terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Pedido de desculpas «formal» a Portugal?

Acabo de saber pelo Saiba novidades, que se discute o impensável: será um cenário para o caso de Portugal restabelecer relações diplomáticas e apresentar primeiro igualmente uma desculpa «formal»?


É que não faz sentido discutir o que não tem sentido nenhum. A quem apresentariam esse «formulário» se não existem relações «formais» entre os dois países? Arriscam-se a não passar da portaria, sem cumprirem essas Necessidades. De quem a péssima ideia de submeter semelhante imbecilidade a discussão? 

Julgo que essa discussão está uma grande confusão, que o Governo e a ANP (o seu Presidente foi «deslocado») ainda estão um pouco a «Leste» do que está a acontecer no fórum do poder.

Mas, se o pedido não pode ser «formal», nada impede que o Ministro que se sinta responsável, volte a telefonar ao comandante do avião da TAP (uma vez que já tem o número), e lhe apresente pessoalmente um pedido «informal» de desculpas por o ter aterrorizado com o anterior telefonema (isto se ele atender, claro, pois pode ter ficado traumatizado).

Sindicatos pró-conspiração

Segundo notícia publicada pela Rádio Vaticano, os sindicatos recusaram-se a aceitar o pagamento de um mês de salário, fazendo chantagem política com a actual situação de tensão no país. A soldo de inconfessáveis interesses, pretendem passar para o exterior uma ideia de desordem e subversão, que de forma alguma traduzem o sentimento generalizado da população. Justificar-se-ia, neste contexto, uma violação da constituição, justificada para contrariar um mal maior: o lock out total, ameaçando os funcionários de perda do vínculo contratual, para recrutar depois apenas os mais capazes, com exame de admissão. Este é o canto do cisne do PAIGC, que ousa desafiar a existência do próprio Estado, que ajudou a criar; que é isto senão alta traição, instigada por actores políticos desclassificados, apostados na criação de um clima de instabilidade, do quanto pior, melhor?

Até quando a Guiné-Bissau estará refém de malfeitores mal disfarçando a sua natureza predatória e delapidatória? Até quando a Guiné-Bissau se julgará dependente de quem lhe quer impor, através de eleições desadequadas, uma insustentável pulverização da legitimidade, ainda para mais contaminada por espúrios candidatos proto-totalitários?

Efervescência

As atabalhoadas declarações do ridículo Ministro dos Negócios Estrangeiros português, com quem as autoridades de facto da Guiné-Bissau não mantêm relações diplomáticas, provocaram uma autêntica roda viva de reuniões em Bissau, pela sua despropositada agressividade e pela gravidade formal das acusações implícitas, que permitem informalmente suspeitar das piores das intenções, justificando-se o alvoroço, bem como a preparação de uma resposta institucional solidária à altura das graves insinuações produzidas.

O convite ao suicídio das Forças Armadas guineenses, diabolizadas e tornadas em bode expiatório de todos os males, é um perigoso precedente, cuja corda está a ser esticada até aos limites do bom senso, sem que se percebam muito bem os objectivos que presidem a essa atitude. Descartando a hipótese de simples e grosseira estupidez pessoal do ministro envolvido (que, de qualquer forma, decerto não seria de todo despropositada), Portugal não pode tomar posturas belicistas sem consultar a Assembleia da República.

Para além da inconsequência do seu ministro, este não é um simples cidadão: no desempenho do seu cargo, obrigou o estado português com comparações temerárias, em relação a um país com o qual não tem quaisquer relações diplomáticas que possa cortar (o que se sabe ser um primeiro passo para a guerra); nessa situação, este discurso só pode ter uma leitura, que é o fabrico, de todas as peças (tentando envolver outros actores internacionais como a UE), de um casus belli, de forma a ofender a soberania alheia.

Impõem-se as palavras irritadas e abusadas de Cícero, nas suas Catalinárias:

«Até quando, Machete, abusarás da nossa paciência?»

