sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Cuidado na formulação

O irmão Doka reagiu (ver link à direita) às declarações do Primeiro-Ministro de Cabo Verde, e com razão: é preciso cuidado nas formulações e o senhor José Maria Neves já deveria ter noção disso; muito cuidado com as palavras e respeito pela soberania da Guiné-Bissau.

Cabo Verde «irá apoiar na reforma das Forças Armadas»? Se for convidado para isso... Tal como irá normalizar as relações com a Guiné-Bissau, se a outra parte se mostrar disponível, não depende só de Cabo Verde; para uma relação, são necessários dois, em comunhão de vontades.

Dar as coisas por adquiridas não é decerto a forma diplomaticamente correcta de o fazer. Isto parece estar a tornar-se um padrão de actuação. Assim, à força, à bruta, não vamos a lado nenhum... Voltem para a escola de boas maneiras. Cresçam e apareçam!

Ninguém se esqueceu das violentas críticas à CEDEAO, por parte da CPLP, que Cabo Verde subscreveu. Agora, no «âmbito» dessa organização regional, querem assumir um papel de «destaque» e de superioridade? Com que legitimidade? Não está nada bem.

P.S. Acredito, no entanto, na boa fé de José Maria Neves, devendo o facto ser imputado a alguma inépcia política, que não coloca em causa a sua actuação; deverá, no futuro, revelar maior perspicácia e respeito por aquele que chama de povo irmão (mais velho).

Ainda as eleições

Ainda não há anúncio oficial de «nova data» para as eleições. Faltam agora 30 dias para a data marcada.

Há uma grande hipocrisia nisto tudo: as eleições estão desde já a ser dadas como inválidas, por Cadogo, o futuro perdedor, que já começou a inventar desculpas para depois reclamar; alguns chegam a chamar «palhaçada» ao acto; o PAIGC implodiu, dissolveu-se neste marasmo.

Com um ficheiro eleitoral que já há dois anos estava desactualizado (o que contribuiu para a percepção da tentativa de golpe de Cadogo, de «forçar a nota», com muitos jovens em idade de votar a manifestar nas ruas), há que refazer tudo... mas muitos, de ambos os lados, contestam.

Uma solução ainda mais simples e barata (coisa para mil dólares), pouco científica mas também a salvo de grandes desvios: comprem-se uns baldes de tinta indelével (por uns dias) para lambuzar os polegares e peça-se à tropa para passear (e proteger) urnas móveis a circular pelo país.

Quem estiver, está (nem é preciso identificação, basta um polegar asseado); quem não estiver, que se lixe. Os militares poderiam guardar «o troco» e o resultado seria fiel e fidedigno, sem riscos de influências externas e ingerências encapotadas. Mas votar em quê? Em soluções.

O conceito de Partido está desacreditado e desactualizado. Havendo essencialmente duas propostas em cima da mesa, era isso que deveria ser perguntado ao Povo. Cadogo versus Injai: não vale a pena estar com meias medidas: preferem o tubarão ou o crocodilo? Escolham.

Injai demitir-se-ia do cargo de CEMFA, mantendo-se como «padrinho» de um novo governo, que entregaria «a outro» (segundo as suas próprias palavras), que responderia perante ele. Cadogo não seria solução, apenas mais do mesmo, mas, pronto, teria a oportunidade de o constatar.

A data das eleições deveria ser respeitada, senão parece que se anda a brincar.

Doa Ti, 'Môr

Ainda anteontem, na RTP África, Ramos Horta fazia o balanço das suas diligências no sentido de reunir os 20 milhões de dólares orçamentados pela CNE para a realização de eleições.Tinha-se já deslocado a Abuja e Abidjan, reunindo cerca de 13 milhões com proveniência da CEDEAO; mais 2 milhões entretanto oferecidos pela UE, com mais uns trocos e 1 milhão já oferecidos por Timor, faltavam grosso modo 3 milhões de euros.

