terça-feira, 18 de maio de 2010

Manel Mina





Pretendo hoje fazer uma homenagem ao Major Melcíades Fernandes. Acho que é um patriota, um grande guerreiro, uma pessoa extremamente humana dotada de uma cultura fora de par. Para mim é mais que um amigo: um irmão. Ainda me lembro de quando, em plena guerra, humilhou o embaixador francês, François Chapelin, dizendo-lhe, num francês impecável, que deveria falar português, a língua oficial do país onde tinha sido colocado. Para quem não conhece, Manel Mina é um oficial superior da Força Aérea guineense, perito em explosivos desde criança, piloto formado na ex-União Soviética. Ao lado de Ansumane Mané desde a primeira hora, para além de porta-voz da Junta Militar, foi a alma da gloriosa resistência guineense face ao invasor estrangeiro e principal artífice da vitória. Foi a magnanimidade de Manel Mina que salvou Nino Vieira da morte certa, 11 meses depois, dia por dia, do fatídico 7 de Junho de 1998. Nessa altura, fui a Bissau, para a parada militar da vitória, a 7 de Junho, dia que ganhara foros de feriado nacional. Fui visitar Manel Mina, bebemos uma garrafa de Balantines e fumámos cada um o seu charuto. Passámos uma tarde imensamente agradável, contou-me histórias da guerra de uma forma vivida e irreprodutível... Vou contar-vos uma pequena história sobre os primeiros dias da guerra: o atraso na tomada do paiol de Brá, pela Junta, devido ao Coronel «Rambo» (que aí morreu), provocou uma série de dissabores. A Junta Militar tinha em seu poder imensas armas ligeiras, no entanto, nenhumas munições. Uma ou duas balas por arma... Decidiu-se concentrar as balas e retirar a maior parte dos homens. Estavam, no entanto, no paiol tomado, imensas bazookas anti-carro RPG7, com as respectivas munições; as menos húmidas foram usadas para travar o assalto blindado na estrada para o Aeroporto de Bissalanca, onde a Junta tinha o seu Q.G. (é dessa altura o profético slogan «Do poilão de Brá não passarão!», que depois foi promovido a divisa da Junta) A má surpresa foi que a imensa maioria estava tão húmida, devido ao clima, que não funcionava. Aí entrou em cena o Manel Mina. Requisitou todos os secadores de cabelo das mulheres, montou uma linha na qual os foguetes cabeçudos eram desaparafusados com cuidado e, depois de separadas as duas cargas explosivas, secos a secador muito devagar... O RPG7 é constituído por duas cargas explosivas: uma primeira destinada apenas a penetrar na blindagem e permitir a penetração da segunda carga, carga essa então que deve produzir os estragos. Ora o Manel Mina adaptou, por necessidade, a arma ao combate de infantaria, retirando-lhe a primeira carga: os resultados foram surpreendentes: apanhados desprevenidos, num primeiro tempo, os senegaleses sofreram imensas baixas, horrivelmente mutilados. Um dos seus oficiais, que poucos dias antes falara de «um passeio», reclamava, pateticamente, junto dos jornalistas, que a arma empregue era «contra as leis da guerra»... Contou-me algumas histórias do comando exercido por Ansumane Mané, o líder da Junta Militar, de como fazia a logística da Junta Militar no seu helicóptero voando rente à copa das árvores, de como assustara os senegaleses fazendo descolar um MIG (sem nada para o armar) só para os assustar com o barulho, ligando-lhes a post-combustão na vertical (parece que surtiu efeito, eles revelaram alguma desorientação...) Enfim, foi realmente uma tarde magnífica, que terminou com uma volta de helicóptero, sobrevoando Bissau, com partida do porto. Fotografei tudo: podem ver a chegada ao porto, o heli, o Manel aos comandos, no seu cockpit, a sombra do heli, o ilhéu do Rei, o porto de Bissau, o então jovem segurança do Melcíades... Também me podem ver a mim, frente ao famoso poilão (árvore) de Brá e fazendo o V de vitória ao lado de uma das muitas carcassas de carros (postos fora) de combate. Como o tempo passa: isto foi há mais de dez anos. Voltei a ver o Melcíades há um ano e meio, quando fui a Bissau: repetimos o ritual, bebemos uns copos e fumámos charuto, na companhia de outro guerrilheiro da «linha zero» (frente de combate), o Fernando. Pouco depois, o Melcíades foi preso, sob acusações nunca fundamentadas. Estive um ano imensamente preocupado... qual não foi a minha alegria, imagine-se, quando reconheci a voz de Manel Mina, ao telefone! Algumas restrições à sua liberdade foram retiradas, já pode utilizar o telemóvel!

