As rudes e frustres tentativas do regime para tentar contrariar o onda gigante que varrerá o país no Sábado, encerram um aspecto deveras caricato.
Condenam o «rapto» ou o «desaparecimento»: mortes ou a cena do crocodilo foram classificados com bolinha vermelha e banidos do discurso.
P.S. Em vez de adoptarem um discurso de reconciliação, não, referiram-se à cartilha de sempre. Mas o tiro saiu-lhes pela culatra: basta uma pequena análise dos comentários que estão a circular nas redes sociais.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Lágrimas de crocodilo
Viva a mulher IV
As mulheres angolanas confirmam presença para Sábado. Ver notícia.
As autoridades ambientais deveriam providenciar a colocação de tabuletas no rio Bengo, com os dizeres «Proibido alimentar os animais».
Os crocodilos do mesmo rio preparam-se para entrar para a história, garantindo a presença no cortejo de Sábado. Uma oportunidade a não desperdiçar para empresários do sector gráfico: todas as bandeiras com novo design que conseguirem produzir até Sexta, encontrarão colocação garantida no mercado.
Então e que é feito da catana, perguntarão... serve para cortar às postas o alimento que vai para as barriguinhas dos queridos bichanos.
Auto-censura
A imprensa portuguesa (escaldada?) ignora hoje completamente a situação em Angola.
Excepto, claro, o Sol, que se apressou a publicar uma contra-notícia, ao gosto do defunto regime.
O chico-esperto dos fundos comunitários, que da Associação de «empresários» ribatejana passou a Presidente da AIP, foi a Coimbra pregar o regime de José Eduardo dos Santos, numa postura moralizadora: para este idiota chapado, o mundo resume-se à esfera económica dos seus interesses metálicos «fico apreensivo quando eclodem determinado tipo de conflitos fora das esfera comercial e da área económica», dizendo que «só por masoquismo ou tendência para o suicídio colectivo se podem compreender alguns episódios da política portuguesa envolvendo Angola».
Já vem um pouco atrasado, para bajular o seu novo patrão.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
José Eduardo dos Santos teve um treco?
Segundo o Ponto Final, em notícia publicada há pouco e a aguardar confirmação, José Eduardo dos Santos acaba de ser evacuado de Barcelona para a Rússia, encontrando-se entre a vida e a morte.
Pois, a situação está imprópria para cardíacos.
Pânico no MPLA
O Bureau Político do MPLA acaba de emitir um comunicado que é um autêntico tiro no pé, servindo apenas para revelar o desespero perante a convicção de que o povo sairá em peso à rua no próximo Sábado. Manifestação pacífica = espectro de Guerra? O lobo quer disfarçar-se de cordeiro? O agressor de vítima? É evidente que já não dispõem de máscaras convincentes.
Apenas para lembrar o Artigo 47.º da Constituição angolana, que dá pelo título de «Liberdade de reunião e de manifestação», o qual, logo na sua primeira alínea, refere que «É garantida a todos os cidadãos a liberdade de reunião e de manifestação pacífica e sem armas, sem necessidade de qualquer autorização». Embora essa não seja a prática corrente; mas desta vez vai ser diferente.
Ameaçar com guerra? Foi precisamente este género de discurso e de paranóia que motivou as mortes que a manifestação pretende lembrar. «Consequências imprevisíveis»? «Jamais será tolerada e merecerá a resposta adequada»? Mais mortes nas mesmas circunstâncias? Isso é contra os direitos dos animais! Os coitadinhos dos crocodilos vão apanhar uma indigestão.
Não me parece que assim o MPLA consiga conter a vaga de indignação, que neste momento é extensível às suas próprias hostes. Numa coisa o comunicado tem razão: a UNITA deve evitar protagonismos exagerados bem como bandeiras e distintivos seus, para que todos os militantes do MPLA e verdadeiros patriotas, se sintam bem vindos, pois a indignação é geral e compulsiva.
A UNITA não está a fazer «aproveitamento político» (para o qual teria toda a legitimidade, pois é esse o papel da oposição), mas a dar voz ao povo angolano. A UNITA levou tempo a aperceber-se dessa «oportunidade», estava «politicamente» mais virada para a fiscalização do executivo... Será prova de inteligência manter um low profile: não se trata de política; é um cortejo fúnebre.
O comunicado mostra como até o Portal de Angola se sentiu incomodado com o seu conteúdo: a única coisa que se aproveita é o próprio título (que é enganador): «MPLA condena rapto de cidadãos». Se foi um «acto vil», só têm de o condenar e aos seus mandantes, fazer acto de contrição e deixarem-se de hipocrisias. Mas a cúpula do MPLA está inteiramente corrompida.
