As primeiras palavras da Constituição, no princípio do Preâmbulo:
«O PAIGC, fundado em 19 de Setembro de 1956, cumpriu exemplarmente o seu Programa Mínimo, que consistia em libertar os povos da Guiné e Cabo Verde, conquistando a soberania dos respectivos Estados».
Até aqui, é verdade... Obrigado, PAIGC.
O problema está a partir daí.
O Partido traiu a generosidade de Amílcar Cabral, os seus ensinamentos defendendo uma práxis da libertação não só política, mas essencialmente mental e cultural.
O Partido abusou da Nação, indigitando-se primeira palavra de uma Constituição, desenhada por si e para si, rememorando-se em todos os seus «cromos» hino, bandeira, ...
O Partido tornou-se numa agência de emprego, um viveiro de ambições pessoais, deixou de ser um motor para a Nação e passou a ser um peso morto, com iniludível responsabilidade na actual situação.
Com tantos pretendentes e alas divergentes, o que devemos esperar deste partido que pretende hoje, contra todos os sinais em contrário, continuar a representar a maioria dos guineenses?
Que ideias, que projectos, que estratégias? As quatro dezenas de deputados do PAIGC que inviabilizaram a solução de transição deveriam prestar contas, justificando o seu acto...
Abriram-se novos fóruns, como o blog Progresso Nacional, onde todos podem confrontar as suas ideias. Os senhores deputados aceitem o desafio, já que argumentar é a vossa profissão e a vossa função, participem no «jogo», muito actual, de opiniões pela internet, esclareçam as pessoas.
Aquilo a que temos assistido são simples jogos de compadrio pelo poleiro. O facto é que parece estar a gerar-se, tanto na Diáspora, como internamente, um (ainda incipiente) movimento de «opinião», advogando um corte com o passado. O que poderá ser fatal para a presúria na qual o PAIGC tem mantido o Estado.
A dissolução do Partido, neste contexto, assumindo o fim de uma era, seria a opção mais digna, no respeito pela memória de Amílcar Cabral. Os indivíduos realmente capazes que o compõem, terão decerto o seu lugar, no contexto da necessidade de quadros experientes para uma verdadeira reorganização do país.
O verdadeiro PAIGC vive, inextirpável, no coração da guinendade, como grito de liberdade. Por respeito para com a sua «presença», o seu actual fantasma, que não passa de um simulacro, desprestigiando e desonrando a Nação, deve ser enterrado, pois já morreu há muito e ninguém o informou.
Depois do requiem e do toca tchuru, estaríamos prontos para um virar de página. De outra forma, caso o PND e os outros partidos com representação parlamentar, decidirem abandonar o Parlamento, ficam a falar sozinhos, nos escombros da ANP, expostos ao ridículo (e o resultado será exactamente o mesmo).
Há 14 minutos
2 comentários:
Me parace que o certo e abandonar essa paigc, no parlamento. coso a sua desolusão não ocorra por parte do presidente..
Obrigado pelo contributo, Marcelino. Sim, esse cenário afigura-se como cada vez mais provável.
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