segunda-feira, 19 de setembro de 2011
domingo, 18 de setembro de 2011
Requiem por Obama
Obama vai passar esta semana numa maratona em reuniões na ONU cuja agenda, como muitos já suspeitam, vai ser crucial para o futuro, onde as paradas vão ser altas; e o risco elevado para a humanidade. Mas o facto é que este Obama é agora um homem fragilizado, pois perdeu o comboio da história, talvez mesmo o da sua própria dignidade. Acossado pelos candidatos republicanos, com as sondagens em queda livre, o efeito Líbia virou-se contra ele. Feitiço contra feiticeiro. Eleito com promessas de aliviar o peso da máquina de guerra no exterior, traiu as expectativas optimistas que nele depositaram (e não só na América, mas no mundo), antes propondo-se conduzir a América a novas guerras, sem o mínimo de credibilidade. Anunciou há três semanas uma vitória certa em dois ou três dias para a Líbia, agora encontra-se num beco sem saída.
Dez anos e uma semana após o 11 de Setembro, os americanos começam a desconfiar da maneira de fazer política de todos os que caem naquela Casa, por boas que sejam as suas intenções iniciais: de boas intenções está o céu cheio. Agora que a América está na bancarrota, que está feita a catarse do 11 de Setembro, «enterrados os mortos», alimento a sincera esperança que uma fagulha ilumine o seu povo e que da próxima eleição presidencial saia um homem pacífico, mas firme, mais virado para o comércio que para a guerra. Vão ser lastimáveis e penosos, os últimos dias de Obama: a perda da Casa, o descrédito, a desonra, a vergonha, o abandono dos amigos, a traição da mulher; mas que se console, seria muito mais grave se fosse apanhado pelos rebeldes líbios.
Escalada nas palavras
Naquilo que parece ser uma resposta ao embaixador russo na ONU, que anda pelos bastidores a dizer que esta Administração americana não tem qualquer credibilidade, o Secretário-Geral da NATO deu hoje uma entrevista à mesma televisão Russia Today. Vejam-no a ser devorado pela jornalista! O momento para o qual quero chamar a vossa atenção está aos 11'40'': pressionado, o louco irrita-se e, numa entrevista pausada e insonsa, sobe o tom e diz: «A NATO não tem intenção de atacar a Rússia!».
O retorno da Guerra Fria?
Rússia ameaça América... Segundo o seu Embaixador permanente nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, agora que o «novo poder» líbio recebeu reconhecimento internacional, há que levantar a «Zona de exclusão aérea», silogismo assassino que a NATO prostituiu até ao inimaginável. Vejam a entrevista concedida, em inglês, à televisão Russia Today: o ponto interessante vem entre o minuto 8 e o minuto 9.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Amnistia Internacional acusa rebeldes de Crimes de Guerra
A situação evolui rapidamente. O pseudo-chefe do novo pretenso-governo desembarcou em Tripoli, para logo se desentender com o comandante militar (pura e simplesmente organizou a pilhagem sistemática de casas de oficiais leais a Kadafi e de empresários ausentes da cidade), que invadiu a cerimónia sem ser convidado e lhe deu um valente empurrão. Agora que «estão» no poder, começam os verdadeiros problemas de como o repartir, que farão de mais esta sequela do 11 de Setembro um novo Afganistão ou Iraque.
domingo, 11 de setembro de 2011
Abcesso de fixação
Grande derrota dos terroristas em Ben Walid. Depois de terem entrado na cidade, no Sábado de manhã, foram dispersos em múltiplos combates de rua e obrigados a recuar sob fogo cerrado sofrendo elevadas baixas. Salif parece apostado em criar ali um abcesso de fixação e está a consegui-lo: para já aliviou a pressão sobre Sirte; impotentes face ao desafio, os pretendentes ao poder em Tripoli estão a tentar concentrar o máximo de forças para controlar o «abcesso», dando os primeiros sinais de fraqueza (a data para o ataque «final» tem sido sucessivamente adiada escondendo-se atrás da aparente e cínica «boa vontade» para negociar e «evitar mais derramamento de sangue») ; enquanto Salif concentra as atenções, adapta as suas tácticas (em entrevista à televisão francesa, avisou que a sua vantagem está agora no combate não convencional) e aprende a lidar com os bombardeamentos da NATO, ganha um tempo político precioso, mantendo «o perigo», à espera que acabe o mandato (27 de Setembro) da ONU e a Aliança terrorista deixe de ter cobertura para operar nos ares... A própria NATO começa a dar sinais de desespero com a aproximação da data, tendo em conta a oposição da Rússia, China, Brasil, África do Sul, etc. Com esta clara vitória de Salif, começam também a notar-se sinais de desagregação da aliança rebelde contra-natura: desinteligências entre grupos rivais provocaram 12 mortos; agora até já se matam uns aos outros.
