«Eu nem gosto de falar disso porque o povo reagiu em função das suas
necessidades. Nós, como somos um partido democrático e que já enfrentou
sérios desafios, entendemos que o povo da Guiné-Bissau não devia ser
confrontado com outras situações» (ver blog Ditadura do Consenso - hoje um pouco atrasado na difusão das notícias). Cadogo diz que nem gosta de falar... mas vai confidenciando. A maior parte das verdades, que entretanto se souberam, vieram porque esta comadre se zangou com a vida.
Eu, o povo, nós, o partido... E é sempre o homem que fala e opina (e «manda»), tudo uma mesma pessoa. E este fim-de-semana, teve uma grande apoteose na conferência para decidir o futuro do «seu» país, apresentado como uma «grande» vitória contra os desígnios da maléfica CEDEAO, a qual terá sido «obrigada» a enveredar por um diálogo «inclusivo». Como é possível querer apresentar as coisas precisamente ao contrário do que foram! Mas os guineenses não se deixam intrujar, sabem muito bem que quem se recusava a negociar era a CPLP, Portas e Cadogo, que se enclausuraram a si próprios numa posição autista e sem saída, que agora querem esconder virando o bico ao prego.
Cadogo parece pensar que se aproxima um desenlace e joga forte, sacando um «trunfo» da manga, documento da Presidência da República (do tempo de Malan Bacai Sanhá - será verdadeiro? ou um embuste do photoshop? o Presidente já cá não está para desmentir) que Injai terá assinado para se livrar de responder por desobediência ao então CEMGFA seu predecessor, na altura, Zamora - terá sido ele a guardar cópia do documento (ou mistificação) como forma de futura defesa? porque, se bem me lembro, os comunicados, na altura dos factos, mostram um Zamora ultrapassado e confundido com a sua desautorização relativamente às apreensões do Lamu Star (e não esquecer, no actual contexto, que Zamora era o menino bonito - peão - dos americanos) e não queria correr riscos futuros como os incorridos por Bubo.
Cadogo parece apostado na intriga interna e na subversão das Forças Armadas, tentando dividir o Comando Militar, numa aparente estratégia de ruptura hierárquica, sem considerar os inúmeros perigos que poderão advir de um colapso de comando e de o poder cair na rua. Ou seja, para este pária, não interessa todo o mal que possa fazer à Guiné-Bissau, desde que aumentem as suas possibilidades de voltar ao poder.
Nunca mais conseguiria lavar as mãos! E engana-se nas suas expectativas, pois, mesmo a dar-se o caso da «dissolução» das FA e de um improvável protectorado da ONU, também já não precisariam de Presidente... continuaria portanto desempregado. Já quanto a Daba, é sem dúvida um bom estratega, um bom militar, um bom porta-voz, um bom advogado. Um indispensável e insubstituível trunfo do Comando, na esperança de uma transição digna e tranquila, após estes sobressaltos sem precedentes.
Onde o Ditadura do Consenso pretende sugerir e diabolizar antecipadamente uma traição de Daba, intrigas e guerras viscerais, eu vejo antes uma transição natural, face ao cansaço e vontade já manifestada por Injai de se reformar: Daba tornar-se-ia o garante da soberania (graças à sua própria independência) da nação, único capaz de enfrentar os americanos e garantir aos agora acusados na Praça os seus legítimos direitos de defesa e julgamento em território nacional, depois de observados os trâmites protocolares, graças a um «empowerment» (para usar um termo em voga nos EUA) da Justiça guineense, lavando assim a cara da nação.
Há 15 minutos
8 comentários:
Por falar em coerência… muito se podia copiar e colar. O dicionário mudou.
http://www.didinho.org/EAGORAGUINEBISSAU.htm
O nosso mal, será sempre tentar medidas paliativas, discursos incendiarios ou tentar o céu com a mão. Só quem não está na GB finge não saber dos aviões que aterram todos os dias, essa confisão do Indjai já estava na net há bom tempo, embora em tamanho pequeno, Indjai deu o 1 de abril por causa desse acontecimento e com anuância do Bacai, o PR que uns querem transformar em herói, até mais do que o NV, o Bacai sempre viveu de intrigas. Indjai é bandido, assim como Bubu, Carlos Mandrugal(tio bom) Tininho Nogueira, Ifana Monteiro, Braima Seidi Ba, Mama Saido Lamba, Manelinho, Ernesto Carvalho, só para citar alguns patrões do tráfico da GB, tenham dó, agora toda a culpa é do Cadogo, esse sim pode ter cometido erro, mas ao menos tentou governar, errou em pensar que o podia fazer sem os militares que nunca gostaram dele, os indices economicos falam pelos seus 4 anos de governo
Olá, Fernando!
Obrigado pela documentação. O teu papel foi crucial no «crescimento» político do povo guineense, graças à cada vez maior acessibilidade à informação pela internet.
Eu, que conheci os fóruns de 1998/99, noto bem a diferença. Graças ao teu incentivo e exemplo, podemos dizer que se forjou, nesta última década, aquilo a que o PAIGC não soube dar continuidade: a criação de uma verdadeira identidade nacional, cujo melhor exemplo é a comunidade virtual de seguidores do teu site, com possibilidade de se exprimirem no fórum «Liberdades»: gente educada, cortês e capaz de manter debates construtivos e estimulantes, mal grado algumas reminiscências do passado (algumas suscitadas por nicks «ressuscitados» dessa altura).