Aos burros do Burrô político: burrô, em francês, é CARRASCO. E metem asco! Os cidadãos não se deixarão intimidar. Essa será a última e verdadeira homenagem que se pode prestar àqueles que morreram e serão recordados por isso: a sua coragem e determinação serviu para acordar o povo, que perdeu o medo. Já não é o MPLA da LUTA. É o do LUTO. Funeral no Sábado.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
O último a sair...
que apague a luz do aeroporto.
Ministro da Defesa angolano parte para Itália. Ver notícia.
Ano e meio de agonia
Depois de, a 1 de Junho, ter reportado neste blog o desespero entre os simpatizantes dos activistas Álvaro Kamulingue e Isaías Sebastião Kassule, dando conta do seu rapto,
22 DE JUNHO DE 2012 Erro crasso do Regime angolano
Passei o dia a mastigar os acontecimentos de quarta-feira em Luanda. O feitiço (ou «fetiche»?) democrático voltou-se contra José Eduardo dos Santos. Parece-me que é caso para nos questionarmos, à luz dos acontecimentos: quem são os arruaceiros? De um lado, como documentam as imagens colhidas, manifestantes pacíficos, tranquilos, dignos, dando a cara e dispostos a negociar... do outro uma força bruta e autista, apostada numa repressão cega, com cavalos, cães, densidade inacreditável de gás lacrimogéneo, tiros.
Permito-me sugerir-lhe que tenha a humildade de dar a cara pessoalmente, evitando assim, no momento certo, mais violência desnecessária. Não errarei muito se disser que, desde o fim da guerra, este é decerto o momento mais crítico da sua carreira. Encare de outra forma a redistribuição da riqueza gerada do ventre dessa terra, permita e patrocine mesmo o crescimento de novas elites, baseadas não no medo e no seguidismo, mas no mérito, na concorrência leal, no confronto construtivo de opiniões. A paz e a centralização que conseguiu após tempos conturbados, a sua própria estabilidade no poder, foi decerto um grande contributo para o futuro de Angola. No entanto, não ponha em causa todos esses benefícios, agarrando-se a antigos métodos: parece-me louvável a legítima «vontade» que vinha apregoando de democratizar o seu regime; está na altura de mostrar a sua face humana, ou então, e espero que não, terá de deixar cair a máscara.
23 DE JUNHO DE 2012 Maquiavelismo de Estado
Antecipando a atenção que as eleições vão despertar no seio da Comunidade Internacional, o estado angolano tem-se vindo a manifestar cada vez mais maquiavélico face aos contestatários. A palavra de ordem parece ser «disfarçar» a verdadeira face do Regime, numa operação de cosmética para «inglês ver». A repressão ao movimento de contestação dos jovens vem da parte de milícias (supostamente incontroláveis mas com a mão do Regime), instrumento que também começou por ser utilizado contra os promotores originais da contestação dos Antigos Combatentes (AC).
Mas os requintes de malvadez tomam proporções draconianas contra os seus cidadãos: um jovem e conhecido rapper, Luaty Beirão, Ikonoklasta de nome artístico, contestatário do Regime, vendo-se pressionado pelo Estado, quis abandonar o país, o que primeiro lhe foi negado; posteriormente autorizado, apanhou o avião para Lisboa, mas enfiaram-lhe 1,7Kg de cocaína na mala e (pasme-se) a denúncia veio de uma instituição oficial.
Também a detenção do General Silva Mateus, no contexto da repressão dos Antigos Combatentes, seguiu um esquema parecido: acusado de porte ilegal de armas (um general!), conseguiu ainda fazer um telefonema para um outro general, no qual nega veementemente a acusação, garantindo que lhe colocaram a arma no carro, tendo depois sido realizada uma «oportuna» vistoria ao seu carro... Alguém acredita ainda? A hipocrisia parece galopante..
26 DE JUNHO DE 2012 Bons exemplos de Angola
O «modelo» angolano também tem coisas boas. Em tempos de crise na «metrópole», avivaram-se as reminiscências da antiga colónia: a relativa paz e estabilidade do regime conseguiu criar o sentimento, junto dos antigos colonizadores retornados, da oportunidade e «viabilidade» de uma nova implantação. Com a Europa em crise, o óbvio excedente de mão-de-obra qualificada (agora desocupada) permitiu ao Regime angolano dispor de uma base de recursos humanos, de quadros qualificados, dispostos a investir o seu futuro numa economia com grande potencial...
Mas há um grande problema a resolver: essa participação branca no desenvolvimento não pode hoje ser feita como o era há quatro décadas atrás, a coberto de um sistema administrativo colonial. Surgiu então o sistema de «parceria» indígena. Qualquer empresário estrangeiro que pretenda estabelecer-se, nunca o poderá fazer na base de livre concorrência, pois nunca mais se livrará de um pesado e autoritário sistema de corrupção, apenas destinado a instituir, nessa «troca», o poder «local». Este protocolo institui um contra-peso formal (a «angolanidade» de parte do «capital») supostamente garante do bom «despacho legal» dos assuntos e da «protecção» da propriedade envolvida, contributos imateriais mas perfeitamente incontornáveis.
