terça-feira, 17 de setembro de 2013

CPLP dividida

Manteve-se a dúvida, até à última hora, quanto à presença da delegação da Guiné-Bissau no encontro de Chefes de Polícias da CPLP. Face aos incansáveis esforços de Timor-Leste, na pessoa de Longuinhos Monteiro, contando com a simpatia do Brasil e de São Tomé, país anfitrião, a diplomacia portuguesa, numa cobarde atitude persecutória, para evitar assumir frontalmente a sua posição, optou por recusar a emissão de vistos à delegação guineense, para uma simples escala em Lisboa. Acrescente-se que nenhum dos elementos dessa delegação consta de qualquer lista de interdição publicada ou subscrita por Portugal.

«Embaixada» de Portugal em Bissau? Não tinha sido despromovida a simples representação de negócios? Perante esta pouca vergonha, talvez o senhor Presidente da República deva convidar, agora que já dispõe de instalações condignas para o receber, o «Embaixador», representante de negócios, ou seja lá o que for, para lhe dar um valente puxão de orelhas: ficaria assim acreditado. Pelos vistos, Rui Marionete e a política externa de Portugal, continuam estáticos e agrilhoados às inqualificáveis instruções de um Paulo Portas ressabiado.

Ver notícia

Terão os responsáveis portugueses a noção da gravidade da situação e dos altos custos políticos da sua birra gratuita? De estarem a contribuir para a dissolução da CPLP?

domingo, 15 de setembro de 2013

Nitro Alves

José Eduardo dos Santos, que insiste na sua raivosa campanha contra meia dúzia de adolescentes (em crescimento), acabou de receber um sério aviso. De uma mãe.


Depois do folhetim Luaty Beirão e Emiliano Katumbela, as autoridades inauguram agora uma nova frente de luta. A idade da acusação política vai baixando.

Dos 22 de Katumbela para os 17 anos de Nito Alves. O regime está a atingir um nível preocupante de paranóia. Luaty, Emiliano, Nito Alvos a abater? A Nitro é explosiva...

E com as mães não se brinca: o aviso, «se algo de mal acontecer ao meu filho, torno-me revolucionária» tem toda a legitimidade. A paciência tem limites.

Adjarama, irmão Doka.

Orgulho de ser guineense!

Bravo! ao Tomé Delgado Pinto pelo magnífico e oportuno artigo de opinião.


Efectivamente, esse velho fantasma tribal da «balantização» (lembrar um artigo de Didinho de 2004 ou um outro que publiquei aqui há cerca de um ano) volta hoje não só a servir os propósitos desestabilizadores da nacionalidade e verdadeira identidade guineense, como é agitado perante a comunidade internacional (chega-se a usar o terrível sinónimo de rwandização) numa (vã) tentativa para impor uma presença militar estrangeira «contra» as Forças Armadas, garantes da soberania nacional.

Obrigado, irmãos balantas na diáspora.

Nuno Rogeiro entrevista Cadogo

Cadogo continua a revelar a sua confusão identitária e inconsistência temporal:

Fala sempre no plural, como Júlio César, utilizando o «nós», mesmo nos assuntos mais desadequados, como a luta de libertação (não fazendo parte desse «nós», deveria usar o «vós»).

Acerca das acusações da DEA a António Injai, disse que está à espera que os americanos entreguem as provas ao «governo» (entenda-se o seu, claro, o legítimo, embora seja candidato presidencial).

Mal conseguindo disfarçar o gozo, Nuno Rogeiro desejou-lhe, para terminar, boa viagem de retorno a Bissau e longa vida...

sábado, 14 de setembro de 2013

Outro PP!

O ex-Comandante Pedro Pires sente-se indesejado na Guiné?

Ainda há pouco tempo vinha com falinhas mansas, oferecendo-se para «mediador». Esta semana, com uma entrevista ao Expresso, opta por um dos lados de um conflito que se propunha mediar? Poderá aferir-se, por esta atitude, a sua boa fé (e imparcialidade para árbitro).

Que é feito do pote de mel? Não se caçam moscas com vinagre. O lobo despiu a pele de cordeiro? Que pretende com esta entrevista? Atirar mais achas para a fogueira? Como lembrou o Didinho, quantos mais entraves colocarem à normalização da situação, mais tempo durará a transição.

Ah, e está a estragar o trabalho tranquilizador da Associação de Amizade entre os dois povos.

