O tribalismo não é forçosamente mau. Que representou, em Portugal, a campanha "compre o que é nosso" ou "vá para fora cá dentro", se não um apelo ao sentimento tribal? Como tudo, o tribalismo tem uma parte boa e uma parte má, mas é uma estrutura identitária africana, só muito lentamente sublimável em nação, carecendo para isso de um caldo sociológico favorável.
Julgo que é essa a mensagem principal da obra-prima da literatura africana, merecedora de Nobel (incomparavelmente mais que o beneficiado português Saramago), "Mayombe", de Pepetela, que, já agora, vou reler uma outra vez com prazer (pois não o faço há muito, é um livro de culto, para mim), apesar de saber que acabo invariavelmente em lágrimas.
Reduzindo a preto e branco e passando sobre o simplismo da formulação, assiste-se em Conacri a uma batalha escatológica entre o tribalismo bom de Cellou, contra o tribalismo mau de Alpha. O desenlace poderá constituir um ponto de viragem crucial para o futuro do continente.
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