De Ben Walid não passarão!
PS De parabéns está a Guiné-Bissau: quando elementos da embaixada líbia retiraram a bandeira verde e colocaram um farrapo tricolor, foram imediatamente accionados para reporem a única bandeira acreditada e reconhecida internacionalmente. O que agora se passa na Líbia é algo parecido com o que se passou na Guiné-Bissau após o 7 de Junho de 1998: face a uma invasão estrangeira, esquecem-se antigos desentendimentos e toda a população se une para resistir ao invasor. Que grande símbolo, o Poilão de Brá.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
A loucura continua
Ontem, quinta-feira, o telejornal da RTP1 foi uma triste e repugnante encenação à escala nacional. Os dois líderes da coligação governamental, numa constrangedoramente servil operação mediática, abanavam o rabinho à NATO. O ministro dos Negócios Estrangeiros, numa extemporânea, deselegante, desnecessária e prematura manifestação de reconhecimento implícito de uma «revolução» (inacabada, mas pronto), deslocou-se à Líbia, para participar da «partilha dos despojos»; com tanta gente a morrer, referia-se pateticamente às magníficas oportunidades que se abrem para os empresários portugueses... O primeiro-ministro recebia o Secretário Geral da NATO, para anunciar a transferência para Lisboa do Comando desta organização, já não apenas defensiva, mas agora vocacionada para a ingerência programada nos assuntos internos de estados soberanos.
Uma breve ilusão de poder e um preço alto a pagar: mais que uma ofensa, é um crime, associar o nome de Portugal a esta barbárie. Que temos nós a ver com esta loucura? Que temos a ganhar? Aos betos irresponsáveis que nos governam lembro as promessas que nos fizeram pela participação na 1ª Guerra: nem uma migalha caiu da gamela dos grandes... Não nos arrastem para a estupidez em preparação, deixem-nos cá quietinhos no nosso cantinho reduzidos à nossa tranquila insignificância; quanto ao hipócrita do jornalista falhado que é Paulo Portas, lembre-se dos combatentes da guerra colonial, dos quais popular e demagogicamente muito abusou, esses tempos acabaram, não faça pouco das pessoas. Já nos custou bastante sarar as feridas do Império. Então nós íamos neocolonizar a Líbia? Quando chegámos aos Açores e à Madeira não havia lá ninguém; olhe que na Líbia há líbios. Não se meta nisso, não estou a vê-lo a ter lições de árabe. Talvez sinta antes necessidades de pedir ao Dr. Adriano Moreira umas lições de geopolítica (para não falar de um mínimo de bom senso e tacto, que não será demais pedir a quem ocupa o Palácio).
Não será a inventar ameaças, a aumentar a intolerância, a promover as guerras e dissenções que se vão resolver os graves problemas mundiais. Ao estarem a apoiar estes actos criminosos, Passos Coelho e Paulo Portas são passíveis de ser acusados de Crimes de Guerra. E entretanto arrastam o nosso país e a nós todos, ainda com uma imagem positiva perante muitos povos, para uma escalada de loucura e animosidade que não augura nada de bom. Em vez de procurarem fazer pontes, dinamitam-nas... Isto é de loucos e em tudo contrário à tradição e vocação universalista portuguesa.
Quanto aos pilotos da Força Aérea, sugiro que se recusem a operar nesse cenário, como o piloto canadiano que deu o exemplo, recusando-se a sair em missão quando analisou os alvos que lhe estavam alocados. Seria uma desonra para o exército português uma participação, por mínima que seja, nesta guerra cínica. De cada vez que mudam os conceitos geopolíticos, há uma grande guerra. Lembre-se o Congresso de Viena: era preciso tramar Portugal e Espanha, então o Direito «Colonial» Internacional «evoluiu» e passou do «primeiro a chegar» para quem «ocupava de facto»... a coragem e determinação dos nossos exploradores ainda permitiu que atravessámos África, mas não impediu o fim brusco e infeliz do mapa cor-de-rosa, ainda antes de o nosso Corpo Expedicionário ser «sacrificado» (pelos nossos queridos «aliados») na batalha de La Lys (os rapazes é que eram rijos e aguentaram-se).