Timor oferece-se para disponibilizar a quantia em falta, três milhões de euros, totalizando assim os vinte milhões. O anúncio foi hoje feito, perfazendo um contributo de quatro milhões de euros (um que já tinham oferecido e mais três para completar). É realmente uma atitude que revela imensa boa vontade (um país tão pequeno, do outro lado do mundo, oferece mais do dobro da União Europeia). Esta é a verdadeira CPLP!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Imprudência pouco diplomática

Em declarações à PNN no encerramento da 2.ª Conferência do Instituto da Defesa Nacional, José Ramos-Horta terá afirmado que «As Nações Unidas vão colocar técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) no Ministério das Finanças para a gestão das finanças públicas da Guiné-Bissau.»

Vão? Senhor Representante, não estará a exorbitar das suas funções? A Guiné-Bissau é um estado soberano; não queira antecipar soluções, deverão esperar por um pedido formal de ajuda técnica por parte das autoridades. Parece simpático oferecer essa ajuda; mas as Nações Unidas não são donas do país. 

«Nas finanças públicas, ter técnicos internacionais do FMI a trabalhar com o Ministro das Finanças, as Alfândegas e o Porto de Bissau entregue ao grupo inglês "Craus", que actua em todo o mundo, vai dar resultado»... Os jornalistas da PNN são tão bons que nem sabem a grafia do grupo inglês «Crown».

(Para além de outros erros, nos quais o corrector ortográfico não os pode ajudar: como enceramento [aplicar cera] em vez de encerramento; ou fianças [garantias] em vez de finanças...) O grupo Crown, para além de ter ganho as Alfândegas de Angola, já há bastante tempo que se tentava infiltrar em Bissau...

José Eduardo dos Santos reivindica liderança da CPLP

Em audiência concedida ao Secretário Executivo da organização, defende que a «correlação de forças» se alterou, invocando os seus grandes desenvolvimentos económicos.

Talvez se deva começar pela designação. CPLA rima com MPLA. Língua angolana. Talvez fique melhor CPR$, comunidade dos países só reconhecendo petro-dólares?

A Guiné-Bissau, onde há PAZ, preocupou imediatamente a CPLP, dando origem a forte reacção, desde o primeiro dia após 12 de Abril do ano passado.

Já Moçambique, face aos sérios riscos de retorno à GUERRA civil, não oferece qualquer preocupação à organização e ao seu Secretário Executivo.

À boleia da ONU

Numa entrevista à agência espanhola EFE, um Cadogo duplamente ressabiado afirma que não voltará à Guiné se a ONU não tomar conta do país.

Depois de ter anunciado que estaria em Setembro em Bissau, agora diz que não há condições? O que mudou? Até em Lisboa falhou o seu comício, com medo!

Os políticos são perseguidos e assassinados? Lamentavelmente, não foi o caso, sendo o próprio uma prova viva. Estaria a falar do seu mandato?

Insiste que a Guiné-Bissau se transformou num narco-estado... Que hipocrisia. O que vale é que os guineenses não têm a memória curta!

Lamentou ainda o conflito interno no seu próprio Partido, afirmando que lhe teria bastado, para voltar, que todos se tivessem unido à sua volta.

E o que espera? Que alguém lhe dê ainda ouvidos?

Desinformação

Apenas para recomendar algum espírito crítico, na «rede» guineense de informações, na propagação de notícias.

Neste caso, trata-se do reforço do estigma «narco-estado», sem qualquer fundamento: uma suposta notícia dá conta da prisão de um guineense, em Dakar, vindo de Lisboa, por tráfico de droga.

Não só não consegui confirmar qualquer notícia relacionada na imprensa senegalesa (nem sequer a simples existência do título da imprensa citado), como a notícia em si não faz qualquer sentido: a cocaína vale dez vezes mais na Europa, como toda a gente sabe...