PS Um pequeno pormenor que talvez tenha passado despercebido à maior parte dos comentadores, mas que a visualização do vídeo esclarece: apareceram, na comunicação social, duas versões concorrentes das afirmações de Machete, no seguinte ponto:

«Foi um ato muito próximo dos atos de terrorismo, portanto, que
versão 1) não tem exatamente os mesmos objetivos»
versão 2) tem exactamente os mesmos objectivos»

A maior parte dos jornalistas ouviram a versão 2, porque o ministro «comeu», quero dizer, engasgou-se, com o «não».

Um pequeno inquérito de opinião. O que acha que aconteceu neste caso:

1) Lapsus linguae
2) Acto falhado
3) Fugiu-lhe a boca para a verdade
4) Gaguez congénita

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Gato escondido com o rabo de fora

Há muito que o governo português patenteia que está apostado em fomentar um clima propiciador de uma invasão estrangeira na Guiné-Bissau. Mas que esteja a aproveitar para isso um caso ocorrido com a sua própria transportadora aérea, prejudicando os seus nacionais bem como os naturais da Guiné-Bissau vivendo em Portugal, não tem pés nem cabeça. Se a conspiração vem de longe, está a assumir contornos de idiotice e fanfarronice inimagináveis, que em nada abonam a honra de Portugal. De mãos atadas, o imprestável Ministro dos Negócios Estrangeiros português já devia ter, há muito, seguido o exemplo do seu homólogo guineense: se, como o próprio diz, não tem relações com estas autoridades, que quer fazer? Quando é que, em vez de visar o pé, como tem feito, aponta directamente à cabeça?

A insidiosa campanha contra a Guiné-Bissau parece esconder outras intenções: a presença de Cadogo na Praia já por outra vez esteve relacionada com uma suspeita actividade de conspiração do mesmo tipo. Porque razão esta obsessiva insistência no desmantelamento das Forças Armadas guineenses? Que espera Portugal ganhar com a dissolução que preconiza para o Estado guineense? Talvez fosse melhor refazerem os cálculos: mesmo que, por absurdo, conseguissem derrotar as Forças Armadas guineenses, teriam de repartir o «bolo» com a comunidade internacional, na maior das confusões; mais do que impossível, seria uma vitória de Pirro; não chega o exemplo da Líbia, que agora propagaram à Síria? (com todos os lamentáveis «danos colaterais» que pudemos ver, dando aliás origem a este «casus belli»). Haja vergonha!

Acto de terrorismo

Segundo declarações, há pouco, de Rui Machete, o que se passou em Bissau é o equivalente a um atentado terrorista. Pena que os jornalistas engulam barbaridades destas e não peçam ao senhor ministro para esclarecer o que entende por isso. Pelos vistos, por milagre, conseguiram impedir a tempo que os 74 terroristas detonassem as suas cinturas de explosivos, no aeroporto de Lisboa. Decerto o senhor ministro tem provas concludentes do que afirma, talvez uns quilitos de explosivos (de fabrico comprovadamente guineense, claro) apreendidos na operação, que faria bem em mostrar à televisão.

Cada vez que abre a boca, senhor ministro, sai baboseira, e da grossa. Não bastavam as acusações de:

1) Tráfico de armas
2) Tráfico de drogas
3) Tráfico de orgãos humanos
4) Tráfico de refugiados
temos agora também
5) Terrorismo

A nova acusação é consubstanciada da seguinte forma:
«pagaram uma determinada quantia por cabeça a uma organização»
claro que pouco importa o pormenor de que essa organização tenha sido uma agência de viagens, as quais, normalmente, fazem precisamente isso, cobram uma certa quantia por cabeça para facilitar uma viagem

Portanto, já estamos a ver que é, salvo erro, o novo slogan de uma campanha de marketing com o objectivo de promover o destino Portugal no estrangeiro, especialmente vocacionado para o segmento geográfico do Médio-Oriente:

«FAÇA T(ERR)URISMO EM PORTUGAL»

P.S. Não sei o que me custa mais: um acto de terrorismo ou ter de gramar com um acto de estupidez deste calibre. Agora que as coisas se estavam a acalmar e a seguir a via da normalização, por parte da TAP, estas declarações inflamatórias soaram a perfeitamente gratuitas, lançando a suspeita de que estarão em curso pressões sobre a TAP para que a companhia mantenha o cancelamento dos voos para Bissau, por razões políticas. Isso sim, poderia ser legitimamente apelidado de terrorismo de Estado para com os seus próprios concidadãos, que toma como reféns.