Resumindo: esta não é a nossa guerra. Então e ninguém faz nada? Se calhar devíamos ir para a Praça do Comércio manifestar contra o regime «democrático» que foi colocando no poder políticos corruptos e medíocres que nos sobre-endividaram e agora, betos sonsos e inconscientes que estão apostados em conduzir-nos alegremente para o abismo, sem o mínimo de orgulho ou considerações relativamente à identidade e soberania nacional. O cão do gramofone não faria melhor. Lamentável falta de dignidade. Vil. Repugnante.
Não à venda de soberania! Nem mais um soldado para as colónias (dos outros, ainda por cima)!
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Salif entre os Ben Walid
Na linha da frente. É ele a alma, agora. O pai passou à história.
PS O Kadafi velho fazia bem em abdicar formalmente. Facilitava as coisas. À falta de golpe fatal, a NATO sobe a parada: vão agora tentar destabilizar Marrocos e Argélia...
sábado, 27 de agosto de 2011
No more MASS brain washing!
Não se deixem enganar pelas notícias nos media!
Estão a querer fazer-vos uma lavagem ao cérebro...
Incrível: acabou-se de repente o «politicamente correcto» na América; quando se passa dos limites da hipocrisia e da ganância, cai-se na demência assassina! Cada vez mais americanos dizem claramente o que pensam do caminho que o seu governo quer impor ao mundo. Não vão por aí! Não percam: entrevista de historiador americano à TV iraniana: http://www.youtube.com/watch?v=gpB2LKLToog
Os russos parecem finalmente ter acordado e contra-atacam: acusam agora os americanos de ter mentido, aquando do pedido do mandato na ONU, ao afirmarem que Kadafi estaria a utilizar a sua aviação contra os seus compatriotas. Os russos mostram provas. Suficiente para refrear os entusiasmos? http://www.youtube.com/watch?v=_yuZCvmN_Fg
Grande pinta esta líbia! Até faz um manguito ao Obama. Manifestações em território rebelde: agora não podem dizer que são pagos pelo regime; as pessoas correm riscos para o fazer! Ao contrário das outras imagens de Tripoli, onde não se vê ninguém a não ser rebeldes. http://www.youtube.com/watch?v=_5EpvO47CUE
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
+ uns LINKS
1) Lindíssimo, a não perder. Fiquem a saber as verdadeiras razões da operação da NATO: Kadafi, que ultimamente se convertera em ultra-liberal, tinha tido uma ideia, criar um dinar-ouro, como alternativa ao dólar, que todos os países da OPEC deveriam exigir em troca de petróleo. Mas vejam até ao fim, Obama a ser violentamente interpelado, num programa de rádio, por um líder black espectacular: melhor que Jazz! http://www.youtube.com/watch?v=w81x7WfGilI&feature=related
2) As opções estratégicas: passar à guerrilha. Aquilo que se perde em território, ganha-se em mobilidade. http://www.youtube.com/watch?v=B5oIj2rgt6U&NR=1
3) Para quem tenha paciência (e estôgamo), vejam a série! Este utilizador do YouTube tem mais... http://www.youtube.com/watch?v=RjUP3WA9APY
4) Horrível! Execuções a sangue frio de soldados regulares capturados... http://www.youtube.com/watch?v=70-QwPHMxDE&feature=related
5) Os crimes da NATO, continuam... no meio do desespero geral. http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=ZeNRs1E83gs
6) Uma análise esclarecida, por parte de um insuspeito ex-PM belga!
http://www.youtube.com/watch?v=2mHTPEb58HE&feature=related
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
FILAS ao contrário
Novo episódio da desordem mundial. Tripoli invadida, com o apoio da NATO, por um bando de bandidos e desordeiros. Diga-se, em abono da verdade, que nunca achei muita piada ao autor do livro verde, na sua tenda a beber leite de camela, sempre tentando polarizar a legimidade árabe - que invejava em Nasser - para a qual aparentemente nunca esteve destinado. No entanto, acho indecentes e indecorosas as atitudes da França e Inglaterra: apenas em busca de petróleo? ou de uma nova ordem colonial? Obrigados pelos americanos, em 1956, a recuar no Suez, apostam agora na ilusão de uma «partilha» imperial, com os americanos: uma oportunidade de reequilibrar a balança europeia, que parecia pender perigosa e definitivamente para o lado alemão; aos americanos, desgastados noutros lados, com manifesta falta de cultura geral e de sentido histórico, para além de hesitantes em envolverem-se, esta «aliança» parece, se não apenas pontualmente conveniente, talvez mesmo estruturalmente interessante.
