quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Segurança privada

Caso o ante-proclamado vencedor das anteriores eleições (com «apenas» 49%) e auto-proclamado vencedor das futuras (com uns exorbitantes 80%) pretenda assegurar a sua «valiosíssima» (vaidosíssima?) integridade física, o melhor talvez seja protegê-lo na prisão de Mansoa, onde tem condições condignas de permanência: com um requerimento talvez se consiga mesmo arranjar ligação à internet, para ir vendo o FB.

Talvez possa pedir um orçamento ao Estado, para fornecimento de serviços de segurança privados, de forma a equilibrar as finanças da tropa. Depois de ter desmerecido as chefias militares já depois de ter sido deposto («_Não respondo a subordinados»), parece-me que o serviço lhe sairá relativamente caro. Talvez possa pagar em gasóleo... O melhor talvez seja mesmo uma chegada de surpresa: já não há «rent an heli» em Conacri?

Talvez possa melhorar as suas probabilidades de sobrevivência trocando a sumbia por um capacete; face ao desarmamento dos guarda-costas, talvez seja melhor arranjar também guardas-barriga, pois muitos dos familiares injustiçados das suas vítimas poderão pensar em atacá-lo de frente...

A voz do$ dono$

O Sindicato dos funcionários da Embaixada da Guiné-Bissau (ex-ante) em Paris, com um efectivo de pouco mais de meia dúzia de palhaços e um nome pomposo pretendendo «representar» guineenses na diáspora, simpatizantes e amigos da Guiné-Bissau, continua empenhado em trair o sentimento generalizado daqueles e daquelas que diz representar, tal como já há um ano foi aqui denunciado, seguindo as instruções do «governo legítimo» e do Jorge (que chacota)...

Uma força militar? Patrocinada por quem? Angola? Portugal? Ou Cabo Verde, que está mais perto? As Nações Unidas há um ano não quiseram embarcar nessa «brincadeira» de mau gosto e a possibilidade foi descartada. Para quê voltar à carga? Para desestabilizar o país? Não basta a ocupação ilegal dessa pequena parcela de território guineense na Europa que mantêm há mais de um ano? Squatters! Pelos vistos não se trata de uma embaixada, mas de um núcleo de candidatura privado. Como espera Cadogo ressarcir-se dos gastos?

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Pinóquio

José Maria das Neves defende, na página oficial do governo de Cabo Verde, que «não houve contrapartidas» no caso dos agentes «retidos» na Guiné-Bissau, dando a entender que já tinha «reconhecido» as autoridades guineenses desde o anúncio da realização de eleições...

Quando quem assina «governo legítimo» já assumiu a candidatura a eleições no quadro de um «governo ilegítimo», não se vê mesmo como o trio Portugal, Cabo Verde e Angola poderão continuar a manter esse discurso caduco. Gepeto, porque não o fazem com o Egipto?

A título de contrapartidas (excluindo as secretas) lembre-se a extensão a Bissau (muito à americana) da embaixada em Dakar. A visita desse recém-«nomeado» embaixador a um país que estava «riscado» do mapa. E, não menos importante, as declarações «mansas» que tem produzido?

Parece mais adequado manter a discrição neste caso, que ficou encerrado quando assumiram «falhas» na deslocação dos agentes; não pretenda reatá-lo, que só o poderá prejudicar.

Possível cenário

Acabei de ler a opinião do Eldmir Faria (Gú) no Progresso Nacional, com a qual concordo inteiramente, tal como, aliás, já aqui tinha defendido.

O que me leva a antecipar um cenário: face a uma presença abusiva e desadequada de algum inoportuno candidato, que não seja oportunamente travada por quem de direito, qual seria a melhor opção para esta miríade de candidaturas patrióticas? Desistirem, à boca das urnas (antes da primeira volta, claro), cerrando fileiras em torno de uma candidatura consensual.

É relevante que o Eldmir não inclua na sua lista de candidatos Carlos Gomes Junior, que, pelos vistos, continua surdo frente à voz da razão, que desaconselha a sua candidatura.

As «montras» no FaceBook da candidatura de Cadogo são lastimáveis. Numa, trata-se de uma fotomontagem sobre um mapa da «Guinée-Bissau» em francês. No título da outra, consegue dar três erros de português na mesma frase: «Luta pela bem estar do povo da Guine Bissao»?

Que se deve esperar de uma pessoa que produz dois erros, quando escreve simplesmente o nome do seu próprio país?