Espero, caro irmão, que se resolva rapidamente a tua situação,

que possas voltar para casa,


dar o teu contributo para uma Guiné renovada

e digna da herança de Amílcar Cabral!


Mantenhas

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Camões

Acabei de ler esta redondilha do Luís de Camões...

O meu pensamento altivo
me tem posto em tal extremo,
que quando esperando vivo,
o bem esperado temo,
muito mais que o mal esquivo.
Que pera crescer meu engano
no gosto da confiança,
ordena o amor tirano
que na mais firme esperança,
se espero, sei que me dano.

Deste novo sentimento,
chega tanto a nova dor,
que se enleia o pensamento;
ver que no mor bem de amor
se descobre o mor tormento.
Folgara de me enganar,
mas não é cousa possível,
pois pera sempre penar,
sei que espero o impossível,
mas não sei desesperar.

...deu-me logo para escrever poemas!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Super nova festa do Xartur

Imperdível!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Mais uma X party


Não sejas = a toda a gente

Difere, ente,
prefere uma noite in,
diferente...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Grassa grave irresponsabilidade em Santarém...

Ontem resolvi passar à acção directa. O que me parece legítimo, em certas circunstâncias, como a de evitar um mal maior... Vejam o filme:

http://videos.sapo.pt/W3ozdBkc9cD9b67MVapd


Mas resumindo: depois do desabamento de uma barreira nas traseiras do número 21 da Rua de Santa Margarida e de uma reunião de emergência convocada pela Câmara que reuniu os moradores na Quinta-Feira, já no Domingo rolou uma grande pedra para a estrada N114, conduzindo à sua interrupção (já agora: não é um calhau qualquer, trata-se de um objecto de balística medieval, a pedir para se lembrarem de o levar para o Museu Arqueológico). O facto trouxe as grandes cadeias de televisão a Santarém: a Câmara (para dar a imagem de estar a fazer aquilo que não fez nos últimos anos?) ordenou a demolição tempestiva das ruínas de uma antiga fábrica de malhas, ao fundo da rua, podendo ver-se nas imagens que passaram nos telejornais nacionais, uma retro-escavadora em acção: ora durante a reunião com os residentes, ocorrida três dias antes, nunca tal questão foi abordada! Na Segunda-Feira, um enxame de assistentes sociais tentaram convencer a Dona Branca, proprietária do número 27 da mesma rua, entre o 21 e a dita fábrica, a abandonar a sua casa, havendo versões desencontradas, que sugeriam a demolição de toda a zona, sem no entanto se falar na responsabilização da Câmara por qualquer realojamento, devido, decerto, às «limitações orçamentais» que todos conhecemos. Sem que ninguém se preocupasse com a avaliação milimétrica do terreno, das condições concretas da ocorrência, não bastou todo o alvoroço desnecessário: neste contexto, a ordem para a demolição em causa não passa de um acto irreflectido e mesmo irresponsável. As referidas ruínas não apresentavam qualquer risco de desabamento imediato das barreiras ou das suas paredes, e encontravam-se numa zona morta da rua, sem frequentadores, como se pode ver na imagem que preparei, uma vista de Sul. Sem urgência, como justificar então, face à actual instabilidade do terreno e do tempo, a necessidade e oportunidade do acto? Retro-escavadoras, demolições, vibrações, camiões de 20 toneladas ou mais a passar (que, aliás, estão proíbidos de passar no Centro Histórico) por uma rua apoiada num ponto extremamente fragilizado e exposto? Uma grave irresponsabilidade... que confirmei na Terça de manhã, quando me dirigi para o «Teatro de Operações» para levar a cabo a acção de bloqueio: pouco passava das 9h; no local, apenas o operador da retro-escavadora, a «estudar» por onde começar e o motorista do camião basculante para o transporte do entulho... Eu estava decidido a tentar chamar a atenção para o caso, a não me conformar com uma ordem idiota, dada por alguém irresponsável a coberto de uma secretária. Dirigi-me, de forma o mais tranquila e cordial possível, aos dois operários, explicando-lhes a minha posição e pedindo-lhes que não fizessem mais nada até à chegada de algum responsável: diga-se, em abono da verdade, que se mostraram compreensivos, imobilizando de imediato as máquinas, sem que eu precisasse de sujar o casaco. Dirigi-me entretanto a outro funcionário da Câmara, que acompanhava as obras, dando-lhe parte das minhas intenções de obstrução daqueles trabalhos, pedindo-lhe para dar parte delas aos superiores, na Câmara, o que este fez. Então, durante umas inconcebíveis duas horas e meia, nada se passou, excepto a passagem dos jornalistas do Jornal O Ribatejo. Não apareceu ninguém: parecia que ninguém queria assumir a responsabilidade daquela obra. Pouco antes do meio-dia, chegou o engenheiro Paulo, da Câmara, acompanhado de outros dois engenheiros, a quem perguntei se tinham ordenado aqueles trabalhos, ao que me responderam que não; pelo que logo declarei que se não dessem ordens para que os trabalhos fossem interrompidos de imediato manteria a minha posição, até obter as devidas explicações do responsável «político», de outra forma só abandonaria o local constrangido pelo uso da força. Os operários foram dispensados até às 14h... A essa hora apareceu no local um fiscal da Câmara, a quem me apresentei como munícipe e às minhas reivindicações, pelo que este tentou, pelo telemóvel, sem sucesso, apurar quem ordenara os trabalhos, colocando a descoberto a grave irresponsabilidade que, na minha opinião, rodeou todo o processo. Sem ninguém que desse a cara, ou se dignasse fornecer explicações, o referido fiscal, embora dando sinais de compreender o bem fundado das razões apresentadas, chamou a polícia acusando-me de obstrução à tomada de posse administrativa que estaria em curso, afirmando cumprir «ordens» (nos campos de concentração, também se limitaram a cumprir ordens...). Sozinho, pouco mais poderia fazer. Onde está a Associação de Defesa do Património? Existe realmente? Não deveria estar na linha da frente, chamando a atenção do tanto que há para fazer (na devida altura) aqui e em tantos mais sítios infelizmente...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Novo conceito