Quero portanto, como cidadão europeu que nunca quis ser, desmarcar-me destas atitudes dos governos imperialistas de certos co-estados-membros. Esta atitude configura claramente uma situação de ingerência nos assuntos internos de estados soberanos, para além de uma péssima opção estratégica, com a agravante de que vai provocar mais uma impressionante tragédia humanitária, com o seu cortejo de ódios. O preto que se enganou na cor da Casa, enganou muita gente, mas já nem sequer respeita a antigamente sacro-santa Constituição, que foi a espinha da América, Constituição que o obrigava a pedir autorização ao Congresso para declarar a Guerra: mas também não faz a coisa por menos; com tanta desgraça e gente a morrer, resolveu a cena com uma rápida, sobranceira, arrogante e irritante explicação pela TV «Não preciso de pedir autorização ao Congresso porque já ganhámos a guerra»; por este caminho vai voltar a fazê-lo, claro. Com o mesmo despudor. E os americanos papam, baixa só meio pontinho nas sondagens.
Aparentemente, os árabes e muçulmanos estão divididos. Se no terreno parece ser uma irmandade multinacional (uma espécie de maçonaria árabe) que congregou uma insatisfação latente, chamando mercenários e bandidos de vários países (basta ver imagens dos «combates», do lado dos «rebeldes» são tudo menos civis entusiamados), já o aparente apoio saudita é bem mais estranho. Em África, o melhor exemplo vem do país de Nelson Mandela (a alma da reconciliação) que continua a recusar reconhecer o pretenso «governo» como resultado de um levantamento popular (que seria legítimo); considerando tratar-se antes de sedição. Assinale-se também a prudente posição da Rússia, afirmando ser ainda cedo para reconhecer esse «governo» (não íam chamar-lhe associação de malfeitores...), que só o farão se estes «dominarem o país com força suficiente».
A situação pode parecer desesperada. No entanto, analisando friamente a situação, constatam-se várias brechas na «muralha» rebelde. Kadafi fala em «retirada estratégica». O coronel pode ter muitos defeitos, é definitivamente um falhado, mas aprendeu, ao longo dos anos, pelas piores razões e utilizando os piores métodos, a manter bem alerta o instinto de sobrevivência (não vamos, claro, ao ponto, de lhe chamar raposa, pois, dado o cenário, correríamos o risco de ofender a memória do Marechal). Mas não é ele que me interessa. Aparentemente na sombra do pai, SALIF prepara algo há meses, vejam, esta notícia poderia ser de há poucas horas:
http://www.youtube.com/watch?v=3OTYqpZFSTc
Na Segunda-feira, a notícia caía como uma bomba: o complexo presidencial acabava de cair e o filho de Kadafi (poderiam ter escolhido outro, mas não, era Salif) fora morto nos combates; algumas horas depois, afinal não fora morto, estava em poder dos rebeldes, «que o estariam a tratar bem». Ora, logo na madrugada de Terça, o «morto» dava uma Conferência de Imprensa, em directo, para 35 jornalistas estrangeiros especialmente acreditados (e mantidos para o efeito) no Hotel Roxio. Não era um homem perseguido: transbordava boa disposição, mesmo. Era um vencedor. E estava a falar uma linguagem (árabe) muito clara, ao contrário do pai, que está meio chéché há um quarto de século.
