Num tom jocoso, o jornal Le Pays, do Burkina Faso, comenta a actualidade política guineense. «A Guiné-Bissau está doente! Uma crise política na cúpula do Estado mergulhou o país inteiro numa apoplexia sem precedentes. A ruptura da confiança entre dois homens de um mesmo Partido, tem várias origens, entre elas um certo número de derivas, nomeadamente a corrupção e o nepotismo. (...) E não é tudo. O parlamento complica a tarefa do Chefe de Estado, que já não sabe a que santo rezar. Os golpes de estado sangrentos tornaram-se hábito, a ponto de se tornarem quase uma imagem de marca. No entanto esta crise apresenta uma nova especificidade. Ao contrário dos outros países, onde regra geral os Primeiros-Ministros são considerados sobretudo como simples fusíveis, substituíveis quando sobe a tensão política, aqui é o Primeiro-Ministro que faz obstrução ao Presidente. Incompreensível! É necessário deplorar certas disposições constitucionais que acordam implicitamente ao Primeiro-Ministro os plenos poderes, envaidecendo-o desmesuradamente. A única solução neste momento para o Presidente Vaz parece ser a convocação de eleições antecipadas, que o contribuinte não parece em condições de suportar. A não ser que o Primeiro-Ministro abandone este tabuleiro, para permitir ao país ultrapassar este bloqueio institucional que já durou demasiado. Teria sido mais sábio e mais elegante para a própria imagem da Guiné-Bissau, Narco-Estado com uma história socio-política bastante movimentada. É de temer que, pela sua incúria, os dirigentes da Guiné-Bissau acabem por obrigar o exército a intervir de novo na arena política. Por isso a CEDEAO deveria esforçar-se por encontrar uma solução o mais rapidamente possível entre Presidente e Primeiro-Ministro, de outra forma, a actual tempestade arrisca-se a tornar-se num furacão de efeitos devastadores.»
Há 4 minutos
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