sábado, 14 de fevereiro de 2015

Decretos em dia de azar

José Eduardo dos Santos procedeu a uma série de exonerações e de nomeações datadas de Sexta-Feira 13. Numa «chicotada psicológica» (aliás, em plena contradição com o comunicado do Comité Monetário do mesmo dia, para o qual «não se passava nada»), são demitidos dois vice-governadores do Banco de Angola, António André Lopes e Ricardo de Abreu, imolados como bodes expiatórios da actual crise do Kwanza, decerto por não se mostrarem suficientemente entusiastas das orientações superiores para a condução conjuntural da política monetária.

Na mesma série de decretos, é nomeado para o cargo de embaixador extraordinário e plenipotenciário de Angola na República da Guiné-Bissau, Daniel António Rosa, um alto funcionário dos Serviços Secretos. De Espião a Embaixador? Curiosa carreira diplomática... Qual das duas vocações prevalecerá?


[o agora Senhor Embaixador é considerado um «artista» na «extracção» de informações, sendo delicadamente alcunhado de «alicate de gema», numa analogia com o instrumento de precisão para o arranjo de pedras preciosas]

Como tem sido hábito, é através de decretos deste género que o Presidente angolano costuma «ajustar» a sua governação, regra geral, antes de se deslocar ao estrangeiro. Não será pois de estranhar que José Eduardo dos Santos venha a ser acometido, nos próximos dias, de algum azar, a necessitar de cuidados urgentes no exterior.

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