Dos dois casos apontados pela Liga guineense dos Direitos Humanos em Carta Aberta ao Procurador Geral da República de Angola, destaco o da jornalista Milocas Pereira, por este assumir graves contornos políticos. De facto, esta tinha partilhado com amigos chegados que andava a ser perseguida por causa das suas opiniões em relação ao papel de Angola na crise que conduziu ao contra-golpe de 12 de Abril de 2012. Segundo certos rumores, consistentes com esse contexto e nunca desmentidos, Milocas teria ido ao Palácio Presidencial, havendo memória auditiva de uma grande discussão... nunca mais tendo sido vista desde aí. Ordens directas ou indirectas (com os seus esbirros a quererem fazer um «favor» ao chefe, livrando-o de um fardo incómodo)? De facto, nesse caso, pouco interessaria, pois a responsabilidade é inequivocamente de um só. A ocorrência é reveladora do espírito estalinista de José Eduardo dos Santos, na forma de lidar com a opinião alheia (não suportando aqueles que ousam dizer-lhe a verdade, nua e crua, de frente, olhos nos olhos). Qual é a legitimidade alienígena e amoral que José Eduardo dos Santos se arroga sobre a Guiné-Bissau, para mandar matar assim uma das suas filhas, por divergências políticas sobre a sua própria terra? Pede informação e conselhos e depois agradece condenando à morte, porque não lhe agradam as conclusões? Nem que tudo se viesse a revelar fruto de especulações infundadas, a Justiça angolana deveria investigar... Passaram três anos, nada foi feito. Em aNGOLA, a jUSTIÇA, tal como o poder, só funciona em sentido descendente.
Há 36 minutos
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