As recentes alterações efectuadas na administração do Banco Nacional de Angola, já estão a dar o seus frutos. O mais recente relatório, referente à semana passada, é uma autêntica nulidade: pura e simplesmente nenhuma conta bate certo.
1) Os 4,2 mil milhões emitidos em Obrigações do Tesouro (integralmente colocados, em troca de dólares, como a semana passada) transformam-se mais à frente em 4,7 mil milhões de colocados (decerto erro de copy / paste da semana anterior).
2) O resumo daquilo que foi colocado - esses 4,2 mil milhões de OT mais os 36,2 milhões do total de Bilhetes do Tesouro colocados [36,2 em 19500, ou seja a confiança desceu, dos 0,9% da semana passada, para menos de 0,2%], dá 4 236 milhões (ou outra coisa qualquer, estando a conta errada), mas nunca 465,8 milhões.
3) As parcelas, dos BT efectivamente colocados, não correspondem ao total de 36,2 milhões
Só encontrei uma forma de as contas baterem certo (ver tabela à esquerda): em vez de 10,9 alguém bateu 19... esse terá sido apenas um erro de digitação e seria grave, mas eventualmente desculpável. No entanto, os erros não acabam aí, pois a segunda e a quarta parcela (esta última, para além disso, não pertence evidentemente a esse total), são em milhares de milhões e não em milhões (veja-se a expressão na tabela à direita).
A outra possível explicação estará numa «maquilhagem» (se os 4,8 mil milhões forem de facto «mil milhões» e não «simples» milhões) para camuflar uma desvalorização do Kwanza junto da banca, com o câmbio semi-oficial, a duplicar a distância, em relação à semana passada, para o câmbio oficial (obrigando os bancos, em troca de sensivelmente a mesma quantidade de dólares, a absorverem o dobro de Títulos do Tesouro). O Banco de Angola que esclareça as continhas, tim tim por tim tim...
Quem quiser verificar a metodologia, compare com o mesmo relatório mas da semana passada (no qual todas as contas ainda batiam certo). De uma mediocridade e irresponsabilidade gritante! Mesmo tratando-se, em vez de simples estupidez, de uma versão «manipulação», a forma não é nada abonatória: «malandrices» dessas devem ser bem feitas e nunca deixar o rabo de fora. É a credibilidade monetária do país que está em causa.
É o que dá, perseguir os melhores filhos de Angola e rodear-se de medíocres, corruptos e yes men, incapazes de pensar pelas próprias cabeças ou de fazer uma simples conta de somar!
Não basta copiar modelos: a China também tem a sua moeda indexada ao dólar, mas a China produz riqueza, não se limita a extrair e o Yuan é artificial e sistematicamente subvalorizado (vendendo) para favorecer as exportações de produtos fabricados e a importação de divisas; no caso angolano, passa-se precisamente o inverso, pois a moeda foi sistematicamente sobrevalorizada (comprando-a) para favorecer as importações de bens (de luxo: como jactos privados - havendo famílias com mais que um) e as exportações de capital (para os beneficiados do regime adquirirem bens de raiz no estrangeiro).
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