segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Amado reassume pasta

Luís Amado posiciona-se como futuro (e virtual) Ministro dos Negócios Estrangeiros de um eventual (que tem por certo) Governo PS, criticando as «opções» de Portugal (o aluguer da soberania do país a Angola) na CPLP, a pretexto do lançamento de um livro.

Mas o que mais me intriga é a presença de Domingos Simões Pereira no evento. Mesmo atendendo ao seu estatuto de ex-secretário executivo da organização, essa participação poderá ser vista por outros actores como uma traição ao «protocolo» estabelecido...

Segundo o discurso de Amado, «a adesão da Guiné Equatorial (...) foi um dos dois "momentos de descontinuidade" que se observaram na cimeira de Dili, cujo "significado histórico" enalteceu». Portanto: o Ministro concorda com essa adesão.

Mas qual o «segundo» momento, que o senhor Ministro se esquiva a explicitar? Para reflexão... Luís Amado lamenta o alheamento da sociedade portuguesa e a ausência de discussão em torno destas opções, mas também contribui para o clima de opacidade.

A «legitimidade» de Rui Machete, cada vez mais contestada, recebeu mais um rude golpe: a partir de agora, o MNE português será tratado como um político de saída (sobretudo pelos norte-americanos, que também não morrem de amores por ele) e de nula eficácia.

Igualmente esclarecedor, no actual contexto, é o elogio do protagonismo de Timor na CPLP. De dar que pensar aos ressabiados sarnentos que nos últimos dias tomaram Xanana Gusmão como alvo da sua peçonha. Talvez DSP devesse repensar, a longo prazo, as suas políticas de aliança intra-CPLP: Timor já demonstrou a sua generosidade e que está com a Guiné-Bissau, sem impor maliciosas e humilhantes condições prévias...

sábado, 8 de novembro de 2014

A «explicação» australiana

Segundo um artigo publicado numa revista profissional de Gás Natural, os juízes portugueses foram expulsos quando um deles se preparava para «dar uma sentença favorável à Conoco» (petrolífera que explora a zona conjunta Timor-Austrália). O artigo é manifestamente tendencioso e pretende fazer acreditar que as petrolíferas estariam obrigadas ao Direito «timorense», servindo para tentar desacreditar o país, diminuindo-o de várias formas, algumas delas claramente repescadas da imprensa portuguesa:

...que deveriam ser obrigados a ter juízes internacionais, que são uma jovem e imatura democracia, que os políticos se sobrepõem ao direito, que foi um sinal negativo, que assim os investidores não podem confiar...

de facto, o que parece estar em causa, desde há dois anos, é um braço de ferro com a máfia australiana do ramo, que pretende explorar uma zona conjunta e extremamente viável de gás e petróleo, mas quer fazê-lo off-shore, para continuar a furtar-se ao controlo do Governo timorense, declarando o que bem lhe apetece.

O presidente da Conoco, numa resposta enviada via email «If the business community and potential investors are confident they will be treated fairly, East Timor’s long-term economic development will benefit», se por um lado parece acusar o Governo de arbitrariedade, por outro demonstra a continuidade de um interesse substancial a longo prazo. A imprevisível «jogada» de Xanana pode ter uma leitura, como alguns já fizeram, de irritação, de frustração, lembrando o episódio de Jesus expulsando os vendilhões do templo, às biqueiradas às bancas... O efeito da chicotada psicológica pode ser benéfico em termos negociais, se for bem gerido por Dili. Há que aprender com os erros e continuar...

Quanto a muitos portugueses, talvez estivesse na altura de deixarem de se comportar como maridos despeitados (para não usar o «cornudos») e agradecerem a Xanana o abre-olhos. Obrigado, senhor Comandante.

Quem te avisa...

A RFI publicou uma entrevista com Rafael Marques, que aconselha o Presidente angolano a olhar para o Burkina Faso:

«José Eduardo dos Santos deveria começar a preparar a sua retirada, “de forma airosa”, para que não lhe aconteça o mesmo».

A RFI afirma ter contactado o Governo angolano na tentativa «de obter uma reacção do Governo à destituição de Blaise Compaoré, mas não obteve resposta».

Faz hoje exactamente um ano que o destemido jornalista angolano ganhou o prémio da Transparência Internacional! Ver DN. Prémio que viria depois a dedicar ao jovem Nito Alves.

O erro em Timor

«O governo, o nosso, não podia ter enviado magistrados portugueses para fazer trabalho que só pode ser feito - melhor ou pior - por timorenses. O país é deles. Podíamos ser consultores, não impulsionadores, não decisores. Portugal cometeu um erro diplomático, isto é, um erro político. É a política que define as relações entre nações independentes, ainda que próximas, não a justiça.»

