Na última quarta-feira, decorreu no Bairro de Quelelé, com a presença de toda a família do Pepito, uma merecida e emocional homenagem, emoldurada por uma imensa e calorosa mole humana.
Passado um mês sobre a sua morte prematura, cavou-se uma terrível saudade, do seu calor humano e inesgotável energia, bem sentida por todos, como pude acompanhar através de várias redes sociais.
A questão que aflige, neste momento tão carregado pelo sentimento de perda irreparável é «terá valido a pena?». O poeta Fernando Pessoa diria que «tudo vale a pena, quando a alma não é pequena».
Ora, todos os que conheceram o Pepito (e ousaria dizer que até os seus inimigos, e por isso mesmo) lhe reconheciam uma alma do tamanho do mundo, abarcando tudo e a todos abraçando.
Claro que as «almas» mais mesquinhas e economicistas poderão ter outra opinião, inquirindo resultados, heranças, valores materiais, apontando as tarefas ingratas (muitas vezes inglórias) que se propôs.
Dedico, adaptando-o ao Pepito, parte do poema de Fernando Pessoa, dedicado a D. Sebastião em Mensagem, no qual substituí loucura por sonho (no sentido de utopia).
Sem o sonho, que é o homem
mais que a besta sadia,
cadáver adiado que procria?
O Pepito mereceria mais que uma estátua! Mas julgo que ficaria bem mais satisfeito se soubesse que os vivos se encarregaram de passar o seu testemunho, de continuar todos os seus projectos.
Parece inevitável que, sem ele, a sua obra, a AD, fique bastante desfalcada. Será um desafio, para o novo Governo a sair destas eleições, valorizar todo o historial de experiências sociais inovadoras desta ONG.
Seria um desperdício que o seu papel pioneiro, todo o trabalho e suor do Pepito, com imenso valor sociológico, se perdesse por falta de apoio já que os tradicionais doadores debandaram, nestes tempos de crise.
Partilho algumas fotos (clicar para ampliar), que desde já agradeço ao meu grande amigo Mamadu Ali Jaló, da AD.
Partilho e recomendo vivamente, o último artigo do blog Tatitataia, intitulado «O último dos mohicanos», igualmente dedicado ao Pepito.
Há 2 horas
3 comentários:
Se Pepito foi o último dos Mohicanos é porque houve outros Mohicanos.
Será que a Guiné queria mesmo Mohicanos?
Mohicanos não fogem por Lampedusa ou Melila, esses não são Mohicanos.
Para ser Mohicano tem que se morrer a lutar?(trabalhar)
Por ventura terão sido escassos os Mohicanos na Guiné.
Não sei se consigo perceber inteiramente o espírito das suas afirmações.
Sim, houve outros mohicanos, como o próprio autor do blog que publica esse artigo.
Para se ser o «último», seja mohicano ou de qualquer espécie em extinção, é preciso morrer.
Morrer a lutar. A referência cinematográfica rememora para mim o conceito de resistência.
E a forma de lutar do Pepito era a trabalhar. A fazer coisas. Incansavelmente.
Nem todo o resistente tem a 'obrigatoriedade' de morrer 'mártir, vítima' ou sob qualquer outra adjectivação. E essa de denominar 'fugitivos' os que por Lampedusa ou Melila quiseram "...passar ainda além da Taprobana" define a prosa!Efectivamente o título 'Mohicano' não visa senão o conceito de resistência. Pepito, repousa tranquilo!
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