http://www.youtube.com/watch?v=LlVu7X8FJ_4
Pensando bem... Qual é a melhor maneira de dinamitar uma aliança rebelde? Trocar de campo. Deixá-los ocupar. É que enquanto se defende, é preciso dispersar as forças e manter uma autoridade difícil perante a situação. Até aqui, muitos líbios, poderiam ainda estar com o espontâneo e eventualmente legítimo «levantamento popular». No entanto, a partir de Terça, todos começaram a mudar de campo, com as barbaridades cometidas pelos estrangeiros. Salif passou a dispor de gente disposta a morrer por ele, aquilo a que a maior parte dos terroristas que se auto-intitulam rebeldes (para além de uma ínfima franja multinacional decerto mais crédulos e ingénuos) não estão dispostos. Além disso, agora que já não precisa de defender um território, pode concentrar as suas forças onde decidir bater. Será que reserva alguma surpresa? No caso de uma reviravolta no terreno, será bastante difícil a França e Inglaterra retirarem os seus espiões e forças especiais, que assumida e insidiosamente não apenas forneceram armamento e deram apoio logístico, como combateram ao lado dos bandidos e saqueadores. Estando no terreno em trajes civis (os meios de comunicação dizem «vestidos de árabe»... como se toda a gente não visse que a maior parte dos locais vestem como aqui em Portugal ou em qualquer parte do mundo, era como se viessem montados para o Ribatejo vestidos de campinos para passarem despercebidos) e não gozando de qualquer protecção por parte das Convenções de Genebra, até pela forma (pouco) diplomática e não declarada da intervenção dos respectivos países mandatários, podendo ser, portanto, legítima e sumariamente abatidos, permitam-me desde já que interceda por eles: julgo que seria suficiente, e um bom exemplo de humanidade, dar-lhes apenas (poupando os de origem muçulmana, que foram, claro, escolhidos para a missão por serem «sacrificáveis») uns valentes tabefes à frente do mundo, para os executivos dos respectivos paísesinhos e os paizinhos verem em directo pela televisão. Teria um efeito interno altamente galvanizador, lembrando a Embaixada americana junto do Chá, sendo externamente bastante pedagógico.
A legitimidade árabe é algo difícil, na qual os estrangeiros, aos países e à fé, se não deviam meter. É que pode-lhes sair o tiro pela culatra, o que, no momento que vivemos, seria altamente oneroso. Quer-me parecer que Salif agradece a oportunidade que lhe deram e que não está disposto a desperdiçá-la. Boa sorte para Salif e oxalá acabe rapidamente com a praga na Líbia, exterminando radicalmente as baratas.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Terror privado? ou a manipulação de um rejeitado?
Conseguiu catalizar o momento e publicitar o «seu» manifesto. Perante a actual crise de legitimidade (U$A, €uropa, países árabes), primeiro pareceu-me que a mensagem essencial seria a de uma nova era aberta ao terrorismo individual. O único precedente conhecido foi Theodore Kaczynski, que ficou conhecido como Unabomber (também deixou um manifesto), mas com a grande diferença de este ser selectivo e actuar na base do 1/1: só matava um de cada vez; essencialmente, este brilhante matemático visava congéneres, com bombas artesanais que encaminhava pelo correio.
Passe a estupidez de os meios de comunicação mundiais (não resisto a chamar-lhes burgueses-marxistas, utilizando a terminologia do «artista») estarem a tentar censurar o(s) manifesto(s) do rapaz, numa clara reacção do politicamente correcto à propaganda subversiva. Ninguém enfia o barrete tão para baixo: isso mais parece a política da avestruz, para além de ser claramente pernicioso para a intenção formal, apenas servindo de mais publicidade ao objecto.
Uma leitura atenta do panfleto poderá revelar que não se trata de uma obra individual, mas antes de uma compilação impingida por alguns mestres «espirituais» pseudo-templários, com pretensas ligações à maçonaria regular, cujo rasto é fácil de seguir na internet. De qualquer forma, o resultado não é bonito nem recomendável. Configura mais uma ofensa ao próprio terror, até agora de causas e obra de organizações. A dantonesca cabeça de Robespierre deve rolar umas voltas, no panteão revolucionário.
Banalizado e futilizado, o terror! Que diz o palestianiano quando vê o filho sair de casa? «_Lá vai o meu rebento». E a mãe assente. Isto sim, é consistência social. Pessoalmente, tenho pena do rapaz (e do pai): no início da adolescência, fez um desenho, mostrou ao pai e o pai não gostou; para além de ter abandonado o filho, o idiota vem agora com declarações à imprensa a dizer que «preferia que o filho se tivesse suicidado»! Devia era cortar a pila, para castigo (aliás, devia tê-la cortado antes de fazer merda - não diz o Senhor: «Se a tua mão é ocasião de pecado, corta-a. Mais vale ires maneta para o céu que inteiro para o inferno»). Quanto ao filho, se queria publicidade, teria outra dignidade e o mesmo resultado, ou mesmo mais, a imolação pelo fogo, como fez o jovem tunisino.