Poderíamos acrescentar que, se o princípio parece bom, já a forma como a coisa é feita, graças a um «tributo» mental anti-colonial, é decerto indutora de um elevado nível de «stress», fomentando a manutenção de pseudo-elites e o reforço da teia de corrupção. A sujeição dos candidatos a «colonos» aos «donos» da terra permite decerto a tranquilizadora visão de uma sustentabilidade endógena, mas a tessitura parece feita de uma ilusória superficialidade... ao basear-se numa compensação histórica (por inversão).
É que a afirmação de uma identidade não pode ser feita exclusivamente com base no poder que o dinheiro consegue comprar, por imenso que possa parecer (sobretudo quando a imensa maioria dos angolanos se vêem excluídos de participar dos seus benefícios). O orgulho de ser angolano terá de buscar outras origens, num desenvolvimento económico-social credível, na formação de quadros competentes, na aposta de o seu país se tornar um bom exemplo para África (que talvez possam então ajudar a «crescer»).
Uma identidade não pode basear-se na simples promoção de um mito de superioridade traduzido num discurso tipo «Se quiserem o nosso dinheirinho, têm de se agachar», sem correr o risco de relançar um outro apartheid (de auto-exclusão em condomínios). Angola teve o mérito de mostrar um caminho possível para África: chamar quadros europeus competentes mas desocupados para ajudar no seu desenvolvimento, partilhando os benefícios da exploração inteligente dos seus recursos (sobretudo minerais).
Mas esse «modelo», perfeitamente plausível, teria tudo a ganhar em ser pensado em bases mais saudáveis, de verdadeira parceria e cooperação, facilitando a inserção dos europeus na sociedade angolana, numa verdadeira partilha de objectivos comuns: Angola! A pessoa melhor colocada para o fazer, para uma alteração estratégica e humana de fundo, essencialmente mental (como se vê reclamar no cartaz da juventude: «Libertem as mentes dos angolanos»), é sem dúvida o artífice da estabilidade política do país.
Justificar-se-ia, no contexto das eleições, uma grande reflexão e debate sobre o assunto, evitando os lugares comuns, os discursos vazios, os projectos sem amanhã, as promessas eleitoralistas gratuitas, tudo efectuado na certeza dos resultados a emanar das urnas. Angola poderia ser um país de oportunidades para todos, sem complexos (de inferioridade ou de superioridade, vai tudo dar ao mesmo), sem reservas mentais, sem se manter como refém de uma mentalidade essencialmente mesquinha. E teria tudo a ganhar.
13 DE NOVEMBRO DE 2012 Portugal, grave atentado à soberania nacional
José Eduardo dos Santos não gostou de uma notícia vulgar (não percebe mesmo nada de política, porque senão, depois de ler o Expresso e as «luvas» que puseram para o redigir, devia ter reparado que o caso iria envelhecer nas «prateleiras»: «fase de investigação apenas» ou «nenhuma medida tomada» ou os suspeitos poderem «continuar a movimentar as suas contas»), apressando-se a elaborar uma teoria da conspiração, num caso em que o silêncio era de longe a atitude mais aconselhável (...) Estão a dar ao mundo uma má imagem da CPLP...
Disfarçado sob a capa das amizades íntimas estabelecidas por este governo, o mal-estar estrutural das relações luso-angolanas fica assim bem patente. É a natureza perversa do «protocolo» que está na base da paranóia publicada por Luanda: julgará o Jornal de Angola que Portugal é um protectorado de Angola? Que o dinheiro é suficiente para tudo comprar? Que podem ofender assim, para além das instituições da República, cidadãos portugueses em particular e a nação em geral? É que o referido pasquim, o Jornal de Angola, é tido por órgão oficial do país, para além de ser o único com tiragem diária.
É um acto grave, a frisar o hostil, exigindo uma reparação rápida e consistente. Quem esperam ameaçar (ou melhor, tomar por reféns)? Os portugueses que trabalham em Angola? Precisam mais deles em Angola que os portugueses deles em Portugal: cozam-nos com batatinhas, como fizeram em 1975. A quem cabe a resposta, do lado português? À PGR? Ao presidente da república? Ao MNE? (...) Embora as «elites» portuguesas não estejam isentas de culpa, o problema, neste caso específico, é mesmo das «elites» angolanas: o caso, para além de uma imensa falta de tacto, é altamente revelador da senilidade que atinge o regime angolano: a descolagem da realidade faz lembrar os discursos do Xá da Pérsia no fim da década de 70: prenúncio de derrocada?
