terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Até sempre, Pepito!

Morreu um grande guineense.

Carlos Schwarz, director da AD, Acção para o Desenvolvimento, era meu amigo. Desde o golpe de 12 de Abril de 2012 que estávamos um pouco afastados, devido ao meu posicionamento, no contexto do contra-golpe. Mas sempre esperei que teríamos a oportunidade, passados estes tempos conturbados, de voltar a conversar, com normalidade, sobre os assuntos da Guiné-Bissau: lembro a sua incansável energia contra ventos e marés, contra dificuldades e obstáculos de todos os tipos e feitios, em prol da sua ideia de revolução africana, pela qual lutou, em termos de educação das mentalidades, na difícil práxis de uma continuada e consistente acção de todos os dias. Já sinto a sua falta e do seu sorriso aberto...

Ainda me lembro de como conheci o Pepito: mal colocou um pé no aeroporto de Lisboa, em meados de 1998, deu uma entrevista à TVI, num tom furioso, mas intensamente eficaz e comunicativo, contra Nino Vieira e a invasão senegalesa. Lembro-me também de como acompanhava com emoção os pequenos avanços da linha zero, a frente de batalha, e da forma efusiva como comemorou a libertação de Quelelé (onde tinha a sua casa) e o confinamento dos «aguentas» a Bissau«zinho». Lembro-me de ter confrontado o Pepito, quando o visitei depois em Bissau e era Ministro das Obras Públicas, com a grande ideia que fazia dele, tendo a infeliz ideia de o comparar a Che Guevara. E ele respondeu-me, com calma, sabendo que eu também não era de escolher facilidades: «Morrer pela revolução é fácil, viver pela revolução é que é difícil».

De certa forma, foi o exemplo do Pepito, uma das mais fortes causas do meu renovado apego à Guiné-Bissau, onde vivi parte da minha infância. Quando visitei de novo a Guiné-Bissau, há uns anos, comecei a sentir um certo cansaço no lutador incansável. De uma rotina de operações sobre o quotidiano, na qual julgo que não enxergava bem o seu verdadeiro e subtil contributo: como se estivesse a construir castelos de areia, que depois vinha o mar e apagava. Cansado de tentar operar, sem o desejado sucesso, sobre mentalidades irredutíveis, mas sempre alegre e empenhado. Sempre atento e muito desperto para as renovadas tentativas mentais neo-coloniais, mas cada vez mais cansado com o eterno falhanço africano. Julgo que o seu trabalho foi uma obra de titãs. Qual será a herança, o legado, em termos de continuidade, não sei. Sei que plantou sementes de paz e progresso, de independência mental e económica, pela cultura e educação, tal como já Paulo Freire tinha feito. Feliz da Guiné-Bissau, que tais filhos tem (a ponto de os desaproveitar).

À Isabel, sua mulher; e a seus filhos;
bem como a todos os colaboradores da AD

um grande abraço

José Fernando

Obrigado, Ditadura do Consenso

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Pior a emenda que o soneto

Cadogo fez copy-paste da sua anterior carta de 30 de Janeiro, insistindo (agora que o PAIGC já tem um líder com legitimidade para decidir), no pedido de anuência do Partido para a sua candidatura presidencial.


Um candidato presidencial, vencedor «a 80%», convicto do seu valor acrescentado para o Partido a quem oferece o perfil, não mendiga a sua anuência. É degradante a sua insistência e torna-o um verdadeiro chato.

Para além disso, é absolutamente incompetente (e pelos vistos, incapaz também de se rodear de quem o seja), pois uma missiva dessa importância deveria ser feita em português perfeito (já nem digo bonito)...

Se, no primeiro parágrafo da sua carta de 12 de Fevereiro, corrigiu a discordância semântica apontada aqui neste blog à sua anterior carta, de 30 de Janeiro, já o segundo parágrafo é um verdadeiro desastre!