Guarda Luandiana em Juba

Parece um nome mais adequado, preterindo «Pretoriana», pois Pretória é bem mais para Sul...


A noite de ontem foi marcada por intensas trocas de tiros, incluindo armas pesadas, em Juba, capital do Sudão do Sul, cujo presidente tem José Eduardo dos Santos por mentor e modelo do seu regime. Quando este, no fim de Julho, criou a actual situação, ao demitir o seu opositor do cargo de vice-presidente, não se esqueceu de mandar um pombo-correio a Luanda avisar pessoalmente JES (bem ao estilo do próprio). Os americanos aproveitaram para avisar logo que não era solução, que o vazio político poderia contribuir para a instabilidade no país. 

Hoje, o ex-vice-presidente e opositor, obviamente imediatamente acusado de ser o promotor de tentativa de golpe de estado, declarou que o Presidente «Quer instalar uma ditadura, não ouvindo ninguém».

O padrão está a tornar-se engraçado e recorrente: Angola exporta «guardas pretorianas» para se ingerir em assuntos internos de estados (mais ou menos) soberanos... Tal como com a MISSANG (felizmente, na Guiné-Bissau, ao contrário dos outros casos, não chegou a haver tiros), ninguém tenha a ousadia de colocar em causa o humanitarismo angolano, a sua vasta experiência em mediação de conflitos: que o diga o presidente em exercício da CEDEAO, Alassane Ouattara!

Besta política

Um anónimo publicou, em comentários:

Delfim da Silva é um animal político. Se alguém pensa que entrou neste governo de bandidos para corroborar a corrupção, desengane-se. Em tempos foi preso e recambiado de Moscovo para Bissau por ordem do PAIGC. O 7ze sabe porquê? Informe-se. 

Ora por essa lógica, nunca deveria ter entrado para esse Governo. Não sabia no que se estava a meter? Coitadinho, tão ingénuo e cheio de boa vontade! Não se percebe é porque contribui para a confusão: se não se considera responsável, porque utiliza o «nós», isto e aquilo? Quem o oiça, parece que fala em nome de todos os guineenses... Delfim sempre teve a sua própria agenda, está a cobrar honorários e a posicionar-se, mas talvez o tiro, desta vez, lhe saia pela culatra.

A Guiné-Bissau não é nem nunca será um narco-estado.

Ainda a TAP

Agora pela pena de José Paulo Fafe. Ver artigo.

Afinal apurou-se a verdade, que em nada abona o sensacionalismo com que a notícia foi tratada na comunicação social portuguesa, para massacrar a Guiné-Bissau. O pior é que o massacre dura sempre mais que as notícias propriamente ditas, encartando e estimulando uma série de comentadores «bem falantes», que nunca perdem a ocasião para escarnecer e denegrir a imagem de um país, mesmo revelando, a maior parte das vezes, uma constrangedora ignorância.

É a parcialidade totalitária do «politicamente correcto», em gentinha prestes a agachar-se perante Angola, mas que se julga superior aos guineenses.

Voo TAP para Bissau nos Telejornais

Ouviram-se críticas, bastante «orientadas», mas também quem tenha resistido aos jornalistas e dito que essa era uma questão «diplomática», recusando-se a confirmar a «orientação» que queriam dar à questão:

RTP «_É mau para a imagem da Guiné?»
Entrevistado: «_Desculpa, não vou responder a isso»

(legendagem em português: _Vai bugiar!)