Há vida depois da morte! Qual fénix renascida, é o Xantarim com novo formato (à espera que o Artur se volte a estabelecer). Ele era o Xantarim: agora, lá no sítio, só sobram as paredes nuas, umas arcadas frias, sem alma nem gente; não fiquem indiferentes... Apareçam, para a semana, no FRA!


P.S. O 9la fez-me queixa de algumas ausências relevantes em Pernes. Que isso não volte a acontecer.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A última festa


É aproveitar!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Fotos da execução

Foi no Sábado...



























A reportagem fotográfica foi feita pela Eva.






Para a história, uma segunda morte do JFK provocada por um cachecol esvoaçante... ^

sábado, 12 de dezembro de 2009

As caras são baratas!

Já estou com saudades do Xantarim. Um final em beleza: concertos, festas... eXpo'antarim de aerografia ao vivo na Travessa da Misericórdia a partir das 20h de hoje! 20 caras do século 20! Óptimo para presente de Natal...

Olha o Che a ganhar forma! O molde do Chu está virgem, apenas tem um fundo preto por trás, como o JFK. Mais à frente, um estudo prévio... o Sidónio em destaque.

Azulejo simples
1 - 2€
3 - 5€
10 -12€
20 -20€

ou Com moldura de madeira
1 - 10€
3 - 25€
10 - 75€
20 - 140€

Como fazer?
Inscrever-se na lista de interessados e decorar o número de inscrição.
Pedir a lista das 20 caras ao Artur.
Assinalar as caras desejadas com o seu número de inscrição.
Sinalizar o interesse com 50% do total a pagar.
Esperar pelo fim da exposição (Dia 23).
Pagar os restantes 50% e levantar as suas caras.

Estrangeiros
01 Emiliano Zapata
02 Corto Maltese
03 Albert Einstein
04 José Estaline
05 Winston Churchill
06 Buenaventura Durruti
07 Erwin Rommel
08 Mahatma Gandhi
09 Che Guevara
10 John F. Kennedy

Portugueses
11 Sidónio Pais
12 Venceslau de Morais
13 Fernando Pessoa
14 Rolão Preto
15 António O. Salazar
16 Teixeira de Pascoaes
17 Aristides S. Mendes
18 Adriano Moreira
19 Agostinho da Silva
20 Salgueiro Maia

11 dias até à destruição dos moldes. Reserva já!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Foi-ce o século XX


A não perder! Exposição no Xantarim!


Spraying on-line. Do not miss!


Face selection by anonimous


20 caras do século 20 em azulejo de 15 por 15; também em t-shirt


Pelo que me foi dado a saber, o primeiro da colecção é Emiliano Zapata, o inventor do homem bomba. Os seus dinamiteros eram a arma que los federales mais temiam.


A revolução mexicana, tal como a república portuguesa, vai fazer 100 anos.






Metade dos ícones são nacionais, os outros dez estrangeiros.


Quase dez anos passados sobre o fim do milénio, uma reflexão em torno de 20 personalidades que marcaram esse século.


Uma homenagem ao Artur, também.


É o fim de um ciclo.


Irei publicando aqui os pormenores!


Os moldes irão virgens para o Xantarim, será feito um vídeo da produção, sendo os moldes destruídos em seguida.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nova festa do Xantarim!



A disputa pelo título mundial

de melhor animador musical!