«Foi agendado, novas eleição»? Pior a emenda que o soneto. Aumentou o desacordo ortográfico. Agora, não é só o género trocado, mas também o plural descontinuado. Se estava mau, assim ficou péssimo.

Coloco pequeno comentário de um anónimo, ao anterior artigo de correcção aqui publicado:

«É destas atitudes de pouco rigor e de baixo nível que a nossa Guiné se deixa arrastar há muito:
- falta de rigor e zelo, recuos, conformismos, cultos de personalidade e bajulação.

Não se trata de comparar o CADOGO a outro político doutro partido qualquer. Trata-se de enquadrar quem, com passaporte português, que fez os estudos em Lisboa, fez a tropa portuguesa, educado alegadamente nas melhores praças de Portugal e Guiné Portuguesa, e ainda suposto candidato a um dos mais altos símbolos e desígnios da Nação, não ter o domínio básico do Português (concordâncias semânticas). Aspiremos pelo melhor e pela vontade de melhorarmos o nosso desempenho e imagem. Quem fala mal o português, embrulha-se em incertezas gramaticais na hora de o escrever. Efectivamente, ele, o dito cujo, que opte continuar no crioulo porque nem português ele fala.»

Talvez, em vez de pedir a «anuência», devesse ter pedido a «não oposição». Com tantos candidatos independentes do PRS, não se percebe a preocupação de Cadogo. Ou será que, para além da «anuência», também desejaria a concordância activa, o apoio do Partido? Talvez seja pedir demais, pois, como já lhe foi vivamente manifestado, é um presente envenenado. Depois de um apoio inoportuno (está-se a ver qual era a «moeda de troca» pretendida) a Domingos Simões Pereira, não se está a ver o novo e fresco líder a pactuar com esta falta de dignidade, que poderá ensombrar-lhe o estado de graça...

PS Já agora, que falamos de dissonância, acrescente-se a espacial: o cabeçalho da missiva, identificando o remetente da carta, também tem que se lhe diga, pois a origem é supostamente «Bissau», mas os números de telefone associados não correspondem ao indicativo do país.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Isto Daba um filme

Tantos há tanto tempo, insistentemente «interessados» na «reforma» das Forças Armadas, já mereciam uma resposta em forma. A Chicote, nem vale a pena responder. Aos irritantes e pedantes «politólogos» portugueses, Paulos Gorjão e Portas, também não. Já com Ramos-Horta, a conversa é outra.


Aquando de uma recente visita à sede da Rede das Mulheres Contra a Violência de Género, o ex-representante do Secretário Geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau fez declarações impróprias, revelando, no mínimo, falta de tacto. Esperemos que melhore, agora que deixou o cargo.

Querer condicionar as autoridades que deverão sair das próximas eleições não parece muito «democrático». Efectivamente, afirmou que o seu «primeiro passo terá de ser» a reforma das Forças Armadas.

1) Porquê o primeiro? Não poderá ser o segundo? Ou o terceiro? Ou melhor, o último: as Forças Armadas funcionam, merecem mesmo o respeito externo. Não haverá coisas mais urgentes, como a segurança alimentar, o restabelecimento das relações internacionais, a reposição das ligações aéreas com Portugal, a saúde, a educação ou a própria violência contra as mulheres? 

2) «TERÁ» de ser? O imperativo foi mal escolhido. O representante não tem legitimidade para impor nada, na Guiné-Bissau. Conhecendo o pomo da discórdia, para dizer o que queria dizer (que aliás era dispensável e inoportuno, mostrando apenas que não passa de uma «Maria vai com as outras») deveria ter medido as suas palavras com uma boa dose de diplomacia.

Por isso o porta-voz do Comando Militar, que até aqui tem assegurado a manutenção da ordem e da unidade das Forças Armadas, veio colocar os pontos nos iis, denotando uma certa irritação, aliás mais do que justificada: «Quem tem competência para propor qualquer remodelação nas Forças Armadas é o Governo e não a representação do secretário-geral das NU».

