Queria pedir aos irmãos intelectuais balantas que concedessem ao irmão Ramos-Horta o benefício da dúvida. Todos erramos. Talvez certas posturas iniciais não tenham sido as mais adequadas, mas José Ramos-Horta está a tentar corrigi-las. Todos aprendemos e vamos aprendendo com tudo o que tem acontecido. Arriscar-me-ia mesmo a afirmar que na Guiné se estão a dar provas de verdadeira civilização ao mundo e o processo não é fácil. Aproveito ainda para lembrar que este não se ofereceu; a sua mediação foi solicitada de Bissau.
Logo se verá o resultado da sua presença em Maputo, para o funeral da CPLP.
Há 3 minutos
6 comentários:
O anúncio da morte da CPLP parece-me claramente exagerado, e revelador até de enorme falta de patriotismo e espirito de lusofonia.
Analisar o papel da CPLP pela actuação de Portas no caso da Guiné-Bissau, é esquecer a posição de todos os outros sete estados que a compõem. E repare que a posição foi de unanimidade ao contrário da posição da CDEAO, onde Cabo-Verde, Guiné-Conacri e outros foram contrários á mudança de posição depois da “tolerância zero a golpes de estado”, lembra-se? E mais ainda, entendendo os interesses criminosos que o Senegal, a Nigéria e a Costa do Marfim tinham no golpe de estado, lembra-se? È bom lembrar que não era só Angola que tinha interesses em Bissau? E pergunto-lhe mais, e o povo guineense que votou massivamente em quem foi derrubado alguém se preocupou com os seus interesses?
De repente a CPLP é usada como saco de boxe para tudo o que de errado acontece nos países lusófonos, mas ela é meramente uma comunidade de aprofundamento de laços entre países irmãos, e no entanto ela seguiu a mesma linha das CE, das NU, da UA, do BAD, do BM, e podia continuar a escrever mais parceiros que ainda hoje se recusam a aceitar como legitimo o Governo da Guiné-Bissau, então porquê malhar sistematicamente na nossa CPLP?
Quanto ao Dr Ramos Horta foi a primeira figura a propor mediar as negociações pós golpe de 12 de Abril, e recordo-me perfeitamente que a sua presença foi imediatamente vetada por quem tomou o poder em Bissau, ou seja pela TROIKA, Senegal, Nigéria, Costa do Marfim. A explicação deu-as o tempo!
Ramos Horta tem muito traquejo e jogo de cintura para tricas políticas, já provou em toda a linha, mas na Guiné a coisa fia mais fino.
Nem Amilcar, Luís, Nino ou Kumba nem mesmo Spínola conseguiram o pleno, não vai ser o Timorense a ter sucesso.
Até porque os vizinhos não permitem, mesmo que os guineenses se afastem da CPLP, que é essa uma das metas.
Acredito que Ramos Horta vai conseguir. O seu papel não será fácil a começar pela CPLP que não presta grande ajuda. Existem muitos interesses que sistematicamente minam os interesses do Povo Guineense sempre que em causa está a Paz, o desenvolvimento e o bem-estar.
Pelo conhecimento que adquiri os maiores inimigos da GB está nos seus vizinhos, contando com o apoio de forças internas. Parece que continua a existir o estigma de que não se governa legitimado pelo povo em eleições, mas sim pelo poder das armas direccionadas por forças obscuras. E infelizmente ainda há muita gente que acha tudo isto normal!
Basta um único francófilo bissau-guineense para infernizar aquele país para toda a vida.
A Guiné está feita ao bife!
Marcelo:
Sim, Ramos Horta, como bom político, «cheirou» a linha vencedora e realinhou-se em consequência. E acredito que consiga realmente introduzir uma semente de mudança na CPLP, uma reinvenção estratégica e cultural. Parece-me má estratégia, contraproducente e cheio de uma vaidade insuportável (como a dos franceses), a CPLP querer competir com a integração regional da Guiné-Bissau na sub-região via língua. Para quê querer fazer da Guiné-Bissau um campo de batalha linguístico?
Na prática, o Centro Cultural Francês está sempre em actividade, com uma agenda carregada de actividades e de Portugal nem se fala. Mais vale apoiar o multilinguismo guineense: no Burundi, as crianças aprendem 4 línguas desde a primária. Aos guineenses só poderá aproveitar cultivarem-se e abrirem-se ao mundo, terem outros pontos de vista, para além do português, até para que o possam valorizar comparativamente.
Até para Portugal seria uma vantagem, com os guineenses a saberem integrar-se economicamente na fase de crescimento, que se espera sustentado, do continente, e seria decerto o melhor remédio para a pressão conflitual, criminal e demográfica do Sul, no respeito pelos Direitos Humanos à escala planetária, e não sujeitos eternamente a pequenas guerras «periféricas» para alimentar o conforto e a paz do Norte!
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