A decisão do Governo português de cancelar os voos da TAP para Bissau, na sequência de um incidente com refugiados sírios, poderia ser classificada de tiro no pé (prejudicar a sua própria companhia aérea nacional, bem como a sua comunidade residente no país) não fosse o facto de o Ministro dos Negócios Estrangeiros português ter, uma vez mais, posto a pata na poça, misturando alhos com bugalhos.
O que tem a ver o diferendo (pouco) «diplomático» com Bissau com o facto de a Europa ser um destino apetecível para os coitados dos refugiados sírios, que apenas pretendem fugir à guerra? Se estes pretendem fazer turismo em Portugal e optaram por um percurso mais confortável do que os tristes e infames boat people de Lampedusa, como podem classificar o caso como «grave incidente diplomático»?
Não se compreende o problema da TAP. Não venderam os bilhetes? Ou eles ficaram a dever? E talvez o Ministro devesse consultar os Direitos Humanos, nomeadamente o de asilo. Aos sírios, talvez se pudesse recomendar a instalação em Bissau, até que a situação no seu país acalme, face à má vontade e insensibilidade do Governo português, mesmo perante os casos das crianças e de uma grávida.
Mas leia-se a pérola de Rui Machete: «o ministério de Rui Machete afirma, em comunicado, que o encarregado de negócios da Guiné-Bissau "foi chamado" ao ministério dos Negócios Estrangeiros, "tendo-lhe sido transmitida a gravidade do ocorrido", uma das "medidas no campo diplomático" que o Governo português "encetou desde o primeiro momento"». Discurso chocho e oco. Não quer dizer nada.
Mas dá para perceber algumas coisas:
1) O MNE, embora não reconhecendo as autoridades de facto na Guiné-Bissau (não se coibindo de o lembrar nestes comunicados, lembrando aos seus cidadãos para evitarem viajar para lá, esquecendo todos aqueles que têm lá vida), «chama» ao Ministério o encarregado de negócios (que não pode ser confundido com um embaixador)
2) Gravidade do ocorrido? Só se for nas suas fracas cabecinhas: o problema é de Portugal, que foi o destino escolhido. Não reconhecem a Guiné-Bissau, perseguem as suas autoridades por todos os meios e vêm falar em «gravidade» do ocorrido? Nem a brincar! E agora, que sugerem? Vão redigir um ultimato a quem não reconhecem?
3) O texto torna-se depois completamente incompreensível: «medidas no campo diplomático»? que o Governo «encetou desde o primeiro momento»? Pois, pois, já se sabe: logo no dia 12 de Abril do ano passado, ficou tomada, essa medida; agora não há mais... Colocam a descoberto a própria incompetência e inconsistência...
Há 2 horas
1 comentário:
A Guiné Bissau só já lá vai entregando-se definitivamente nas mãos da Legião Francesa como o Mali, República Centro Africana, etc.
Voltamos às guerras de Pacificação.
Já no tempo do próprio Luís Cabral a Guiné fazia ameaças de trocar Lisboa-Bissau por Paris-Bissau (TAPporAir France)
Tinha poupado muitos milhões de viagens pagas em Pesos que o Banco de Portugal pagou a Guineenses, compensando a TAP, atravez dos "perdões da dívida"
Dá vontade de dizer que se juntem à Casamance e desapareçam, que desculpem aqueles caboverdeanos que adivinham a bagunça e se juntaram na luta contra aquelas independências com "MUgabes" e "Holden Robertos" etc."Netos, Nitos e Ninos".
O que é que Amilcar tinha na cabeça!
Viva Mandela!
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