PIRE-Se.

Já o jornalista que assina a entrevista, José Pedro Castanheira, enxerta também, no final da entrevista, a sua opinião e preconceito: em que é que se baseia para afirmar que «Os EUA estão mesmo decididos a capturar o atual Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, general António Injai»? Entrevistou o Obama? Ou foi o ex-Comandante que lhe segredou?

E, já agora, confundiu 7 de Junho de 1998 com «Maio de 1999»; e Ansumane Mané não só «tentou depor o Presidente da República, Nino Vieira», como o depôs mesmo... Ele é que depois voltou (mesmo a pedi-las). Enfim, não há nada mais irritante que candidatos a jornalistas a quererem parecer entendidos, debitando postas de pescada, sem fazerem o trabalho de casa como deve ser.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Esperança poética

Já ontem, ao ler o Dautarin da Costa, tinha ficado fortemente emocionado.

Mas hoje, a leitura de dois artigos de Branca Clara das Neves, publicados pelo Didinho, fez rebentar os diques de contenção, e chorei de emoção.

Nestes momentos conturbados, os melhores filhos e filhas, amigos e amigas da Guiné-Bissau, elevam a nota de esperança!

Oportuna, a visão interna de uma máscara de tubarão, para assustar os candidatos à iniciação! Está-se a ver para quem é o «barrete»... do tubarão azul.

Canto Suspenso

Três vezes atrás

Adjarama pela poesia, 3 x Branca, preto, preto, preto.

Parabéns ao Progresso Nacional!

Parabéns ao Progresso Nacional pelo meio milhão de visualizações! E também pela grande reportagem sobre os fosfatos de Farim. Farim quer dizer governador em guineense (lembrança toponímica de uma organização política de tempos pré-coloniais)… mas parece-me evidente que os fosfatos representam um caso típico de má governação em África.

No Ministério e Direcção Geral envolvidos, não têm conhecimento do caso? Muito estranho…. Então quem emitiu os documentos que o Progresso Nacional desencantou? Serão falsificações? Onde param os vinte milhões de euros que a empresa afirma ter gasto em 2009? Terão alguma coisa a ver com o carácter draconiano e predatório da concessão?

Não se consegue discernir quais as vantagens para o país de um projecto associado a custos (e riscos) ambientais elevados, sem quaisquer contrapartidas para o Estado. Tal como com a bauxite de Boé, parece que as empresas promotoras não estavam a negociar com a Guiné-Bissau, como Estado, mas tão só com Cadogo, a título pessoal, o «proprietário».

Por isso o preço das acções da GB Minerals está tão deprimido, reflectindo as probabilidades, antecipadas pelos accionistas, de Cadogo voltar ao poder (um décimo do valor nominal!). Consideram pois que a «aposta» (de manutenção no poder do seu «campeão») está perdida, tal como, aliás, a «entrada» ou «sinal» que deram para o negócio…

De certa forma, é «bem feito». Está na altura de os candidatos à exploração dos recursos do continente começarem a respeitar os africanos, como povo (e a mãe terra que pisam): devem respeitar as instituições (por frágeis que sejam) e regras claras de transparência (como nos seus países), deixando de especular com a corrupção dos seus líderes.

Talvez essa, como defende o Progresso Nacional, seja a melhor forma de lidar com os elevados «riscos políticos», que são o seu maior calcanhar de Aquiles. Um negócio que se paga em dois anos de exploração? Sem contra-partidas (pelo menos, públicas) para o Estado receptor, dono do sub-solo? Tudo feito na maior discrição e quase em segredo?

Baseado em notícias recentes, publicadas pelos irmãos intelectuais balantas e pelo Samuel Vieira no Nô Djemberém, gostaria de apresentar dois casos de mineração do ouro na África ocidental (que tem um longo historial, tendo feito a riqueza dos impérios que por aqui gravitaram): um bom e um mau exemplo, dos quais se podem retirar valiosos ensinamentos.

Primeiro, o mau exemplo: o encerramento compulsivo de uma mina no Ghana, de capitais chineses, depois da ocorrência de uma catástrofe ambiental. A apetência pelo lucro fácil e a ganância, desrespeitando normas básicas de segurança e descartando preocupações ambientais, não são sustentáveis a longo prazo, pela sua inevitável falibilidade.