Se até aqui, restava ao terror alguma dignidade, perdeu-a por causa deste beto nórdico egocêntrico e estragado com mimos. O arsenal dos pobres ficou mais pobre. Talvez devêssemos reflectir sobre o caminho de barbárie que leva este mundo sem regras e a deriva das identidades assassinas para a qual há muito chama a atenção Amin Maalouf.
sábado, 30 de abril de 2011
Mentiroso e hipócrita
No almoço comemorativo do 25 de Abril, tive a oportunidade de perguntar ao Senhor José Niza, se estava a pensar retractar-se publicamente, conforme lhe tinha solicitado. Primeiro balbuciou coisas incompreensíveis, depois disse que mantinha que era verdade, virando as costas e começando a afastar-se: imediatamente lhe atirei com um «_O senhor não passa de um mentiroso e de um hipócrita»; o senhor José Niza ainda tentou representar a comédia do «ofendido», mas depois de o olhar nos olhos lá afastou a sua incómoda presença, deixando-me almoçar descansado. Pois é, senhor José Niza, teve a sua oportunidade para rectificar a gaffe que cometeu, mas não quis aproveitá-la.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
O Homem lá saiu de cena...
Não estava no programa
nem é considerado notícia...
Envergonhadamente, o Mirante lá acusou o toque, sob a pica(e pito)resca classificação de Cavaleiro Andante.
http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=492&id=73785&idSeccao=7985&Action=noticiaidEdicao=492&id=73785&idSeccao=7985&Action=noticia
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Arrependimento ou censura?
O Mirante on-line chegou a publicar uma pequena notícia «Espectador interrompe colóquio e interpela José Niza» associada a um pequeno video de 1m56s sobre os factos relatados, texto e video que foram «empurrados» automaticamente para o Sapo. No entanto, pouco tempo depois, cortaram as ligações e fizeram desaparecer tudo...
Talvez seja melhor adoptar, aí no jornal, o bom método salazarista da censura prévia, para obviar a este género de incómodos.
domingo, 17 de abril de 2011
Crónica de uma sanha anunciada
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Teotina
terça-feira, 22 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
Que fez Fernando, de Santarém?
terça-feira, 18 de maio de 2010
Manel Mina
Pretendo hoje fazer uma homenagem ao Major Melcíades Fernandes. Acho que é um patriota, um grande guerreiro, uma pessoa extremamente humana dotada de uma cultura fora de par. Para mim é mais que um amigo: um irmão. Ainda me lembro de quando, em plena guerra, humilhou o embaixador francês, François Chapelin, dizendo-lhe, num francês impecável, que deveria falar português, a língua oficial do país onde tinha sido colocado. Para quem não conhece, Manel Mina é um oficial superior da Força Aérea guineense, perito em explosivos desde criança, piloto formado na ex-União Soviética. Ao lado de Ansumane Mané desde a primeira hora, para além de porta-voz da Junta Militar, foi a alma da gloriosa resistência guineense face ao invasor estrangeiro e principal artífice da vitória. Foi a magnanimidade de Manel Mina que salvou Nino Vieira da morte certa, 11 meses depois, dia por dia, do fatídico 7 de Junho de 1998. Nessa altura, fui a Bissau, para a parada militar da vitória, a 7 de Junho, dia que ganhara foros de feriado nacional. Fui visitar Manel Mina, bebemos uma garrafa de Balantines e fumámos cada um o seu charuto. Passámos uma tarde imensamente agradável, contou-me histórias da guerra de uma forma vivida e irreprodutível... Vou contar-vos uma pequena história sobre os primeiros dias da guerra: o atraso na tomada do paiol de Brá, pela Junta, devido ao Coronel «Rambo» (que aí morreu), provocou uma série de dissabores. A Junta Militar tinha em seu poder imensas armas ligeiras, no entanto, nenhumas munições. Uma ou duas balas por arma... Decidiu-se