quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Liberdade de imprensa

Não faz sentido colocar obstáculos à liberdade de imprensa, quando os jornalistas não fazem mais que o seu trabalho, informar.


Depois do caso Rádio Bombolom, que «rendeu» ao país imensa publicidade negativa perante o exterior, para quê recomeçar o filme? 

Na boca ficadu... ka ta entra mosca. Se o General fala, é notícia. Para o bem e para o mal. O crioulo é uma língua sobretudo oral, com um ritmo e teatralidade próprios, muito propenso à metáfora; os verdadeiros conteúdos emocionais, passados para escrito, ou traduzidos, para ouvidos «brancos» não iniciados, podem induzir em erro. Como a história da «catana»: julgo que a maior parte dos comentadores comete o mesmo erro que cometeu em tempos Zamora, subestimando o General Injai; porque razão não haveria o General de ser capaz de ironia? Estava mais perto da verdade Ramos Horta, quando disse que não valia a pena os seus guarda-costas andarem com as «fuscas» por Bissau, porque se o General fosse atrás dele, seria com «bazucas».

Transcrevo a mensagem que recebi de Braima Darame, a quem dou desde já os parabéns pelo profissionalismo:

«Boa Noite, amigo

A Rádio Jovem foi intimidada esta noite por um grupo de indivíduos não identificados que ordenou não emitir mais a notícia do chefe das forças armadas, alegando que era uma reunião sem direito a gravação para os jornalistas convidados. Em fim, estamos tranquilos, pois fomos formalmente convidados para cobrir a reunião que decorreu hoje no clube das forças armadas esta manhã. Passamos o som com áudio, é crime? Foi aquilo que dizem que transmitimos na primeira pessoa. Por ser um acto de censura, não emitimos o jornal das 22h e se não for resolvido em breve não vamos emitir os próximos noticiários na Rádio Jovem. Por hoje, vamos ter que fechar as portas devido as chamadas anónimas e a falta de segurança para o turno nocturno da rádio.»

PS Quanto às declarações propriamente ditas, não vejo nelas nada de propriamente reprovável ou censurável: o General manifestou insatisfação (sentimento decerto partilhado pela imensa maioria dos guineenses) com a fórmula de transição escolhida, assumindo ter-se tratado de um desperdício de tempo; considero mesmo bastante oportunas, a preocupação e a motivação que deram origem a estas declarações... 

8 comentários:

Marcelo Marques disse...

Meu caro 7ze,
Lamento ler que o único comentário que tem a fazer é o de defender e apoiar as opiniões e actos do Sr. General. Digo-o porque por muito ódio que eu pudesse sentir por algum político ou responsável de algum governo, jamais me colocaria ao lado de alguém que só, ou a coberto de outros, tanto mal tem feito ao povo da Guiné-Bissau.
Não quero questionar as razões que o levaram a ser o mandante do golpe contra o povo da Guiné-Bissau, mas ouvi-lo dizer, em qualquer que seja a interpretação linguística que lhe queira dar que “ o golpe piorou a situação do país”, já é sinal de reconhecimento do erro.
Grave, muito mais grave é haver ainda quem continue a defender este crime contra o povo, pior só mesmo aqueles para quem o teclado parece ter de repente avariado.

Anónimo disse...

Sr. Marcelo,
O Zé é um criminoso, que até s aliou à junta militar naguerra de 7 de junho de 1998. E está tudo mais que dito

7ze disse...

Está tudo menos do que dito.

Sim, a 7 de Junho de 1998 estava ao lado de Ansumane. No dia seguinte, fui o único branco captado pelas câmaras na manif à frente da Embaixada francesa (estavam a apontar-me uma câmara de vídeo).

A imensa maioria do povo guineense estava ao meu lado. Não me arrependo de nada.

Unknown disse...