O bom exemplo vem do Senegal, onde uma importante fatia da actual receita fiscal do Estado provém da exploração desse mineral por uma empresa canadiana, a qual, para além disso, faz questão de invocar responsabilidade ambiental e social, promovendo projectos de desenvolvimento em várias áreas, desde a educação, saúde, agricultura, economia.


Este caso deve constituir-se como um aviso sério ao capital especulativo candidato à exploração dos recursos africanos: só têm a ganhar em abandonar preconceitos «selvagens» ferozmente neo-colonialistas; em fazer as populações beneficiar de uma (pequena) parte do imenso valor que pode ser sustentavelmente criado num clima de confiança mútua.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Clarificação de Fernando Vaz

Fernando Vaz defendeu que a ante-proposta de Amnistia seguiu por caminhos errados, ao centrar-se na figura dos autores do (contra)golpe; o esclarecimento, se tardio, é bastante feliz, pois o que está em causa é a amnistia do próprio golpe, independentemente dos seus autores. Dada a composição do hemiciclo, seria improcedente defender um voto de louvor aos executantes, que aceitaram dar a cara, no desempenho dessa patriótica e inadiável missão, que se impunha.

O PRS prepara já uma revisão, para que nova proposta, reformulada, suba de novo ao hemiciclo. Uma vez que esse voto se destina simplesmente a confirmar anteriores compromissos, o PRS, claramente minoritário e ao sabor dos caprichos, jogos e intrigas dos deputados absentistas, poderia inverter o ónus: uma proposta de simples validação da Lei da Amnistia, que, não sendo chumbada, daria os anteriores compromissos por assumidos. Qual a vantagem? Acabavam-se as férias, haveria quórum, para os deputados da maioria deixarem de se refugiar hipocritamente uns atrás dos outros, à vez. É que assim os absentistas contariam a favor da proposta!

Quanto à Liga e aos blogs que têm defendido que se tratou de uma «grande vitória» do CHUMBO, não se percebe como é que, quem se diz democrata (não sou eu) defende tal sofisma, que de outra coisa não se trata. 40 deputados votaram a favor da amnistia, 25 contra.

Em democracia, 8 ganham a 5! Azar a soma dar 13.

Grito de Revolta

Sobre a questão da nacionalidade guineense, Dautarin da Costa, apresenta-nos uma magnífica reflexão, a de um jovem e cosmopolita guineense, a quem insultaram e ultrajaram no seu mais profundo sentido de pertença e de identidade. A não perder!

Obrigado Progresso Nacional! 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

ANP fora da lei

A ANP, ao não aprovar a Amnistia prevista no Pacto de Transição assinado com o Comando Militar, coloca-se fora da lei. A violação dos acordos assinados nessa própria Assembleia, cria um facto político desnecessário, é manifestamente infeliz e arrisca-se a tornar-se um grave factor de desestabilização da actual situação política, já de si periclitante.

Uma ANP fora do prazo de validade, opta pelo incumprimento dos compromissos assumidos, numa clara atitude de desafio, perante a figura do Comando Militar. Tratando-se de um plano bem estruturado para criar confusão e empurrar o país para a Ditadura Militar, não faria «melhor». Pretendem encostar à parede os militares, de quem receberam o poder?

Os deputados do PAIGC à ANP colocam-se deliberadamente numa situação ilegal e sem saída? Espicaçar o leão com a vara curta nunca foi prova de inteligência. O PAIGC continua a pretender arrestar a nação e criar instabilidade, apenas porque as coisas parecem não lhe correr de feição? Seria útil conhecer a posição dos vários candidatos à liderança sobre o assunto...

Equívoco ou provocação? De momento, não me ocorre outra solução legal e pacífica a não ser os militares aceitarem submeter-se a um julgamento rápido (se a Justiça civil não estiver pelos ajustes, remeta-se para o Tribunal Militar), no qual possam validar as suas razões. Ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo «crime». Depois de este tiro no pé, resta a dissolução!

Gomes Sénior

Felicitações a Paulo Gomes, guineense na diáspora, pela sua corajosa decisão, neste momento difícil, assumindo a dívida que tem para com a Nação, pela sua identidade e formação.

Agradeço ao seu staff o convite para a apresentação da candidatura, que publicaria de imediato se ainda não tivesse já sido (para evitar redundâncias na rede guineense).

