quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A deselegância dos órgãos de comunicação social públicos de Cabo Verde

Julgo que se justifica uma excepção à não redundância na rede guineense, para publicar a indignação do Didinho.

A liberdade de expressão não pode ser sinónimo de anarquia nem pode ser dissociada da responsabilização por danos causados a terceiros. Por isso, aos órgãos de comunicação social, sobretudo aqueles com estatuto de entidades públicas, importa a salvaguarda dos interesses e do direito, públicos!

Um "bloguista" é dono do seu espaço, no qual pode escrever o que bem entender, sujeitando-se ele próprio e só ele, às consequências de uma responsabilização que sobre ele vier a pender, no caso de lesar terceiros, nas diversas formas que utilizar para "julgar" o outro! 

É, no mínimo, estranho, que, de Cabo-Verde, se continue a desinformar sobre a Guiné-Bissau, numa deselegante e irresponsável campanha anunciada como sendo de apresentar alguém que possa explicar melhor o que se passa na Guiné-Bissau, quando desse alguém, apenas se sabe que tem um blogue e que o mesmo se apresenta como jornalista, sem, contudo, ter qualquer actividade profissional vinculada à profissão de jornalista! 

É no mínimo estranho e deselegante que, órgãos de comunicação social, públicos, de um Estado soberano que em princípio, deveria respeitar outro Estado soberano, promovam "caça às audiências", protagonizadas por desabafos pessoais, de alguém que quer falar em nome de um povo que não representa! 

É no mínimo estranho e deselegante que, mesmo querendo fazer abordagens sobre a Guiné-Bissau, os órgãos de comunicação social de Cabo-Verde não tenham em conta que uma moeda tem duas faces e que, quando se quer falar de um determinado país, de uma determinada realidade, importa ter presente não apenas uma versão, ou uma realidade, mas ter várias perspectivas, várias versões, distintas realidades do assunto em causa, para que os leitores, espectadores e ouvintes, em geral, possam também ter outros elementos, já que não se pode falar em todos os elementos, para que cada um possa avaliar e tirar as suas ilações sobre o assunto em causa. 

É no mínimo estranho e deselegante que, em nome da liberdade de expressão, se dê várias oportunidades a um mesmo indivíduo, para falar, apenas e só, MAL da Guiné-Bissau e dos guineenses, quando o mesmo indivíduo, desfruta do direito de se candidatar às próximas presidenciais na Guiné-Bissau e tentar mudar tudo o que na sua perspectiva está mal e parece que é mesmo tudo, pois não se ouve nada de positivo, nada de construtivo das suas apreciações! 

É no mínimo estranho e deselegante que os órgãos de comunicação social de Cabo-Verde não dêem voz a milhares de cabo-verdianos que têm razões para falar bem ou mal de Cabo-Verde, ou simplesmente, a tantos jornalistas cabo-verdianos que, também poderiam falar abertamente sobre o que lhes vai na alma e não têm oportunidade de o dizer publicamente, porque não é conveniente, e desaconselha-se... 

Porquê a Guiné-Bissau, na agenda e na mira dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde, pela negativa? Porquê os guineenses, na agenda e na mira dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde, tomando sempre o factor depreciativo como destaque das abordagens em causa? Porque não outros países e povos? Porque não convidam Rafael Marques de Morais para falar sobre Angola, através dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde...? 

Não vejo como podem os cabo-verdianos que se dizem irmãos dos guineenses ou amigos da Guiné-Bissau aceitar tanta deselegância, tanta desconsideração para com a Guiné-Bissau e para com os guineenses, em nome de uma campanha, a todos os títulos, difamatória e irresponsável! 

Alguma vez esses órgãos de comunicação social promoveram programas positivos sobre as potencialidades humanas e naturais da Guiné-Bissau? Quantos cidadãos de bem, nascidos e criados na Guiné-Bissau e posteriormente formados no exterior em nome da Guiné-Bissau, não são desde há anos, distintos quadros, ainda que, com o "novo" estatuto de cidadãos cabo-verdianos, que nunca tiveram oportunidade de serem apresentados publicamente, para dizerem o que pensam sobre a Guiné-Bissau, sobre os guineenses, ou sobre os complexos que existem de parte a parte?