Cock tail bar man

against

Peter Christ super star

É já dia 19. Human League para a grelha!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Engenharia efémera

Vou estar de férias com o Afonso no Baleal, de 15 de Julho a 15 de Agosto. Como sempre vamos animar a praia com as nossas mega-construções! Fazemos castelos, fortes, palácios, barcos, ilhas com farol... São muitos metros cúbicos de areia deslocados... Aceitamos ajuda no areal do Baleal! Fica um cheirinho do ano passado; logo colocamos as novidades deste ano!



P.S. No dia 24 de Julho concerto dos Stones por lá... imperdível

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pedido de candidato

Diz o Aly Silva, candidato à Presidência da República da Guiné-Bissau, e parece justo: «Já ouvi o vosso spot sobre a emissão da 2a via do cartão de eleitor, mas acho que não foi tudo dito. Agradeço que anunciem, também, que os mortos NÃO podem votar.»

No entanto, que raio de discriminação... os mortos deviam poder votar a dobrar, com a sua experiência; o problema é dos novatos, que se deixam ir em promessas.

O direito de voto aos mortos! Derma tchon!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mais uma? A melhor de sempre?


Pedra livre... LIVE? Viva!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Lundy on Stamps


Onde ficará este estranho país? Será uma ilha, será uma ilusão?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Festa do Xantarim


Não esquecer a Liga Humana.

Cum catano


Quem pela espada vive, pela espada morre.


Com a devida vénia ao Aly pelo trabalho de jornalista.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Piropos...


O «Emplastro» tem a honra de apresentar uma selecção de piropos, extraídos do auto de Gil Vicente «O velho da horta», que dentro em pouco tempo fará 500 anos!
<<<<< Ó meus olhos garridos, minha rosa, meu arminho!

Vinde, minha condessa, meu amor, meu coração!

Grão fogo de amor me atiça, ó minha alma verdadeira!

Ó flor da maior formosura!

Ó minha alma e meu espelho!

Quanto mais estais avessa, mais certo vos quero bem.

Que formosa! Toda a minha horta é vossa.

>>>>>>>>

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Mosca 7ze sofre um atentado na Guiné-Bissau


Exactamente! Ao contrário de outras histórias inventadas (ou, no mínimo, mal contadas) é a pura verdade e há registo vídeo! No acto da inauguração (sim, tive a honra de estrear o notável equipamento!) da piscina do complexo turístico de Jemberém (lembrem bem), sofri um miserável atentado à vida da minha pessoa. Pois imaginem que, estando eu em plena banhoca, a olhar para os macacos que passavam por cima (não estou a inventar), senti um pequeno movimento no braço direito (felizmente sou peludo, pois os pelos, neste caso, funcionaram como sensores). Quando fui a ver, uma mosca gigante (aqui há borboletas do tamanho de pássaros!) e feiosa, com uns olhos enormes que mais pareciam uns óculos escuros dos chineses, estava-se a preparar para tentar cravar-me o precioso líquido que flui nas minhas veias! Indecente! Dei-lhe um piparote, sem me preocupar muito com o facto; a gaja, mal agradecida, dá uma volta ao redondel e regressa, só que, desta vez, advertido, acerto-lhe com o piparote antes de ter oportunidade de cheirar sequer o meu braço esquerdo (eu sou muito respeitador da vida, mesmo de insectos); seguidamente, tem a má sorte de pousar no antebraço do meu motorista, que também estava em pleno relax (bem merecido, aliás, pois fizéramos 250 Km por picadas que pareciam carreiros, a romper mato cerrado); estando de costas, eu avisei-o e ele, com um reflexo fulminante, reduziu a uma massa informe o lamentável insecto voador. Eu, curioso, claro, mas também por interesse biológico, inquiri do respectivo nome: uma mosca tsé-tsé! Aí, fiquei cheio de pena do bichinho, recolhi cuidadosamente os seus restos mortais, e depositei-os com todo o cuidado à beira da piscina, perante o espanto (senão consternação) dos outros dois banhistas, que se esforçavam por me explicar que aquele bicho era coisa feia que provocava uma doença fatal. Claro que desconheciam a razão da minha atitude: a alcunha que uso há mais de dez anos na internet, sob várias formas… por exemplo, para jogar xadrez no Yahoo, é «mosca_zeze». Escolhi-o porque a minha irmã, uma vez que deveria estar a ser particularmente chato, me chamou isso (e eu, claro, gostei). Eu naquele lamento todo, e, nem de propósito, aparece uma segunda mosca (seria um casal?)… fui a correr para o bungalow buscar a máquina fotográfica e pedi para ma «atordoarem», sem a desfazer, o que foi diligentemente cumprido com um piparote, atirando-a para a água. Decerto conhecem o fenómeno de «morte súbita», que se produz debaixo de choque com alguns insectos: têm uma síncope que lhes permite simular a morte, desinteressando assim o predador; pois foi isso que se passou, com a mosca «morta» a boiar na água e eu todo contente com a «integridade» do troféu, recolhi-o e depositei-o à beira da piscina, para começar a recolha de fotos «estáticas»… já tinha a «macro» da máquina fotográfica ligada quando ela recupera e tem um primeiro «espasmo»; imediatamente flipo para vídeo e começo a filmar… tem pouca qualidade, mas cá vai o «ressuscitar» da mosca! Imperdível é o levantar voo em condições improváveis (de costas e de asas coladas à água) seguida da minha exclamação final «Ah já devíamos ter morto»!