Se o Aly não deixa de fazer um importante papel de «jornalista» (com todos os defeitos inerentes ao jornalismo), motivado pela maximização dos acessos ao seu blog, tu ofereces algo mais reflexivo, realmente interventivo e desinteressado.
Que país africano se pode gabar de possuir uma comunidade virtual, uma vivência política on-line, como aquela que proporciona toda essa interacção entre blogs, debatendo a política e o futuro do país?
Adjarama, Didinho
Anónimo
Cadogo é humano, como toda a gente. Errou. Mas talvez o primeiro passo para uma redignificação, como ser humano, devesse passar por reconhecer que errou; continuar a insistir no erro, sustentando o insustentável, não é a melhor forma de o fazer.
Mantenhas
A guine-bissau e um pais infeliz,ate c os seus filhos q parecem filhos de "madrastas".
O Didibnho,ditadura,pasmalu.etc,etc....Mas q pouca vergonha de blogs ,andarem a comentar as vossas zangas e desentendimentos pessoais.Para se andar a saber disso,compra-se revistas de "mulhere".Nos,digo nos em nome dos guineenses.Abrimos diariamente os vossos blogs varias vezes para saber das noticias e informacoes das nossas comunidades nao das zangas infantis e descabidas.Facam um jornalismo mais serio e deixem-se de brincadeiras.Nao sejam como os golpistas q estao a fazer de conta que estao a tomar conta da Guine.Estao e a tomar conta dos seus bolsos.Pensem na Guine,meus amigos.Alias os dois sao meus amigos.Um dia falamos.Um forte abraco.
Caro Didinho, fez muito bem em desmascarar o Aly que nos ultimos tempos nao esta a ser imparcial.
Meu caro conterrâneo, suponho que andamos a ver filmes diferentes. Quem diz que defende as instituições da república mas que quando estas instituições são atacadas com tiros de canhões por militares, presos os seus legítimos representantes e expulsos do país, a pessoa aplaude e apoia o acto subversivo, estamos a passar uma certidão de óbito intelectual ao comum do Guineense.
Havia um presidente interino legítimo e um governo legítimo com maioria no parlamento.
Vamos todos continuar a aplaudir e apoiar actos animalescos e selvagens desta natureza contra as instituições do estado? Eu jamais. Até a hipocrisia tem limite.
Infelizmente os países africanos pequenos e sem grandes riquezas, não deviam "expurgar" ou mandar para a diáspora os seus melhores cidadãos,como fa Bissau, constantemente.
E o pior para a Guiné, é que se deixou enredar naquele tribalismo típico dos vizinhos saharianos que misturam o tribalismo com certos fanatismos que é melhor nem falar.
E pior ainda, quem podia imunizar a Guiné contra certos males colimiteiros, não pode com uma gata pelo rabo: a CPLP.
Mas já está e fica assim, paciência!
Anónimo:
Eu também sou Fernando, mas não sou o Didinho. Poderá encontrar na barra à direita uma ligação para o seu Site «Projecto Guiné-Bissau Contributo».
(Conterrâneo) anónimo
Eu não defendo as instituições da República, está enganado. Se ler aquilo que escrevi desde 12 de Abril do ano passado, chegará à conclusão de que julgo que querer transplantar a democracia «ocidental» para a Guiné demonstrou ser um grande erro; poderá mesmo ler alguns artigos a favor de uma Ditatura Militar responsável, atenta e inclusiva, com instituições próprias de consulta do povo e das elites (intelectuais, religiosas, etárias).
Abaixo a hiprocrisia e as farsas «democráticas». Para quê cair nos mesmos erros do passado?
Caro retornado:
Sim, uma grande fatalidade. Mas, por outro lado, pode ser uma grande oportunidade: na Diáspora, os guineenses cresceram e ganharam uma experiência global e diversificada; mas continuam roídos pela saudade e pela vontade de fazerem alguma coisa pelo seu país. Caso, alguma vez, venham a existir condições de sucesso para retoRnarem a Bissau exercer as suas profissões e contribuirem com o seu melhor para o progresso de um país novo, a partir do Zero, não duvide que muitos não hesitarão, por mais sacrifícios que tenham de passar.
Representam sem dúvida uma grande reserva moral, que tem sido mantida à margem pelas «Instituições da República», às ordens dos politiqueiros baixos que actuam à sua sombra, por comparação com quem rapidamente se constataria a sua mediocridade.
«Retornar», em Portugal, apenas ganhou foros de conotação negativa porque em 1975 foi tudo à bruta, em massa e a isso foram obrigados, não por vontade própria. Retornar, de certa forma, é um sinónimo de «saudade» e é um mandamento da alma portuguesa.
Parabéns por ser capaz de assumir e utilizar assumidamente como alcunha algo percebido como estigma: de certa forma, compreendo que possa funcionar como catarse.
Obrigado pelo contributo e um abraço fraterno
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