Opinião de André Macedo no Diário de Notícias

O erro de Angola em Bissau é do mesmo tipo que o de Portugal em Timor. A Justiça e as Forças Armadas são reduto da soberania, não podem ser partilhadas com terceiros, por mais próximos que sejam, sem prejuízo de graves mal entendidos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Presidente timorense reforça mensagem do Governo

Numa declaração lida pelo chefe da casa civil de Taur Matan Ruak, o Presidente sublinha que foram atingidos países amigos da CPLP, da qual Timor detém a liderança. Não há qualquer sinal, no texto, que legitime as leituras que alguns estão a fazer, de que o Presidente estaria a desautorizar o Primeiro-Ministro (de par com uma campanha mediática para desacreditar Xanana). Pelo contrário, aliás. O que disse o Presidente, dando até uma dica (CPLP) para interpretação, foi que o que está feito, está feito. Vamos mas é lá agora saber olhar para a frente!

Procuradora ofende soberania de Timor à chegada a Lisboa

À chegada a Lisboa, uma magistrada exultante faz declarações irresponsáveis:

«Os documentos estão todos cá [em Portugal, na minha bagagem] fora [de Timor]».

Garante ainda a Procuradora que vai falar nos próximos dias.

Há pouco, no telejornal das 13h da RTP1.

Que guarde indevidamente documentos de países estrangeiros que exportou ilegalmente, para se defender, numa situação constrangedora em que se viu envolvida, é uma coisa que pode compreender-se; que a magistrada se comporte como uma Mata-Hari, é outra completamente diferente, legitimando apenas a sua própria expulsão, a título de espia. Continua obrigada ao segredo profissional e ao código deontológico da profissão. Lavar roupa suja em público só poderá prejudicar as já complicadas relações com Timor.

A senhora magistrada e os seus colegas, incluindo o colega cabo-verdeano deverão perceber aquilo que o MNE cabo-verdeano esclareceu logo no princípio (e que, se o seu homónimo português tivesse feito, desagravaria à partida os visados, do estigma que recaiu sobre a sua qualidade profissional): isto nada tem a ver com as pessoas em particular ou sequer os processos envolvidos, é uma manifestação de desagrado nos corredores do poder diplomático, quanto às opções (ou falta delas) da política externa e à visão da cooperação, alimentadas pelas autoridades portuguesas.

Uma simples mensagem, tal como aquela que o Presidente russo envia à NATO, ao fazer sobrevoar e navegar território português. Seria ridículo considerá-la como uma declaração de guerra. Neste caso, infelizmente para eles, os magistrados foram um instrumento (para não utilizar joguete, que seria desapropriado) de comunicação. Apenas. Como os bombardeiros e o navio hidrográfico russo.

Análise «sociológica»

Os desequilíbrios humanos e sociais cresceram como nunca nessa amálgama de Luanda, com profundos contrastes.

Por exemplo, para um povo que havia combatido o “apartheid”, assistiu-se à criação de“condomínios”, com padrões distintos de urbanização e habitação, muros altos e arame farpado, que marcam efectivamente o início de um “apartheid” sócio-cultural de novo tipo, que contrasta com o enorme espírito de solidariedade dos tempos de consentido sacrifício colectivo!

Para muitos detentores de poder económico e de capital, em especial para aqueles que vivem do comércio de grandes superfícies, ainda bem que houve tanta gente a concentrar-se em Luanda, de outro modo haveriam muito menos lucros se a mesma quantidade de população estivesse a viver num habitat muito mais disperso, ao nível do enorme espaço que constitui o território angolano…


Essa regra poderá radicalizar-se nos próximos tempos, pois uma conjuntura humana com esse carácter é, em relação à “antítese”, meio caminho andado para a fermentação de ideologias que podem alimentar “radicais”, “jovens revolucionários”, “revoluções coloridas”, ou determinado tipo de “primaveras”!

Se os antagonismos fermentarem a uma escala maior, podem um dia [destes] reverter numa explosão social, que por seu turno pode ser aproveitada pelas mais aventureiras ideologias…

O MPLA deve assumir um maior rigor em termos de consciência crítica das situações cujas tendências estão a prevalecer sobretudo na capital e levar em consideração que há vários dispositivos de inteligências externas que acompanham, ou estão mesmo por dentro dos factores de desestabilização!

Excertos de Martinho Junior (Luanda) in Página Global

O Junior percebe pouco disto. Agora é que o MPLA vai «descobrir» as gritantes desigualdades existentes na sociedade angolana? É uma boa e generosa ideia mas arrisca-se a chegar tarde demais. E não subestimem os vossos próprios compatriotas. JES é que é comandado por «inteligências externas», não os jovens revolucionários, que são verdadeiros patriotas (de outra forma não arriscariam tanto a vida) e sabem pensar pelas suas próprias cabeças. Que a revolução angolana comece a criar simpatias e partidários pelo mundo fora, não é de estranhar. Já tem os seus mártires, os seus heróis e está sociologicamente madura.