Porque é que se está a passar publicamente, através de órgãos de comunicação social públicos de Cabo-Verde, a imagem de uma Guiné-Bissau "bosta" e dos seus filhos como sendo os menos capazes e habilitados, sempre numa provocatória, ainda que implícita comparação com Cabo-Verde e com os cabo-verdianos? Alguma vez esses órgãos de comunicação social promoveram programas/debates sobre a História no tocante às raízes/identidade da maioria do povo cabo-verdiano e mais recentemente, sobre a luta de libertação que teve como palco a Guiné-Bissau e que proporcionou a independência de Cabo-Verde? 

Um "jornalista" que ninguém conhece para lá de ter um blogue é mais credível que todo um povo? Um "jornalista" que ninguém sabe o que faz, para além de ter um blogue é quem tem moral para falar mal da Guiné-Bissau e dos guineenses? O que é que ganha Cabo-Verde, fomentando negativismos sobre a Guiné-Bissau, através de alguém que incita publicamente os guineenses à violência, dando inclusive, sugestões e "receita" sobre a fórmula para "cocktails molotov"? Que irmandade afinal une Cabo-Verde à Guiné-Bissau? 

Com tudo o que se tem assistido, admira não haver alguém, de bom senso e com autoridade, em Cabo-Verde, para mandar investigar o porquê desta campanha difamatória e responsabilizar quem está a pôr cada vez mais, em causa, os laços históricos e de sangue entre os dois povos e países! Apesar de ter ascendência cabo-verdiana, quer do lado paterno, quer materno e de ter muitos amigos em Cabo-Verde, creio que, o momento aconselha-me a desligar-me por completo de Cabo-Verde, por isso, a razão deste meu desabafo hoje. Cabo-Verde para mim, acabou, até que os cabo-verdianos voltem a respeitar a Guiné-Bissau e os guineenses!

17 comentários:

Anónimo disse...

Esta-se cometendo um grande equivoco. Falar mal dos militares golpistas, que estão a oprimir o povo guineense, denunciar as atrocidades que estão sendo cometidas como espancamentos gratuitos, abuso do poder dos militares e a má governação, não é falar mal da Guiné e dos guineense. Denunciar é preciso e a tarefa do Aly é nobre. Nunca confundas o povo guineense com os atuais detentores do poder na guine!

Anónimo disse...

Francamente, eu admiro –pela negativa, claro!— este Didinho; uma pessoa que se reserva o direito de se auto-intitular de “pensador guineense”. Para o Didinho, o herdeiro legitímo da verdade é ele mesmo; qualquer ideia, sugestão, ponto de vista diferente, análise vinda de qualquer ponto geográfico que não coincida com a sua posição geográfica, então tudo torna-se inválido. Ele, mas só ele é que estava, está e sempre estará certo. O coitadinho ainda não se apercebeu de que, não é atrofiando-se quão uma figura minúscula e atrás duma serie de teclados debitando insanidades é que se defende um povo, pelo contrário, defender um povo sofredor como o da Guiné-Bissau, é muito mais que isso. Continue dormindo Didinho, no teu sono quase que eternal, pois no teu acordar, não sabes a surpressa que a realidade –do mundo real e não virtual— te reservará.
Já agora, para o Mosca (T)7zé, um outro sonhador, mergulhado num sono cibernético; para quando a implemantação do vosso governo de salvação nacional, onde o Didinho foi proposto por si a ocupar o cargo de Primeiro Ministro de Salvação? Aí Deus!!! Se o ridículo matasse! Mas é melhor assim, para nos poupar de muitos choros. Enfim...

7ze disse...

Engraçado. Gostam de criticar pessoas pelos nomes, mas nunca dão o seu nome (quanto mais a cara...)

1º anónimo(a)

A mim tem-me parecido ao contrário: os defensores da «legalidade» democrática é que atacam as posições contrárias de uma pretensa «superioridade» ética que dispensa argumentos.

2º anónimo(a)

Começo a ficar farto destes comentários vazios, que não argumentam nem dizem coisa nenhuma. O Didinho não está isolado: basta ver como o seu artigo sobre a deselegância dos meios de comunicação social cabo-verdeanos se propagou pelos vários sites de referência guineenses na internet... Isso não passa de inveja.

E, já que fala nisso, acho que é tempo de se passar à ofensiva. O Didinho tem estado apenas na defensiva; talvez esteja na altura de se tomar a iniciativa, como diz... Haverá lugar para todos na Guiné do futuro, mas é bom que estejam de boa fé e vontade.

