As autoridades monetárias, desesperadas por absorver massa circulante e conter as pressões inflaccionistas em troca dos montes de papel que possuem em armazém (a colocação dos títulos do tesouro tem sido tendencialmente nula, como este blog vem demonstrando pela análise dos relatórios semanais do Banco Nacional de Angola), lançaram um Fórum nacional de Investimento em Dívida pública «com o objectivo de dinimizar o mercado secundário», publicitado pela Agência Noticiosa oficial. Vai ser difícil minimizar os estragos e dinamizar a venda de títulos do tesouro: só um regime onde a arrogância impera, pode alimentar a pretensão de fazer de burros os seus cidadãos. O marketing monetário utilizado poderia ser acusado de enganoso (para evitar o termo «burla»), se não fosse tão estúpido.
Oferecendo uma taxa de juro nominal inferior a 10% ao ano, tal investimento pressupunha confiança no Governo, que a taxa de inflacção real mensal se mantivesse bem abaixo de 1% e que o câmbio ao dólar não resvalasse. Com um cenário tão animador, não se compreende a falta de adesão a instrumentos financeiros tão competitivos no mercado internacional (ver folheto) conhecendo o grande número de capitalistas angolanos, fruto da consistente política de acumulação primitiva promovida por José Eduardo dos Santos. É decerto uma conspiração do mercado, dado que a procura não excede 1% «dos Títulos de dívida pública já emitidos» (mesmo essa ínfima parte, não foi de livre vontade, mas enfim...).
Uma vez que o regime se recusa a indexar o kwanza ao petróleo, talvez devesse indexar os salários à gasolina.
Brevemente, em vez de ordenado, receberão TTs de «alta liquidez». Um milagre do capitalismo de Estado...
Ou a institucionalização da palhaçada?
Há 7 minutos
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