Versão
RTP
SIC

Irresponsabilidade de Delfim

Na busca de protagonismo que se lhe conhece, o ex-ministro dos negócios estrangeiros, Delfim da Silva, fez declarações impróprias, ofensivas e injustas, relativamente ao país, rapidamente retomadas e propagadas pelos comentadores de serviço na comunicação social portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa pegou nas palavras do ex-ministro, na sua conversa semanal com Judite de Sousa, na TVI, para dizer que:

1) «Portugal tem sabido lidar com habilidade com esta questão»: será, senhor Professor?

2) «O que apetece é ser radical»: o que quer dizer com isso? erradicá-los, aos guineenses?

3) «Não se pode ser radical à custa das relações com a Guiné»: quais relações?

4) «A ser verdade aquilo que diz o antigo ministro, quer dizer que a Guiné não só não é um Estado de Direito, como não é um Estado, é um estado falhado»: e Portugal, caro senhor professor, o que é? A Guiné pelo menos tem o futuro à sua frente, coisa que Portugal, com os políticos falhados que tem (a cujo rol Vocência pertence), nunca terá.

Claro que os papagaios de serviço aproveitam para editoriais insultuosos e agressivos. Como se não nos bastasse já um Filipe, eis que surge outro, com um curso incompleto de jornalismo (não chegou a passar na cadeira de higiene, etiqueta e boas maneiras), a querer dar lições de moral. Basta ler o título: «Os sanguessugas», mas veja-se a introdução, no pasquim de Negócios: «o Estado da Guiné-Bissau está podre, exala um cheiro nauseabundo»... acabando por defender o «desmantelamento das Forças Armadas».

Delfim prestou um mau serviço ao país. Se queria demitir-se, o silêncio teria sido decerto a atitude mais digna e apropriada.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Diplomacia particular

O governo «legítimo», que desembarcou na Praia, com vista para o continente, tem, segundo DC, mantido contactos com a TAP e o governo português... graças a esta multiplicação e convergência de esforços, é provável que a companhia aérea portuguesa retome sem delongas os voos para Bissau, dando por encerrado este lamentável equívoco.

Banana esteves

O Público publicou em Opinião um desconhecido, assinando Pedro Esteves, pseudo-intelectual pomposamente auto-intitulado de «analista», o qual, sem ter a boa educação de se apresentar, debita uma série de banalidades copiadas das piores fontes de lugares comuns acerca da Guiné-Bissau.

A Guiné-Bissau não foi nem nunca será um Narco-Estado! Isso não começou nem se agravou (pelo contrário, aliás) com o 12 de Abril. «É tempo de concertar posições e tomar medidas imediatas de isolamento e sancionamento»? Esteve, Pedro, desatento, nos últimos tempos... Vá informar-se.

Já conhecemos este discurso de cor e salteado. Não vale a pena servi-lo por pretextos menores (para não dizer inexistentes). Ou produz um pouco de sumo, apresentando um mínimo de consistência, ou os editores do Público deveriam rejeitar este género de lixo. Ó Estebes, bá ... postas de pescada para outro lado.

TAP reconsidera

Parabéns à TAP por ter começado a corrigir o tiro: por aí se vê que toda a visibilidade dada ao caso Airplane People e a extemporânea medida de suspensão do voo adoptada tinham sido desnecessárias, se tivessem deixado o SEF fazer calmamente o seu trabalho, na recepção já no chão, concentrando-se na sua vocação de transportadores. Pois, a menos que os comandantes da companhia tenham delegação de competências do SEF, atitudes deslocadas como a ocorrida em Bissau configuram apenas excesso de zelo.

A medida proposta, de apresentação de um visto válido para o Espaço europeu no acto da venda do bilhete, vem resolver tranquilamente a «tempestade num copo de água» que desencadearam. O melhor é anunciarem já a retomada dos voos para Bissau, nas novas condições. Um pouco de senso comum e de espírito prático resolveram o «bicho de 7 cabeças» que criaram.