Está na hora de despedir os assessores, que tão mal o têm aconselhado!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Batalha escatológica

O primeiro filme de João Viana, rodado na Guiné-Bissau, a Batalha de Tabatô, rememorando velhos fantasmas da guerra colonial representa uma crítica muito actual da situação política, batalha entre o mal e o bem, na qual o «ruído» é combatido pelo ritmo da música dos balafons mandingas.

Pelos vistos representa uma «inversão» demasiado forte, ao sugerir que os escravos se podem transformar em reis... e foi censurado no Festival de Cinema de Durban: ver entrevista do realizador à Al Jazeera, com dois outros realizadores de cinema africano recentemente censurados.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

TAP de parabéns

Uma reclamação «privada» na página do FaceBook teve resposta passados 35 minutos.

Hoje as redes sociais fazem maravilhas!

Natália Falé publicou no TAP PORTUGAL há 37 minutos

«Sendo uma cidadão portuguesa há 3 anos residente na Guiné-Bissau, várias vezes "tomei as dores" da TAP Portugal e defendi a transportadora aérea nacional quando era severamente criticada por cidadãos guineenses, portugueses e de outras nacionalidades, relativamente à duvidosa qualidade do serviço prestado na rota Lisboa-Bissau-Lisboa.

Hoje, e infelizmente, mudei de lado na "trincheira" e a minha voz engrossa agora o coro dos descontentes com a prestação da TAP. Desloquei-me a Portugal em férias, no voo TP 202 do passado dia 14 de julho, tendo recebido as minhas 2 malas apenas 60 horas após a minha chegada a Lisboa. Os sucessivos contactos por e-mail com o serviço "Fale Connosco", no sentido de obter informação relativamente ao procedimento para ser ressarcida da aquisição de bens de primeira necessidade, ainda aguardam resposta....

Na passada 3ª feira, dia 30, estando já no autocarro a caminho do voo TP 201, de regresso a Bissau, fomos mandados regressar ao aeroporto, com a informação de que o voo fora cancelado, alegadamente por más condições climatéricas. Curiosamente, as mesmas condições climatéricas que não inviabilizaram a aterragem e descolagem de outra companhia aérea, no mesmo aeroporto, dia e hora do TP 201. 24 horas depois a TAP organizou um voo extraordinário, TP 3221, para transportar os passageiros até Bissau. Cheguei então ao destino final, 30 horas depois de ter saído de casa!!!

Mas eu fui afortunada, porque as minhas malas continuam num qualquer armazém no aeroporto de Lisboa, juntamente com as bagagens de cerca de mais 80 passageiros, aguardando que a TAP se digne trazê-las até Bissau! Em resumo, nesta deslocação Bissau-Lisboa-Bissau, TUDO, mas mesmo TUDO, confirma a desconsideração com que a TAP Portugal trata os passageiros desta rota, apesar dos exorbitantes preços cobrados por uma viagem de médio curso (4 horas)!

Por tudo o acima exposto, a minha voz junta-se agora à de todos aqueles que têm vindo a ser sucessivamente desconsiderados pela TAP, na afirmação de que a transportadora aérea portuguesa desprestigia a imagem de Portugal em África, ao fazer distinção entre passageiros de 1ª e passageiros de 2ª! Nos "braços abertos" da TAP Portugal nem todos cabem, pois uns são mais "passageiros" do que outros!!!!»

TAP PORTUGAL há 2 minutos

«Olá Natália, Apresentamos, antes de mais, as nossas desculpas por toda a ocorrência que nos expõe e pelo incómodo causado até ao momento. Para que possamos agilizar a situação, pedimos que nos indique, caso disponha, do número de processo de bagagem perdida que lhe foi atribuído.»


PS Sugere-se que os(as) restantes 79 passageiros(as) enviem também, pelo mesmo canal, as referências solicitadas, de forma a agilizar o mal entendido do «jet lag» (embora ao longo do meridiano) sistemático da bagagem (para além da imprevisibilidade da linha). A favor da TAP, lembro a corajosa decisão comercial de voar para Bissau logo nos dias seguintes ao 12 de Abril do ano passado, ignorando a «birra» de Paulo Portas e quebrando pela raiz um indesejável isolamento. Duvido que a transportadora tenha aderido à campanha de «má vontade» promovida, no último ano, contra a Guiné-Bissau.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Significado de aculturação