A Guiné ficaria bem servida com o Didinho a gerir os seus destinos; se acha que consegue fazer melhor, comece por nos dizer o nome, depois apresente os seus projectos.

Anónimo disse...

Por acaso você foi registado com 7Ze? Ou é também um pseudonimo que usa para se esconder? Há lugar para todos, inclusive para o Aly na Guiné do futuro, sem golpes nem apoiadores de golpes. A Guiné tem os seus filhos e quadros que ultrapassam a sua enourage de Lisboa. Na Guiné do futuro há que mostrar o que se sabe fazer para gerir o destino.
Não acha que esta indo muito longe pedindo nome e projetos às pessoas? Um projeto é um Blog?

7ze disse...

Por acaso estou. Sou a pessoa mais fácil de encontrar na internet. Basta digitar 7ze em qualquer browser, como o Google. Estou registado com esse nick no blogger, no gmail, no YouTube, no Ebay, etc... e sou eu, José Fernando Gomes (sou bem conhecido de muitos guineenses, aliás, pela forma como fala dá a entender que não lhe sou desconhecido) com o email que consta no respectivo perfil.

É típico deste estilo de abordagem: de quem julga que tem sempre razão.

Eu não pedi projectos a ninguém; mas se vem aqui dizer que o Didinho não serve para governar, quer sugerir que você é que sabe?

Como pode acusar-me a mim e ao Didinho de nos escondermos atrás dos teclados? Eu tenho um blog, o Didinho tem um site; publicamos fotos, os nossos contributos; disponibilizamos um email para contactos; e nós é que nos escondemos, você não. Não passa de um(a) hipócrita.

Não se esforce muito com o seu teclado, pois a qualquer altura pode apetecer-me apagá-lo(a) só porque sim.

Retornado disse...

A atitude entre alguns blog de guineenses. quase parece uma luta entre os «coronéis» do PAIGC.

Alguns até fazem alianças e panelinhas contra outros.

7ze disse...

Se os anónimos não quiserem ser confundidos naquilo que aqui escrevem, têm uma solução simples: darem o nome e credenciarem-se com o email.

Unknown disse...

Depois de ter lido, ao longo desses anos, vários escritos desses dois bloggers, hoje, fico com a impressão (posso estar equivocado)que caminham lado-a-lado, em termos de arrogância, parcialidade e egocentrismo. O Sr. F. Casimiro, que já nos brindou com artigos de alto valor intelectual, e com quem aprendi muita coisa sobre a Guiné-Bissau e não só (tenho humildade para dizê-lo e agradecê-lo), mau grado esforçar-se por se mostrar neutro, parece-me estar claramente a favor dos golpistas. Nos últimos tempos, tem feito ataques ferozes a Cabo Verde e a cabo-verdianos, se bem que, nalgumas situações, tem razão no que diz em relação ao actual governo de Cabo Verde, mas não tomemos a parte pelo todo. Isto me tira do sério, como badio!
Aly, indivíduo com quem me identifico na forma como chama os "bois pelo nome", efusivo, valente (atributos que nem sempre, reconheço-o, se convergem com a assertividade), tem, grosso modo, prestado um grande serviço à Guiné-Bissau, com as denúncias colocadas no seu blog. Contudo, acho que, ultimamente, tem-se descarrilado, chegando ao ponto de elogiar o regime de Zedu, outrora alvo de profundas críticas.

7ze disse...

Apenas para elogiar a espontaneidade, rara, aqui nos comentários a este blog.

Será sempre bem-vindo!

Retornado disse...

Dos bloguistas mais emblemáticos de guineenses será Didinho e Aly, e agora provavelmente 7zé.

Mas como o Aly é aquele que dá o peito às balas há mais anos, tanto no sentido simbólico como com o próprio coiro, está visto que ninguém o vai calar.

Agora até se atirou ao acreditadíssimo Ramos Horta.

E se como lhe chamam os amigos e inimigos de bébado e outros nomes, é caso para dizer:«in vino veritas».

E hoje Aly já é um símbolo guineense e africano, pelo menos no mundo lusofono.

E, neste momento, a sua luta contra tudo e contra todos como foi sempre, conseguir que ao «golpear» este golpe de estado até aos limites, talvez seja a melhor arma para nunca mais haver golpes de estado na sua terra.

Ou será que ele é tão sonhador e utópico como foi Amílcar Cabral?

Unknown disse...