Viva Luaty Beirão!
Viva Nito Alves!
Viva Emiliano Catumbela!

Aproveito para publicar um pequeno excerto de artigo da DW sobre o efeito de contágio.

«Insurreição popular em Angola?

Em Angola, os jovens do chamado Movimento Revolucionário, que exigem já há alguns anos a saída de José Eduardo dos Santos, acreditam na possibilidade de acontecer uma insurreição popular como a que aconteceu no Burkina Faso, uma vez que “o povo está saturado”, lembra Adolfo Campos.

Segundo Adolfo Campos, o Movimento Revolucionário está já a analisar a possibilidade de organizar “uma manifestação que possa impugnar o poder de José Eduardo dos Santos”.“O povo angolano está cansado da política de José Eduardo dos Santos”, sublinha o jovem ativista angolano, lembrando que o chefe de Estado angolano se encontra “há mais de 35 anos no poder”.

O ativista está certo de que o Presidente angolano receia uma ação para o depor e, por isso, na sua opinião, implementou uma situação de terror no país ao criar uma guarda pessoal militar muito bem preparada, a Unidade de Guarda Presidencial (UGP).

Apesar disso, Adolfo Campos considera que os descontentes não receiam esta força e a queda do Presidente burquinabê é certamente “uma lição muito grande” para o Movimento Revolucionário. “Afinal de contas aqui também existe a possibilidade de tirar um ditador [do poder], uma vez que as Forças Armadas angolanas se encontram vulneráveis 
[à sensibilização a favor da causa]”, afirma o ativista.»

Cooperação sem rumo

O Economista Português julga «não haver motivo de indignação; um juiz é um titular de um órgão de soberania – apesar de não ser eleito. Portugal autorizou portanto cidadãos seus a serem titulares de órgãos de soberania num outro país soberano. Esta autorização é um erro e uma insensatez. Mas há quem, exercendo altas responsabilidades no Estado português, dê interpretações da Constituição de Timor-Leste, esquecendo que se trata de um Estado independente. Devíamos aproveitar a ocasião para revermos as infra estruturas jurídicas da nossa cooperação em vez de ensaiarmos uma recaída senil num chauvinismo bacoco, juridicamente injustificado, politicamente irresponsável e economicamente perigoso.»

Morais Sarmento, em declarações à RTP1, coloca igualmente o dedo na ferida da inconsistência e incompetência da cooperação.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Manual da Sublevação Popular

O que se passou no Burkina Faso é pleno de ensinamentos. Os grandes acontecimentos não se agendam, acontecem de forma espontânea, pura e simplesmente.

Não há dúvida que o figurino da insatisfação popular, até aqui adoptado em Angola, beneficia o «defensor» (o infractor). Pedir autorização para exercer um direito constitucionalmente consagrado, marcar hora e lugar, dá uma enorme vantagem ao adversário.

Vivemos hoje na era da instantaneidade das comunicações... Um dia destes, num dos artigos aqui citados, em relação ao Burkina Faso, surgiu mesmo a palavra Twittoesfera...

Perdoem-me que faça um parênteses, num domínio, como este, de âmbito «civil», apresentando uma analogia militar, um caso prático guineense. Como sabem muitos dos que passaram pelos calabouços da PIDE, a tortura do sono é das mais violentas que pode haver... O PAIGC flagelava os quartéis da tropa tuga durante toda a noite, com intervalos regulares: não se tratava de acertar em nada, mas pura e simplesmente de manter os portugueses acordados e num desgastante estado de alerta permanente.

Ora, para exercer o Direito constitucional à manifestação, não é necessário pedir licença ao opressor. Então só os oprimidos é que devem «respeitar» a lei, claramente viciada? O espírito da Constituição é superior a todas as leis.

Nesta senda, tem sido experimentado o conceito de flash mob, a manifestação «bate e foge».

Mas nem é preciso marcar qualquer manifestação: basta agendá-la «para breve». Um simples «clic» poderá depois despoletá-la espontaneamente, sabe-se lá como, quando ou onde.

Um ditador que não dorme descansado = um ditador ou louco ou derrotado.

Dignidade ou deturpação

Têm piada os magistrados cabo-verdeanos. Divulgam a sua dignidade «torneando» os factos... É engraçada a formulação, em declarações à Lusa:


«Dois magistrados cabo-verdianos a trabalhar em Timor-Leste decidiram cessar funções depois das resoluções do Governo timorense que culminaram com a ordem de expulsão de oito funcionários judiciais internacionais, disse hoje à agência Lusa fonte judicial. As duas resoluções foram esclarecedoras. Por uma questão de dignidade da magistratura cabo-verdiana, decidiram cessar funções, afirmou a mesma fonte. A fonte explicou que a decisão foi também tomada em solidariedade com os colegas.»