P.S. Revelação: há uma pequena fantasia romanesca nesta história; de facto, e embora na Guiné haja moscas tsé-tsé, a famosa mosca do sono, mais para os lados do Gabú, esta era uma «mosca bravo» (lembro que o crioulo não tem feminino); tudo o resto é pura verdade; e, já agora, hipótese da origem deste último nome? O primeiro tuga, quando ali chegou e foi dela mordido, deve ter exclamado «Moscardo»; _ah, «mosca bravo» - deve ter percebido o interlocutor…

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Al-Kasaba: a última cidadela


Chamaram-lhe Real e Insigne Colegiada de Santa Maria da Alcáçova de Santarém, e desde Afonso Henriques que é considerada o último reduto da nacionalidade. À Sua protecção se acolheu Afonso Henriques, em 1184, contra um milhão de inimigos. Que segredos continua a ocultar esta misteriosa instituição herdeira dos Templários?


Quando a realidade ultrapassa a ficção…





Ante-Estreia dia 14 de Novembro no Teatro Sá da Bandeira, pelas 21h30. Só com bilhetes VIP.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Don't U want me?


Baby? You know I don't believe when U say...
Um dia antes, Conversas sobre Património, nas Portas do Sol: não se deixem desmoralizar pelas obras! Revelações importantes! A não perder, tal como aquela que vai ser a maior festa jamais vista do Xantarim!
Zee U

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Konvite

Não, não te quero cá! Vai pó K... Não, não insistas! Se queres saber, tou-me a K... para se vens, no Domingo dia 6 de Julho, às Portas do Sol…

A partir das 20h30!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Manifesto Anti-Niza


