Moisés, depois de alguns encontros com Alá no Monte Sinai, disse ao Criador:
_“Senhor, oiço Tua voz, mas não Te vejo, e arde em mim a curiosidade de conhecer Teu rosto, Tua forma, Teu aspeto, de conhecer, enfim, qualquer coisa de Ti. Deixa que Teu servo Te veja, Senhor!”
Deus respondeu-lhe que aquele pedido era impossível de satisfazer. Moisés insistia, queria saber se era branco ou preto, homem ou mulher. A resposta veio breve: não era homem nem mulher nem branco nem preto e não tinha filhos. Moisés estava confuso, mesmo decepcionado. Então Alá deu a Moisés três ovos e mandou a Moisés que regressasse para junto do seu povo e que mais tarde lhe daria a explicação daquilo que tanto o surpreendera. Moisés regressou à sua gente, um dos filhos quis brincar com um dos ovos, este partiu-se, tanto chorou que acabou por receber o segundo, e depois o terceiro, ambos se partiram. Quando Moisés voltou ao Monte Sinai, questionado sobre o destino que dera aos ovos, lamentou-se, todos tinham sido partidos pelo mais novo dos seus filhos.
_“Ora aí tens, Moisés, admiraste-te por não ter filhos e agora já te posso explicar a razão de os não ter. Se tu consentiste aos teus filhos que partissem os ovos que te dei, bem poderia acontecer que deixasse aos meus, se os tivesse, que partissem a abóboda do Céu. Não, Moisés, não tenho filhos à maneira dos homens, mas são meus filhos todos os seres que criei”.
Lindíssimo conto mandinga intitulado “Por que razão Deus não tem filhos?”,
extraído do blog do Luís Graça, o qual me parece deixar Jesus numa posição teológica delicada. Note-se que a ambiguidade se mantem, apesar do aparente dilema.