El fim de delfim

O Ministro dos Negócios Estrangeiros guineense apresenta a demissão, exclusivo do Umaro. A quebra de solidariedade com o Governo justifica-o, tendo caído mal a sua infeliz prestação no caso do «Airplane People». A sua vocação para um protagonismo da «mediação» não favorece a presença no governo actual. Deveria ter aprendido a lição, quando o Presidente da República o mandou chamar ao Palácio por ter querido colocar paninhos quentes no caso dos polícias cabo-verdeanos. As suas manobras divisionistas no seio do governo não surtiram a solidariedade desejada, saindo sozinho...

Portugal reconhece que precisa da Guiné-Bissau

1) O Presidente da República, em Portugal, ao contrário do caso de França, por exemplo, não tem competências na área dos Negócios Estrangeiros.

2) Portugal não reconhece a Guiné-Bissau como Estado independente, vai para dois anos parado no tempo

A que propósito vem portanto a declaração de Cavaco Silva? Responsabilidades sobre uma viagem em grupo? Deve ser para rir. Responsabilidades tem o governo português, que, numa inqualificável atitude, tem vindo a perseguir e a prejudicar sistematicamente a Guiné-Bissau no palco internacional. A que autoridades estará Cavaco Silva a dirigir-se? Será que não conhece a posição oficial do seu país?

O encarregado de negócios da Guiné-Bissau em Lisboa deveria declinar «diplomaticamente» qualquer convite posterior para se deslocar ao MNE a esse pretexto, significando ser o «negócio» matéria que o transcende, remetendo para futura acreditação de um embaixador, tais assuntos mais melindrosos.

O problema foi Portugal que o criou, ao cortar as relações com um país de língua portuguesa, onde possui uma importante comunidade, mantendo essa atitude para além do inimaginável, apenas por causa de uma «birra» infantil de um mentecapto do actual governo. Não queiram agora empurrar as culpas.

P.S. Se não fosse pedir muito, o senhor presidente poderia falar, isso sim, em termos genéricos, da catástrofe humanitária provocada pelos agitadores americanos, ingleses e franceses na Síria, que acaba por dar origem a estes tristes e lamentáveis casos para a dignidade humana. Congratular-se por terem escolhido Portugal, tão longe da sua origem (com a Grécia ali tão perto) e já agora, pelo jovem português de origem síria que veio selar este benefício de refúgio, que prestigia Portugal. Utilizar este caso, perante a Europa, para chamar a atenção para a tragédia que vive o povo sírio. Essa seria uma atitude humana, mas também inteligente, que prestigiaria a sua função, que gostaríamos de ter por nobre.

Ainda a TAP

A morte de Mandela fez-me lembrar o «apartheid»: que achariam se, depois de subir no autocarro, o motorista cobrasse bilhete e depois vos expulsasse, dizendo que o autocarro era apenas para boers? Então dissesse antes de cobrar o bilhete, ora essa! A TAP é uma transportadora. Não quer transportar, não venda os bilhetes. Ou os bilhetes também eram falsos?

Quanto à diabolização subliminar da Guiné-Bissau na comunicação social portuguesa: mais um caso de «passaportes falsos», de «desordem», etc... vamos-nos habituando às injustiças. Mas quererem à força arranjar um bode expiatório, permite-nos questionar: os referidos «turcos» saíram da Turquia (um país em vias de aderir à União Europeia), com esses mesmos passaportes «grosseiramente falsificados», para Marrocos, e só depois para Bissau: porque não agridem esses países, por «quebras graves de segurança»? Não têm cá embaixadores? Chamem-nos... criem incidentes diplomáticos... (ou há países de primeira e países de segunda?) para a Guiné-Bissau pode seguir o «lixo» todo (deviam ter mais cuidado com os discursos pois estamos a falar de pessoas!) que ninguém se importa, mas os turistas escolhem um «destino de prestígio» e cai o Carmo e a Trindade. E não estamos a falar de desgraçados, mas de gente que pode pagar (segundo as más línguas, vinte e cinco mil dólares per capita só do «carimbo» Bissau no passaporte «falso»). Para um país que agora vende Vistos «Gold», não se percebe qual é a moralidade, ou sequer qual a sensibilidade «económica».