Os dirigentes cabo-verdeanos cada vez mais perto da América... (e pelas piores razões). Em comentário às declarações da Ministra cabo-verdeana à Rádio sobre o caso dos dois polícias libertados, depois de acompanharem até Bissau uma cidadã guineense «deportada», John Mattos escreve no Cabo Verde Directo:

As palavras têm um peso histórico, jurídico, literário, sociológico, etc etc.. Isto para dizer que a palavra «Deportação» utilizada sai do seu contexto histórico, jurídico e político. A palavra mais adequada seria expulsão ou extradição ou outro sinónimo mas NUNCA deportação, que tem um pesado sentido histórico, lembrando o tráfico de escravos negros para as Américas e mesmo para aqui para a Cidade Velha, ou então o dos judeus para os campos de concentração. Em Cabo Verde, esta palavra não era utilizada até há bem pouco tempo, uns 10/15 anos; surgiu com a imitação/tradução da palavra deportation, quando os americanos começaram a expulsar os caboverdianos em situação ilegal para CV. Passou-se a traduzir à letra "deportation" que deu deportação. Ora bem, em português, deportação tem uma história político-jurídica ligada à escravidão dos negros e à deportação dos judeus.

PS Não se percebe: se a tendência é de deportation, para que levaram Bubo? Como lhe deveríamos chamar? Importation é para mercadorias, parece desadequado. Será que Obama, como prometeu para as minorias, está a pensar atribuir ao senhor Almirante uma «carta verde»?

Público elogio

Não quero deixar de fazer um elogio a João Biaguê, ex-Director da Polícia Judiciária.

Um verdadeiro profissional, cujo profundo e inalienável sentido ético obrigou à demissão. O seu retorno ao cargo é altamente desejável, quem quer que seja que ganhe as várias eleições.

Afinal, infelizmente, o caso dos polícias cabo-verdeanos, acabou por provocar baixas do lado guineense.

É engraçada e esclarecedora, a comparação entre os Estados de Direito, à imagem da célebre alegoria de David e Golias: os Estados Unidos e a Guiné-Bissau.

Uns sentem-se no direito de raptar, julgar (e até matar) cidadãos estrangeiros. Na Guiné-Bissau, um estado pária, como lhe chamam, uma oportunidade justificada de retaliação é desperdiçada quase ingloriamente por pruridos «legais».

A Guiné-Bissau não é nem nunca será um Narco-Estado. Para os Estados Unidos, o direito é sempre relativo, sobretudo quando se trata do Direito dos outros; na Guiné é respeitado, mesmo em circunstâncias que aconselhariam uma ligeira e temporária amnésia...

Não há fome que não dê em fartura

Autópsia das opções de Cadogo.

Bibó Progresso Nacional!

Adjarama, Bubacar!

Um Obama relutante

Relutante em aceitar ter de comunicar aos americanos que o seu programa de saúde egocentrado, o «ObamaCare», se está a revelar um verdadeiro desastre financeiro; relutante em ter de anunciar aos americanos que estão perante o tempo das «vacas magras».

Contra uma mudança no estilo de vida dos americanos? O ideal para a sua carreira, seria que os Estados Unidos continuassem indefenidamente uma cadência de despesismo piramidal; até o mundo parece julgar estar dependente desse fluxo fictício de capital...

Os «últimos cartuxos» são reveladores do desespero do Federal Reserve Bank. Empenhar ouro para castigar os especuladores, em vésperas da revelação do «rabo escondido» que permitirá localizar o gato? Ninguém controla o FOREX nem as expectativas mundiais.

(pelo menos por muito tempo)

Continuar a jogo, sem nada na mão, sem mostrar produto de todo o dinheiro já injectado, parece puro bluff. Vai gastar o ouro todo, atingir os limites, jogar o próprio jogo da especulação, no qual já está queimado?

Como já tínhamos aqui avançado, agora sente a necessidade de fazer publicidade gratuita. Porque será?

Quem tem medo do lobo mau?

Opinião recebida por email, que desde já agradeço ao Fernando Soares da Gama.

Quem tem medo do regresso do Carlos Gomes?

O Kumba Yalá?
_Não, porque tem o seu eleitorado fixo e controla uma parte das forças de defesa e segurança.

O Antonio Indjai?
_Não, porque ele já sabe que o seu destino será idêntico ao de Bubo. Só que se o Antonio Indjai falar, o Cadogo vai ficar manchado.