30 DE MARÇO DE 2013 A génese de um mártir
Às autoridades angolanas, ao seu responsável máximo, o Presidente: qualquer coisa que possa acontecer ao Luaty só vai reforçá-lo. Se o matarem e fizerem desaparecer, vão nascer dez como ele; se o magoarem, ele fica mais forte; o melhor mesmo para os responsáveis, na própria perspectiva da repressão, é soltá-lo já.
Para quem não conhece, o Luaty Beirão é um corajoso rapper angolano que encarna um espírito de inconformismo e revolta contra o regime de José Eduardo dos Santos. Já o ano passado fora vítima de uma cabala, da qual aqui demos conta neste blog. Passado quase um ano sobre o desaparecimento de dois activistas, que também aqui denunciámos, esperemos que não façam agora, mais uma vez, «desaparecer» a pessoa mais incómoda para o regime.
É que hoje de manhã, na sequência da dispersão pela polícia de uma manifestação pacífica convocada para Luanda para pedir esclarecimentos sobre o seu paradeiro, o Luaty Beirão e o Nito Alves, entre outros, foram presos e levados para parte incerta... Fica mal à «nomenclatura» ter medo de um simples músico! Libertem as mentes dos angolanos! Libertem Luaty!
9 DE JUNHO DE 2013 Guerra em Angola
Um dos tabus impostos à entrevista da SIC: José Eduardo dos Santos declara o «Estado de Sítio», para se defender de meia-dúzia de «perigosos» desafectos ao seu regime. Bastões, cães, helicóptero e cavalaria para reprimir uma manifestação pacífica e autorizada.
Cada dia que Emiliano Catumbela passa sob ignóbeis e infames acusações, cada bastonada, acumulam ao passivo de José Eduardo dos Santos, na sua Guerra contra os rappers. O rap pode cantar-se baixinho. Yô.
eh, Emiliano, aguenta
ca tu bela luta
Emiliano, aguenta, hé
ca tombas o regime
23 DE JUNHO DE 2013 Neologismo angolano
José Eduardo dos Santos, sentindo-se ameaçado, avançou para um «plenário» com a juventude. Até o caso dos dois activistas desaparecidos o ano passado foi referido, mas a situação de Emiliano Catumbela manteve-se tabu, o que não deixa de ser bastante revelador...
É impensável que, de entre os presentes, ninguém se tenha lembrado de perguntar aquilo que vai no coração de tantos angolanos... em relação à sanha cega de José Eduardo dos Santos. Mas esta «abertura» é sobretudo uma vitória de Luaty, Emiliano e alguns jovens mais.
(...) A ponderar, se estamos perante boa fé do Presidente ou simples maquilhagem do regime da parte de José Eduardo dos Santos... O futuro o dirá. Esperemos que não saia frustrado.
15 DE SETEMBRO DE 2013 Nitro Alves
José Eduardo dos Santos, que insiste na sua raivosa campanha contra meia dúzia de adolescentes (em crescimento), acabou de receber um sério aviso.
De uma mãe. Depois do folhetim Luaty Beirão e Emiliano Katumbela, as autoridades inauguram agora uma nova frente de luta. A idade da acusação política vai baixando. Dos 22 de Katumbela para os 17 anos de Nito Alves. O regime está a atingir um nível preocupante de paranóia. Luaty, Emiliano, Nito Alvos a abater? A Nitro é explosiva...
E com as mães não se brinca: o aviso, «se algo de mal acontecer ao meu filho, torno-me revolucionária» tem toda a legitimidade. A paciência tem limites.
Amor / Ódio
Nova agressão, desta vez do Portal de Angola, e com uma grande profundidade «psicológica». Um colunista da secção de Economia, armado em estudioso, debita, em jeito de «análise» a já conhecida cartilha da campanha contra os portugueses, mas tão erudito que é, como historiador, não reparou que se enganou num século, na chegada dos portugueses à costa angolana: Diogo Cão estava ao serviço de Dom João II e do plano da descoberta do caminho marítimo para a Índia; este aprendiz de «cronista» não passaria no antigo exame da 4ª Classe. Sugere-se, para castigo: escrever cem vezes na sebenta «1482, século XV». Nem houve ninguém lá no pasquim para o corrigir; se quer falar sobre coisas que não sabe, primeiro confirme na internet...