Este blog foi feito (para além de outros objectivos menos confessáveis) para publicar um ataque a este lúgubre e repugnante personagem; esse ataque já deveria ter ocorrido há mais de um mês, mas circunstâncias várias foram fazendo com que fosse sendo adiado. Mas porquê esta fúria? Comecemos pelo princípio: sendo personagem que nunca me foi especialmente simpático, foi com desagrado que reparei que era a estrela das comemorações do 25 de Abril promovidas pela Câmara Municipal de Santarém (aliás, vim a saber depois, em clara «concorrência» e desafio relativamente às promovidas pela Comissão das Comemorações Populares); deveria ter desconfiado logo que vi o cartaz e folheto da «Oferta Cultural» do mês! Estava em curso uma cabala, uma tentativa de falsificação da história, um acto mesquinho para desacreditar Fernando José Salgueiro Maia, com a cobertura de um Município (o meu, infelizmente), de um importante grupo de comunicação nacional (Balsemão) e de um pasquim local. Movidos pelo despeito e pela sua mediocridade, ousaram atacar um morto, o herói que invejam e que o povo e a história reconhece, numa tentativa mal engendrada de ofender a sua memória com falsos testemunhos. Mas voltando aos factos: fiquei espantadíssimo com a chamada da capa do Mirante dessa semana e precipito-me para descobrir uma página inteira dedicada à tenebrosa mistificação. Passo o fim-de-semana irritadíssimo, e logo na Segunda-Feira dirijo-me à sede do Mirante, onde descubro que a peça fora «fabricada» ao mais alto nível (na «boa fé» jornalística, claro, de quem procura cachas e notícias bombásticas); exponho a minha indignação ao próprio e tento obter um desmentido qualquer, nem que discreto; mas qual quê, ficaram ofendidíssimos, por pouco ia sendo empurrado pelas escadas abaixo, susceptibilidade denunciando o estilo «jornalístico» e a linha «editorial». Refira-se que essa edição do Mirante saiu com o Expresso no Distrito, acompanhado pelo Livro de «Poesia»… pago pelo «artista» ou pela Câmara? Bom, mas veja-se aqui a «peça»: http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=336&id=43100&idSeccao=4896&Action=noticia Repare-se, muito sucintamente, logo na forma de se dirigir ao Capitão de Abril: «Ele quis-me despejar, lá na sede do PS, 150 G3 e eu não quis. Disse-lhe: Ó Salgueiro Maia, desculpe lá. O único tipo que sabe mexer nas G3 sou eu que estive em Angola. E não vejo aqui nenhum inimigo à vista. Portanto não me ponha cá essa coisa.» Denuncia-se depressa! Com que então agora o herói é ele, o verdadeiro já quase esqueceu! Com que legitimidade trata assim um herói, tu cá tu lá, se é o próprio a dizer que só conheceu Salgueiro Maia depois do 25 de Abril? Muito texto a querer parecer elogioso, só para concluir: «Era muito determinado MAS demasiado radical». Mesmo que, por absurdo, fosse verdade, era claramente pouco elegante vir revelá-lo a esta distância e sem que o próprio se pudesse defender. Ora o ofendido sempre defendeu que era uma grande irresponsabilidade a entrega de armas aos civis, e não se está a ver o Fernando José com duas caras. Outra razão é simplesmente que, se fosse realmente ele a tratar disso (não estou a dizer que não era menino para essas coisas) as coisas teriam decerto acontecido! É conhecida a fúria organizativa do Fernando, que chegava a ser exasperante: ele, pura e simplesmente, não teria falhado! Logo na segunda-feira seguinte, que por acaso era dia de Assembleia Municipal, bati a cidade alvoroçado com esta fúria… se tivesse encontrado o gajo havia de ter sido o bonito: no mínimo insultado havia de ser! Tenho o direito à indignação, já que não vejo outras formas de «participação»! A liberdade de expressão tem limites! Nesse mesmo dia interpelei a Comissão das Comemorações Populares do 25 de Abril, que me garantiu não ter nada a ver com toda a cena. Com o jornal debaixo do braço, fui à sede do PS, que, por acaso, estava aberta, perguntar se já estavam esgotadas (quando perguntaram o quê? mostrei a capa)… estava um pequeno magote à entrada, que, para partidários, se mostraram pouco consistentes ao revelarem a sua total ignorância dos títulos da imprensa local referentes ao seu partido: terão confundido a sede «política» com uma agência do IEFP? Passados uns dias, executei uma expedição punitiva pela net, pesquisando todas as notícias relacionadas e colocando comentários provocadores em todas as que o permitiam, como por exemplo no site da Visão (sim, que também saiu um «artigo»: Sete Vidas, na edição de 24 Abril), no Batalhão do gajo na guerra colonial, em sites de Santarém, de poesia, etc, enfim, tudo o que apanhei... Chamei-lhe todos os nomes, do qual o mais simpático foi senil! Fiz queixa à Associação 25 Abril, em cujo blog vi um comentário meu mais agressivo ser censurado. Mas aqui deixo uma citação de um «ancião» respeitável nestas andanças da verdadeira política, Jerónimo Sardinha, homem sério e íntegro, frequentador da A25A: «Vamos ao que considero mais grave. A poucos dias do 25 de Abril, numa cerimónia pública, um personagem (José Niza. Outra vez PS), que respeito e por quem tinha alguma consideração, deixou “cair”, na sua intervenção, que Salgueiro Maia, em Novembro de 1975 quis entregar 150 G3 ao PS de Santarém e terá sido ele a recusá-las. Assim temos que: - primeiro, Maia já não está entre nós para confirmar, negar ou esclarecer. In Memorian, devia ter ficado calado; - segundo, desempenhou altos cargos de estado, políticos e partidários. O silêncio era o mais recomendado. Até porque nesta altura não só não esclarece, como pode acirrar ânimos; - terceiro, o famoso problema das armas em 1975 e não exactamente estas, não está nem de perto nem longe esclarecido.» extraído de www.avenidadaliberdade.org Quanto às armas, se os meninos do PS não mandam calar aqueles que, sem autorização ou mandato, dizem barbaridades em nome do partido ou acerca do partido (não vi nenhum desmentido ou a mínima nota de desagrado emanada do PS local, conforme tive ocasião de solicitar a vários dirigentes, inclusive publicamente, por ocasião do lançamento do livro de Mário Silvestre no Fórum Actor Mário Viegas), ter-se-á de explicar, para esclarecer as crianças mais novas, que o 25 de Novembro não foi o que o Sr. Mário Soares pintou… Armado aos pássaros, sonhando com o brumoso golpe do Napoleão, queria passar por herói da «resistência anti-comunista», tentou encenar uma deslocação da Assembleia para o Porto, mas correu-lhe mal, e ainda hoje andam a tentar mistificar as pessoas com o tema… Vão bugiar! E o melhor é o Manuel Alegre cortar ligações com este anormal, se não quiser arriscar a cair também no saco da merda!


Se alguém se sentir ofendido que pague as custas, que eu preparo melhor o dossier!