Aceite os desejos de felicidades na missão que se impôs, de regresso ao País, para dar o seu contributo, valorizado pelo grande sucesso obtido na sua carreira profissional.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Duelo em alegorias animais

Depois de um magnífico artigo, no qual a alegoria era digestiva (e os maus da fita não eram os necrófagos); Filomeno Pina volta à carga, com mais uma «deliciosa» análise em torno da luta titânica que opõe mar e rio, precisamente na Guiné-Bissau, onde a terra depende sobretudo da maré.

Desde já agradeço ao Filomeno o envio por email do artigo, que teria publicado de imediato se ainda o não tivesse já sido, pelos Intelectuais Balantas. Bravo, Filomeno! Esta sequência de alegorias fez-me lembrar Átila, o huno, que ficou conhecido na Europa medieval por «flagelo de Deus».

Efectivamente, este afirmava que, onde o seu cavalo pisasse, a erva não voltaria a crescer. Que comia este bruto ao jantar? Um bife que, de manhã, colocava debaixo da sela, para «assar» (mas não muito).

Kamarada K7

Desde 12 de Abril do ano passado que, volta não volta, o kamarada kassete Karlos Lopes Pereira, jornalista do Avante, tem publicado umas notícias inteiramente parciais sobre a situação na Guiné-Bissau, desinformando sem escrúpulos os já parcos leitores do seu boletim.

Desta vez, a pretexto (quinze dias antecipado, para coincidir com a Festa do «Avante», quando tem mais uns tantos tansos a ler as suas bacoradas) da comemoração das quatro décadas da declaração unilateral da independência, de 24 de Setembro de 1973...

Começa logo pelo sub-título: «os patriotas da Guiné-Bissau vão comemorar (...) empenhados em libertar-se da ditadura militar e retomar os caminhos do progresso». Retomar os caminhos do progresso? Qual progresso? Aquele que promoveu o PAIGC?

Continua pela mentira «agentes dos colonialistas portugueses assassinaram Amílcar Cabral»... Essa «notícia» é de 1973, está um pouco desactualizado em relação à verdade histórica. Recomenda-se o longo documentário que passou na RTP sobre o assunto.

Que o PCP puxe a brasa à sua sardinha, já se espera «A longa e heróica resistência antifascista portuguesa e o descontentamento provocado pelas guerras coloniais conduzem ao golpe militar de Abril, seguido pela Revolução dos Cravos». Causa primeira?

Sim, sim. Não fosse a derrota militar na Guiné-Bissau, a «longa» resistência teria continuado por mais outras tantas décadas... Não tiveram qualquer peso no assunto; tentaram depois manipular a revolução, até lhes porem o freio, noutro dia 25, este de Novembro de 1975.

A ultra-ortodoxia do Partido Comunista é mais aguda que a da Igreja Católica: continuar a apoiar acriticamente todos os «PCs», independentemente das suas piores derivas. Já em 1998, nunca deixaram de apoiar Nino, mesmo contra todas as evidências de apoio popular à Junta.

Lançar apelos bélicos aos «patriotas» guineenses? Para lutarem contra «generais narco-traficantes»? Não estarão a simplificar um pouco a situação? Os leitores do Avante não são propriamente conhecidos pelo seu espírito crítico, mas mesmo assim...

Não deixa, no entanto, de afirmar a identidade do Partido Comunista Português, pouco dado a internacionalismos e sempre claramente nacionalista: mostra-se preocupado com a integração da Guiné-Bissau na sub-região, «de forte influência neocolonial francesa».

Termina afirmando que «a Guiné-Bissau independente está em perigo». Nacionalistas como são, lá no Partido, poderiam colocar-se na pele dos guineenses: será que continuariam a achar que decapitar a classe castrense e deixar invadir o seu próprio país é solução que se preze?

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Assédio de Chicote

MNE angolano em Lisboa: tem havido concertação entre «CPLP, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e outros parceiros, para se conseguir um aumento da presença militar, com vista a facilitar a reforma no sector de defesa e segurança». Agradece-se a preocupação, mas os legítimos interessados já trataram do aumento da presença militar, dando início a novos cursos na Academia Militar de Cumeré.


Qualquer outra presença militar, em território nacional, para além das Forças Armadas (seria redundante chamar-lhe nacionais, nem devia ser preciso ter de explicar tudo: que diriam os Estados Unidos, se lhes impusessem uma presença militar estrangeira, por exemplo para debelar o consumo de cocaína, que pelos vistos, são incapazes de controlar no seu próprio território?) é indesejável por ofensiva dos princípios de soberania e independência nacional.