E está enganado não só nos números, mas também no espírito. As primeiras relações com o Reino do Congo foram amistosas, com troca cordial de embaixadores, chegando Portugal a receber em Coimbra, na Universidade, filhos do Rei do Congo, com todo o respeito e dignidade devidos. Isto há mais de quinhentos anos. E essa história dos não sei quantos séculos de colonização é um mito. Já que se aventurou indevidamente no assunto, o Norberto Carlos que aproveite para aprender alguma coisa: não falando já da perda e posterior reconquista de Luanda aos holandeses (que por lá deixaram bem pior memória de «racismo» que os portugueses), e da fraca presença para além de Luanda, os portugueses só se começaram (muito vagamente) a interessar por África, depois de perdido o Brasil, no fim do primeiro quartel do século XIX: o Marquês de Sá da Bandeira (_Quando perdemos a Índia, virámo-nos para o Brasil; perdido o Brasil, resta-nos África) toma algumas providências administrativas... mas aquilo que viria a ser a «colonização» só ocorre após as resoluções da Conferência de Berlim de 1886, face ao requerimento dos alemães (fortes em economia mas pobrezinhos em «mundo») que ditaram a mudança do Direito Internacional vigente desde Tordesilhas, baseado no primado da «descoberta» (do primeiro a chegar), para passar a ser o da «ocupação de facto»... recomendo-lhe um bom livro sobre esse momento, onde poderá constatar que a imensa vastidão do hinterland estava tudo menos «colonizado»... De «Costa a Costa», descrevendo a faixa latitudinal ligando Angola a Moçambique, que os portugueses quiseram ingloriamente pintar de cor-de-rosa. Só no princípio do Século XX Portugal ocupa (ou «pacifica») esses territórios; a colonização propriamente dita viria nos anos subsequentes, portanto começou há bem menos de 100 anos e, estatisticamente, só começou a ganhar «corpo» no fim dos anos 40 (e já acabou há 40 anos).
Quando fala em racismo e revanchismo, que conota com ódio, não estará a ver a coisa ao contrário? Esquece-se de referir a psicologia patológica que o actual regime impôs aos portugueses imigrantes em Angola (muitos são mais do que simples imigrantes, numa relação afectiva sincera, confirmada pela própria naturalidade), uma humilhação vingativa que devia constar em Código apropriado, do «neo-escravo», por inversão. Talvez seja precisamente esse o problema: como aliás ficou patente no discurso do Presidente José Eduardo dos Santos perante a Assembleia, não hesitando em fazer chantagem não só com o dinheiro que, pelos vistos, passa pelas lavandarias em Portugal, mas também com esses 150 000 portugueses que, pelos vistos, considera «reféns». Parece pois importante não confundir esses portugueses com o regime de José Eduardo dos Santos.
O que é preciso reforçar, de forma construtiva (como defendeu Xanana Gusmão) é que há uma potencial relação, mutuamente vantajosa, que não convém «queimar» por dá cá aquela palha, como foi feito, pouco criteriosamente, há quatro décadas. Onde irão depois buscar essa «alavanca» do crescimento, como lhe chama o Norberto?
domingo, 17 de novembro de 2013
In memoriam
Apenas para lembrar o que aqui escrevemos no dia 1 de Junho do ano passado:
O campeão da democracia, José Eduardo dos Santos, distribui kwanzas sujos a esquadrões da morte para eliminarem a oposição mais incómoda: num veemente e sentido apelo lançado hoje por antigos militares que apenas queriam manifestar o seu desagrado com condições de vida desumanas e falta de apoio do governo angolano, numa manifestação que acabou impedida pelas autoridades; mas pior, dois dos dirigentes do movimento desapareceram. Um dos promotores do protesto, Tomás Artur Maria, dirigiu-se à imprensa assinalando os raptos, afirmando temer que os seus colegas estejam a ser torturados ou acabem por desaparecer sem rasto: "O povo já sabe que no domingo foi detido o Álvaro Kamulingue e desde então não há rasto dele. Na terça-feira, foi detido o dirigente máximo, Isaías Sebastião Kassule. Estamos à procura em toda a parte, fomos a todas as esquadras da polícia, mas os comandantes estão a negar toda a responsabilidade."
Erro crasso
Portugal sai sem dignidade de todo este processo de destituição do Presidente em Angola. Até Obama (baseado porventura em informações transmitidas pela «inteligência» portuguesa à NSA) evitou ir a Angola por lhe cheirar a esturro, considerando o regime «desgastado». Portugal, chantageado pelo ditador moribundo, agachou-se, em infame atitude de bajulação, numa espiral de degradação imparável, que começou com o tristemente famoso pedido de desculpas do imprestável Rui Machete (quando todos já duvidavam de que seria impossível fazer pior do que Paulo Portas, nas Necessidades, chega o senhor e arrebata a palma); foi ignóbil, o desfile de «desagravo» que se seguiu. Em vez de darem um exemplo de firmeza e de verdade, na defesa da soberania nacional, foi o que se viu... Prejudicaram gratuitamente a imagem de Portugal, que sujaram em defesa de um regime caduco, obsoleto e criminoso. Tudo isto com a colaboração activa do Presidente da República. Por isso não estranhem ver textos como o artigo de opinião de Raul Diniz publicado há pouco no Club K.