Já quanto a Delfim da Silva, não se percebe porque foi a correr pedir desculpa aos portugueses. Quererá imitar o modelo do triste ministro dos negócios estrangeiros português? E esse encarregado de negócios é uma pessoa importante (muito acima de embaixador): priva muito em particular com ambos os MNEs!

Como português sinto-me beneficiado com o nascimento da criança de origem síria, em Portugal; com o défice de natalidade que por cá grassa (e tantas casas desocupadas para alojamento), talvez se devesse agradecer a estes pioneiros, e fazer uma proposta mais alargada aos sírios, entregando-lhes aldeias inteiras para restaurar... Quando voltassem ao seu país, acalmadas as coisas, deixariam os locais beneficiados. É gente que não precisa de muito e ficarão muito agradecidos... E já, agora, deixem-se de histórias de terrorismos muçulmanos (estes sírios são cristãos), e de generalizações abusivas, é só gente que pretende um pouco de paz, que não tem no seu país (se calhar devido à ingerência estrangeira).

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Inconsistente mor

A decisão do Governo português de cancelar os voos da TAP para Bissau, na sequência de um incidente com refugiados sírios, poderia ser classificada de tiro no pé (prejudicar a sua própria companhia aérea nacional, bem como a sua comunidade residente no país) não fosse o facto de o Ministro dos Negócios Estrangeiros português ter, uma vez mais, posto a pata na poça, misturando alhos com bugalhos.

O que tem a ver o diferendo (pouco) «diplomático» com Bissau com o facto de a Europa ser um destino apetecível para os coitados dos refugiados sírios, que apenas pretendem fugir à guerra? Se estes pretendem fazer turismo em Portugal e optaram por um percurso mais confortável do que os tristes e infames boat people de Lampedusa, como podem classificar o caso como «grave incidente diplomático»?

Não se compreende o problema da TAP. Não venderam os bilhetes? Ou eles ficaram a dever? E talvez o Ministro devesse consultar os Direitos Humanos, nomeadamente o de asilo. Aos sírios, talvez se pudesse recomendar a instalação em Bissau, até que a situação no seu país acalme, face à má vontade e insensibilidade do Governo português, mesmo perante os casos das crianças e de uma grávida.

Mas leia-se a pérola de Rui Machete: «o ministério de Rui Machete afirma, em comunicado, que o encarregado de negócios da Guiné-Bissau "foi chamado" ao ministério dos Negócios Estrangeiros, "tendo-lhe sido transmitida a gravidade do ocorrido", uma das "medidas no campo diplomático" que o Governo português "encetou desde o primeiro momento"». Discurso chocho e oco. Não quer dizer nada.

Mas dá para perceber algumas coisas:

1) O MNE, embora não reconhecendo as autoridades de facto na Guiné-Bissau (não se coibindo de o lembrar nestes comunicados, lembrando aos seus cidadãos para evitarem viajar para lá, esquecendo todos aqueles que têm lá vida), «chama» ao Ministério o encarregado de negócios (que não pode ser confundido com um embaixador)

2) Gravidade do ocorrido? Só se for nas suas fracas cabecinhas: o problema é de Portugal, que foi o destino escolhido. Não reconhecem a Guiné-Bissau, perseguem as suas autoridades por todos os meios e vêm falar em «gravidade» do ocorrido? Nem a brincar! E agora, que sugerem? Vão redigir um ultimato a quem não reconhecem?

3) O texto torna-se depois completamente incompreensível: «medidas no campo diplomático»? que o Governo «encetou desde o primeiro momento»? Pois, pois, já se sabe: logo no dia 12 de Abril do ano passado, ficou tomada, essa medida; agora não há mais... Colocam a descoberto a própria incompetência e inconsistência...

