quarta-feira, 31 de julho de 2013

«Programa» mínimo

O caso dos polícias cabo-verdeanos parece encerrado. Os profissionais, que nunca deveriam ter desembarcado do avião «em serviço», nem pisado um chão do qual o seu país não reconhecia as autoridades de facto (há mais de um ano, tiveram tempo para reconsiderar antes), poderão finalmente regressar às suas famílias. O seu caso humano foi lamentável, mas, estando ao serviço (de incompetentes, mas pronto), vão de consciência tranquila e com o sentimento do dever cumprido. Acabaram por prestar um bom serviço, restabelecendo o diálogo.

Sem que se conheçam as restantes contra-partidas prestadas pelas «instâncias» do país visado (por falta de visto de entrada), pode constatar-se um saldo positivo de toda a fricção: as autoridades da Guiné-Bissau foram finalmente reconhecidas por Cabo Verde, com o oportuno aparecimento de um «embaixador» (embora, seguindo o modelo americano, com sede em Dakar; e, pergunta-se, esse «embaixador» foi credenciado? perante a Presidência? não deveria sair do país sem primeiro apresentar cumprimentos de despedida...) para a Guiné-Bissau.

Inaugurada assim uma nova fase das relações entre os dois países, após um desadequado interregno de mais de um ano (impunha-se há muito a abertura de um canal de comunicação, que poderá no futuro dissipar preventivamente casos similares), espera-se que Cabo Verde possa dar outros passos no sentido do fortalecimento dos laços que unem o país ao continente, de boa fé numa verdadeira comunhão de interesses linguísticos, culturais, económicos, e até filosóficos. Parece chegado o momento para repensar as opções estratégicas do eixo Praia-Bissau.

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