A ser verdade, o indivíduo não deve ir para a prisão, mas para o hospital psiquiátrico.

Movimento para a Paz Democracia e Desenvolvimento

Como fundador (e desenhador do logotipo), em 1998, em Lisboa, com o professor Celestino, José Ampa e Florentino Mendes Pereira, deste «Movimento», cuja designação inicial se referia aos guineenses na Diáspora, lembro que não é a primeira vez que este Movimento se endereça à CEDEAO.

Efectivamente, a 3 de Julho de 1998, este Movimento fez chegar à cimeira extraordinária sobre a Guiné-Bissau, realizada em Abuja, pelos bons ofícios do então Secretário de Estado da Cooperação português, Luís Amado, um documento intitulado «Appel au bon sens», no qual se pedia a retirada da sua força.

Após a leitura da carta aberta à CEDEAO, publicada pelo Umaru Djau, confesso que não percebi muito bem qual a intenção desta missiva. Se bem que se note a preocupação em manter um discurso equilibrado, este parece não ter qualquer objectivo óbvio, sendo um pouco chocho e convencional demais.

O texto começa logo mal, com a aplicação do termo «Majestade», o qual, em português, não se aplica a Chefes de Estados eleitos, como o são todos aqueles que vão reunir em Dakar. Poderia aplicar-se ao monarca da Arábia Saudita... eventualmente a Serifo Nhamadjo, se pensar eternizar-se em dinastia.

Afirma o documento, após desfiar um rol de desgraças, acabando pela «corrupção generalizada»: «Todas essas preocupações são favoráveis aos que usam o actual poder político, razão pela qual não têm interesse na realização imediata das eleições e consequentemente no retorno à normalidade constitucional.»

Esses males não começaram com este governo: a sua total ineficiência, mesmo considerando as condições desfavoráveis com que se deparou, deve-se ao boicote de funcionários manipulados pelo PAIGC. Mas afirmar que se congratula com os males da Guiné-Bissau, como forma de se manter no poder?

Este governo não tem qualquer poder, para além do que lhe foi conferido pelos militares; constata-se hoje o grande erro e perda de tempo que constituiu a sua formação. Não era de todo sustentável! E hoje a situação não pode durar muito mais... Tal como, aliás, o documento reconhece logo a seguir:

«Assim, o Movimento Nacional da Sociedade Civil alerta as Suas Majestades Chefes dos Estados e de Governos da CEDEAO sobre as eventuais situações de descalabro total indesejável que poderá ainda agudizar o processo de transição.» É completamente irrealista fazer das eleições um remédio miraculoso...

Atingiu-se realmente um ponto de não retorno; terão sido dois anos perdidos? A responsabilidade volta pois ao Comando Militar que assumiu o poder a 12 de Abril do ano passado. Há que salvar a face e corrigir o erro, já se perdeu tempo demais. Proponho um reordenamento das prioridades do Movimento:

Paz, Desenvolvimento....

e Democracia, por esta ordem.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Eleições: produto para exportação?

Aparentemente, a repetição de eleições parece estar a tornar-se no único produto de exportação capaz de gerar entrada de divisas. 20 milhões de dólares para realizar eleições? O orçamento proposto suscita-me algumas questões:

Recenseamento: nada se aproveita, na CNE, do ficheiro relativo ao recenseamento anterior, no qual assentaria a eleição para Presidente, entretanto interrompida? Ainda não passaram dois anos...

Se considerarmos um milhão de votantes, chegamos à quantia de $20 por voto. É um serviço caro... Julgo que, se dessem a escolher aos guineenses, entre votarem e uma nota de vinte, ninguém deve ter dúvidas do resultado desse «escrutínio».

Esta é uma crítica ao actual estado de coisas. Chamo a atenção para aqueles que acusam os (contra-)«golpistas» de defenderem acriticamente a situação. Mas mais: também proponho «soluções e alternativas».