concentrar as balas e retirar a maior parte dos homens. Estavam, no entanto, no paiol tomado, imensas bazookas anti-carro RPG7, com as respectivas munições; as menos húmidas foram usadas para travar o assalto blindado na estrada para o Aeroporto de Bissalanca, onde a Junta tinha o seu Q.G. (é dessa altura o profético slogan «Do poilão de Brá não passarão!», que depois foi promovido a divisa da Junta) A má surpresa foi que a imensa maioria estava tão húmida, devido ao clima, que não funcionava. Aí entrou em cena o Manel Mina. Requisitou todos os secadores de cabelo das mulheres, montou uma linha na qual os foguetes cabeçudos eram desaparafusados com cuidado e, depois de separadas as duas cargas explosivas, secos a secador muito devagar... O RPG7 é constituído por duas cargas explosivas: uma primeira destinada apenas a penetrar na blindagem e permitir a penetração da segunda carga, carga essa então que deve produzir os estragos. Ora o Manel Mina adaptou, por necessidade, a arma ao combate de infantaria, retirando-lhe a primeira carga: os resultados foram surpreendentes: apanhados desprevenidos, num primeiro tempo, os senegaleses sofreram imensas baixas, horrivelmente mutilados. Um dos seus oficiais, que poucos dias antes falara de «um passeio», reclamava, pateticamente, junto dos jornalistas, que a arma empregue era «contra as leis da guerra»... Contou-me algumas histórias do comando exercido por Ansumane Mané, o líder da Junta Militar, de como fazia a logística da Junta Militar no seu helicóptero voando rente à copa das árvores, de como assustara os senegaleses fazendo descolar um MIG (sem nada para o armar) só para os assustar com o barulho, ligando-lhes a post-combustão na vertical (parece que surtiu efeito, eles revelaram alguma desorientação...) Enfim, foi realmente uma tarde magnífica, que terminou com uma volta de helicóptero, sobrevoando Bissau, com partida do porto. Fotografei tudo: podem ver a chegada ao porto, o heli, o Manel aos comandos, no seu cockpit, a sombra do heli, o ilhéu do Rei, o porto de Bissau, o então jovem segurança do Melcíades... Também me podem ver a mim, frente ao famoso poilão (árvore) de Brá e fazendo o V de vitória ao lado de uma das muitas carcassas de carros (postos fora) de combate. Como o tempo passa: isto foi há mais de dez anos. Voltei a ver o Melcíades há um ano e meio, quando fui a Bissau: repetimos o ritual, bebemos uns copos e fumámos charuto, na companhia de outro guerrilheiro da «linha zero» (frente de combate), o Fernando. Pouco depois, o Melcíades foi preso, sob acusações nunca fundamentadas. Estive um ano imensamente preocupado... qual não foi a minha alegria, imagine-se, quando reconheci a voz de Manel Mina, ao telefone! Algumas restrições à sua liberdade foram retiradas, já pode utilizar o telemóvel!
Espero, caro irmão, que se resolva rapidamente a tua situação,
que possas voltar para casa,
dar o teu contributo para uma Guiné renovada
e digna da herança de Amílcar Cabral!
Mantenhas
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Camões
Acabei de ler esta redondilha do Luís de Camões...
O meu pensamento altivo
me tem posto em tal extremo,
que quando esperando vivo,
o bem esperado temo,
muito mais que o mal esquivo.
Que pera crescer meu engano
no gosto da confiança,
ordena o amor tirano
que na mais firme esperança,
se espero, sei que me dano.
Deste novo sentimento,
chega tanto a nova dor,
que se enleia o pensamento;
ver que no mor bem de amor
se descobre o mor tormento.
Folgara de me enganar,
mas não é cousa possível,
pois pera sempre penar,
sei que espero o impossível,
mas não sei desesperar.
...deu-me logo para escrever poemas!
terça-feira, 6 de abril de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
quarta-feira, 3 de março de 2010
Grassa grave irresponsabilidade em Santarém...