Trata-se de fazer acreditar que os dois se solidarizaram com os magistrados portugueses. Mas não, Cabo Verde fazia parte dos oito funcionários «internacionais» (7 portugueses e 1 cabo-verdeano, todos pertencentes ao «Eixo do Mal»). Logo, a história está mal contada: só um dos dois pode ter «decidido» (pois o outro foi expulso); portanto, de facto, um dos dois funcionários cabo-verdeanos em Timor solidarizou-se com o outro e apanharam o mesmo avião (tal como os portugueses, aliás, por imposição política).

O MNE cabo-verdeano fora mesmo o primeiro a reagir e muito bem (sendo um dos destinatários, deve estar por dentro dos dossiers, também esteve em Bissau na semana passada), esclarecendo que:

«Não se trata de uma ação específica em direção a esse cidadão cabo-verdiano, mas sim de uma medida que as autoridades timorenses decidiram tomar.»  

Talvez o Senhor Ministro Jorge Tolentino pudesse ir mais longe e explicar as verdadeiras razões que conduziram a este estado de coisas.

Oposição angolana prepara mega-manifestação pacífica?

Em artigo do Club-K subscrito pela UNITA, reconhece-se que a queda de Compaoré representa uma oportunidade de ouro para os angolanos saírem à rua e provocarem a derrocada do regime. Num outro artigo do Angola24Horas, também subscrito pela UNITA, defende-se que Angola está «à beira de um colapso total», sugerindo que «os bons do MPLA, da UNITA, da FNLA, da CASA-CE, etc etc se juntem para contagiar os maus de Angola, através duma manisfestação pacífica bem organizada nas ruas, com lenços brancos significando a paz, e convençam JES a partir para a reforma tranquilamente».

Transcrevo igualmente alguns excertos relevantes, do discurso proferido por Isaías Samakuva, presente em Lisboa, precisamente no momento (durante o dia 30 de Outubro) em que Compaore caía nas ruas da amargura:

«Angola é um país maravilhoso, onde se pode ganhar muito dinheiro em muito menos tempo, se calhar, em menos tempo do que noutras partes do Mundo. Porém, esta facilidade encobre uma séria doença cancerosa que preocupa os que olham para o seu futuro. Por isso dizemos que Angola atravessa um daqueles momentos críticos da história de uma nação que redefinem o seu futuro. Como já dizia há uns dias atrás, há um conflito sério entre Angola e o regime que a governa. Os angolanos querem mudança, mas o regime continua fixado no passado, esticando a crise social e institucional ao limite da ruptura, na sua vã tentativa de subjugar Angola e comandar o futuro. A intensidade do conflito entre estes dois polos - o do regime e o dos Angolanos - cresceu de tal forma que um terá de sobreviver ao outro. Hoje, temos em Angola uma democracia tutelada por um Partido-Estado, que organiza processos eleitorais viciados para sequestrar o poder político que é exercido por formas não previstas nem conformes com a Constituição.»

(...)
«Os níveis de desgovernação e de corrupção tornaram-se insuportáveis. Alguns mais velhos dizem correctamente que “Angola precisa de uma nova independência”. De facto, há necessidade de uma nova ordem política, uma nova matriz económica e uma nova cultura de governação. O actual governo chegou ao seu fim porque já não consegue reunir condições políticas de governabilidade e de legitimidade para se manter em plenitude de funções.»

Um abraço de Dili

Um Primeiro-Ministro português de fugida, dispensou menos de um minuto para debitar um comunicado sobre um caso gravíssimo, no qual Portugal foi gravemente humilhado, sem direito a perguntas dos jornalistas, num tom lamechas e despeitado, balbuciando provérbios mal citados (é «por baixo da ponte» e não «por baixo das pontes»), chorando sobre o leite derramado: «lamento profundamente que tudo aquilo que foi a troca de informação que foi registada antes destas decisões serem tomadas não tivesse sido suficiente».

Não era decerto esta a explicação que esperava Francisco Seixas da Costa. No entanto, Pedro Passos Coelho respondeu à principal interrogação que o Senhor Embaixador exprimiu no artigo recentemente publicado sobre o assunto e aqui glosado. O Primeiro-Ministro português admitiu ter «havido uma má leitura de sinais (...) do conhecimento do lado português», ou seja, agravou ainda mais o caso, confessando que trataram um caso desta dimensão com uma insustentável ligeireza, ou melhor, uma infeliz arrogância de ex-colonizadores disfarçados de cooperantes, grosseira negligência e escassa diplomacia.