As tentativas, por parte de uma pequena franja de guineenses, claramente minoritários e deslocados da realidade, para requerer, legitimar ou facilitar, essa pretensa «solução», intrusiva e dissolvente, apresenta-se como claramente anti-patriótica. Por que razão deseja Angola, tão insistente e ardentemente (sim, porque se ninguém convidou Pedro Pires, ainda menos do que nenhuns desejaram a ingerência angolana), «facilitar» a reforma das Forças Armadas guineenses? 

Pelo princípio da reciprocidade, talvez se deva marcar uma sessão de «brainstorming» na Academia Militar, para tentar ajudar os angolanos na questão da orgânica das suas Forças Armadas... Talvez se possam mesmo convidar alguns oficiais superiores das FAPLA para virem até Cumeré aprender com os guineenses como fazer REFORMA: talvez devessem começar por tratar da merecida reforma do seu Presidente; este deveria cuidar da sua própria casa, antes de se oferecer para varrer a dos outros, pois não configura propriamente um exemplo de boa governança.

domingo, 1 de setembro de 2013

Obama: só e confuso

Depois do chumbo do parlamento britânico ao envolvimento na Síria, resta-lhe a França (antiga potência colonial), para tentar dar uma aparência de legitimidade à guerra que pretende lançar. Depois da Líbia (ainda periférica, na lógica do «barril de gasolina» do Médio Oriente), a Síria serve agora os interesses económicos da intoxicação mundial pelo controlo dos standards financeiros e pela manutenção de um nível artificialmente alto do dólar, estratégia na qual os Estados Unidos parecem ser incondicionalmente apoiados pelo capital «mundial».

Não se brinca com fósforo perto de bomba de gasolina: os riscos de incêndio são elevados. E os franceses não perdoarão ao seu presidente que se submeta aos caprichos e interesses dos americanos. Russos e chineses opondo-se claramente a qualquer intervenção, e não se mostrando inclinados a ser uma vez mais enganados, como no caso da Líbia, aprovando o que quer que seja em sede das Nações Unidas que possa servir de pretexto a uma agressão, os Estados Unidos terão de arcar sozinhos com a responsabilidade de um ataque.

Intervenção limitada? Apenas uma punição? O discurso está confuso, as opções estratégicas mal enunciadas, e os Estados Unidos cada vez mais isolados representando um papel de ingerência nos assuntos internos de um estado soberano... O caso parece reunir todas as características de um «guet apens», passível de se transformar num beco sem saída, abrasando uma região do mundo de equilíbrio já de si bastante frágil, numa altura também de si complicada, com a ressaca da «Primavera Árabe» no Egipto, momento que recomendaria prudência.

L'indesirable renforcement de la présence militaire

La pression (extérieure à la sous-région), exercée pour le renforcement de la présence militaíre en Guinée-Bissau ne saurait être autre chose que nuisible au procès de pacification en cours. Ayant substitué d'autres forces en présence, qu'ont terminé abruptment son «mandat» comme indésirables, il ne serait pas très avisé que, pour le même ordre de raisons, la même chose se passe avec ECOMIB, dejà forte de six centaines de militaires.

Sous quel pretexte pretendrait la CEDEAO renforcer les moyens en présence? Il n'y a pas de conflit, pas de menace à l'integrité territoriale; la Guinée-Bissau n'est pas le Mali. Toute option voulant utilizer l'ECOMIB à des fins pour lesquels cette force n'est pas preparée, risque d'être pris pour du parti pris dans des affaires de politique interne, embourbant l'organization dans une sucession de mal entendus à même de nuire fortement aux objectifs d'integration régionale.

Reunião de Chefes de Estado Maior da CEDEAO dos dias 12 e 13 de Agosto. A confirmarem-se as informações publicadas no Ditadura do Consenso, acerca de uma suposta reunião do mesmo género efectuada em Dakar nos passados dias 28 e 29, essa reunião nunca existiu de facto (aliás, não há, por enquanto, mais fontes sobre o assunto para além desse blog - e outros que o citam), pois a Guiné-Bissau continua membro de pleno direito dessa organização sub-regional.

