quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Nova tendência geo-estratégica

Depois de os americanos se terem arrepiado com África, assombrados pelo fantasma de Mogadíscio, parece ser a Europa a seguir o mesmo caminho. Não estando dispostos a envolver-se para além de um certo ponto, ou seja, militarmente, descartam a solução de eventuais problemas para as instâncias regionais, e mantém uma insuportável conivência com o status quo, irritando muita gente na África ocidental. No esquema, é sobretudo o papel de França que está em causa. 

Neste contexto, realce-se uma notícia que só aparentemente nada tem a ver: a Nigéria, que sempre se recusou a aderir à moeda comum continental ou sub-regional, acaba de decidir inverter a sua política, assinando a adesão e equacionando a abertura de fronteiras, fechadas há mais de um ano para estimular a produtividade nacional. Uma leitura possível é que Buhari se decidiu a dar um grande boost na CEDEAO, tirando proveito da extrema fraqueza que França está a revelar no processo em curso. Boa!

BOA base operacional avançada em Port Bouët, controlando o aeroporto e o porto de Abidjan, com cerca de mil militares, a qual, segundo os franceses:

- en mesure de soutenir les opérations dans la zone en facilitant les mouvements des forces;

- forment un réservoir de forces rapidement projetables en cas de crise dans la sous-région.

A testa de ponte do neo-colonialismo, preço que Ouattara pagou pelo apoio ao assalto eleitoral, perde assim qualquer justificação para a sua manutenção no terreno. A caminho de uma afirmação africana de boa governança?

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