O Serifo Nhamadjo?
_Não, porque já o desafiou no partido e agora, qualquer que seja o desfecho, é Presidente de Transição, reforçou-se politicamente e na sub-região.

O Carlos Correia?
_Não, porque tem autoridade moral no PAIGC e foi por isso que baralhou o processo de congresso do partido que marcava vitória clara de Domingos Simões Pereira.

O PAIGC?
_Não, porque o Carlos Gomes nunca foi verdadeiramente do partido e ali se encontra a explicação porque é que nunca o Carlos Gomes controlou realmente o PAIGC, era só «fantochada». Se isso não for verdade, que me expliquem como perdeu uma eleição presidencial sendo Presidente do partido maioritário na Assembleia e Primeiro Ministro durante 4 anos? Outra informação: Angola nunca apoiou a pessoa de Carlos Gomes, mas o candidato do PAIGC!!!

O Braima Camará?
_Não, porque o Comité Central do PAIGC por várias razões, não só étnicas, é amplamente pró Braima Camará.

O Helder Vaz, agora na qualidade de candidato às eleições presidenciais?
_Não, porque Portugal sempre apoiou o Movimento Bafatá e Helder Vaz durante esses vários anos como Director Geral da CPLP reforçou os laços com o mundo politico e económico português, que sempre olharam o Bafatá como uma alternativa ao PAIGC.

O Paulo Gomes, agora candidato às eleições presidenciais?
_Claro que não, porque é um dos candidatos que sempre realçou o nome da Guiné e que tem lobbies mais fortes do que todos os outros candidatos, em Portugal, passando pela França, Angola, Estados Unidos e União Europeia. O Fórum Económico de Bissau, foi só a «ponta do iceberg». Só para recordar que mesmo o Conselheiro Económico de Barack Obama esteve em Bissau, sem contar outras personalidades. 

Afinal quem tem medo do regresso do Cadogo a não ser o próprio Cadogo, que tem muitas contas a prestar a familiares de vítimas e ao Tesouro Público guineense. A estadia do Carlos Gomes em Lisboa pode vir a tornar-se um caso delicado, com a abertura de um inquérito pela Policia Judiciária, por causa duma transferência de mais de 1 milhão de euros que cheira a branqueamento.

Cada um por si?

Num honesto e correcto apelo à humildade, Flaviano Mindela dos Santos, publicado pelo Ditadura do Consenso, enuncia os argumentos nos quais alicerça a sua opinião, defendendo a não concretização da candidatura de Paulo Gomes, já publicamente apoiado por algumas vozes importantes no seio da comunidade internacional.

O mesmo género de apelo, seria válido para Carlos Gomes Junior, considerando as circunstâncias: desista das suas pretensões inoportunas, valorize o amor à pátria em detrimento do próprio. Deixe de armar em Primeiro-Ministro «legítimo», decida-se a voltar à Guiné-Bissau como simples e humilde cidadão, para cuidar dos seus negócios.

Helder, não vás, também, por aí: não se trata de uma corrida ou de um concurso de beleza. Esta parece mais uma falsa partida, para todos os concorrentes. O HV (high valued) padrão de actuação parece continuar o mesmo de sempre: aparecer no fim, quando o desfecho parece certo, para reclamar os louros da contenda. Standart Red Green Blue.

Já o Dr. Cherno Jaló, perante tão ilustres competidores, talvez devesse defender aquilo que diferencia a sua proposta, (pela positiva?) da dos demais. Tal como o Dr. Paulo Gomes percebeu, hoje, as redes sociais, pelo seu papel de vanguarda (mesmo actuando através de um pequeno espectro de penetração social), serão importantes no desenlace.

Está na altura de todos os candidatos, pretendentes, até aos simples anónimos, começarem a discutir e a confrontar positivamente as suas ideias; para isso dispõem hoje de uma panóplia diversificada de blogues bastante inter(activos), interventivos e sempre actualizados, de fazer inveja a qualquer nação, uma democracia da opinião.

Simples currículos e ocas declarações de intenções não chegam. É preciso correr as tabancas (como Domingos Simões Pereira), saber ouvir... Mas também estar presente na internet e na rádio de uma forma positiva. Haverá que esclarecer quais as ligações dos projectos respectivos aos resultados das legislativas e, porque não, criar um fórum comum de discussão.

Alguém me ajude: _Qual era a força dos mosqueteiros?