Ontem resolvi passar à acção directa. O que me parece legítimo, em certas circunstâncias, como a de evitar um mal maior... Vejam o filme:
http://videos.sapo.pt/W3ozdBkc9cD9b67MVapd
Mas resumindo: depois do desabamento de uma barreira nas traseiras do número 21 da Rua de Santa Margarida e de uma reunião de emergência convocada pela Câmara que reuniu os moradores na Quinta-Feira, já no Domingo rolou uma grande pedra para a estrada N114, conduzindo à sua interrupção (já agora: não é um calhau qualquer, trata-se de um objecto de balística medieval, a pedir para se lembrarem de o levar para o Museu Arqueológico). O facto trouxe as grandes cadeias de televisão a Santarém: a Câmara (para dar a imagem de estar a fazer aquilo que não fez nos últimos anos?) ordenou a demolição tempestiva das ruínas de uma antiga fábrica de malhas, ao fundo da rua, podendo ver-se nas imagens que passaram nos telejornais nacionais, uma retro-escavadora em acção: ora durante a reunião com os residentes, ocorrida três dias antes, nunca tal questão foi abordada! Na Segunda-Feira, um enxame de assistentes sociais tentaram convencer a Dona Branca, proprietária do número 27 da mesma rua, entre o 21 e a dita fábrica, a abandonar a sua casa, havendo versões desencontradas, que sugeriam a demolição de toda a zona, sem no entanto se falar na responsabilização da Câmara por qualquer realojamento, devido, decerto, às «limitações orçamentais» que todos conhecemos. Sem que ninguém se preocupasse com a avaliação milimétrica do terreno, das condições concretas da ocorrência, não bastou todo o alvoroço desnecessário: neste contexto, a ordem para a demolição em causa não passa de um acto irreflectido e mesmo irresponsável. As referidas ruínas não apresentavam qualquer risco de desabamento imediato das barreiras ou das suas paredes, e encontravam-se numa zona morta da rua, sem frequentadores, como se pode ver na imagem que preparei, uma vista de Sul. Sem urgência, como justificar então, face à actual instabilidade do terreno e do tempo, a necessidade e oportunidade do acto? Retro-escavadoras, demolições, vibrações, camiões de 20 toneladas ou mais a passar (que, aliás, estão proíbidos de passar no Centro Histórico) por uma rua apoiada num ponto extremamente fragilizado e exposto? Uma grave irresponsabilidade... que confirmei na Terça de manhã, quando me dirigi para o «Teatro de Operações» para levar a cabo a acção de bloqueio: pouco passava das 9h; no local, apenas o operador da retro-escavadora, a «estudar» por onde começar e o motorista do camião basculante para o transporte do entulho... Eu estava decidido a tentar chamar a atenção para o caso, a não me conformar com uma ordem idiota, dada por alguém irresponsável a coberto de uma secretária. Dirigi-me, de forma o mais tranquila e cordial possível, aos dois operários, explicando-lhes a minha posição e pedindo-lhes que não fizessem mais nada até à chegada de algum responsável: diga-se, em abono da verdade, que se mostraram compreensivos, imobilizando de imediato as máquinas, sem que eu precisasse de sujar o casaco. Dirigi-me entretanto a outro funcionário da Câmara, que acompanhava as obras, dando-lhe parte das minhas intenções de obstrução daqueles trabalhos, pedindo-lhe para dar parte delas aos superiores, na Câmara, o que este fez. Então, durante umas inconcebíveis duas horas e meia, nada se passou, excepto a passagem dos jornalistas do Jornal O Ribatejo. Não apareceu ninguém: parecia que ninguém queria assumir a responsabilidade daquela obra. Pouco antes do meio-dia, chegou o engenheiro Paulo, da Câmara, acompanhado de outros dois engenheiros, a quem perguntei se tinham ordenado aqueles trabalhos, ao que me responderam que não; pelo que logo declarei que se não dessem ordens para que os trabalhos fossem interrompidos de imediato manteria a minha posição, até obter as devidas explicações do responsável «político», de outra forma só abandonaria o local constrangido pelo uso da força. Os operários foram dispensados até às 14h... A essa hora apareceu no local um fiscal da Câmara, a quem me apresentei como munícipe e às minhas reivindicações, pelo que este tentou, pelo telemóvel, sem sucesso, apurar quem ordenara os trabalhos, colocando a descoberto a grave irresponsabilidade que, na minha opinião, rodeou todo o processo. Sem ninguém que desse a cara, ou se dignasse fornecer explicações, o referido fiscal, embora dando sinais de compreender o bem fundado das razões apresentadas, chamou a polícia acusando-me de obstrução à tomada de posse administrativa que estaria em curso, afirmando cumprir «ordens» (nos campos de concentração, também se limitaram a cumprir ordens...). Sozinho, pouco mais poderia fazer. Onde está a Associação de Defesa do Património? Existe realmente? Não deveria estar na linha da frente, chamando a atenção do tanto que há para fazer (na devida altura) aqui e em tantos mais sítios infelizmente...