Há, no entanto, vários sinais que permitem fazer a leitura correcta da mensagem de Xanana. Um deles é o protagonismo que tem assumido o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor, que havia participado, com Rui Machete, em Bissau, no encontro de MNEs da CPLP, o qual já veio por mais que uma vez colocar água na fervura. Bissau parece ter sido a gota de água que fez transbordar o copo. Será compreensível que os homólogos estivessem juntos, com este assunto em ebulição, e o caso não tenha nada a ver com a CPLP e o próprio conceito de cooperação?

As actuais autoridades portuguesas são actualmente uma simples dependência de Luanda, num frenesim de exploração petrolífera desenfreada que conduzirá aquele país africano ao esgotamento dos seus recursos em poucas décadas. Desse dinheiro, só uma ínfima parte tem servido para desenvolver as condições de vida dos angolanos. Timor não tem qualquer interesse em cooperar com autoridades corruptas nem aderir a modelos de desenvolvimento desadequados e pouco consistentes. É insatisfatório lidar com um país completamente desidentificado politicamente, até por respeito pela sua grandeza histórica. No entanto, Portugal mantém-se intacto no coração dos timorenses e no seu papel mítico.

Claro que os magistrados comeram por tabela, se bem que não sejam decerto propriamente santos, ou sequer, pelos vistos, muito competentes. Muito técnicos e virados para o rei no umbigo do Direito português, revelam dificuldades em interagir com outros factores relevantes, quando enxertados em ambientes exóticos (talvez sejam portugueses de má qualidade). De qualquer forma, é sempre arriscado ir lavar as mãos aos outros na casa deles; toda esta campanha que fala em «mãos limpas», ainda para mais, depois de expulsos, soa a falso. Em vez de lavarem as mãos aos timorenses, emigrem para Angola e vão lavar o rabinho de José Eduardo dos Santos (com carqueja, claro, para não ofender), lá há muita corrupção para investigar. Ah! E entretanto voltem para a escola, não copiem e aprendam a não dar erros ortográficos. Eheh

O que Xanana está simplesmente a recomendar, é uma revolução em Portugal (e já agora, em Angola). A mensagem é clara: «gostamos muito de vocês, mas enquanto estiverem por aí esses governantes, não queremos nada convosco. Quando se livrarem deles voltaremos a falar de coisas sérias.» Em entrevista à Lusa, Xanana diz que gosta muito de Portugal, que isto nada tem a ver com os portugueses e até manda um abraço. Recorre-me a frase de Cabral... «A nossa luta não é contra o povo português...»

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Voice Of America

A VOA publicita um debate ocorrido na Rádio Despertar de Angola, no qual os analistas dizem que o que aconteceu no Burkina pode repetir-se em Angola.

Um pequeno extracto:

_Nós estamos numa ditadura efectiva, os activistas cívicos são assassinados, não se permitem manifestações, os jovens são torturados e presos, os debates parlamentares não são transmitidos, enfim, o presidente já fez o que o outro tentou fazer no Burkina Faso: alterou a Constituição com o acórdão de 2005 do Tribunal Supremo que dizia que José Eduardo dos Santos ainda não tinha cumprido nenhum mandato no poder, ou seja quer dizer que o seu mandato só começou em 2005.

Representará esta rádio a Voz de Angola profunda? O despertar dos angolanos?

Embaixador Francisco Seixas da Costa exige explicações

No seu blog, que mereceu réplica no Expresso on-line, o Senhor Embaixador garante que se tornaram absolutamente indispensáveis, por parte das autoridades portuguesas, explicações urgentes, quanto à forte mensagem que lhes foi enviada por Xanana Gusmão. O niet timorense foi uma verdadeira bomba atómica diplomática, sujeitando o país ao ridículo e expondo a absoluta mediocridade da política externa conduzida pelas actuais autoridades portuguesas.

Embora o Senhor Embaixador o não tenha referido explicitamente, cuidando de aguardar essas explicações devidas ao país por parte do Presidente da República e do Primeiro Ministro, começa a circular nos bastidores a tese da reacção visceral do Primeiro-Ministro timorense ao MNE português Rui Machete (ver comentários ao artigo).

Guiné-Bissau afirma-se no Mónaco


A Ministra da Justiça presente na linha da frente, em representação da Guiné-Bissau, no Mónaco, onde participa na 83ª Assembleia da INTERPOL, organização internacional de cooperação policial.

Esta Assembleia tem um sabor especial, pois comemora um século da organização, precisamente no Mónaco, onde, há cem anos, o trisavô e homónimo do actual herdeiro da coroa do Principado, Alberto e primeiro do nome, reuniu pela primeira vez as polícias de vários países para acertar conjuntamente políticas de cooperação.

Após a cerimónia de abertura, na Segunda-Feira, dia 3 de Novembro, os trabalhos iniciaram-se ontem, dedicados a um primeiro tema, os 100 anos de cooperação policial, cujo terceiro e último ponto se referia ao combate ao crime transnacional: agendada a palavra, no espaço reservado às intervenções dos Ministros, Carmelita Pires insurgiu-se contra o preconceito que reduz a Guiné-Bissau a um «Narco-Estado».