Repare-se, além disso, na condicionante do termo utilizado: «propor». Daba Na Walna não utilizou «impor» ou decretar (pois seria um mau princípio e mais que provável semente de futuro mal estar). Criticando assim, não só a «competência» de Ramos-Horta para o fazer, como o próprio tom e atitude, de pensar que podem impor a decapitação das FA: tirem o cavalinho da chuva.

O senhor Ramos-Horta deveria ler com atenção a missiva que lhe foi endereçada por Silvestre Alves, tirando as devidas ilacções. E, se alguém tem legitimidade para falar sobre o assunto, é o próprio. Numa atitude digna de Mandela, não só perdoou aos seus agressores, como tem a coragem de sugerir uma reforma digna desse nome: a criação de um novo órgão político-militar.

Dando o exemplo do Conselho da Revolução, em Portugal, que dispunha de poder de veto sobre as decisões dos outros órgãos de soberania, reconhecia dessa forma aos militares uma importante função de supervisão, para evitar abusos de poder, traduzindo a sua participação política em termos legais, evitando assim se descarrilasse para intentonas (ou inventonas).

Quanto à oportunidade ou não para propostas de remodelação de chefias, ou outras que mexam com as FA, deverão ser, por outro lado, na minha opinião, lentas e compassadas. Por uma questão de soberania nacional: ninguém dita o que se deve fazer nem a respectiva agenda; isto não é uma corrida à reforma, há que respeitar a hierarquia e os equilíbrios conseguidos.

De cada vez que as autoridades políticas interferiram com a tropa, deu mau resultado. Bastará lembrar os vários CEMFA assassinados, nesses processos: Ansumane, Veríssimo, Tagma... sem, claro, que o problema político ficasse resolvido, muito antes pelo contrário. Por isso, talvez valha mais dar voz e poder aos militares, envolvendo-os, de futuro, na governação do país.

Uma reforma digna não pode ser ad hominem, traduzindo-se demasiado obviamente pela exigência da exoneração de uma ou duas pessoas. As novas autoridades que encetem um processo de redefinição do papel das FA, reconhecendo a sua importância na segurança e unidade nacional, dotando-as com meios para fiscalizar a integridade territorial, em terra, mar e ar.

Os políticos que governem bem, paguem os ordenados, garantam o desenvolvimento, que não encontrarão nas FA qualquer oposição ou ameaça à sua legitimidade. Até lá, a instituição castrense que vá interna e naturalmente promovendo as suas chefias, de forma a salvaguardar a unidade da tropa, garantia de paz e de estabilidade para a nação, essa sim, uma verdadeira prioridade.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Alteração de política editorial

Devido aos abusos que este blog tem sido alvo, por parte de utilizadores anónimos, decidi introduzir a moderação de comentários. Embora seja a favor da liberdade de expressão, não é tolerável que este espaço seja sistematicamente utilizado para denegrir a imagem de terceiros, a coberto do anonimato. A intenção desta atitude de forma alguma deve ser entendida como uma tentativa para reduzir ou enviesar a diversidade de opiniões, que será sempre respeitada. Mantenho o convite a todos quantos queiram comentar os textos que por aqui vou publicando, ou queiram lançar novos temas de debate, para não deixarem de o fazer; no entanto, darei uma vista de olhos aos textos, antes que sejam publicados, de forma a garantir a responsabilidade deste blog. Os comentários serão publicados, após a sua colocação, o mais rapidamente possível: se estiver on-line, serão publicados imediatamente; regra geral, é muito raro passar mais de oito horas sem aceder à internet.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sir Rowland Hill

Vivemos hoje num mundo de telecomunicações. A simples carta de correio parece um pouco desactualizada, quando podemos falar instantaneamente para os antípodas. Antigamente, era muito mais difícil enviar informações à distância.

