quarta-feira, 18 de abril de 2012

Fuga para a frente



Despudoradamente, embora já tenha percebido que errou, Paulo Portas optou pela fuga para a frente. Ao contrário do Rei de Espanha, que é quem é, e depois de errar, não teve dúvidas em pedir desculpa, insiste em levantar a voz: não está, senhor Ministro, em posição de levantar a voz em direcção aos guineenses. Irrite-se consigo próprio pelo beco sem saída em que caiu. A enumerar condições quem apenas deveria ouvir? Está em coordenação com o seu mentor e padrinho do hemisfério Sul? Julgo que neste momento, o discurso não é adequado: como é que ele encomendou as postas? Fininhas? São para assar ou para fritar? Quanto aos tugas, não é preciso descarregarem mais carne branca para aqueles lados, a que já está no frigorífico em Bissau chega para muito tempo, se calhar até vai dar para enjoar meio mundo. Portanto vamos lá a ver se traçam bem os cenários, se se informam do que é que estão a fazer. Não se espicaça o leão com a vara curta.

Mas num ponto, senhor Ministro, bateu os guineenses aos pontos, temos de confessar; é quando se refere ao «legítimo» Ministro dos Negócios Estrangeiros: ahahahahah... Agora a legitimidade guineense é decidida no seu gabinete. Mais uma ofensa imponderada aos guineenses: tem lido as declarações da sociedade civil? Está a começar a tornar-se odioso. Já morreram 5 crianças por causa de si...

Finalmente foi publicada a principal peça da acusação, obrigado Aly!: O ex-PM assume o documento? a assinatura e a rubrica correspondem? Galinha ta guarda si frangas bas di si asa. Estamos perante um apelo indecente e indecoroso, sem dignidade, formal onde deveria ser sentimental, que apenas reflecte o desespero de alguém agarrado ao poder, a todo o preço (talvez tivesse vendido a pele do urso antes de o ter morto...). Nenhum líder se pode apoiar em forças estrangeiras: e na Guiné havia um exemplo recente, Nino aprendeu-o à própria custa; escrever uma carta destas, demonstra apenas autismo e estupidez. Devido às drásticas consequências que daí advieram, convenhamos que merecia ser executado graças a uma condenação sumária num tribunal militar de excepção, por alta traição, agravada pelo cargo que ocupava; mas felizmente na Guiné, não mais se quer dar o exemplo da guerra, mas sim o da tolerância. É engraçado que aquilo a que chamam «Golpe de Estado» se resuma à prisão do Primeiro-Ministro, feito sem outro sangue para além do canino que não se calava.

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