Sob o título de «abutre bajulador»:
«A partir do ano de 1979 a família Dos Santos transformou em pedacinhos apetecíveis toda nossa riqueza colocando-a a posteriori à disposição de irrequietas criaturas vampirescas (...) sobretudo o país produtor dos mais miseráveis “cromos” bajuladores, o perdido e miserável Portugal. Essa corja de odiosos aventureiros são os verdadeiros verdugos e promotores responsáveis da nossa desgraça actual, e continuarão a sê-lo futuramente se não colocarmos um ponto final imediato a essa desenfreada carniça.»
Ao Raul Diniz lembraria que a imensa maioria dos portugueses não se revê nas circunstâncias actuais do seu país, e muito menos nos seus «líderes» políticos; de certa forma, o problema dos portugueses é o mesmo que o dos angolanos: como se livrarem das suas «elites» dirigentes (que já demonstraram, à saciedade, a sua incompetência absoluta, sendo esta última «traição» à justiça e à verdade, porventura uma amostra flagrante disso mesmo). A actuação pouco digna das autoridades portuguesas, terá, infelizmente, um resultado precisamente contrário ao que esperavam obter; o que, de certa forma, é o «prémio» adequado para os bajuladores.
De qualquer forma, o despacho de arquivamento do Procurador Paulo Gonçalves está a provocar grande mal estar: a PGR decidiu levantar um processo disciplinar ao Procurador, pelas «considerações de natureza subjectiva» exaradas no documento, mas mantendo, hipocritamente, a sua decisão, «só susceptível de impugnação nos termos do Código de Processo Penal».... Que engraçada (a PGR). Ver notícia. (mais engraçado ainda: veja-se também a forma como o SOL tratou - ou melhor, adulterou - a mesma notícia, muito mais ao gosto de Eduardo dos Santos). Começo a desconfiar que o senhor Procurador reagiu à forma como terá sido «atropelado» e resolveu escarrapachar com tudo em letra de forma... Ofereceu-se como cordeiro expiatório. Só compreendido desta forma, faz algum sentido o referido despacho, o texto está literalmente «entulhado». Pois até o ex-PGR veio meter a colher na sopa (embora de modo confuso) em entrevista à SIC! Se foi esse o caso, desde já peço desculpa ao senhor Procurador Paulo Gonçalves, por lhe ter apontado a estupidez de actuação, na semana passada. A própria Procuradora Geral foi posta em causa pelo Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, que condenou, em editorial, o processo disciplinar levantado a Paulo Gonçalves, considerando ter sido a própria Procuradora a ter introduzido a «pressão política» neste processo, em reunião realizada com o Procurador visado, em Janeiro.
PS Engraçado: um texto de Marcolino Moco, publicado no Bambaram di Padida, diz precisamente a mesma coisa.
Unanimidade pela Dissolução
«O melhor voto que o pessoal do PAIGC devia fazer é votar [seja lá como for, de cruz ou de braço no ar] para acabar de vez com esse partido que nos deixou na escuridão, sem água potável e sem desenvolvimento durante 40 anos. Votem todos os militantes para pôr o PAIGC no olho da RUA!!!!!!»
Bravo, Abubacar
Publicado no Progresso Nacional, ver link à direita
PS Recomenda-se aos militantes da FRELIMO e MPLA, devido aos laços históricos que unem os Partidos, que façam o mesmo.
Alerta Tsunami
Uma onda de «impeachments» ameaça varrer a CPLP: mais propriamente a África austral de língua portuguesa. A semana que se avizinha parece carregada de nuvens negras para o mono-partidarismo de Estado, personificado em líderes em perda radical de legitimidade.
Está na altura de pensar o amanhã. Em Moçambique, realce-se a corajosa atitude de um dirigente provincial do MDM, que, ao tomar conhecimento de sobre si pender uma ordem de detenção, se apresentou à polícia de livre iniciativa, sabendo da sua inocência em qualquer caso e das motivações políticas do gesto... depois de passar o dia na polícia, não ousaram mantê-lo preso. É um bom exemplo, como aquele que deu Nito Alves: matem-me, se quiserem, como fizeram aos outros dois activistas, mas não mandam na minha consciência.
Seria dar confiança a mais, e pouco estratégico, pretender combater a violência com a violência.
Acima da lei
Kopelica impede detenção do chefe da secreta, Sebastião Martins. Ver notícia. E com razão. Se em Angola não se inaugura coisa nenhuma, nem que um simples chafariz, sem referir os bons ofícios do camarada José Eduardo dos Santos, alguém acredita que, neste caso, o próprio estivesse inocentemente desinformado, num assunto que lhe dizia directamente respeito? Como se alguém desse um ... em Angola sem que fosse informado...
