Como fundador (e desenhador do logotipo), em 1998, em Lisboa, com o professor Celestino, José Ampa e Florentino Mendes Pereira, deste «Movimento», cuja designação inicial se referia aos guineenses na Diáspora, lembro que não é a primeira vez que este Movimento se endereça à CEDEAO.
Efectivamente, a 3 de Julho de 1998, este Movimento fez chegar à cimeira extraordinária sobre a Guiné-Bissau, realizada em Abuja, pelos bons ofícios do então Secretário de Estado da Cooperação português, Luís Amado, um documento intitulado «Appel au bon sens», no qual se pedia a retirada da sua força.
Após a leitura da carta aberta à CEDEAO, publicada pelo Umaru Djau, confesso que não percebi muito bem qual a intenção desta missiva. Se bem que se note a preocupação em manter um discurso equilibrado, este parece não ter qualquer objectivo óbvio, sendo um pouco chocho e convencional demais.
O texto começa logo mal, com a aplicação do termo «Majestade», o qual, em português, não se aplica a Chefes de Estados eleitos, como o são todos aqueles que vão reunir em Dakar. Poderia aplicar-se ao monarca da Arábia Saudita... eventualmente a Serifo Nhamadjo, se pensar eternizar-se em dinastia.
Afirma o documento, após desfiar um rol de desgraças, acabando pela «corrupção generalizada»: «Todas essas preocupações são favoráveis aos que usam o actual poder político, razão pela qual não têm interesse na realização imediata das eleições e consequentemente no retorno à normalidade constitucional.»
Esses males não começaram com este governo: a sua total ineficiência, mesmo considerando as condições desfavoráveis com que se deparou, deve-se ao boicote de funcionários manipulados pelo PAIGC. Mas afirmar que se congratula com os males da Guiné-Bissau, como forma de se manter no poder?
Este governo não tem qualquer poder, para além do que lhe foi conferido pelos militares; constata-se hoje o grande erro e perda de tempo que constituiu a sua formação. Não era de todo sustentável! E hoje a situação não pode durar muito mais... Tal como, aliás, o documento reconhece logo a seguir:
«Assim, o Movimento Nacional da Sociedade Civil alerta as Suas Majestades Chefes dos Estados e de Governos da CEDEAO sobre as eventuais situações de descalabro total indesejável que poderá ainda agudizar o processo de transição.» É completamente irrealista fazer das eleições um remédio miraculoso...
Atingiu-se realmente um ponto de não retorno; terão sido dois anos perdidos? A responsabilidade volta pois ao Comando Militar que assumiu o poder a 12 de Abril do ano passado. Há que salvar a face e corrigir o erro, já se perdeu tempo demais. Proponho um reordenamento das prioridades do Movimento:
Paz, Desenvolvimento....
e Democracia, por esta ordem.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Movimento para a Paz Democracia e Desenvolvimento
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Eleições: produto para exportação?
Aparentemente, a repetição de eleições parece estar a tornar-se no único produto de exportação capaz de gerar entrada de divisas. 20 milhões de dólares para realizar eleições? O orçamento proposto suscita-me algumas questões:
Recenseamento: nada se aproveita, na CNE, do ficheiro relativo ao recenseamento anterior, no qual assentaria a eleição para Presidente, entretanto interrompida? Ainda não passaram dois anos...
Se considerarmos um milhão de votantes, chegamos à quantia de $20 por voto. É um serviço caro... Julgo que, se dessem a escolher aos guineenses, entre votarem e uma nota de vinte, ninguém deve ter dúvidas do resultado desse «escrutínio».
Esta é uma crítica ao actual estado de coisas. Chamo a atenção para aqueles que acusam os (contra-)«golpistas» de defenderem acriticamente a situação. Mas mais: também proponho «soluções e alternativas».
Sairia muito mais barato (e seria criado um ficheiro durável) e inovador utilizar, por exemplo, o FaceBook: contratavam-se 1000 jovens com portátil (com ligação à internet) e uma câmara fotográfica (ou telemóvel), que criariam perfis na plataforma para todos os eleitores: cada um faria 50 perfis por dia, o que multiplicado por 20 dias úteis daria 1000 perfis por recenseador. 1000 x 1000 é igual a um milhão, o recenseamento ficaria feito num mês.