“PS Quanto às declarações propriamente ditas, não vejo nelas nada de propriamente reprovável ou censurável: o General manifestou insatisfação (sentimento decerto partilhado pela imensa maioria dos guineenses) com a fórmula de transição escolhida, assumindo ter-se tratado de um desperdício de tempo; considero mesmo bastante oportunas, a preocupação e a motivação que deram origem a estas declarações... “

Meu caro 7ze,
Desculpe este meu desabafo mas este tipo de afirmação parece-me tão descabida como ridícula. Na verdade comparar a insatisfação da maioria, para não dizer de todos os verdadeiros Guineenses com a insatisfação do general, parece-me isso mesmo, descabida e ridícula. Que nome se pode dar á insatisfação de um povo que passa fome e miséria, com a insatisfação de um Sr General que lamenta não ter finalizado uma tarefa que acarreta tanta desgraça a esse mesmo povo? E tenho mesmo duvidas que não se trate de uma gafe sua. Porque o que leio nas entrelinhas é que você admite como positivo o golpe contra o povo que o Sr. General fez, e como negativo ele não ter mantido o poder, em vez de o entregar a um pseudo governo de transição? Estou certo?

Anónimo disse...

Caro Marcelo, 7ze é um golpista assumido, um sujeito que prega apenas desgraça para o povo da Guiné. Ele e seus companheiros defensores do golpe, jamais terão coragem de condenar as agressões e os crimes de Antônio Injai. Nenhum deles foi capaz de proferir ao menos uma palavra de condenação quando o generalzinho confessou que ficou rico roubando o dinheiro do povo; quando este disse que mataria a catanada um determinado político, se este se apresentasse como candidato; aliás, ainda chega ao extremo do ridículo tentando justificar ou mudar o sentido da palavra catana! Para ele não deverá ter eleições na Guiné e os futuros dirigentes devem ser escolhido no seio de uns amigos guineenses que ele tem em Lisboa...
Este Ze das 7 cabras está a brincar com a dor do povo guineense. Já lhe disse para arranjar algo de produtivo para fazer da vida e deixar de imiscuir de forma intriguista e criminosa nos assuntos da Guiné. Já temos guineenses golpistas e medíocres a mais...

7ze disse...

Caro Marcelo

Sim, é isso. Foi um ano e meio desperdiçado. Mas se isso servir de lição, e for um primeiro passo a caminho da resolução dos verdadeiros problemas da Guiné-Bissau, justificaria o sofrimento do povo (que não vem só desde o 12 de Abril)...


Caro Didim Mané

Uma coisa é certa: cada vez são mais os guineenses «golpistas»... já devem ser mais que os «legalistas».

Mas só as urnas o poderiam decidir.

Unknown disse...

“Sim, é isso. Foi um ano e meio desperdiçado. Mas se isso servir de lição, e for um primeiro passo a caminho da resolução dos verdadeiros problemas da Guiné-Bissau, justificaria o sofrimento do povo (que não vem só desde o 12 de Abril)...”
Meu caro 7ze,
Deixe-me fazer aqui uma pequena retrospectiva. As eleições presidenciais na Guiné- Bissau de 2012, foram, aparte a discussão sobre a legitimidade da candidatura de um dos candidatos, foram, repito, consensualmente aceites pelos 8 candidatos. Não houve recusa de nenhum deles em participar nas eleições. A campanha eleitoral decorreu de forma ordeira, construtiva, e todos, mas em particular os que ficaram nos três primeiros lugares fizeram gala de mostrar atributos financeiros em camions, reboques, jovens, geradores, sistemas de música, t-shirts e bandeirinhas, e alguns até usaram prédios recentes de 3 andares como sede de campanha. Pouco se notou nestes 3 quem investiu mais em termos financeiros. Eu assisti á campanha e escrevo do que vi.
No final houve um vencedor, e as eleições foram consideradas pela totalidade, repito pela totalidade dos cerca de oitenta observadores internacionais, livres, justas e transparentes. Por isso pergunto-lhe com o devido respeito, aquele parágrafo que fala em” justificação para o sofrimento do povo”, justifica-se mesmo? Acho sinceramente que nem a uma criança de 5 anos o senhor consegue “vender” essa ideia. Pior que tudo isso é, meu caro, a enorme insensibilidade perante o povo desta terra. Como se ele não contasse, como se fosse somente um número numa escala, um acessório que é preciso moldar a ferro frio, porque não tem corpo, não tem alma, não tem vida! Ou talvez tenha, mas para o caso tanto faz!

Anónimo disse...

Subscrevo: «Pior que tudo isso é, meu caro, a enorme insensibilidade perante o povo desta terra. Como se ele não contasse, como se fosse somente um número numa escala, um acessório que é preciso moldar a ferro frio, porque não tem corpo, não tem alma, não tem vida! Ou talvez tenha, mas para o caso tanto faz!»