Para o autor do texto transcrito pelo meu caro 7ze,e para todos aqueles felizmente cada vez menos o subscrevem, eu gostaria de lhes dizer, que na verdade tudo ou quase tudo nele me parece intolerável.
Intolerável, dizerem-se guineenses e não sentirem qualquer respeito pelo seu país e pelos seus irmãos.
Intolerável, o silêncio sobre as atrocidades cometidas, e os gritos de insultos sobre quem as denuncia.
Intolerável, que pessoas que bajulam quem as tenta empurrar para cargos políticos na Guiné-Bissau, se limitem a debitar nas redes sociais pensamentos filosóficos que parecem plágios dos célebres “os pensamentos políticos e filosóficos” do Dtor Kumba Yala
Intolerável, que para além da forma camuflada como se tentam transportar para os gabinetes do poder em Bissau, nada tenham dito ou escrito, que preconize alternativas e soluções para o seu País
Intolerável, que sempre que se sentem acossados por questões incómodas, ao invés da discussão, optem por acusações de falta de patriotismo, ou equações matemáticas para definir quem é mais guineense, ou tem mais espírito de guinendade
Intolerável, que definindo-se como pensadores, filósofos, democratas, não tenham ao longo de todo este período negro para os seus irmãos, apontado um erro, uma crítica, um reparo á governação, como se tudo corresse sobre rodas no seu País
Intolerável, que para evitar falar e comentar sobre este período negro para a vida dos seus irmãos, se desvie as atenções para tentativas inócuas de culpabilizar terceiros, como Portugal, Cabo Verde, Angola, CPLP, U.A., O.N.U., o mundo inteiro, e se continue a aplaudir e bajular os verdadeiros mandantes do golpe, a Troika Africana do Senegal, Nigéria e Costa do Marfim
Intolerável, que se desculpe o adiamento das eleições com a falta de dinheiro mas não se questione a CDEAO pelo facto, ao invés de se atirar com as culpas para CPLP e C.I.
Intolerável que se continue a usar o argumento de que “temos que defender o golpe de estado para evitar derramamento de sangue”, continuando a atacar todos os que legitimamente o não aceitem, sendo os mesmos que acusam ex candidatos que venceram legitimamente e inequivocamente eleições de “ dar ordens para matar, perseguir e torturar”.
Intolerável, é a sua situação que há muito vivem os guineenses, mais intolerável ainda desde 12 de Abril de 2012, por isso e mais uma vez, sabendo que a seguir irão escrever que estou vendido, ou que uns anos vividos naquela terra não legitimam o meu direito á opinião e menos ainda á indignação, eu limitar-me-ei a repetir vezes sem conta, INTOLERÁVEL !

Anónimo disse...

Nao é preciso de dizer...ja sabe que é assim!
Para vc o golpe de estado ou a Crise na G.Bissau sò começou apartir de dia 12 abril?
Basta de ignorança,CHEGA PA'!

Anónimo disse...

Ignorante é quem diz, óh anônimo! Lá porque existiu outros golpes não significa que este golpe tinha necessariamente que ocorrer. Alias não tinha razão nenhuma de ocorrer, pois já devíamos ter a maturidade suficiente de saber que problemas políticos resolvem-se com medidas políticas e jurídicas e nunca militares. É uma estupidez alguém continuar a defender o golpe de 12 de Abril, só porque antes existiram outros golpes, mesmo vendo a situação que este golpe deixou o pais.

Anónimo disse...

Ignorante...nao difendo golpe nenhuma,simplismente quero que vocé expresas-se de um modo geral das coisas!
Mais Outra vez,basta esta tua ignorança.

7ze disse...

Marcelo:

Está a tornar-se inconveniente. Já não é a primeira vez que lhe chamo a atenção: o conteúdo dos seus comentários não deve ser oco e vazio.

Intolerável? Vai bater-me? Intolerável é a sua pretensão a dono da verdade e da moral. Quanto à carapuça que pretendeu enfiar-me:

não ajo de forma encapotada, mas às claras;
não se trata de bajulação mas simples reconhecimento do mérito;
já apresentei várias ideias e propostas, tal como aliás o Didinho, que tenta sempre dar um contributo positivo.

E não perde pela demora, porque um contributo importante, consistente, e, espera-se, decisivo, será brevemente apresentado.

As suas prestações aqui deixaram de ter qualquer valor acrescentado em termos de ideias, pois limita-se a fazer acusações sem fundamento.