«Programa» mínimo

O caso dos polícias cabo-verdeanos parece encerrado. Os profissionais, que nunca deveriam ter desembarcado do avião «em serviço», nem pisado um chão do qual o seu país não reconhecia as autoridades de facto (há mais de um ano, tiveram tempo para reconsiderar antes), poderão finalmente regressar às suas famílias. O seu caso humano foi lamentável, mas, estando ao serviço (de incompetentes, mas pronto), vão de consciência tranquila e com o sentimento do dever cumprido. Acabaram por prestar um bom serviço, restabelecendo o diálogo.

Sem que se conheçam as restantes contra-partidas prestadas pelas «instâncias» do país visado (por falta de visto de entrada), pode constatar-se um saldo positivo de toda a fricção: as autoridades da Guiné-Bissau foram finalmente reconhecidas por Cabo Verde, com o oportuno aparecimento de um «embaixador» (embora, seguindo o modelo americano, com sede em Dakar; e, pergunta-se, esse «embaixador» foi credenciado? perante a Presidência? não deveria sair do país sem primeiro apresentar cumprimentos de despedida...) para a Guiné-Bissau.

Inaugurada assim uma nova fase das relações entre os dois países, após um desadequado interregno de mais de um ano (impunha-se há muito a abertura de um canal de comunicação, que poderá no futuro dissipar preventivamente casos similares), espera-se que Cabo Verde possa dar outros passos no sentido do fortalecimento dos laços que unem o país ao continente, de boa fé numa verdadeira comunhão de interesses linguísticos, culturais, económicos, e até filosóficos. Parece chegado o momento para repensar as opções estratégicas do eixo Praia-Bissau.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Psico

A candidatura de Cadogo, ex-Primeiro Ministro ex-ante (demissionário para candidatura) e conhecido empresário, é claramente inconstitucional.

Como Filomeno Pina lembrou há tempos, a sua insistência doentia e as suas expectativas claramente sobredimensionadas e ultrapassadas, apenas o poderão prejudicar psicologicamente perante a humilhação que as urnas lhe reservam (se lá chegar, por inoperância da CNE).

Faz lamentavelmente lembrar a Triste tentativa de retorno de Mário Soares, humilhado nas eleições com metade da votação do seu amigo Manuel Alegre. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.

De Killer a Chicken...

Cavo Berde resgata-se

As «instâncias» cabo-verdeanas mostram-se cada vez mais impacientes na resolução do caso dos dois espiões, com pedidos de desculpa do seu SEF ao homólogo guineense (justificação tardia e demasiado mastigada), contradições, etc. Umas baratas tontas sem o mínimo de serenidade ou sentido de Estado. E como muito bem lembrou o líder do MpD ao presidente, esta é uma oportunidade para mudar de discurso... (e já agora, redimirem-se dos seus erros, em relação aos quais foram atempada e repetidamente avisados por Corsino Tolentino).

Uma vez que foram anexados pelos Estados Unidos (52º Estado, depois de Porto Rico) talvez possam pedir ajuda a esses amigos «da onça», que deixam os lacaios em maus lençóis... Como pagou a DEA o serviço? Em droga, como é costume na organização? A única solução parece ser convencê-los a repor a situação ex-ante: ou seja, a devolução de Bubo ao Geba, acompanhado de uma pequena nota pedindo desculpas pelo equívoco. Dois cabo-verdeanos por um guineense. Para não parecer desequilibrado, digamos antes um Almirante por dois polícias.

Quanto ao tribunal de Nova Iorque, tenho a certeza de que o senhor Almirante fará um ponto de honra em se apresentar depois, pelo seu próprio pé, à «justiça» americana.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Manchete: PP, do PP, para a PP

Rui Machete, advogado e político experiente, em tempos à frente da FLAD (dinheiro americano para desenvolver o capitalismo), é o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros, substituindo Paulo Portas, de triste lembrança: a sua passagem pelas Necessidades revelou-se um autêntico desastre.

Espera-se uma forte inflexão na política externa portuguesa, com maior dose de pragmatismo e humildade. Desde já apresento ao novo Ministro o meu desejo das maiores felicidades no nobre cargo de que acaba de ser investido, na expectativa que em breve corrija os erros do antecessor.

sábado, 20 de julho de 2013

Benefício da dúvida

Queria pedir aos irmãos intelectuais balantas que concedessem ao irmão Ramos-Horta o benefício da dúvida. Todos erramos. Talvez certas posturas iniciais não tenham sido as mais adequadas, mas José Ramos-Horta está a tentar corrigi-las. Todos aprendemos e vamos aprendendo com tudo o que tem acontecido. Arriscar-me-ia mesmo a afirmar que na Guiné se estão a dar provas de verdadeira civilização ao mundo e o processo não é fácil. Aproveito ainda para lembrar que este não se ofereceu; a sua mediação foi solicitada de Bissau.