Com a devida vénia, traduzo os excertos publicados pela Senhora Ministra na sua página do FaceBook. Segundo os seus comentários, parece que a alocução foi um verdadeiro sucesso.

«(...)
Tornou-se irritante, para os meus compatriotas, sempre que lêem o nome do país na imprensa internacional, é pelas piores razões, associando-o a esse tráfico [de droga], chegando frequentemente ao ponto de a Guiné-Bissau ser tratada como um Narco estado, projectando assim uma imagem muito negativa junto do investimento estrangeiro, do qual temos uma necessidade premente para conseguirmos valorizar os nossos múltiplos recursos naturais, tornando-se também altamente nocivo para o nosso imenso potencial turístico de bio-diversidade, que continua por explorar.
(...)
Estamos decididos a não continuar a ser uma presa fácil para o crime transnacional, recuperando a nossa credibilidade no concerto das Nações, e por essa razão, torna-se para nós de extrema importância garantir os meios que nos permitem agir e recuperar a confiança, tanto da parte dos nossos concidadãos, como também da opinião pública mundial, na capacidade da Polícia para desempenhar a sua missão. Esperamos assim colocar um termo no ciclo vicioso de instabilidade política e fragilidade estatal».

Piada

Sem pretender fazer concorrência ao Ady (até porque a «anedota» não é minha), não resisto a contar uma expressão engraçada que ouvi hoje a um amigo, numa conversa sobre a actualidade oeste-africana. Mas não quero prolongar o prólogo... cá fica ela.

«Angola mal gatinha e julga-se madura para ingerir alimentos sólidos. Devia contentar-se, para já, com o leite em pó, para não colocar em risco a sua saúde».

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Tiros no pé da CEDEAO

A CEDEAO, depois de ter tolerado as manobras dilatórias de Compaoré para prolongar ad eternum o seu consulado, de ter tentado mantê-lo no poder em plena crise popular, envia agora uma delegação, que amanhã avança para o terreno, mandatada por um próximo de Compaoré, pertencente a uma dinastia de ex-Primeiros-Ministros burkinabês, os Ouédraogo... Depois do Gérard e do Youssouf, este Kadré é formado pelos Altos Estudos Comerciais (HEC, uma escola francesa de «elite»), eleito em Fevereiro de 2012 para a presidência da Comissão da CEDEAO.

Li no Bambaram di Padida, ver link à direita >

A missão não parece bem vinda. Os burkinabês não perdoam à França a execução que deram à cláusula de «seguro de vida» dos seus fantoches africanos, com a coluna armada organizada pelos seus bons ofícios para evacuar Blaise Compaore para a Costa do Marfim. O exército já demonstrou, ao alinhar unanimemente com Zida, que, à falta de alternativas civis credíveis, não larga o poder, para prevenir eventuais desestabilizações na sua fronteira sudoeste. Recorde-se que muitos costa marfinenses não perdoam a Blaise Compaore a desestabilização do seu país; e que Ouattara, o homólogo francófilo do ex-Presidente burkinabê, terá eleições brevemente...

Ficaria bem aos dirigentes guineenses, num gesto de solidariedade, não apenas dispensarem os serviços da ECOMIB (Guiné-Bissau está em plena normalidade democrática há mais de meio ano), mas inclusive oferecerem-se para retribuir, enviando para Ouagadougou 170 polícias para substituir o efectivo burkinabê. Atendendo a que o exército não aceitará, por boas razões, conceder para já o poder aos civis, justifica-se uma missão em tudo semelhante à da Guiné-Bissau, para garantir que os militares, após um prazo razoável de transição, devolvem o poder a autoridades legitimamente eleitas.

Aliás, a iniciativa de antecipar o fim do mandato desta missão deveria partir da própria CEDEAO, invocando questões de urgência e assumindo que algo tem de mudar na organização... As organizações sub-regionais (como termina um dos artigos do Bambaram), não devem estar ao serviço dos dirigentes dos países membros, mas das respectivas populações!

Cartão de visita

Como apresentar um espião, para que não seja reconhecido? Fazendo um erro em cada nome do senhor, para que as pesquisas não devolvam qualquer resultado relevante...

Mas agora que a LUSA se preste a estes arranjos (mesmo deixando o «rabo de fora», uma vez que, no fim do artigo, já acertam, em separado, no seu último nome)... é demais.

Chiristopher Colemem = Christopher Coleman que chefia, desde Agosto de 2013, o Department of Political Affairs das Nações Unidas para a África do Norte, central e ocidental.

Já agora, permita-se recomendar cuidado, aos guineenses, com a presumível missão deste agente duplo, mercenário ao serviço da máfia da ONU. Essa missão é recomendar a MISSANG II ao SG e CS.