Talvez esteja na altura de criar o seu blog, para se poder indignar à vontade. Tenho pena que não aceite o diálogo e a troca de ideias.

Os seus contributos têm sido primários, apenas mostrando o seu ressentimento por ter perdido um qualquer lugar junto de Cadogo.

O Didinho não está a perder subscritores; ou então apresente estatísticas que o provem... Contra-informação aqui, não!

Temos algumas coisas em comum, como a desilusão política em Portugal ou a admiração por Nelson Mandela, mas não chega para o aturar.

Este seu último comentário pretendia ser um teste à minha tolerância? Pois deu positivo; comentários do mesmo género passarão a ser apagados.

Marcelo Marques disse...

Meu caro 7ze,
Não faz parte da minha educação insultar por insultar, menos ainda quando isso é feito por palavras batidas num teclado tendo como espelho um ecrã de computador e não a pessoa a quem o insulto é dirigido. Se não o faço cara a cara menos o faria nestas condições. Agora sobre o que escrevo, isso reflecte a minha opinião, não tem um destinatário definido, mas todos aqueles que na minha humilde opinião nada têm feito se não defender aquilo que eu mais critico. A inércia transformada em mais dificuldade. A minha opinião vale o que vale, mas é minha, e nem você nem qualquer outro me impede de opinar. Se não aqui, num outro lugar.
Fico satisfeito por saber por si que algo de muito positivo se aproxima para o bem do povo da Guiné-Bissau. E digo-o do coração porque nada me move para além do carinho, amizade, respeito, que tenho pelo povo Guineense.
Mas por falar em insultos, gostei dessa piada do lugar perdido e da nostalgia pela companhia do Cadogo. Eu estava á espera dela, sabe que a mentira e o boato é a arma dos cobardes. Mas vou desvendar o que você e outros querem ler e saber. Sim, eu conheço o Sr Carlos Gomes Junior. Imagine que até já tive a honra de lhe apertar a mão. E vice-versa claro!
Foi em 2008, Cadogo era um putativo candidato a presidente do partido e na cidade Bissau, cumprimentámo-nos e conversamos alguns minutos. Eu recordo-me, ele, não sei. E de o ver todos os dias ao final do dia no seu jogging nas ruas de Bissau, sozinho, acompanhado do sorriso dos transeuntes. E tem razão, Cadogo, enquanto fazia a sua caminhada em frente ao Sporting de Bissau ia acenando para mim e como benemérito que é, ofereceu-me o tal lugar que eu continuo estupidamente á espera. Talvez por isso, revoltado, tenha escrito diversas vezes que entendia que ele não se devia candidatar.
E o tempo foi passando, eu fui até Ziguinchor, Conacry,Bissau, Bafatá, Gabu,Bissau, Lisboa,Bissau, Canchungo, Bula, Farim, Buba, Catió,Bissau,Lisboa, Luanda, e Cadogo, foi presidente do paigc, primeiro-ministro, candidato vencedor da primeira volta das presidenciais, e suprema ironia, eu nunca mais falei com ele, e o tal lugar prometido morreu com o golpe de 12 de Abril.
Gostaria muito meu caro, que para além da desilusão sobre a política portuguesa e a admiração por Mandela, nos unisse também, a admiração, o respeito, o carinho, e a luta mesmo que limitada, pela paz, pelo desenvolvimento e bem-estar dos meus amigos

7ze disse...

Caro Marcelo

Obrigado pelo esclarecimento (sobre a sua limitada relação com Cadogo).

Peço desculpa se me «estiquei», na resposta, mas confesso que fiquei um pouco irritado, com o seu comentário anterior. A sua opinião, sendo sua, é respeitável, mas não acredito que se reduza a «intolerância».

Quero continuar a acreditar que, para além das profundas divergências quanto ao modo, nos move o mesmo desejo de paz e desenvolvimento para os nossos amigos guineenses.

Muito obrigado pelo seu desejo de boa sorte «no escuro»: tal como me custou lê-lo a extremar posições, sou capaz de apreciá-lo (não quer dizer que espere recolher a sua «adesão») numa aposta de boa fé na reconstrução de «pontes»...

Por isso lanço à sua consideração um desafio: teria todo o gosto em publicar um artigo seu aqui neste meu blog, neste momento particular e difícil, que tentasse conciliar, com realismo e equilíbrio, as duas pontas deste novelo.

Uma ponte. Seria uma obra digna.

Cumprimentos