Grande parte da população vivendo em Bissau, alguns meios de transporte, um sistema simples de FB em «off», permitiria cobrir o resto do território, com o apoio das autoridades tradicionais. Simples e transparente; se calhar, bem tratadas as coisas, até o FaceBook se oferecia para patrocinar a operação (poderia fazer-se da coisa uma festa e trazer jovens voluntários de várias nacionalidades). Poderia ser a primeira «democracia» virtual.
Melhor: a votação, para não haver dúvidas, poderia ser feita de «braço no ar», ou seja, o voto, feito igualmente pela plataforma, seria público, dispensando o segredo, que pode servir para encobrir todas as fraudes. Todos poderiam assim confirmar o seu voto, a sua área, etc. Cada voto ficaria associado transparente e inequivocamente a uma face, a um rosto, a uma pessoa! O orçamento para isto (sem contar com os patrocínios)? Por menos de um milhão de dólares (que Timor até já ofereceu para isso), com boa vontade e criatividade (para além de a maior parte do dinheiro ficar na Guiné-Bissau), conseguia-se fazer a «festa».
ESCLARECIMENTO: Este artigo não significa que defenda a realização de eleições, legislativas ou presidenciais.
sábado, 19 de outubro de 2013
TVCV elegante
Promessas
A comunidade internacional acena com promessas de mundos e fundos, ao fundo do «túnel» das eleições. Estas promessas devem ser relativizadas (e perdoe-me o Ramos-Horta, de quem não duvido da boa fé)... a memória não deve ser curta demais; quem não se lembra das promessas feitas a Francisco Fadul, dinheiro do qual nunca se chegou a ver a cor.
Será que esta «cenoura» é apetecível? Será digno andar a mendigar fundos para realizar eleições? Neste caso em particular, tenho de concordar com o Aly. É preciso contar apenas com os próprios meios; o principal desafio é caminhar com os próprios pés; é mais importante defender com unhas e dentes a soberania nacional. A haver solução, terá de ser endógena.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
A deselegância dos órgãos de comunicação social públicos de Cabo Verde
Julgo que se justifica uma excepção à não redundância na rede guineense, para publicar a indignação do Didinho.
A liberdade de expressão não pode ser sinónimo de anarquia nem pode ser dissociada da responsabilização por danos causados a terceiros. Por isso, aos órgãos de comunicação social, sobretudo aqueles com estatuto de entidades públicas, importa a salvaguarda dos interesses e do direito, públicos!
Um "bloguista" é dono do seu espaço, no qual pode escrever o que bem entender, sujeitando-se ele próprio e só ele, às consequências de uma responsabilização que sobre ele vier a pender, no caso de lesar terceiros, nas diversas formas que utilizar para "julgar" o outro!
É, no mínimo, estranho, que, de Cabo-Verde, se continue a desinformar sobre a Guiné-Bissau, numa deselegante e irresponsável campanha anunciada como sendo de apresentar alguém que possa explicar melhor o que se passa na Guiné-Bissau, quando desse alguém, apenas se sabe que tem um blogue e que o mesmo se apresenta como jornalista, sem, contudo, ter qualquer actividade profissional vinculada à profissão de jornalista!
É no mínimo estranho e deselegante que, órgãos de comunicação social, públicos, de um Estado soberano que em princípio, deveria respeitar outro Estado soberano, promovam "caça às audiências", protagonizadas por desabafos pessoais, de alguém que quer falar em nome de um povo que não representa!
É no mínimo estranho e deselegante que, mesmo querendo fazer abordagens sobre a Guiné-Bissau, os órgãos de comunicação social de Cabo-Verde não tenham em conta que uma moeda tem duas faces e que, quando se quer falar de um determinado país, de uma determinada realidade, importa ter presente não apenas uma versão, ou uma realidade, mas ter várias perspectivas, várias versões, distintas realidades do assunto em causa, para que os leitores, espectadores e ouvintes, em geral, possam também ter outros elementos, já que não se pode falar em todos os elementos, para que cada um possa avaliar e tirar as suas ilações sobre o assunto em causa.
É no mínimo estranho e deselegante que, em nome da liberdade de expressão, se dê várias oportunidades a um mesmo indivíduo, para falar, apenas e só, MAL da Guiné-Bissau e dos guineenses, quando o mesmo indivíduo, desfruta do direito de se candidatar às próximas presidenciais na Guiné-Bissau e tentar mudar tudo o que na sua perspectiva está mal e parece que é mesmo tudo, pois não se ouve nada de positivo, nada de construtivo das suas apreciações!