Esperar pela chegada do Presidente, recomenda Kopelica: o interessado que descalce a bota. A cada emenda, piora o soneto. Parece que o baralho está a desmoronar... Então há angolanos mais angolanos do que outros e acima da lei? Que faz o «delfim» do Vice-Presidente? Caladinho que nem um rato! Declara-se incompetente, o Vicente: na ausência do titular do cargo, não deveria por ordem na casa?
sábado, 16 de novembro de 2013
Obama incompetente
Obama desfaz-se em desculpas para tentar travar oposição, mas não evita cisão no seu partido.
Ao mesmo tempo, a sua popularidade cai a pique. Ver notícia.
Os ratos abandonam o barco
Chicoti está a caminho do Kuwait para a cimeira União Africana - Liga Árabe. Oportuno: o ambiente está tenso.
Ver notícia.
Ultimato da UNITA
A UNITA apresentou um ultimato, expirando a 23 de Novembro, exigindo a demissão imediata do Presidente José Eduardo dos Santos, pela sua responsabilidade no rapto e assassínio de Isaías Kassule e Alves Kamulingue: caso isso não aconteça, realizará grandes manifestações pacíficas por todo o país no próximo Sábado. Ver notícia. O protesto é de todo o povo angolano, talvez a UNITA deva fazer um esforço de unitade, sem pretender o exclusivo da acção...
Provocação de Guebuza
Pouco passava das quatro da tarde locais, quando a polícia dispersou a tiro e com gás lacrimogéneo o comício de encerramento da campanha para as eleições autárquicas (a realizar já no próximo dia 20) do MDM (facção dissidente da FRELIMO e terceiro maior partido de Moçambique), precisamente quando o Presidente do Partido se preparava para entrar em palco, gerando uma grande confusão.
Esta provocação gratuita (esperemos por mais notícias) por parte do executivo, só pode prejudicar ainda mais o clima já de si tenso que se vive no país. Ver notícia. Mas pelos vistos, a provocação não ficou sem resposta, pois a população fez uma invasão punitiva à sede da FRELIMO, incendiando o carro do Secretário Geral. Ver notícia.
Guebuza está pura e simplesmente desesperado, sentindo a enormidade da derrota eleitoral que se avizinha. Se era essa a intenção, não conseguirá intimidar e calar o povo, como ficou patente, com a indignação generalizada que este hediondo acto está a gerar.
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Mimos do Manaças
O Jornal de Angola voltou às agressões, sob a capa de «opinião», a pretexto da não publicação, com igual relevo, na imprensa portuguesa, das recentes decisões de arquivamento (e fizeram bem, os jornalistas, pois é vergonhoso) dos processos envolvendo altos dirigentes do regime, brindando os portugueses com uma série de ofensas gratuitas, das quais colocamos aqui apenas o último parágrafo:
«O jornalismo em Portugal já foi chão que deu uvas. Hoje é uma actividade inquietante, praticada por malfeitores sem ética, sem ofício e sem carácter. Enquanto o Ministério Público e o jornalismo português viverem nesta lógica, Portugal não vai conseguir desenvolver relações de amizade e respeito mútuo com ninguém. Só com as ervas daninhas.»
No original está «daminhas». É uma boa forma de acabar um texto contra Portugal: assassinando a língua de Camões. A amizade de Portugal com Angola é entre os dois povos, nada tem a ver com as actuais manipulações políticas, num lamentável conluio entre «elites» dirigentes medíocres e corruptas, tanto de um lado como do outro. Quanta retórica e demagogia barata.
O pasquim não se devia chamar «de Angola», mas «do regime de José Eduardo dos Santos». Engraçado, parece que estou a ver o povo angolano a arrancar brevemente pela raiz uma erva daninha...
Está alguém de Serviço?
O Presidente está em Barcelona.
Demite o chefe da secreta, nomeando em seu lugar o seu adjunto, que se encontra na Rússia.
(o Club-K, que deu a notícia, realça o facto como inédito: nomeante e nomeado fora do país)
Um Departamento do Serviço (SISE), que tem a seu cargo a «Luta Contra Subversão Política e Social», emite um alerta «manifestação», mas o seu chefe encontra-se no Brasil.
Bode espiatório
Descansem os mais atentos, que não é erro nem gralha. Expiatório com X porque expia crimes alheios; deve aplicar-se com um S, quando se trata do chefe dos espiões (e ainda para mais tem nome de Marquês começando por S).
José Eduardo dos Santos, oportunamente no exterior na ocorrência do rebentamento do escândalo dos assassinatos políticos promovidos pelo seu regime, demitiu o chefe da secreta.
Lamentavelmente, o Decreto Presidencial, não satisfaz a curiosidade quanto ao motivo invocado para a exoneração de Sebastião José, recentemente nomeado para o referido cargo, há um mês... (o caso deu-se há ano e meio). Excesso de zelo como «Ministro do Interior» (como este era apresentado)?