Sairia muito mais barato (e seria criado um ficheiro durável) e inovador utilizar, por exemplo, o FaceBook: contratavam-se 1000 jovens com portátil (com ligação à internet) e uma câmara fotográfica (ou telemóvel), que criariam perfis na plataforma para todos os eleitores: cada um faria 50 perfis por dia, o que multiplicado por 20 dias úteis daria 1000 perfis por recenseador. 1000 x 1000 é igual a um milhão, o recenseamento ficaria feito num mês.

Grande parte da população vivendo em Bissau, alguns meios de transporte, um sistema simples de FB em «off», permitiria cobrir o resto do território, com o apoio das autoridades tradicionais. Simples e transparente; se calhar, bem tratadas as coisas, até o FaceBook se oferecia para patrocinar a operação (poderia fazer-se da coisa uma festa e trazer jovens voluntários de várias nacionalidades). Poderia ser a primeira «democracia» virtual.

Melhor: a votação, para não haver dúvidas, poderia ser feita de «braço no ar», ou seja, o voto, feito igualmente pela plataforma, seria público, dispensando o segredo, que pode servir para encobrir todas as fraudes. Todos poderiam assim confirmar o seu voto, a sua área, etc. Cada voto ficaria associado transparente e inequivocamente a uma face, a um rosto, a uma pessoa! O orçamento para isto (sem contar com os patrocínios)? Por menos de um milhão de dólares (que Timor até já ofereceu para isso), com boa vontade e criatividade (para além de a maior parte do dinheiro ficar na Guiné-Bissau), conseguia-se fazer a «festa».

ESCLARECIMENTO: Este artigo não significa que defenda a realização de eleições, legislativas ou presidenciais.

sábado, 19 de outubro de 2013

TVCV elegante

Desde já os parabéns à Televisão cabo-verdeana, por ter deixado de lado o assunto da Guiné-Bissau (julgo que não foi abordado, a menos que o tenha sido na terceira parte, que não se consegue visualizar).

Instruções superiores? Auto-censura? Imposição de algum dos comentadores? Simples senso comum? Qual(ais)quer que tenha(m) sido a(s) razão(ões) do «tabu», o resultado foi positivo e o conteúdo responsável.

Promessas

A comunidade internacional acena com promessas de mundos e fundos, ao fundo do «túnel» das eleições. Estas promessas devem ser relativizadas (e perdoe-me o Ramos-Horta, de quem não duvido da boa fé)... a memória não deve ser curta demais; quem não se lembra das promessas feitas a Francisco Fadul, dinheiro do qual nunca se chegou a ver a cor.

Será que esta «cenoura» é apetecível? Será digno andar a mendigar fundos para realizar eleições? Neste caso em particular, tenho de concordar com o Aly. É preciso contar apenas com os próprios meios; o principal desafio é caminhar com os próprios pés; é mais importante defender com unhas e dentes a soberania nacional. A haver solução, terá de ser endógena.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A deselegância dos órgãos de comunicação social públicos de Cabo Verde

Julgo que se justifica uma excepção à não redundância na rede guineense, para publicar a indignação do Didinho.

A liberdade de expressão não pode ser sinónimo de anarquia nem pode ser dissociada da responsabilização por danos causados a terceiros. Por isso, aos órgãos de comunicação social, sobretudo aqueles com estatuto de entidades públicas, importa a salvaguarda dos interesses e do direito, públicos!

Um "bloguista" é dono do seu espaço, no qual pode escrever o que bem entender, sujeitando-se ele próprio e só ele, às consequências de uma responsabilização que sobre ele vier a pender, no caso de lesar terceiros, nas diversas formas que utilizar para "julgar" o outro! 