É no mínimo estranho e deselegante que os órgãos de comunicação social de Cabo-Verde não dêem voz a milhares de cabo-verdianos que têm razões para falar bem ou mal de Cabo-Verde, ou simplesmente, a tantos jornalistas cabo-verdianos que, também poderiam falar abertamente sobre o que lhes vai na alma e não têm oportunidade de o dizer publicamente, porque não é conveniente, e desaconselha-se...
Porquê a Guiné-Bissau, na agenda e na mira dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde, pela negativa? Porquê os guineenses, na agenda e na mira dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde, tomando sempre o factor depreciativo como destaque das abordagens em causa? Porque não outros países e povos? Porque não convidam Rafael Marques de Morais para falar sobre Angola, através dos órgãos de comunicação social de Cabo-Verde...?
Não vejo como podem os cabo-verdianos que se dizem irmãos dos guineenses ou amigos da Guiné-Bissau aceitar tanta deselegância, tanta desconsideração para com a Guiné-Bissau e para com os guineenses, em nome de uma campanha, a todos os títulos, difamatória e irresponsável!
Alguma vez esses órgãos de comunicação social promoveram programas positivos sobre as potencialidades humanas e naturais da Guiné-Bissau? Quantos cidadãos de bem, nascidos e criados na Guiné-Bissau e posteriormente formados no exterior em nome da Guiné-Bissau, não são desde há anos, distintos quadros, ainda que, com o "novo" estatuto de cidadãos cabo-verdianos, que nunca tiveram oportunidade de serem apresentados publicamente, para dizerem o que pensam sobre a Guiné-Bissau, sobre os guineenses, ou sobre os complexos que existem de parte a parte?
Porque é que se está a passar publicamente, através de órgãos de comunicação social públicos de Cabo-Verde, a imagem de uma Guiné-Bissau "bosta" e dos seus filhos como sendo os menos capazes e habilitados, sempre numa provocatória, ainda que implícita comparação com Cabo-Verde e com os cabo-verdianos? Alguma vez esses órgãos de comunicação social promoveram programas/debates sobre a História no tocante às raízes/identidade da maioria do povo cabo-verdiano e mais recentemente, sobre a luta de libertação que teve como palco a Guiné-Bissau e que proporcionou a independência de Cabo-Verde?
Um "jornalista" que ninguém conhece para lá de ter um blogue é mais credível que todo um povo? Um "jornalista" que ninguém sabe o que faz, para além de ter um blogue é quem tem moral para falar mal da Guiné-Bissau e dos guineenses? O que é que ganha Cabo-Verde, fomentando negativismos sobre a Guiné-Bissau, através de alguém que incita publicamente os guineenses à violência, dando inclusive, sugestões e "receita" sobre a fórmula para "cocktails molotov"? Que irmandade afinal une Cabo-Verde à Guiné-Bissau?
Com tudo o que se tem assistido, admira não haver alguém, de bom senso e com autoridade, em Cabo-Verde, para mandar investigar o porquê desta campanha difamatória e responsabilizar quem está a pôr cada vez mais, em causa, os laços históricos e de sangue entre os dois povos e países! Apesar de ter ascendência cabo-verdiana, quer do lado paterno, quer materno e de ter muitos amigos em Cabo-Verde, creio que, o momento aconselha-me a desligar-me por completo de Cabo-Verde, por isso, a razão deste meu desabafo hoje. Cabo-Verde para mim, acabou, até que os cabo-verdianos voltem a respeitar a Guiné-Bissau e os guineenses!
José Eduardo dos Santos vaiado
José Eduardo dos Santos, que continua a manter sob prisão o jovem Nito Alves, deu sinais de nervosismo durante a apresentação do seu discurso no Parlamento angolano, após ter sido vaiado.
Ver notícia.
Assinale-se também, sobre o tema das relações Portugal-Angola, o magnífico artigo de Daniel Oliveira no Expresso. Obrigado irmão Doka (ver link à direita).
Parabéns ao Progresso Nacional
Como novo órgão de comunicação social responsável e empenhado. Com as greves no sector estatal, a vossa responsabilidade encontra-se acrescida.
O Nô Pintcha, o que faz? O domínio na internet alberga agora uma simples ligação para um site japonês de encontros.