25 de Abril Sempre!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Festa do Xantarim no ParaClube


Závado, binde às Kaneiraz, mulherez'em pâniko, zeredezez electrizadas!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Educação na Guiné-Bissau



Ontem fui até ao Teatro Sá da Bandeira dar uma conferência! Não quis deixar de a colocar aqui. Correu muito bem. Para além deste texto que levei e li de forma um pouco informal, acabei por me esticar com uma série de pequenas histórias que me iam ocorrendo, até porque foi bastante interactivo: falou-se dos problemas que afectam negativamente a psicologia africana, mas também de coisas boas e de questões identitárias.
**************** Fui convidado, julgo que a título de ex-consul honorário em Portugal da extinta Junta Militar, para vir hoje aqui falar sobre a Educação na Guiné-Bissau, sem outra habilitação especial neste campo para além da de ter feito a segunda classe em Bissau no ano lectivo de 1974/75. Visitei Bissau pela última vez, em 2001, se não me engano. Permitam-me que esclareça desde já que o processo político subsequente conduziu ao meu afastamento da actualidade guineense, que acompanhara intensamente desde 7 de Junho de 1998, como, aliás, a esmagadora maioria da opinião pública portuguesa.
Por isso, quanto a números e estatísticas, vou utilizar apenas os do analfabetismo, que me forneceu o meu amigo Geraldo Martins, Secretário de Estado da Educação por essa altura: um quarto de século após a independência, o analfabetismo continuava em níveis aterradores: 85% para as mulheres e 53% para os homens. Que posso eu partilhar convosco? Que comecei a perceber as razões pelas quais Fernando Pessoa afirmava que «todas as revoluções são tendencialmente inúteis»? Ainda me lembro das palavras que pronunciou, em tom profético, a «primeira-dama» guineense ao embarcar no avião para o exílio: «Volta di mundu i rabu di pumba». Ou seja: o mundo dá voltas e voltas e é como uma pomba a bicar o rabo, volta ao mesmo sítio. Devemos por isso desistir?
Permitam-me que vos conte a história do falhanço de um ideal. Este livro, que tenho na mão, foi primeiro publicado no Brasil em 1970, e, dois anos depois, em Portugal: «Pedagogia do oprimido», de Paulo Freire, numa edição Afrontamento, vindo depois a ser proíbido pela censura numa edição Dinalivro. Paulo Freire é reconhecido no Brasil como um grande pedagogo. Mas que tem isto a ver com a Guiné? Logo a seguir à independência, Paulo Freire foi convidado pelo Secretário de Estado da Educação de então, Mário Cabral, para fazer um plano de alfabetização, aplicando as suas ideias revolucionárias. Paulo Freire publicou em 1977, no Brasil, um livro sobre essa experiência, e Mário Cabral a sua correspondência no âmbito deste projecto. Afirmava Freire que a alfabetização não devia «esclerosar-se na frieza sem alma de escolas burocratizadas em que cartilhas elaboradas por intelectuais distantes do povo – em que pese às vezes sua boa intenção – enfatizam a memorização mecânica» (FREIRE, 1977, p. 91). Na boa tradição pedagógica de Abelardo, que há cerca de 8 séculos fundara a Universidade moderna, ao ter a ousadia, para além de envergonhar os mestres com a sua Dialéctica, admitir a dúvida como processo de conhecimento; e de Comenius, que há 4 séculos, continuou nessa senda, com o lema: "Ensinar tudo a todos" para possibilitar ao homem realizar-se no mundo como verdadeiro actor e artífice da sua existência.
Mas voltemos à Pedagogia do Oprimido e permitam-me que cite: «A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração transforma-os em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente “encher”, tanto melhores educandos serão. Desta maneira, torna-se a educação um acto de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. Em vez de comunicar, o educador faz comunicados que os educandos recebem pacientemente, memorizam e repetem. (…) Fora da busca, fora da praxis, os homens não podem ser. Nesta visão distorcida da educação, não há criatividade, não há transformação, não há saber. Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. Busca esperançosa também.»
O alfabetizando era desafiado a reflectir sobre seu papel na sociedade enquanto aprendia a escrever, a repensar a sua história. O professor é mais um coordenador do debate, quase um animador. Para Freire a educação deve primar por ampliar a visão de mundo dos educandos e isso deve partir do diálogo. Para ele, a capacidade de diálogo «é, antes de tudo, uma atitude de amor, humildade e fé nos homens, no seu poder fazer e refazer, de criar e recriar.» Por isso Paulo Freire propunha uma alfabetização na língua materna, ou na língua mais próxima à materna, neste caso, a adopção do crioulo, mas o PAIGC, malgrado as intenções de Cabral consignadas na Plataforma do Partido desde 1963, acabou por decidir pelo português, argumentando que a adopção do crioulo isolaria a Guiné do resto do mundo. O projecto de alfabetização redundou num falhanço e foi cancelado anos depois. Freire diria no seu livro: “Não é por acaso que os colonizadores falam da superioridade e riqueza da sua língua a que contrapõem a pobreza e a inferioridade do dialecto dos colonizados”.