Com o advento da revolução industrial, da força motriz, dos combustíveis fósseis, apareceram meios de transporte mais rápidos que o corredor, a mula, ou o cavalo. Para mandar uma carta, era preciso encontrar portador, por vezes vários.

Era portanto muito mais caro. Muitos grandes senhores ou organizações tinham o seu próprio serviço de correios. Como a entrega era incerta, o serviço era pós-pago. O que motivava inevitavelmente um grande volume de cartas devolvidas.

O remetente tinha de garantir que o destinatário estava disposto a receber e capaz de pagar a missiva. Mesmo assim, o sistema prestava-se ainda a fraudes: alguns namorados combinavam sinais no exterior da carta, que se recusavam a pagar.

Tal como hoje se combinam toques de telemóvel, que o correspondente não atende, só para transmitir uma informação simples, um sinal, assim faziam esses namorados, manuseando a carta e lendo os sinais encriptados previamente combinados.


Por isso, Rowland Hill é considerado um grande inventor, mesmo se o volume da sua invenção, comparado com o da locomotiva a vapor, é insignificante. Este carteiro-mor inventou, pura e simplesmente, o serviço de correio pré-pago, o selo postal.

Por isso, as recentes declarações do Director Geral dos Correios, Lino Silva, «justificando» a retenção do correio por «falta de verba», são um verdadeiro atentado à memória de Sir Rowland Hill (o mérito da invenção valeu-lhe o título).

O correio, sendo um serviço pré-pago, não pode ser retido por essa razão. Os Correios expõem-se assim a um merecido processo por desvio de fundos e abuso de confiança, uma vez que os correios já receberam o preço do respectivo serviço.

P.S. Já agora, uma dúvida legítima aflora-me o espírito: a TAP transportava o correio para Lisboa à borla? O protocolo de reexpedição (ou melhor consolidação) de correio a partir de Lisboa efectuava-se sem compensações para Portugal? Sem responder a essas questões, como poderemos afirmar a independência da Guiné-Bissau perante a União Postal Universal? Independência é não estar dependente dos outros, o que implica pagar as contas. Parece-me haver aqui alguma irresponsabilidade nas declarações do DG, bem como uma «zona de sombra» nas relações bi-laterais, tal como no caso da TAP, cujo «saldo» líquido em relação à Guiné-Bissau não se percebe muito bem se é positivo ou negativo (o que, até há bem pouco tempo, parecia convir a ambas as partes). A bem da transparência, seria bem vinda uma clarificação, em ambos os casos, pois parecem (ou pareciam) existir vários tipos de silêncios comprometedores, que podem contribuir para presumir a manutenção de obscuros interesses cruzados.

Ver artigo do JN..

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Penas preferidas

Comentário de um anónimo à preferência pelo fuzilamento, para crimes de narco-tráfico, recentemente manifestada pelo ex-Primeiro-Ministro repudiado, Cadogo Junior:

«Eu também gostava que as leis do Egipto e Malásia fossem aplicadas na Guiné-Bissau para larápios, que tipos como o Cadogo já há muito estavam tetra amputados».

Chicote XVII

Como já estamos habituados, o MNE angolano voltou, pela enésima vez, a pronunciar-se sobranceiramente sobre a situação na Guiné-Bissau, afirmando não haver condições para eleições antes da realização de uma reforma das Forças Armadas.

Trabalho que Angola, infelizmente, deixou a meio, com a saída intempestiva da MISSANG. Tal como Carlos Gomes Junior, José Eduardo dos Santos também não admite ser repudiado, continuando a bater insistentemente na mesma tecla do ceguinho.

O regime de José Eduardo dos Santos, a carecer de uma verdadeira reforma, não tem moral para ingerências nos assuntos internos de outros países (mesmo - e sobretudo - se países irmãos), ainda para mais depois de o «romance» ter corrido mal.