É, no mínimo, estranho, que, de Cabo-Verde, se continue a desinformar sobre a Guiné-Bissau, numa deselegante e irresponsável campanha anunciada como sendo de apresentar alguém que possa explicar melhor o que se passa na Guiné-Bissau, quando desse alguém, apenas se sabe que tem um blogue e que o mesmo se apresenta como jornalista, sem, contudo, ter qualquer actividade profissional vinculada à profissão de jornalista! 

É no mínimo estranho e deselegante que, órgãos de comunicação social, públicos, de um Estado soberano que em princípio, deveria respeitar outro Estado soberano, promovam "caça às audiências", protagonizadas por desabafos pessoais, de alguém que quer falar em nome de um povo que não representa! 

É no mínimo estranho e deselegante que, mesmo querendo fazer abordagens sobre a Guiné-Bissau, os órgãos de comunicação social de Cabo-Verde não tenham em conta que uma moeda tem duas faces e que, quando se quer falar de um determinado país, de uma determinada realidade, importa ter presente não apenas uma versão, ou uma realidade, mas ter várias perspectivas, várias versões, distintas realidades do assunto em causa, para que os leitores, espectadores e ouvintes, em geral, possam também ter outros elementos, já que não se pode falar em todos os elementos, para que cada um possa avaliar e tirar as suas ilações sobre o assunto em causa. 

É no mínimo estranho e deselegante que, em nome da liberdade de expressão, se dê várias oportunidades a um mesmo indivíduo, para falar, apenas e só, MAL da Guiné-Bissau e dos guineenses, quando o mesmo indivíduo, desfruta do direito de se candidatar às próximas presidenciais na Guiné-Bissau e tentar mudar tudo o que na sua perspectiva está mal e parece que é mesmo tudo, pois não se ouve nada de positivo, nada de construtivo das suas apreciações! 

É no mínimo estranho e deselegante que os órgãos de comunicação social de Cabo-Verde não dêem voz a milhares de cabo-verdianos que têm razões para falar bem ou mal de Cabo-Verde, ou simplesmente, a tantos jornalistas cabo-verdianos que, também poderiam falar abertamente sobre o que lhes vai na alma e não têm oportunidade de o dizer publicamente, porque não é conveniente, e desaconselha-se... 

Porquê a Guiné-Bissau, na agenda e na mira dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde, pela negativa? Porquê os guineenses, na agenda e na mira dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde, tomando sempre o factor depreciativo como destaque das abordagens em causa? Porque não outros países e povos? Porque não convidam Rafael Marques de Morais para falar sobre Angola, através dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde...? 

Não vejo como podem os cabo-verdianos que se dizem irmãos dos guineenses ou amigos da Guiné-Bissau aceitar tanta deselegância, tanta desconsideração para com a Guiné-Bissau e para com os guineenses, em nome de uma campanha, a todos os títulos, difamatória e irresponsável! 

Alguma vez esses órgãos de comunicação social promoveram programas positivos sobre as potencialidades humanas e naturais da Guiné-Bissau? Quantos cidadãos de bem, nascidos e criados na Guiné-Bissau e posteriormente formados no exterior em nome da Guiné-Bissau, não são desde há anos, distintos quadros, ainda que, com o "novo" estatuto de cidadãos cabo-verdianos, que nunca tiveram oportunidade de serem apresentados publicamente, para dizerem o que pensam sobre a Guiné-Bissau, sobre os guineenses, ou sobre os complexos que existem de parte a parte?

Porque é que se está a passar publicamente, através de órgãos de comunicação social públicos de Cabo-Verde, a imagem de uma Guiné-Bissau "bosta" e dos seus filhos como sendo os menos capazes e habilitados, sempre numa provocatória, ainda que implícita comparação com Cabo-Verde e com os cabo-verdianos? Alguma vez esses órgãos de comunicação social promoveram programas/debates sobre a História no tocante às raízes/identidade da maioria do povo cabo-verdiano e mais recentemente, sobre a luta de libertação que teve como palco a Guiné-Bissau e que proporcionou a independência de Cabo-Verde? 