As iniciativas de Angola, para conseguir uma «cobertura de chocolate» para o bolo que quer fazer engolir aos guineenses, parecem recorrer a todo o género de subterfúgios e recursos.

A negociata é transparente (com mais uns trocos para o senhor, claro): Angola oferece 1800 soldados para a África central; para recompensar a boa vontade, toleram outros 1800 a enviar para a África ocidental...

Apenas para ilustrar o percurso do senhor e as suas competências, refira-se que, com inconfessáveis desígnios de tramar um colega e disfarçado de «hacker» marroquino, revelou documentos confidenciais da ONU no dossier do Sahara Ocidental... infelizmente, o email associado ao envio chris_coleman24 tramou-o. Se os saharauis não deram por isso, que se tratou de um «inside-leaking», perceberam, por outro lado, que existiam claras intenções de «manipular insidiosamente o relatório do SG». Ver blog da diáspora saharaui.

Enterro

Afinal, pelos vistos, enganei-me, quando disse, há uns dias, que Timor «não lhe apetecia» dar um murro na mesa, atendendo à pouco vergonha que resultou da reunião de MNEs da CPLP.

E o murro não foi na mesa, foi mesmo em plena fuça. Para que se saiba, a decisão de expulsar, num prazo de 48 horas, os portugueses, nada tem a ver os magistrados, mas com o tema da investigação: petróleo.

À chegada do MNE a Dili, quando Xanana soube dos pormenores, não perdeu tempo. E a mensagem não é assim tão difícil de perceber: Petróleo = Angola ; Portugal = colónia de Angola ; CPLP morreu.

Face a uma declaração tão óbvia, o principal destinatário, o MNE português manifestou o seu desconforto. Está desconfortável, o senhor, perante o triste resultado da sua «brilhante» actuação?

A CPLP implodiu.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Encurtar o tempo decorrido

Face à constatação de que o seu estado de graça está prestes a desmoronar-se, Domingos Simões Pereira, toma providências: por um lado, pede uma extensão para o dobro do tempo; por outro, encurta para metade o tempo que já passou.

Perante uma assembleia de empresários, no Porto, apresenta «uma nação renascida há cerca de quatro meses com a realização de eleições democráticas» li no PN, ver link à direita

De Abril a Novembro, pelas minhas contas, vão sete meses e não quatro. O senhor Primeiro-Ministro referia-se decerto à sua tomada de posse, a menos que essa seja prosa de responsabilidade jornalística.

domingo, 2 de novembro de 2014

Homenagem ao Presidente do Uruguay

Traduzo, com a devida vénia, fragmentos de um artigo do ABC de Madrid, seguido de uma réplica no canal social (Twitter-Facebook- que pretendem viral), em língua espanhola, o ésnotícia.co.

Dizem de José Mujica - Pepe para os amigos - que é o homem mais honrado do mundo. Trata-se de um senhor com 78 anos, de aspecto bonacheirão, amante de boa comida e da natureza, que veste de forma informal e popular. Até aqui, tudo bem, se não se tratasse de um Presidente, neste caso, do Uruguay.

Mujica - ex-guerrilheiro e fundador do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros - ascendeu ao cargo a 1 de Março de 2010. Até aí, dividia o seu tempo entre a política e o cultivo de flores, numa humilde quinta na periferia de Montevideo, onde prometeu manter-se se ganhasse as eleições. Ofereceu depois o Palácio Presidencial para os sem abrigo poderem passar o Inverno. Outras das medidas polémicas que implementou, foi a legalização da marijuana.


Preso durante 13 anos, nunca acreditou na possibilidade de se vir a converter em Presidente. Pouco antes das eleições das quais sairia como vencedor, declarava a um jornalista «Eu vir a ser Presidente é tão improvável como um camelo passar pelo buraco de uma agulha». Desde aí que a sua humildade tem logrado conseguir a simpatia e a adesão do seu povo.

A imprensa uruguaia classificou-o como o presidente mais pobre do mundo: o seu património ascende a três terrenos, três tractores e um carro, um Volkswagen carocha, de 1987, isto segundo os dados apresentados pela Junta de Transparência e Ética do Uruguay.

O seu salário como Chefe de Estado é de cerca de 10 000 euros por mês; não obstante, doa cerca de 90% do seu ordenado a projectos de ajuda. «Mil euros chegam-me, e têm mesmo de me chegar, porque há uruguaios que vivem com muito menos» sentenciou o Presidente a esse propósito.

Para veículo oficial dispõe de um simples Corsa, depois de a sua imagem de marca ter sido a Vespa que utilizava para chegar ao Parlamento, quando foi eleito deputado, após a Ditadura. Sem contas bancárias, sem dívidas, afirma dormir tranquilo, enquanto espera pelo fim do seu mandato para descansar na sua pequena quinta de Rincón del Cerro.