O PN já é uma instituição noticiosa mais relevante que esses fantasmas... já agora, estou aqui consumido pela curiosidade: fazem greve a quê?
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Prémio para a Guiné-Bissau
Acabei de saber a notícia pelo blog Ordidja (link à direita). Parabéns ao Pepito, à AD e à Televisão Comunitária de Kelelé (cujos estúdios tive o prazer de visitar aquando da minha última passagem por Bissau) pelo prémio recebido no Festival de Cinema Agrícola e Alimentar, na Eslováquia, com um filme de divulgação da valia da Tapioca, ao nível da nutrição e pelo apoio que pode representar para a economia familiar.
PS De vez em quando tenho saudades de tapioca: aqui em Portugal (é muito raro ver-se) compro um pacote e peço à minha mãe para fazer (aprendeu na Guiné, sabe fazer com e sem leite - com maçã também fica muito bom) uma óptima sobremesa, com canela por cima. Um abraço em especial para o Demba Sanhá, da TVK, com quem passei uns bons momentos em Bissau, que recordo com saudade e especial carinho...
4 contra 1
As apostas on-line não enganam... A formulação é a presença de Rui Machete no Governo daqui a quinze dias: no dia de Todos-os-Santos (estou na dúvida se a escolha do dia foi uma referência ao Presidente de Angola). Se acha que o MNE continuará no cargo por mais de duas semanas, não perca a oportunidade para ganhar uns trocos: por cada euro apostado recebe quatro; quadruplique o seu capital! Ver notícia.
Com o anúncio do fim da «parceria estratégica» (ou «Protectorado» angolano?) que hoje de manhã foi feito por José Eduardo dos Santos, o rácio deverá aumentar, pela pressão que coloca sobre Pedro Passos Coelho (se estava refém de Machete, agora deixou de o estar) que terá de «despertar» finalmente para a forma desastrosa como o MNE tem sido conduzido sob o seu governo. Acorde, homem!
Ainda há pouco tempo, Paulo Portas não saía de Luanda, sempre aos beijinhos. Com tanta bajulação (continuada até ao ridículo pelo seu sucessor), foi a dignidade de Portugal e a normalidade (se não a continuidade) das relações bilaterais que foram colocadas em causa. Agora, todos choram (excepto o BE) sobre o leite derramado, enquanto José Eduardo dos Santos saboreia as suas «vitória$» à sobremesa.
A este propósito, Senhor Primeiro-Ministro de Portugal, relembro os melhores epítetos com que, aqui neste blog, brindei os seus tristes Ministros dos Negócios Estrangeiros:
1) Bajuladores do regime angolano
2) Lacaios do imperialismo angolano
Demasiada confiança não deixou de criar elevadas expectativas facilmente frustráveis. Pequena nota: tudo começou quando Paulo Portas ofereceu ao senhor Presidente de Angola uma armada, para «resolver» a alhada na qual este se tinha metido em Bissau.
sábado, 12 de outubro de 2013
Apesar de tudo... um estado soberano
O Jornal de Angola dedicou um editorial a Portugal, ainda em torno do pedido de desculpas de Machete, onde se defende ser necessária uma «clarificação» entre os dois países: para este Jornal isso resumir-se-ia a Portugal aceitar o Protectorado de Angola (em vez do «da troika»)...
Se Portugal «está reduzido a um protectorado, como afirma o senhor vice-primeiro-ministro Paulo Portas e muitos outros políticos portugueses, não tem capacidade para assumir as suas responsabilidades na comunidade dos países que falam a Língua Portuguesa».
Mas sobretudo para realçar a forma como acaba a peça «jornalística»: afirmando que Portugal «está pior do que a Guiné-Bissau, apesar de tudo um Estado soberano».
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Instigação da violência
Numa espiral de esquizofrenia, a Rádio Morabeza emitiu uma entrevista com o editor do Ditadura do Consenso (o Governo cabo-verdeano deveria tomar providências).
Nela se lamenta que o assalto à Embaixada da Nigéria tenha sido feito com pedras e não com cocktails Molotov, como o blog tinha previamente instruído, para a queimar.
Num patético «apelo» à manifestação e à «revolução» chega a afirmar, em nome do povo «_Morremos, qual é o problema?» Acrescenta que faria o mesmo em Bissau...
A proposta não parece muito atraente: só reforçará o afastamento da realidade e o isolamento a que parece querer remeter-se aquele que foi, em tempos, um grande jornalista.