Um "jornalista" que ninguém conhece para lá de ter um blogue é mais credível que todo um povo? Um "jornalista" que ninguém sabe o que faz, para além de ter um blogue é quem tem moral para falar mal da Guiné-Bissau e dos guineenses? O que é que ganha Cabo-Verde, fomentando negativismos sobre a Guiné-Bissau, através de alguém que incita publicamente os guineenses à violência, dando inclusive, sugestões e "receita" sobre a fórmula para "cocktails molotov"? Que irmandade afinal une Cabo-Verde à Guiné-Bissau? 

Com tudo o que se tem assistido, admira não haver alguém, de bom senso e com autoridade, em Cabo-Verde, para mandar investigar o porquê desta campanha difamatória e responsabilizar quem está a pôr cada vez mais, em causa, os laços históricos e de sangue entre os dois povos e países! Apesar de ter ascendência cabo-verdiana, quer do lado paterno, quer materno e de ter muitos amigos em Cabo-Verde, creio que, o momento aconselha-me a desligar-me por completo de Cabo-Verde, por isso, a razão deste meu desabafo hoje. Cabo-Verde para mim, acabou, até que os cabo-verdianos voltem a respeitar a Guiné-Bissau e os guineenses!

José Eduardo dos Santos vaiado

José Eduardo dos Santos, que continua a manter sob prisão o jovem Nito Alves, deu sinais de nervosismo durante a apresentação do seu discurso no Parlamento angolano, após ter sido vaiado.

Ver notícia.

Assinale-se também, sobre o tema das relações Portugal-Angola, o magnífico artigo de Daniel Oliveira no Expresso. Obrigado irmão Doka (ver link à direita).

Parabéns ao Progresso Nacional

Como novo órgão de comunicação social responsável e empenhado. Com as greves no sector estatal, a vossa responsabilidade encontra-se acrescida.

O Nô Pintcha, o que faz? O domínio na internet alberga agora uma simples ligação para um site japonês de encontros.

O PN já é uma instituição noticiosa mais relevante que esses fantasmas... já agora, estou aqui consumido pela curiosidade: fazem greve a quê?

LUSA publica parabéns à AD e TVK

Acabou de sair um comunicado, com declarações do Demba Sanhá.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Prémio para a Guiné-Bissau

Acabei de saber a notícia pelo blog Ordidja (link à direita). Parabéns ao Pepito, à AD e à Televisão Comunitária de Kelelé (cujos estúdios tive o prazer de visitar aquando da minha última passagem por Bissau) pelo prémio recebido no Festival de Cinema Agrícola e Alimentar, na Eslováquia, com um filme de divulgação da valia da Tapioca, ao nível da nutrição e pelo apoio que pode representar para a economia familiar.

PS De vez em quando tenho saudades de tapioca: aqui em Portugal (é muito raro ver-se) compro um pacote e peço à minha mãe para fazer (aprendeu na Guiné, sabe fazer com e sem leite - com maçã também fica muito bom) uma óptima sobremesa, com canela por cima. Um abraço em especial para o Demba Sanhá, da TVK, com quem passei uns bons momentos em Bissau, que recordo com saudade e especial carinho...

4 contra 1

As apostas on-line não enganam... A formulação é a presença de Rui Machete no Governo daqui a quinze dias: no dia de Todos-os-Santos (estou na dúvida se a escolha do dia foi uma referência ao Presidente de Angola). Se acha que o MNE continuará no cargo por mais de duas semanas, não perca a oportunidade para ganhar uns trocos: por cada euro apostado recebe quatro; quadruplique o seu capital! Ver notícia.

Com o anúncio do fim da «parceria estratégica» (ou «Protectorado» angolano?) que hoje de manhã foi feito por José Eduardo dos Santos, o rácio deverá aumentar, pela pressão que coloca sobre Pedro Passos Coelho (se estava refém de Machete, agora deixou de o estar) que terá de «despertar» finalmente para a forma desastrosa como o MNE tem sido conduzido sob o seu governo. Acorde, homem!