Ou seja: a exclusão arbitrária de um país membro, ainda para mais em torno de assuntos do seu próprio interesse, tornaria nulas quaisquer decisões tomadas nesse âmbito. Caso transpirem mais notícias sobre o mesmo assunto, «por confirmar», tornar-se-à urgente para a organização um esclarecimento da situação, desmentindo tal género de boatos, ou, assumir as consequências de actos baseados em informação incorrecta e contrários aos interesses da integração regional.

Nesse cenário, seria correcto, antes de pretender «impor» o aumento de uma presença militar desnecessária, a retirada de todo o contingente, para que este não fique exposto ao sabor das negociações. Cumprida à priori a incumbência de «protecção de VIPs» (se não a tivessem cumprido já, já não estaríamos aqui a discutir o assunto), não se vê muito bem o circo de uma coluna militar blindada (Cadogomóvel?) em campanha eleitoral pela Guiné-Bissau.

A Guiné-Bissau não está «refém» da ECOMIB; é a CEDEAO que tem «turistas» em Bissau e portanto deve respeito pelo país. Qualquer tentativa para subverter essa realidade esbarrará na vontade e firmeza das Forças Armadas guineenses, que não se pouparão a esforços para manter os princípios de soberania, independência nacional e integridade do território, desempenhando com o sucesso que se lhe conhece essa função, da qual estão constitucional e primordialmente incumbidas.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Anti-Patriota

O até agora Ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, António Patriota, foi desempossado e substituído por Luiz Figueiredo, até aqui Embaixador do Brasil junto das Nações Unidas.

Patriota não soube interpretar correctamente as directivas e estratégias de um desejável fortalecimento do papel do país a nível internacional, tendo a Guiné-Bissau sido um caso flagrante.

O Brasil pretende assumir-se como uma via de diálogo e compromisso, defendendo que é necessária responsabilidade ao «proteger», não ingerência em assuntos internos dos outros países.

É um passo em frente do Brasil, num momento crítico. Demitido António Patriota, manifestamente incompetente, é reveladora a vontade de afirmação do novo Ministro, na sua estreia.

Efectivamente, o Brasil enfrenta a América, cola à Rússia, defendendo consensos. A primeira declaração de Luiz Figueiredo é por isso especialmente importante, por clara e assertiva.

Também no caso da Guiné-Bissau, o novo Ministro deverá introduzir uma grande mudança de atitude, descolando de Portugal e assumindo o seu papel latitudinal e transatlântico...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

East point (of Bissau)

No CIM (Centro de Instrução Militar) de Cumeré, está a decorrer uma acção de formação militar, que permitirá renovar as fileiras das Forças Armadas.

Sugere-se a criação, no centro de instrução, de um núcleo de minas e armadilhas; outro de utilização de RPG7 aplicada ao combate de infantaria.

Para ministrar a formação, urge a reabilitação de Melcíades Fernandes. Todo o seu saber e experiência podem (e devem) ser aproveitados nas novas FA.

É preciso apostar na qualidade dos recursos humanos nacionais.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Reforma das FA em curso

Segundo Nota de Imprensa emanada do Estado Maior Geral das Forças Armadas, os recrutas recém-circunscritos, numa experiência de serviço militar nova e inclusiva ao nível das Forças Armadas, farão um exercício na estrada Cumeré-Nhacra. A população é simpaticamente convidada a assistir à grande disciplina de que darão mostras as mais recentes aquisições para o serviço da pátria.

Domingos Simões Pereira subscreve a subversão?

Botche Candé, mesmo que não fosse recusado no movimento de apoio a DSP, nunca seria um caso a publicitar pelo Colectivo de Apoio à candidatura no próximo Congresso. É um verdadeiro tiro no pé, neste momento de «contagem de espingardas»; a DSP, convinha a máxima discrição.

Ao alinhar na «nova» dinâmica da velha conspiração, vem dar razão a quem o acusou de ser um «submarino» de Cadogo e da CPLP. Esperará manter algum poder na hipotética redistribuição em favor de Cadogo? É que estão mais cem beneficiários antes, todos com senhas já tiradas...

P.S. Botche Candé foi anunciado, no fim de Junho, como Director de campanha de Cadogo.