Quando confrontado com a notícia do ABC de Madrid, respondeu:

«Eu não sou pobre. Pobres são os que acreditam que eu sou pobre. Tenho poucas coisas, é verdade, as mínimas para poder ser realmente rico, à minha maneira, que consiste em ter tempo para dedicar às coisas que me motivam. Se tivesse muitas coisas, teria que tratar delas todas e não poderia fazer aquilo que realmente gosto. Essa é a verdadeira liberdade, a austeridade, o consumir pouco. Se tiver muitas coisas acabo por viver preocupado com medo que me as levem. A casa pequena, para não precisar de empregada. Não, a mim bastam-me três divisões: passo a esfregona pelo chão a meias com a velhota e, num instante, já está! Assim ficamos com tempo para aquilo que realmente nos entusiasma.

Não somos pobres»

Faz-me lembrar o inventário dos bens de Thomas Sankara, Presidente do Burkina Faso, à data do seu assassinato: uma mota, duas guitarras, uma frigideira e um frigorífico avariado.

Terça arrancam trabalhos da ANP

Continua evidente a fraca capacidade de comunicação do Governo, a inexistência de facto de um Porta-Voz e incipiente o acompanhamento e publicitação dos diplomas submetidos à Assembleia Nacional para apreciação, entre eles um importante Decreto Lei de Regulamento da Disciplina Militar, que deverá constituir um primeiro passo no sentido de uma reforma do código deontológico de conduta dos militares, conforme se pode ler na conferência recentemente proferida por Daba Naualna a esse propósito.

Tudo documentos que haveria todo o interesse em partilhar para discussão pública, facilitando o acesso através da internet e apostando na transparência prometida ao longo da última campanha eleitoral, mas que infelizmente, passados que são mais de cem dias, ainda não assumiram uma dimensão virtual.

A luta contra a corrupção, por sua vez, não deveria estar sob a alçada directa do Ministério da Justiça, devido às sinergias com o seu papel e tutela que possui sobre a Polícia Judiciária, desempenhando um papel central no complexo puzzle criminal guineense? Uma «inspecção superior» de iniciativa parlamentar parece ser uma figura perfeitamente inoperante.

Ensinamento para os actuais governantes guineenses

Se Blaise Compaoré pudesse deixar uma última recomendação aos seus colegas dirigentes, seria decerto: cuidado com a praça!

À velocidade a que hoje circula a informação, torna-se cada vez mais difícil para os líderes obterem uma obediência cega e acrítica a actos demagógicos e autocráticos, opondo-se ao sentimento popular generalizado.

Poderia recomendar-se a DSP que entre num táxi, ou vá até ao mercado de Bandim, que empregue um pouco do seu precioso tempo a trocar impressões com o povo anónimo. Rapidamente descobrirá que, na praça, há uma oposição generalizada à presença de tropas angolanas no país.

O senhor Primeiro-Ministro talvez esteja a atribuir demasiada importância a factores exógenos, o que tem ofuscado a percepção de uma forte vontade interna opondo-se à materialização desses nefastos desígnios. Quanto mais depressa se aperceber do erro, melhor.

Desafio: Compare Compaore

Duas faces da mesma moeda

Descubra as parecenças...

Exercício de zidadania

Aparentemente, a expectativa criada pela marcação de uma reunião, para os próximos dias, entre o Coronel Zida e os líderes civis, parece ter devolvido alguma acalmia às ruas de Ougadougou, com relativamente menos gente a aderir hoje à convocação para manifestar o desagrado quanto ao confisco do poder pelo Exército.

Os apelos dos Estados Unidos e de várias organizações para a devolução do poder aos civis (como se o ex-Presidente não fosse ele próprio um militar de carreira) deverão esbarrar contra aquela que parece a firme intenção, no seio do Exército, de evitar uma «malidição» ou «libialização» do Burkina Faso.

Justifica-se, nesta ocasião especial, como sugeriram os irmãos intelectuais balantas na diáspora, uma reflexão sobre a herança de Thomas Sankara, o caminho que apontou para um ideal de homens íntegros, e a oportunidade da sua aplicação a todo um continente em busca de afirmação.

A Twittoesfera foi invadida por um tsunami de críticas a, entre outros, José Eduardo dos Santos e Obiang, sugerindo que podem ser os próximos. Também o Expresso retoma o assunto num artigo deste Sábado, sugerindo uma «Primavera Africana» e lembrando o sacrifício, há já quase quatro anos, na Tunísia, do jovem Mohamed Buazizi.

Segundo artigo no Libê, um sobressalto de júbilo percorreu o continente, com muitos a interrogarem-se «Se os burkinabês conseguiram, porque não havemos nós de conseguir também?»... Numa réplica local, o Angola24horas publicou um artigo de opinião sob esse contundente título.