As «garantias de submissão ao poder político» só são devidas, por parte dos militares, quando esse poder é responsável e não atrasa o desenvolvimento do país. Em Angola, como em Bissau, terá chegado a hora de a tropa submeter o abuso do poder político?

Talvez, para agradecer tanta preocupação, os guineenses possam ajudar os irmãos angolanos, submetidos a um poder político iníquo e corrupto, formando quadros das Forças Armadas angolanas na Academia Militar de Cumeré, na especialidade «Golpe de Estado».

Seria uma boa forma, na base da reciprocidade, de agradecer o tão propagandeado esforço de «cooperação» militar desenvolvido pela MISSANG. Ver entrevista à SIC.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Cadogo desvaloriza Congresso do PAIGC

Cadogo, em extensa entrevista ao jornal angolano O País, com chamada de 1ª página, não só desvaloriza o Congresso do PAIGC (que considera ilegítimo por ter sido marcado «à revelia e na ausência do seu líder») como admite que, se não obtiver o apoio do Partido para a sua candidatura às eleições presidenciais, não desistirá, avançando como independente.

 Em declarações do tipo bombástico, defende a pena de fuzilamento para lutar contra o tráfico de droga (presume-se que os implicados visados sejam todos os seus adversários). «Eu ainda sou o Primeiro-Ministro legítimo da Guiné-Bissau», poderia até «dedicar-me tranquilamente à minha vida empresarial», mas queixa-se que nem isso pode já fazer...

Quanto às razões para o seu afastamento, aponta o «ódio» do Senegal ao projecto do porto de Buba e «alguns políticos e militares baseados em interesses pessoais ou de grupo», mostrando-se esperançado que «os mais novos» das Forças Armadas, que «sabem o que Angola pode dar» (por terem sido «formados» por lá) venham a inverter a situação.

Ver notícia

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Dissonância cognitiva

Eis um caso patológico bastante grave, a solicitar a intervenção do psicólogo da nação.

«Não tendo sido realizados (a) 2ª volta das eleições Eleições (...)»

«Foi (ram) agendado (as) para 16 de Março de 2014 novas eleições (...)»

Mas o homem não fez o exame da 4ª Classe? O documento não é extenso, mas enferma de uma grave dissonância em todos os parágrafos. Não acertar nas pessoas certas é, de certa forma, um lapso revelador...

Porque não fala krioulo em vez de assassinar o português?

P.S. Como não há acordo sobre o que seja o crioulo, mais k menos kapa, nunca ninguém lhe poderá dizer que está errado, mas também, sintaxe obriga, fale como deve ser: tem alguma coisa para dizer? ...a não ser vitimizar...

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

PAIGC a nu

O auto-intitulado Presidente ainda em exercício do PAIGC, vem pedir ao Partido «anuência»?

Não está na sua competência enviar a própria candidatura ao Supremo Tribunal?

Deveria esclarecer os cenários: se o Partido recusar prestar a referida anuência, desiste da candidatura, conforme já solicitado pelo candidato DSP, em prol do clima de paz e entendimento?

Todas estas manifestações extemporâneas (de quem já deveria ter percebido, há muito, que foi repudiado pela imensa maioria dos guineenses, continuando a alimentar ilusões despropositadas) não substituem, de forma alguma, a coragem (que o dito nunca terá, como está mais que visto) de desembarcar em Bissau sem olhar às consequências.

Resta saber, não podendo colar o «cromo» do PAIGC ao lado da sua foto, que outro «boneco» vai utilizar nesse espaço... O logotipo da CPLP ou o da PEPSI?

DSP desmarca-se de Cadogo

Desta vez, Domingos Simões Pereira não perdeu tempo, antecipando-se na reacção ao «apoio» de Cadogo à sua candidatura; atitude bastante mais inteligente do que ficar à espera dos comentários, que não deixariam de o acusar de ser um simples peão na estratégia de retorno do ex-Primeiro-Ministro. A factura da autonomia de DSP é uma clara mensagem para Carlos Gomes Junior: neste momento é indesejável, uma verdadeira «carta fora do baralho».