Um pouco desiludido, Freire comentaria, anos mais tarde, num livro em co-autoria com outro grande pedagogo, Sérgio Guimarães, A África ensinando a gente: «Quão difícil é realmente reconstruir uma sociedade! Criar uma sociedade nova, que vai gerar um homem novo e uma mulher nova! E aí a gente percebe, na verdade, como isso não tem nada que ver com os mecanicismos, que não tem nada que ver com espontaneímos, nem tampouco com voluntarismo. Mas, pelo contrário, isso demanda uma consciência política clara, que se vai clarificando mais na praxis política, fora da qual não há caminho, eu creio, não há solução. (...) Mas exactamente porque isso não é mecânico, mas sim dialéctico, em certos casos a educação anuncia o mundo a transformar-se, mas é preciso que esse mundo se transforme realmente para que o anúncio que a educação faz não caia no vazio. Isso tudo exige rigor de estudo, capacitação de quadros, o desenvolvimento económico e social do país, tudo a um só tempo! Não é fácil.» Acrescente-se que a eliminação física dos quadros coloniais e todos os «assimilados» mentais do colonialismo também não terão ajudado ao processo.
Dando um salto de 30 anos até 2008, decorreu em Fevereiro um Congresso de Educação que evidenciou uma enorme apetência dos professores, tendo contado com mais de 120 participantes. Segundo as conclusões, publicadas no site Ecclesia, «Uma das enormes falhas verificadas é a grande dificuldade dos professores utilizarem materiais didáctico-pedagógicos nas salas de aulas, tentou-se que a formação ministrada fosse de cariz essencialmente prático, abordando os conteúdos e explorando materiais para os trabalhar, em simultâneo. Pretende-se desta forma que os professores introduzam nas suas salas novas metodologias que ultrapassem o recorrente método expositivo e o apelo à memorização e mecanização dos conteúdos sem a sua real aprendizagem. Parte de formação consistiu ainda na construção de materiais didácticos com recurso exclusivo a materiais locais e a sua exploração adequada tendo em conta os vários conteúdos abordados». Volto a dizer: «Volta di mundu i rabu di pumba». Tantos anos e voltámos ao mesmo, estamos para aqui a dar razão ao Paulo Freire! Ensinar / aprender não é macaquear o conhecimento!
O panorama dos últimos anos não é animador: segundo as Nações Unidas, a Guiné-Bissau dispõe de um dos piores sistemas escolares do Mundo. Os professores passam meses sem receber os seus salários e recorrem frequentemente à greve. Uma repórter, Phuong Tran, deslocou-se à localidade de Canchungo, ao Liceu Ho Chi Minh, que se situa a cerca de 70 Km de Bissau. Recolheu, entre outros testemunhos igualmente gritantes, o de Norberto Mendes: ”O meu pai e a minha mãe são muito pobres, portanto não tenho dinheiro para pagar a escola. Tenho que encontrar empregos para conseguir pagá-la. Estou muito cansado.” A maior parte dos professores optam pelo ensino privado (palavra pomposa que esconde a triste realidade de as comunidades terem de alimentar os seus professores sem salário…). Chegou-se ao ponto, há uns anos, de o ministro da Educação ter anulado o ano escolar porque os professores só tinham dado um décimo das aulas. Tudo isto terá levado Dulce Borges a interrogar Didinho (Fernando Casimiro), no seu site sobre o sistema de educação: «Mas haverá um sistema de educação?»
Se sentiram este meu discurso como derrotista, não era essa a minha intenção. Continuo a pensar que a Guiné-Bissau, com toda a sua diversidade étnica e riqueza humana concentrada num espaço geográfico tão exíguo, tem condições para liderar um «Despertar do Continente». Paulo Freire, admirador de Amílcar Cabral, queria fazer da Guiné um balão de ensaio para uma grande revolução. Uma nota de esperança, dedicada aos jovens estudantes guineenses: reinventem-se! Escrevam crioulo e enriqueçam-no! Permitam-me que, para acabar, exalte as vantagens do crioulo face ao português, graças a uma pequena história pessoal: viajaram comigo para Bissau uns holandeses; todos nós, portugueses, sabemos que estas etnias bárbaras são pouco dadas a afinarem a sua língua à nossa pronúncia, nunca conseguindo livrar-se do sotaque por mais dezenas de anos que passem no nosso país; pois pasme-se, os rapazes, ao fim de 15 dias já falavam o crioulo sem qualquer sotaque!