Respostas a algumas perguntas de Marcelo Marques

Marcelo, agradeço a oportunidade para rever as minhas posições; preparei-lhe um resumo delas, aliás, largamente documentadas aqui neste blog, durante os meses de Abril e Maio do ano passado. Por favor, não insista em confundir-me com um «democrata»: eu não me esquivo ao debate. mas peço-lhe que continue a respeitar a minha opinião como ela é, tal como eu respeito a sua, por divergentes que sejam.

Quanto às motivações para o 12 de Abril: auto-defesa das Forças Armadas, como último reduto da legitimidade soberana, despoletado por instinto de sobrevivência; impedir o golpe «constitucional» que se preparava (estilo Fujimori) e por isso deve ser chamado de contra-golpe e não golpe; ou seja, a apropriação do país por uma pessoa que já o tratava como sua própria propriedade privada (e nessa qualidade vendeu-lhe a pele sem o chegar a ter «morto»).

Justificava-se? Nem se pergunta. Que teria acontecido, com o caminho que as coisas levavam? Entregar o país a Angola, como em 1998 ao Senegal? Nem pensar. Nem sequer Cadogo beneficiaria pessoalmente pois ficaria nas mãos dos seus «salvadores».

O papel do governo de transição, não foi muito feliz, mas também teve a vida dificultada, pelas circunstâncias externas e por uma máquina de Estado PAIGC. Para mim, foi tempo perdido. Na altura defendi a Ditadura Militar e a nomeação de um responsável político, com projecto apontado e mandato limitado, no tempo mas não nas competências e atribuições.

Sobre a plausibilidade da data das eleições: esse é realmente um ponto que não tenho qualquer interesse em discutir. Continuo a achar que o Comando Militar deveria assumir um pacto político com a nação, assumindo a sua responsabilidade em redesenhar o Estado (aplicando o célebre e recente princípio «you broke it, you own it»), sem farsas do tipo eleitoral só para fazer o frete à mancomunidade internacional... e isso só reforçaria a sua posição. O cenário não deve ser descartado de todo: não vão deixar a nação numa confusão maior ainda do que encontraram... entre a forca e a força, é preferível uma força positiva que reforce a sua legitimidade com responsabilidade e obras à altura.

A posição das grandes organizações internacionais como a UA e a ONU era expectável e previsível, mas, como Paulo Portas o aprendeu à própria custa, de pouca profundidade. Imperdoável foi a perseguição movida em nome da CPLP nessas grandes organizações (que assumiu foros de ridículo), por Angola e Portugal, com Cabo Verde a reboque, atiçando opróbrios, agitando espantalhos e denegrindo a já delapidada imagem do país, tudo fazendo para sufocar a já de si pouco famosa situação socio-económica. Como é possível castigar assim populações irmãs?

Quanto à posição de Cadogo, de querer voltar, contra a opinião de toda a gente (inclusive do seu - e meu - amigo Marcelo), é simplesmente irresponsável e criminosa, para não dizer estúpida, não passando de simples basófia, essa sim, ressabiada. Depois de ter antecipado receitas, vendendo os despojos, está na altura de matar o urso para o escalpar, pois os credores começam a impacientar-se. Isto faz lembrar, retomando a comparação do Doka com a mãe Guiné, a história dos casamentos forçados: se a mulher não quer, para quê insistir? Está a tornar-se chato. Em linguagem de rua, aplicar-se-ia um último grunhido de aviso: «Baza!». O plano de Cadogo só provocará mais violência, se não a curt(íssim)o, a médio prazo, portanto não se deve perder tempo com ele. Que autoridade espera ter se, por absurdo, chegasse a Presidente? Até o irem buscar pelas orelhas (por favor não lhe partam os óculos, ainda reclamava indemnização ao Estado) e o enfiarem num jipe a pontapé? Teve a sua oportunidade, poderia ter sido o «noivo», mas como não respeita os outros (nem ninguém, para além do dinheiro) ao ponto de desrespeitar também a vida humana, vê-se hoje (e felizmente para a Guiné, acrescentaria eu, e isto, ao contrário de tudo o que anteriormente foi dito, que são factos,  isto é uma opinião minha) reduzido à sua insignificância de chico esperto armado em carapau de corrida. Foi expulso com um chuto no traseiro e insiste em voltar ao campo? Quanto aos «amigos»,  apoiantes, credores, e afins, recomenda-se que deixem de julgar Cadogo rei da Guiné. Se Cadogo vos prometeu alguma coisa, denunciem os termos, que o Estado em construção necessita credibilizar os seus actos, por isso decerto cumprirá obrigações assumidas (mesmo que desfavoráveis, dentro dos limites da razoabilidade) e ainda garante verdadeira estabilidade, reduzindo os riscos políticos (esses sim dispararam com a cena em torno de Cadogo) a aproximadamente zero. A posição de Cadogo pode acabar por revelar-se o pretexto ideal... para evitar mais confusão, talvez venha a ser necessário tomar definitivamente as rédeas na mão.

