Este artigo de Garcia Pereira é de uma demagogia e desonestidade intelectual sem precedentes. Vou concentrar-me em apenas dois exemplos para não me alargar.
Em primeiro lugar, as notas de rodapé referem-se apenas a coisas irrelevantes que podem ser facilmente confirmadas por simples pesquisa; enquanto aquelas coisas que gostaríamos de saber de onde tirou, não estão referenciadas, excepto o livro do Vasco Lourenço, que também não tem nada de palpável senão o diz que disse, não passando da palavra de alguém que não teve muito sucesso na "sua" guerra, para além de conotado na mesma narrativa.
Em segundo lugar, bem mais exemplar, quero dizer comprometedor. O Garcia queimado pretende desmerecer as maiores operações comando após a segunda guerra, apresentando-as como um falhanço (que não foram) total (muito menos) e para isso apresenta os objectivos que ficaram por cumprir, mas esquece-se muito convenientemente daqueles que se cumpriram. Vou só dar o exemplo da operação Mar Verde: esqueceu-se que outro objectivo era queimar as lanchas do PAIGC? É que arderam bem. Esqueceu-se que outro objectivo era libertar as dezenas de prisioneiros portugueses que apodreciam na prisão? É que os próprios não, e há-os ainda vivos na minha cidade, Santarém, se for preciso, para confirmar. O mais curioso é que a coluna que se ocupou desse objectivo, que era o mais humanitário, foi comandada precisamente pelo Marcelino da Mata! (não se compreende pois, como é possível que nesse contexto operacional seja possível acusá-lo de "crimes de guerra", como o fez, mentindo com todos os dentes e traindo as suas motivações, o dirigente da A25 em 2018, no texto que serviu de base ao mamado). Mas mais. O queimado até se lembra dos modelos dos Mig? Mas esqueceu-se de dizer que, se esse objectivo não foi cumprido, foi por não estarem na pista, por informações erradas da PIDE!
Para acabar, é preciso muita lata, para aquele cujos homens torturaram Marcelino com requintes de malvadez (e permaneceram meses a cercar uma casa onde julgavam que morava Salgueiro Maia), vir falar das "torturas e assassinatos às mãos dos esbirros" da polícia política.
PS Intitula o artigo "que não se apague a memória", julgando que todos a temos curta para compactuarmos com a selectividade da sua? O queimado perdeu uma boa ocasião para ficar calado, tal como o mamado não perde uma oportunidade para debitar vomitado.
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