Logo se verá o resultado da sua presença em Maputo, para o funeral da CPLP.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Incoerências...

«As autoridades de Cabo Verde apresentaram nas instâncias competentes guineenses um pedido de libertação, que ainda não obteve resposta.» Lusa

Se calhar apresentaram às instâncias erradas... Entregaram o pedido a Raimundo Pereira ou a Carlos Gomes Junior?

É natural que uma coisa que não existe, não responda. Uma reacção mais discreta e low profile seria mais adequada a quem fez borrada.

Esclarecimentos? Com urgência? Agora têm pressa? Quem tem de dar esclarecimentos é Cabo Verde. Que faziam os espiões em Bissau?

O melhor é confessarem. É que a Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe não ratificaram a Convenção Internacional contra a tortura...

Tratam os guineenses como selvagens, depois admiram-se.

Culpa morre solteira

Para saudar o artigo de Daba Na Walna, sobre a «impunidade»: respeitando escrupulosamente a constituição, que inibe os militares de se pronunciarem publicamente sobre assuntos políticos (e no actual contexto, qualquer afirmação menos cuidada pode ser tomada por «política»), tem escolhido temas «frios», permitindo manter assim uma presença activa e positiva das Forças Armadas na actualidade nacional (que viveu na última quinzena um verdadeiro desfile de representantes de variadíssimas missões internacionais).

Tal como Cabral, que se irritava com os amuletos, tentando explicar aos seus guerrilheiros que deviam aprender a ser bons combatentes e não confiar nessas «forças ocultas»... Eu também não acredito em bruxas, pero que las hay, las hay. É um pouco como os comprimidos. Um médico indiano que conheci, o Dr. Pó (já faleceu) contava como, sendo médico em Moçambique em 1974/75, não existiam medicamentos nas farmácias, só sobravam aspirinas... então receitava aspirina para tudo (e funcionava).

Vem a propósito, neste contexto da palavra actualmente em voga, «impunidade», lembrar a Justiça grega. Também os gregos acreditavam que havia uma realidade paralela de nível superior, da qual os humanos eram simples reflexos. Tinham deuses para tudo. Claro que quando algum cidadão cometia um crime e era preso, era «inimputável» para as pessoas, pois acreditavam que tinha sido um deus mal disposto que «condicionara» o culpado. Isso mesmo declarava o Juiz, que pedia desculpa ao «inocente» antes de o condenar.

Sim. Perante as evidências, o Juiz pedia desculpa ao «inocente», mas, não havendo forma de convocar perante a Justiça o deus prevaricador, autor moral do crime, esta era obrigada a fazer pagar o coitado do humano, seu agente e executor. Na Guiné, a impunidade não é assim tão grande... não esquecer que pelo menos alguns dos mortos, de quem pedem contas, transportavam uma boa carga de culpa e pelos vistos não ficaram impunes. Imagine-se um duelo: morrem ambos os cowboys; devemos processar os cadáveres por assassinato?

PS Mas tirando o Olimpo a limpo: teriam os gregos um deus para os golpes de estado?

domingo, 14 de julho de 2013

Rispito

Entre estados, é necessário respeito. As relações devem ser de boa fé recíproca. Quando há falta de confiança, torna-se obrigatória uma observância estrita do protocolo. Cabo Verde, depois de nunca ter clarificado a sua posição nos lamentáveis incidentes de Abril deste ano, não pode enviar agentes (em serviço?!) em «turismo», sem os acreditar devidamente perante as autoridades «de facto» (sobretudo se não concorda com a sua legitimidade): de outro modo oferece o flanco e promove mal entendidos. Ou talvez os advogados indígenas (narco-especialistas) queiram defender que foi uma armadilha montada pelos guineenses, que enviaram «cidadãos a deportar» para engodar os agentes? Atendendo ao princípio da reciprocidade, aconselham-se os seus dirigentes a evitarem as águas internacionais para os lados do continente em eventuais saídas de iate. Mas fiquem descansados quanto à dignidade dos agentes, conforme reconhece o relatório diplomático da Embaixada americana, relativo ao ano de 2012, a prisão de Mansoa tem condições de detenção e na Guiné-Bissau, ao contrário de outros países, os Direitos Humanos são respeitados.