Quanto às declarações de Injai: saltou a tampa ao General. Como bem elucidou Samba Bari, depois de bastante tempo a controlar-se, «arrebentou». Irritou-se com a desfaçatez (como o Marcelo lhe chamou) de Cadogo. Mas não se pense que é uma atitude apenas pessoal; julgo que traduz o estado das reflexões do colectivo de cúpula militar. O erro talvez tenha sido terem querido entregar o poder aos «civis». Desperdiçou-se, sem contrapartidas, um momento e uma legitimidade que poderia realmente ter servido para fazer avançar a Guiné, lidando de frente com os seus problemas; acabou por não resolver o problema, apenas o aumentou, pois o homem quer voltar pelo mesmo caminho, sendo as eleições uma roleta russa, ainda mais imprevisíveis por serem conjuntas.

Cadogo não é parte do problema, é o grosso do problema, acabando por transformar os outros em simples figurantes; os outros candidatos anunciados à presidência deveriam posicionar-se já (e duramente) sobre o caso. Com a última atitude anti-patriótica (lembro o apelo de uma mãe da Guiné no Progresso Nacional) de se candidatar, tornou-se claramente um tumor que coloca em causa a saúde do corpo nacional, a pedir uma forte purga. Pena é que, pelos vistos, nem sequer chegue às eleições, porque de outra forma seria o próprio povo a dar-lhe a merecida resposta (nem chegaria a um dos quatro quintos com que sonha): Kumba tem mostrado um comportamento exemplar e ganho pontos, aliviando sobremaneira esta balança sobrecarregada e em plena desregulação.

Que reformas são necessárias? Todas! É preciso começar do nada. Há que saber desenhar, no respeito pelas gentes e pela terra.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Mal estar na Praia

José Maria das Neves mastiga culpas, dá o dito por não dito, acabando por ser pior a emenda que o soneto.

Quem pode fazer «visitas oficiais»? O governo. Proíbe-se a si próprio de fazer «visitas»? Ou é só publicidade, para que se saiba que não quer nada com a Guiné-Bissau, depois de duas «visitas oficiais» (primeiro de dois espiões, depois de um diplomata) que vieram relembrar a triste participação de Cabo Verde numa operação encoberta da DEA visando território guineense?

Esse assunto trata-se na confidencialidade de um Conselho de Ministros, não por Despacho ou normativa pública.

domingo, 18 de agosto de 2013

Possível duelo ou impossível coabitação?

Tal como previsto pela maior parte dos comentadores de todas as sensibilidades, o anúncio do retorno de Cadogo veio exacerbar os ânimos e exaltar os espíritos. O blog Rispito, no Ponto di Mira desta semana refere-se-lhe como «coabitação impossível» e chama, uma vez mais, a atenção para os perigos inerentes.

Isto parece ter-se tornado num atrofio entre dois homens. Que não deveriam pensar em arrastar toda uma nação para o abismo sob o fútil pretexto dessa desavença que se tornou demasiado pessoal. É claro que o mal estar expresso por António Injai deriva da «lata» de Cadogo em querer acirrar a cena política.

E parece ser essa a actual campanha de Cadogo: lançar todos os peões na onda de provocação. Nano-manifs em Paris, em Lisboa (às moscas)... Até o ex-ante embaixador nas NU, Soares da Gama, tem a lata de vir queixar-se que «alguém em Bissau recebe o seu ordenado»! Não está ao serviço do «governo legítimo»?

(se quiser mudar de campo, faça um requerimento, mas não conte com retroactivos)

sábado, 17 de agosto de 2013

Bissau 2098 - Ficção Científica

Mais um magnífico pedaço de cultura sob a forma de humor guineense proporcionado pelo Kafumbero.

Parabéns, Ady!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Parabéns, Didinho!

52 anos!

Sempre a contribuir para a Guiné!
A terra precisa de ti.
Esta é a hora.

Felicidades!