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Guiné-Bissau em Nº1

Nem tudo é mau: numa coisa a Guiné-Bissau lidera destacada! Com os apelos ao boicote do recenseamento, associados à multiplicação das candidaturas, a Guiné assume-se claramente como recordista no rácio candidatos/eleitores... Brevemente 1 para 1: empate em toda a linha; mil eleitores dificilmente «qualificados» votaram em si próprios... registando-se um empate a 1000-1000. Mil eleitores com um voto. Como desempatar?

Num país com apenas um milhão de potenciais eleitores e um boletim de voto retro-verso, no qual é precisa meia-hora para encontrar a foto/logo correspondente à intenção de voto, tudo pode acontecer. Não há «re»censeamentos, porque os «censos» foram apagados, não dá para «re»censear, há que, com pouco senso, registar tudo de novo, com todos os «defeitos» (as omissões) e «proveitos» (as redundâncias) que isso implica.

O boicote promovido pela Ditadura faz todo o sentido. Cada candidato que vote em si próprio: esse é o melhor elogio possível da democracia. O actual processo de recenseamento e o (in)consequente processo eleitoral encontra-se definitivamente desacreditado. Há que inventar um novo «boneco», mais consensual. Com senso ou sem senso, o figurino volta «à casa de partida», a responsabilidade retorna a quem criou o caso: U broke it, U own it.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Conselho de Segurança modera discurso

Grandes diferenças se podem encontrar no documento final emanado hoje do Conselho de Segurança, em relação ao «rascunho» (draft) divulgado há três dias atrás.

O proposta falava ostensivamente de reforço da ECOMIB, fazendo apelos aos vários parceiros para esse efeito, especificando um total de 300 homens de duas unidades de polícia formada para o efeito... Daba, quando apresentou os farsantes do BMW, no fim de Novembro, aproveitou para manifestar desconforto perante essa intenção da CEDEAO. Nada disso aparece na versão final do Conselho de Segurança, com uma redacção bem mais comedida e adequada.

Também o último parágrafo, que condicionava o restabelecimento de relações e o reconhecimento internacional (através da Comissão que António Patriota preside) à tomada de posse de um governo democraticamente eleito (conforme proposta do ex-ministro brasileiro), não passou: uma oposição cerrada do Ruanda e de Marrocos impuseram uma expressão bem mais feliz: «assim que estiverem reunidas as condições necessárias». Ler estes bastidores.

Parabéns à Organização pelo bom senso

7ze: (10a)Conselho esta medida

O Conselho de Segurança parece apostado em confirmar a sua incompetência, associada a uma pertinaz tendência para «promulgar» conselhos desadequados, deslocados, inoportunos e ineficazes, ao fazer pender «recomendações» tendenciosas sobre organizações sub-regionais.

Cumpram-se os acordos assinados, evacuando, como previsto, a ECOMIB, até ao fim do ano. Para que servem estes apelos patéticos ofendendo as Forças Armadas guineenses, na sua capacidade para manter a ordem pública e acautelar a integridade territorial e soberania nacional?

Esse era o melhor conselho de segurança que poderiam dar à Guiné-Bissau: resolvam os vossos problemas sem interferências estrangeiras.

Onde é o Bangui-Bangui? Não me parece que seja bem aqui...

Pulverização da legitimidade

Os factos, recentes e menos recentes, mostram, sem margens para dúvidas, que nenhum candidato ou partido, conseguirá reunir de início, força ou adesão suficiente, que possam legitimar a sua ascensão ao poder. Onde está a reflexão política, a ideologia, onde estão os projectos para o país? O acto eleitoral vai desdobrar-se em vãs querelas e intrigas tendo exclusivamente por base a mais pura demagogia...

E não há que tentar fazer das Forças Armadas o bode expiatório para todos os males. O mal, como o porta-voz do Comando Militar já teve oportunidade para evidenciar, é bem mais profundo, tem a ver com todo o mal estar que a mediocridade da mentalidade política gerou ao longo dos anos. A Guiné-Bissau encontra-se numa encruzilhada e esse caminho está mais que gasto, valerá a pena voltar a optar pelo beco?