Ainda há pouco tempo, Paulo Portas não saía de Luanda, sempre aos beijinhos. Com tanta bajulação (continuada até ao ridículo pelo seu sucessor), foi a dignidade de Portugal e a normalidade (se não a continuidade) das relações bilaterais que foram colocadas em causa. Agora, todos choram (excepto o BE) sobre o leite derramado, enquanto José Eduardo dos Santos saboreia as suas «vitória$» à sobremesa.

A este propósito, Senhor Primeiro-Ministro de Portugal, relembro os melhores epítetos com que, aqui neste blog, brindei os seus tristes Ministros dos Negócios Estrangeiros:

1) Bajuladores do regime angolano
2) Lacaios do imperialismo angolano

Demasiada confiança não deixou de criar elevadas expectativas facilmente frustráveis. Pequena nota: tudo começou quando Paulo Portas ofereceu ao senhor Presidente de Angola uma armada, para «resolver» a alhada na qual este se tinha metido em Bissau.

sábado, 12 de outubro de 2013

Apesar de tudo... um estado soberano

O Jornal de Angola dedicou um editorial a Portugal, ainda em torno do pedido de desculpas de Machete, onde se defende ser necessária uma «clarificação» entre os dois países: para este Jornal isso resumir-se-ia a Portugal aceitar o Protectorado de Angola (em vez do «da troika»)...

Se Portugal «está reduzido a um protectorado, como afirma o senhor vice-primeiro-ministro Paulo Portas e muitos outros políticos portugueses, não tem capacidade para assumir as suas responsabilidades na comunidade dos países que falam a Língua Portuguesa».

Mas sobretudo para realçar a forma como acaba a peça «jornalística»: afirmando que Portugal «está pior do que a Guiné-Bissau, apesar de tudo um Estado soberano».

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Instigação da violência

Numa espiral de esquizofrenia, a Rádio Morabeza emitiu uma entrevista com o editor do Ditadura do Consenso (o Governo cabo-verdeano deveria tomar providências).

Nela se lamenta que o assalto à Embaixada da Nigéria tenha sido feito com pedras e não com cocktails Molotov, como o blog tinha previamente instruído, para a queimar.

Num patético «apelo» à manifestação e à «revolução» chega a afirmar, em nome do povo «_Morremos, qual é o problema?» Acrescenta que faria o mesmo em Bissau...

A proposta não parece muito atraente: só reforçará o afastamento da realidade e o isolamento a que parece querer remeter-se aquele que foi, em tempos, um grande jornalista.

PS Qual é a raiz etimológica de isolamento? Eu ajudo: isola, em italiano, é «ilha».

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O massacre continua

Neste momento, na SIC, na Quadratura do Círculo. Machete está condenado. Unanimidade dos comentadores (de vários partidos, entre eles o PSD, com Pacheco Pereira), no seu «assassinato» (merecido, diga-se de passagem) político. Para António Costa e Lobo Xavier foi um fartote, de bater no ceguinho.

Palavras finais de Pacheco Pereira, neste contexto:

«Completa degenerescência do sentido de Estado»
«O governo coloca em causa a soberania nacional»

Reacção do Embaixador da Nigéria

Obrigado, irmão Samba Bari, pelas novidades via RDP África no Rispito: as declarações do embaixador da Nigéria vieram acalmar as coisas.

Pelos vistos o feitiço virou-se contra o feiticeiro... o tiro saiu pela culatra. A situação parece estar a gerar compreensão e mesmo uma onda de simpatia.

O senhor embaixador em Bissau classificou o ocorrido como uma «provocação atribuída a mecanismos diabólicos e inimigos do progresso».

Acusou igualmente a Rádio Pindjiguiti de incitação à violência.