Dente por dente. E o último a rir...

Ver notícia publicada ontem em A Semana.

PS José Maria das Neves: «Cabo Verde não possui serviço de espionagem nem interesse em espionar qualquer país»; no entanto, permitem a utilização do seu território para acções encobertas dos serviços de agiotagem de outros países, contra países irmãos. Esta parece ser uma oportunidade de ouro para repensarem a sua abordagem.

O fim de Obama?

Depois das maravilhas que a equipa de escritores (de propaganda por email) de Toby Fallsgraff fez na recolha de fundos para a sua campanha, Obama decerto pensou em colocar essa experiência ao serviço da sua administração.

Qual é o segredo deste marketing político? Tal como a ganância e a gula, as pessoas têm um apetência especial por «entrar na sala do rei». Se lhes derem a entender que têm uma relação especial com o líder, renderão publicidade.

Todos os americanos que partilharam o email no âmbito da sua última campanha, receberam emails de Obama, alguns excessivamente familiares, como «Wow» ou «Janta comigo hoje?»... O que rendeu milhões de dólares em donativos.

A «carta» que Jorge Heitor recebeu é paradigmática. «Tipificado» (vá-se lá saber porquê) como «opinion maker», foi brindado com uma jóia de retórica de proporções épicas (embora «o máximo» não tenha sido o único que recebeu esse texto «personalizado»).

A «ponta do iceberg»? Será um teste piloto para uma campanha de marketing à escala mundial? Porquê esta necessidade de propaganda externa? Será porque o seu «estado de graça» interno acabou? A mensagem (para além da sua intenção) é interessante.

Julgo que a chave reside no anunciado «objectivo» de «to reduce our deficit in a balanced way»... É que até aqui Obama só aumentou o défice. Porquê «balanced»? Porque é preciso usar «luvas» para anunciar o tempo das vacas magras aos americanos.

Obama está com cada vez mais dificuldades em sustentar internamente o seu «bluff» monetário. Para este presidente, é muito fácil «estimular» a economia: basta pura e simplesmente continuar a imprimir «presidentes» e a aumentar a despesa.

Acho que é tarde demais para saltar do comboio, que já ganhou velocidade. Vai inevitavelmente magoar-se. Mas quanto mais cedo o fizer, melhor, porque se o comboio continua a acelerar, um desastre de grandes proporções torna-se inevitável mais à frente.

Isto faz lembrar quando Obama esteve no Congresso a negociar o orçamento à porta fechada. A certa altura terá afirmado «We don't have a spending problem»; o porta-voz do Congresso, John Boehner, irritou-se e repetiu por várias vezes, ao longo dos três dias:

_Mr President, we have a very serious spending problem.

No último dia das negociações, o Presidente irritou-se e estalou o verniz:

_I'm getting tired of hearing you say that.

Precisamente ao contrário do que «Obama» defende perante Jorge Heitor, o pior ainda não passou para a América, está por vir, e se calhar mais cedo do que se pensa. Até aqui, foi o bom Obama, gastar é fácil; já pagar dívidas é decerto menos popular.

Mesmo admitindo que este «digest» de lugares comuns da retórica presidencial não é uma brincadeira, mas fruto de um «escritor» de propaganda do seu gabinete, acaba simplesmente por ser revelador de um certo stress. A verdade pode cansar, mas liberta.

Brevemente cada contribuinte americano deverá 150 000 dólares (ao estrangeiro): mas não o lembrem ao senhor Presidente, porque ele não iria achar piada nenhuma, poderia até zangar-se. O melhor talvez seja pensar duas vezes antes de aceitar dólares.

Obama distribui uns rebuçados, limpa o rabo aos meninos, e ainda espera publicidade gratuita? Se calhar o tiro ainda lhe sai pela culatra... Talvez o melhor seja colocar já a sua esfinge em notas de milhão, para pelo menos se poderem desvalorizar esses novos dólares...

sábado, 13 de julho de 2013

Des(União Africana)

O Conselho de Paz e Segurança da União Africana, cuja presidência é actualmente ocupada por Angola, tem vindo a desenvolver uma actuação pouco pragmática: brevemente, serão mais os países suspensos (Mali, Guiné-Bissau, Centro-Africana, Madagáscar, Egipto...) que aqueles em actividade. Por fim, a união africana ficará reduzida ao bom exemplo de Angola, onde os golpes de estado são impossíveis (como toda a gente sabe).