Em vez de perder ingloriamente tempo, dispersando todas essas forças anímicas, em inúmeros conflitos e frentes sem qualquer nexo com a realidade, exacerbando tensões até ao limite do tolerável, arriscando inutilmente tensões artificiais, num contexto económico e social já de si muito complicado, seria porventura mais útil e refrescante alguma iniciativa séria e sustentável de convergência nacional.

Poderosas forças de dispersão, potencialmente explosivas, estão à espreita. É a nacionalidade que está em causa: a capacidade para encontrar um modelo de governança adequado, que garanta estabilidade e previsibilidade. Para isso será necessário algum género de «entrega» (aqui sinónimo de legitimidade), capacidade para acreditar em propostas substanciais, mesmo que aparentem a sua quota parte de utopia.

Neste contexto, julgo importante considerar factores mentais importantes a trabalhar, em prol de uma nova e mais dinâmica conjuntura:

1) Necessidade de neutralizar o «potencial» de ambição de poder «político» e substituí-lo pelo conceito republicano de «serviço» público

2) Respeito em torno de uma hierarquia tecnocrata e pessoalmente responsável por um projecto nacional bem definido e transparente

3) Empenho das Forças Armadas, como pilar da soberania e independência, numa aposta consistente de progresso nacional

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Equilíbrio rompido

A candidatura de Kumba Yalá é claramente inoportuna. Destituído por um contra-golpe de Estado (oposição ao golpe do presidente na respeitabilidade do Estado), a concretizar-se a sua intenção de concorrer às eleições presidenciais, vem acirrar os ânimos e lembrar momentos do passado que todos gostariam que estivessem definitivamente enterrados.

Além disso, a partir desse momento, legitima claramente Carlos Gomes Junior, igualmente deposto por um contra-golpe, a voltar à Guiné, com o mesmo objectivo. E este, ou o faz já, voltando tempestivamente a Bissau, ou terá perdido definitivamente o «comboio» destas eleições. O confronto, que nada oferece de novo, não interessa à Guiné.

PS Pudessem os dois tirar algum proveito do caminho que mostrou Nelson Mandela, dariam um exemplo pedagógico de abandono.

Obrigado, Madiba

Numa redundância plenamente justificada, os blogs da rede guineense de informações publicaram a notícia da morte de Nelson Mandela, acompanhada de comentários e resumos da sua obra e feitos.

Pela parte de Angola, as condolências, desta vez, não vieram da Presidência da República. Foram enviadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros. É que «o grande exemplo» não se adapta propriamente a Angola...

Mandela, depois de conquistar, com toda a legitimidade, o poder (o que não foi o caso de José Eduardo dos Santos); soube abandoná-lo, no cume da sua popularidade, deixando o palco aos mais novos (coisa que José Eduardo dos Santos, pelos vistos, também não consegue).

Lutava «contra a dominação branca e contra a dominação negra». Ver Ordidja, link à direita.

Também neste campo, o modelo angolano introduziu uma grave e perniciosa distinção: entre os extremamente ricos (estilo autocrata, arrogante e vaidoso), os seus escravos brancos (maioritariamente portugueses: embora mesmo esses - se bem que finjam que não - acabem por desprezar os seus «donos»), e o resto (a imensa maioria) da população, que vive abaixo de cão.

A morte de Mandela justifica uma reflexão profunda e consistente sobre a sua coragem e exemplo.

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Comprar a tela de Nelson Mandela, na loja do 7ze.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Está na hora

De sentar à mesma mesa!

Obrigado Anónimo, em opinião publicada pelos irmãos balantas.

Obrigado, Dra Carmelita Pires, pelo realce dado às palavras do Bispo e Reitor da UMB.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A atónico e sem acento

Desculpem o pleonasmo, apenas para defender o nome correcto do escritor Abdulai Sila, que alguns continuam recorrente e erradamente (e ao contrário da vontade já expressa pelo escritor de deixar cair o acento tónico) a tratar por Silá. Não basta fazer elogios: há que lê-lo, e respeitar a sua identidade e opções.