Já agora, como as notícias de hoje espalham alguma confusão de siglas, refira-se que este Serviço de Inteligência e de Segurança do Estado (SISE) já foi conhecido por outros nomes, como SINFO, SINSE ou MINSE, a não confundir com o Serviço de Inteligência Externa (SIE). No entanto, ambos os serviços funcionam sob a alçada da Presidência da Republica.
Porque razão os membros do regime nunca se insurgem quando são despedidos em circunstâncias como esta, nada dignas? Já foi sugerido que José Eduardo dos Santos recolhe provas dos desvios de dinheiro que ele próprio promove, para os ter na mão, com essa chantagem... O homem trabalhava para si, senhor Presidente, não queira varrer para debaixo do tapete.
E não era santo nenhum, o Sebastião José. Premonitoriamente, a 13 Setembro de 2011, o Club-K publicava que «Sebastião Martins, o ministro do Interior revestido nas funções de Chefe do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SISE) é a figura apontada como estando a introduzir no regime o recurso a práticas de raptos a elementos da oposição política e da sociedade civil».
Tudo sem o conhecimento do Presidente, claro. Essa teria sido a figura mais adequada para justificar esta demissão: «ocultação de informação relevante ao Presidente da República». Vai ser difícil fazer engolir isso aos angolanos, que viram manifestações pacíficas pedindo esclarecimentos sobre o caso, serem reprimidas com grande violência...
Senhor Presidente, se calhar é melhor abortar a descolagem para Angola, pois parece que se prepara uma grande manifestação em Luanda para o acolher de volta ao país, poderia diluir-se na massa. Devido à sua ascendência guineense, pode sempre pedir asilo à Guiné-Bissau, se preferir manter-se no continente.
Portugal - Santuário para corruptos VIP
Num deslocado e intolerável gesto de subserviência e bajulação, o Procurador encarregue do processo de Manuel Vicente, Vice-Presidente de Angola, perante a justiça portuguesa, exarou, no respectivo despacho de arquivamento, menções absolutamente estranhas à sua função e âmbito de competências:
Em que é que o «respeito e admiração de que é merecedor o vice-presidente de um país amigo como Angola» é chamado para o caso? Todas as pessoas não merecem respeito? Pelo menos até à sua condenação? Acrescenta ainda, noutro ponto, esperar contribuir para «o desanuviar do clima de tensão diplomática» entre Portugal e Angola... Sem receio de estar a meter a foice em seara alheia? Essas Necessidades tratam-se noutro lado! Não são do seu foro!
Então agora a PGR faz o «favorzinho» de tapar os olhos aos VIPs angolanos para lhes «amaciar» o trato? É vergonhoso e pouco abonatório, numa semana em que arquivaram de bandeja os processos envolvendo altas figuras do regime angolano... pura coincidência? Depois de se ter dignamente defendido a separação de poderes e a independência da Justiça portuguesa, entregam agora o ouro ao bandido, com um pedido desculpas? Vergonhoso!
E recusam-se a responder às perguntas dos jornalistas! Ver notícia do Público. Quem perde neste aflitivo exercício, é a soberania nacional, com a sórdida colaboração do Presidente da República, Cavaco Silva, cuja mediocridade se está a revelar uma ameaça à Constituição, que jurou defender, justificando assim as acusações de traição ainda há pouco tempo lançadas por uma deputada. Que grande confusão vai nestas cabeças de alho chocho.
O senhor Procurador Paulo Gonçalves que fizesse o que tinha a fazer, baseado numa qualquer interpretação da lei, mais ou menos atamancada, mas para que serviram os infelizes considerandos e floreados? Pressão política ou pura estupidez?
Quando o mau exemplo vem de cima
Retrato de Angola...
Dirigentes arrogantes, prepotentes, violentos e autistas.
Ver notícia.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Mais uma chicotada
O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Georges Chicoti, chamou hoje os jornalistas da ANGOP, para um balanço da política externa angolana. Não se esqueceu de dar mais uma chicotada na Guiné-Bissau.
Papagueando os refrões de sempre, já muito gastos (qual a novidade justificando a deslocação dos jornalistas?)... Se, como diz, acompanha a realidade do país, porque não responde ao caso Milocas Pereira?
O «golpe de estado de 12 de Abril já matou muita gente»? Estaria a referir-se ao fiel amigo do ex-Primeiro Ministro deposto? O contra-golpe não matou ninguém; excepto essa jornalista guineense em Angola.
Depois de se saber das mortes dos dois activistas anti José Eduardo dos Santos, parece uma declaração um pouco gratuita e extemporânea... Gato escondido com rabo de fora. Mas muito atencioso.