Tese dos três

A rádio difusão nacional nigeriana, Voice of Nigeria acaba de editar uma notícia, na qual se mantém o erro. Seria importante corrigir este erro rapidamente... Há que expurgar o «s» do plural no fim de «killing(s)».

A origem parece ser a France Press (AFP), que deveria ser requerida para desmentir a sua versão, face à inconsistência das notícias publicadas (até porque está em causa não só a credibilidade da Agência, como a sua quota parte de responsabilidade ética), no tocante à versão de a multidão ter arrancado os «nigerianos» de um carro da polícia (a foto do indivíduo publicada pela agência não corresponde à da foto chocante publicada pelo Ditadura do Consenso), ou de a(s) morte(s) ter ocorrido nas imediações da Embaixada. O jornalista da AFP teria visto dois corpos «nigerianos» no Hospital e a notícia acaba por se referir a três...

Uma dúzia de detidos

A Lusa acaba de publicar a notícia da prisão de doze suspeitos no caso do linchamento de um cidadão nigeriano.

Segundo Abdu Mané, Procurador-Geral, estão indiciados por participação material no linchamento mortal e incitação à violência e ódio xenófobo.

Seria importante que o processo corresse com a maior celeridade e transparência possível.

O Doka acaba igualmente de publicar um artigo sobre os incidentes, insurgindo-se também contra esta barbaridade, e termina perguntando: «como podemos querer que tratem bem os nossos irmãos na diáspora, se tratamos assim os estrangeiros?»

Panapress insiste no erro

Num comunicado saído há pouco, com o título «Nigéria furiosa com assassinatos dos seus cidadãos», continuam a afirmar serem três os mortos (o que faz com que pareçam assassinatos em série), tendo os jornalistas optado por escolher os piores sinais de todo o contexto (que está já em vias de acalmia, com toda a gente a por água na fervura, incluindo do lado nigeriano):

''When people come and invade our mission, then it is assumed that they have invaded Nigeria.»

Com este género de acusações oficiais, não se brinca, como sugere o PN.

Assumindo as suspeitas, baseadas nas circunstâncias em que ocorreram os factos (a quem aproveitou a «contra-notícia»? era para «abafar» a presença de Xanana?), parece importante desmascarar o carácter maquiavélico das forças obscuras em questão, apurando até às últimas consequências o modus operandi que conduziu a resultados sociológicos tão funestos. Assim, seria importante analisar o registo audio da Rádio Pindjiguiti desse dia, o qual deveria ser tornado público.

Parece uma boa ocasião para reflectir sobre a responsabilidade jornalística e o seu papel na sociedade...

Ntene foronta di borgonha

A vergonha que se passou em Bissau foi discutida no Parlamento nigeriano, que pediu o reforço da segurança em todas as suas embaixadas pelo mundo fora, tendo o governo condenado veemente os factos, considerando-os «bárbaros e inumanos»; o Presidente ordenou ao embaixador em Bissau que investigue as razões do sucedido.

Face ao aturdimento generalizado que revelam as primeiras notícias, de repúdio por esta inqualificável atitude de xenofobia, foi veiculada alguma informação errada passível de dar origem a um mau entendimento do que se passou, já que não se referem a uma acção «popular» (que teria sido mais ou menos «espontânea»), mas sim à actuação de supostas milícias armadas, numa operação estilo «comando» de guerrilha (eventualmente traduzindo uma putativa «intencionalidade»).

O mesmo refere a notícia em inglês divulgada pelo Progresso Nacional, no qual parece que a situação evolui já favoravelmente graças a uma reacção pronta e firme das autoridades e a um pedido de desculpas à Nigéria ; num outro artigo do mesmo blog associam-se os acontecimentos subsequentes, sugerindo tratar-se de retaliação por parte das autoridades militares, numa percepção de que a fúria popular terá sido premeditada e induzida por provocadores.