Depois da suspensão do Egipto, numa interpretação demasiado à letra do conceito de «golpe de estado», veio a Liga Árabe fazer a crítica da sua congénere, dizendo que não foi um golpe de estado, mas sim uma «verdadeira revolução» (mesmo considerando o facto de o ex-presidente ter sido democraticamente eleito), simples expressão da vontade da maioria dos egípcios, para quem a deposição de Morsi foi um «feito histórico», evitando «o abismo».

Todas as diplomacias estrangeiras suavizaram ao extremo o tom de crítica, a maior parte nem sequer utilizando o termo «golpe de estado» para descrever a situação. Só os Estados Unidos insistiram em cumprir o «protocolo», retirando o seu pessoal (mas fazendo-o sem grande convicção). Já na União Africana têm critérios muito apertados, inspirados no modelo angolano e na longevidade repressiva do seu regime, que abomina «golpes».

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Simonovic na mira do Progresso Nacional

A Guiné-Bissau não é nem nunca será um narco-estado!

Tenso e crispado. Pagam-lhe para se armar em mau, coitado, e o senhor exerce acriticamente a sua profissão...

Errare humanum est

A não perder, um magnífico e oportuno contributo, pleno de positividade, publicado pelos Intelectuais Balantas na Diáspora, no qual Alberto Luís Quematcha defende coisas simples, mas verdadeiramente importantes. Tal como o primeiro passo para a cura de uma doença é o seu diagnóstico e reconhecimento pelo doente, também uma sociedade carece de aprender com os erros e para isso precisa de premiar aqueles que lhos apontam, não comprazer-se em desqualificá-los.

Que matchu!

PS 1) Neste contexto, queria fazer um público elogio ao Progresso Nacional, que, reconhecendo o erro de alimentar dissensões entre guineenses, desejaram as melhoras ao Doka.

PS 2) Em relação ao artigo, julgo que a opinião do Filomeno Pina, sobre o fenómeno de dissonância cognitiva apontado pelo Alberto Quematcha, se revestiria de grande interesse e autoridade.

Associated Press viral

Não tinha ainda passado uma hora da saída desta notícia, já estava espelhada em dezenas de sites, entre jornais, TVs, rádios, portais. Não admira que a etiqueta «narco» cole até se tornar num lugar comum, que até quem nem sequer sabe onde é a Guiné-Bissau papagueia acriticamente: repetem as coisas tantas vezes... Por isso concordo com a campanha do Progresso Nacional, que se decidiu igualmente a repetir para sempre (o contrário)...

Washington Post
ABC News
Fox News
NewEurope
News Daily
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American Statesman

Ivan Simonovic, assistente do Secretário Geral das Nações Unidas, deveria ter mais cuidado com a língua; mas, sobretudo, articular as suas declarações com a experiência adquirida pelo seu colega Representante do mesmo SG para a Guiné-Bissau, que já lá está há mais tempo em contacto com a realidade local. Que falta de solidariedade institucional. Abusa dos lugares comuns recorrentes, diabolizando o país como narco-estado. Parece negativo condenar apenas.

Fiel a uma única dama, a da «justiça» para as mortes políticas (e depois de reconhecer que boa parte dos problemas do actual governo de transição têm a ver com o boicote a que o país foi submetido), quer fazer depender o futuro reconhecimento das eleições (como livres e justas), por parte da comunidade internacional, de «avanços» obtidos no campo judicial. É caso para perguntar o que é que o .. tem a ver com as calças... Chantagem? Ameaças gratuitas?

«It has been clearly stated that it is important for the international perception of the elections and whether they are free and fair,” Simonovic said. “And of course if they are not considered free and fair by the international community then that has some very practical consequences.»

Chega e no dia seguinte já está a debitar postas de pescada? Para informação, não é verdade que nada tenha sido feito no sentido de esclarecer as mortes com motivação política ocorridas durante o mandato do anterior governo: foram efectuadas diligências junto do principal suspeito da autoria moral desses crimes, que de momento se encontra a fazer turismo em Portugal, não tendo o dito cumprido a notificação convocando-o ao tribunal do país.

O senhor «assistente» do SG revelou não só falta de informação, falta de tacto e de diplomacia, mas também uma banalidade constrangedora, passível de colocar em causa o bom nome da organização (que parece assim falar a várias vozes e dissonantes), para além de ofender o simples bom senso.