementar humanidade.

Essencialmente, no entanto, concordamos em que importa sobretudo encarar o futuro com seriedade e um agudo sentido de assumir a mudança radical de mentalidades que isso impõe.

Mantenhas

Anónimo disse...

O essêncial como disses-te é ver para o futuro e nisso tou completamente de acordo.

Eu fiz este comentário só para chamar á atenção do doka que esta história do seu pai é passado.

Se cada un de nós começar á tentar mostrar que o seu pai é um santo os outros é que são criminosos, fica mal, porque no fundo todos cometeram crimes, quer antes da luta, durante á luta armada, depois da luta armada e até hoje.

Que deus ajude á Guiné-Bissau.

Mantenhas