PS Qual é a raiz etimológica de isolamento? Eu ajudo: isola, em italiano, é «ilha».
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
O massacre continua
Neste momento, na SIC, na Quadratura do Círculo. Machete está condenado. Unanimidade dos comentadores (de vários partidos, entre eles o PSD, com Pacheco Pereira), no seu «assassinato» (merecido, diga-se de passagem) político. Para António Costa e Lobo Xavier foi um fartote, de bater no ceguinho.
Palavras finais de Pacheco Pereira, neste contexto:
«Completa degenerescência do sentido de Estado»
«O governo coloca em causa a soberania nacional»
Reacção do Embaixador da Nigéria
Obrigado, irmão Samba Bari, pelas novidades via RDP África no Rispito: as declarações do embaixador da Nigéria vieram acalmar as coisas.
Pelos vistos o feitiço virou-se contra o feiticeiro... o tiro saiu pela culatra. A situação parece estar a gerar compreensão e mesmo uma onda de simpatia.
O senhor embaixador em Bissau classificou o ocorrido como uma «provocação atribuída a mecanismos diabólicos e inimigos do progresso».
Acusou igualmente a Rádio Pindjiguiti de incitação à violência.
Tese dos três
A rádio difusão nacional nigeriana, Voice of Nigeria acaba de editar uma notícia, na qual se mantém o erro. Seria importante corrigir este erro rapidamente... Há que expurgar o «s» do plural no fim de «killing(s)».
A origem parece ser a France Press (AFP), que deveria ser requerida para desmentir a sua versão, face à inconsistência das notícias publicadas (até porque está em causa não só a credibilidade da Agência, como a sua quota parte de responsabilidade ética), no tocante à versão de a multidão ter arrancado os «nigerianos» de um carro da polícia (a foto do indivíduo publicada pela agência não corresponde à da foto chocante publicada pelo Ditadura do Consenso), ou de a(s) morte(s) ter ocorrido nas imediações da Embaixada. O jornalista da AFP teria visto dois corpos «nigerianos» no Hospital e a notícia acaba por se referir a três...
Uma dúzia de detidos
A Lusa acaba de publicar a notícia da prisão de doze suspeitos no caso do linchamento de um cidadão nigeriano.
Segundo Abdu Mané, Procurador-Geral, estão indiciados por participação material no linchamento mortal e incitação à violência e ódio xenófobo.
Seria importante que o processo corresse com a maior celeridade e transparência possível.
O Doka acaba igualmente de publicar um artigo sobre os incidentes, insurgindo-se também contra esta barbaridade, e termina perguntando: «como podemos querer que tratem bem os nossos irmãos na diáspora, se tratamos assim os estrangeiros?»
Panapress insiste no erro
Num comunicado saído há pouco, com o título «Nigéria furiosa com assassinatos dos seus cidadãos», continuam a afirmar serem três os mortos (o que faz com que pareçam assassinatos em série), tendo os jornalistas optado por escolher os piores sinais de todo o contexto (que está já em vias de acalmia, com toda a gente a por água na fervura, incluindo do lado nigeriano):
''When people come and invade our mission, then it is assumed that they have invaded Nigeria.»
Com este género de acusações oficiais, não se brinca, como sugere o PN.
Assumindo as suspeitas, baseadas nas circunstâncias em que ocorreram os factos (a quem aproveitou a «contra-notícia»? era para «abafar» a presença de Xanana?), parece importante desmascarar o carácter maquiavélico das forças obscuras em questão, apurando até às últimas consequências o modus operandi que conduziu a resultados sociológicos tão funestos. Assim, seria importante analisar o registo audio da Rádio Pindjiguiti desse dia, o qual deveria ser tornado público.
Parece uma boa ocasião para reflectir sobre a responsabilidade jornalística e o seu papel na sociedade...
Ntene foronta di borgonha
O mesmo refere a notícia em inglês divulgada pelo Progresso Nacional, no qual parece que a situação evolui já favoravelmente graças a uma reacção pronta e firme das autoridades e a um pedido de desculpas à Nigéria ; num outro artigo do mesmo blog associam-se os acontecimentos subsequentes, sugerindo tratar-se de retaliação por parte das autoridades militares, numa percepção de que a fúria popular terá sido premeditada e induzida por provocadores.
(Falta de) Visão nocturna
A Visão aceita queixas. Se lhe roubarem o telemóvel, telefone (de uma cabine pública), que a revista faz um artigo, para ver se conseguem recuperar o seu aparelho. Ver (pseudo) notícia (mas literária).
PS Julgo que o patrão lhe tinha agradecido mais uma crónica entrevistando Xanana, naquele contexto... Que falta de faro e de sentido de oportunidade para entrar para a história e vender mais umas revistas. Deveria ser despedido de cronista, pois o papel da Visão é de qualidade boa demais para esta vítima lamechas de assaltos no escuro. Para a próxima, em Bissau, volte para o Hotel antes do por do sol, ou compre uns óculos de Visão nocturna.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Machete massacrado em todos os telejornais
Na SIC foi mesmo a «estrela», há pouco, à hora do almoço, com mais de 10 minutos de tempo de antena.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Notícia canibalizada
Primeiro uma nota de desagrado pela «não notícia» que invadiu os meios de comunicação social portuguesa: desde quando o roubo de um telemóvel é notícia? O grande comandante Xanana visita Bissau e sobre isso nem uma palavra... Parabéns ao Progresso Nacional pela desmistificação.
Parabéns ao Nbissane Nquelim, publicado pelos irmãos intelectuais balantas, pela desmistificação dos boatos anti-nigerianos; seria interessante conhecer a sua proveniência... já agora, os parabéns também à Liga pela pronta reacção. Depois de o sangue ter corrido, é precisa introspecção.
E refiro o exemplo de Ramos-Horta: segundo conta, a violência política em Timor, só acalmou depois do atentado contra si. Ao verem o sangue os seus opositores ficaram confundidos.
É natural que os ânimos se exaltem com facilidade devido ao triste quadro económico e social... E também aos apelos e instigações à violência. É triste e não dignifica o país.
Nada justifica a loucura assassina que assolou hoje Bissau.
Visita de Estado
Foi emocionante constatar a empatia de Xanana, vestindo farda a rigor; exemplificando assim como um militar também pode ser um político interveniente.
A sua capacidade para sentir, para comungar das preocupações dos outros, são exemplares de humildade e humanidade. Grande bofetada para Lisboa.
Um bom exemplo para os cinzentões de cabeça vazia, políticos e jornalistas, que papagueiam condenações no desconhecimento das realidades do país.
O povo da Guiné-Bissau, «tão desencantado pelas elites políticas, traído nos seus sonhos mais simples», agradece a Ramos Horta pela oportunidade.
Espera-se com impaciência a apresentação conjunta dos resultados e conclusões desta visita histórica, sendo momento ideal para grandes decisões.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
Exemplo de tolerância
Viajando com o chefe da sua própria oposição, Xanana enunciou, com emoção e lágrimas nos olhos, um apelo à estabilidade no país, perante o Presidente de Transição e o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, instando os guineenses a seguir o exemplo timorense e «que nunca mais corra sangue».
Viva a estabilidade!
Adjarama, Comandante Xanana!
Obrigado, irmãos intelectuais balantas na diáspora.
Moralistas intolerantes e vendidos
Jorge Heitor reflectiu, com óbvias implicações na actual tomada de posição de Xanana na Guiné-Bissau, uma notícia do semanário Sol (cuja tiragem, principal aposta e fonte de financiamento é Angola), de um pseudo-jornalista lamechas dando pelo nome de Luís Osório: este insignificante insecto, vem agora supostamente «retrair» lágrimas que terá, em tempos, vertido. Mais um hipócrita da conhecida escola; eram quase de esperar estes ataques injustificados e injustos.
Tal como a acusação de «golpista» em nada afectará Justino Delgado, junto dos seus fãs, também esta ignóbil atitude movida por obscuros interesses, em nada afecta para mim (nem para mais ninguém), que também chorei por Xanana e por Timor, a imagem do grande Comandante. Vou aproveitar agora para dizer ao meu filho, que começa a perceber as coisas, que, «se ainda existem heróis, Xanana Gusmão é um deles», tal como Nelson Mandela ou Amílcar Cabral.
PS Na minha família, o ambiente sempre foi emocionalmente muito sensível a Timor (e partizan). Tanto que a minha irmã foi das primeiras voluntárias a partir para Timor, onde ficou mais de um ano a formar e capacitar técnicos locais, tendo participado em diversas iniciativas comunitárias, colaborado com rádios, com ONGs... e vivido a experiência de um país novo.