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Forças Armadas uma empresa digna

Em colaboração com os governantes, com o objectivo de dignificar a Guiné-Bissau. Vamos trabalhar!

Declarações pacificadoras do Chefe de Estado Maior, defendendo a manutenção da data prevista para a realização das eleições.

Obrigado, irmão Umaro e GumbeRádio

Galo 3

No estilo do conto do «_mato 7 de uma só vez», uma anedota do Kafumbero lembra-nos que, por vezes, há esclarecimentos necessários.

Igualmente a não perder, acerca da insustentabilidade da situação em Angola, a opinião de Marcolino Moco, no LusoMonitor, sobre o discurso de despedida de Lopo do Nascimento, que foi aplaudido de pé por toda a oposição, no Parlamento (e depois, a custo, pela sua bancada).

Saltar fora do baralho

Cadogo pede, através de carta endereçada ao Secretário-Geral da ONU, que promova, graças aos seus bons ofícios, «todas as medidas necessárias, justas e apropriadas que permitam garantir a segurança» da sua candidatura. Embora nunca o faça de forma explícita (para não cair no ridículo), todo o texto parece partir do pressuposto de que quem manda na Guiné-Bissau são as Nações Unidas, daí se presumindo uma desautorização de facto das autoridades.

Insultar e subestimar os responsáveis pela segurança, no país, não parece, por seu lado, constituir um esforço inteligente para atingir o objectivo a que parece propor-se. O que deseja Cadogo? Um blindado a baptizar Cadogo-Móvel, pintado com as cores da ONU, para as suas deslocações na campanha eleitoral? Um tratamento personalizado? Uma equipa de voluntários que distribuam os seus panfletos, para substituir o aparelho do PAIGC, que lhe vai tirar o tapete?

Não se percebe porque insiste... Lembre-se que o assunto não é novidade nenhuma, que não é a primeira vez que o desclassificado faz este género de diligências, que chegou mesmo a intentar física e pessoalmente, nos corredores da organização, como quando foi bater à porta do SG e foi encaminhado para um sub-secretário de segunda. Cadogo há muito que, na própria ONU, é considerado uma «carta fora do baralho» (expressão do Doka): chato e inconveniente.

Desafio: encontrar rima adequada para

Quem salta fora do baralho
.........................................

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Ali-Ba-ba-banês

Estarei a ficar meio gaguxa?

Voltando ao assunto do Ali libanês, que deu uma grande e actual lição. Em poucas palavras, sentimos o seu suspiro pelas promessas traídas da Primavera árabe, pelas chagas da guerra civil no seu país de origem, cruzado com o sentimento de uma intolerância crescente no Médio-Oriente, propagando-se agora ao coração de África.

O Líbano pagou um elevado tributo, sob a forma de uma guerra civil (por não ter aderido à política sub-regional de hostilização militar de Israel tendo por isso ficado conhecido no mundo árabe como traidor e «cobarde).  No entanto, os soldados libaneses foram os únicos que impuseram uma derrota a Israel, obrigando o seu exército a uma retirada do sul do país que traziam ocupado.

Descendentes dos fenícios, um povo de comerciantes na diáspora, estão habituados, não só a comunicar com todo o mundo, como a instalar-se e a criar «colónias».

Tal como no conhecido conto das mil e uma noites, é preciso, na Guiné-Bissau, quem ajude a dizer as palavras mágicas do «Abre-te sésamo», permitindo descobrir o caminho para as riquezas escondidas debaixo da terra. E esse caminho é o da construtividade, da abertura perante o outro, do amor; não o da intolerância, do ódio, da guerra, do desentendimento, da competição cega e destrutiva por recursos entendidos como escassos e «não renováveis» (devido à pilhagem desenfreada a que dá origem essa perigosa mentalidade)...

Depois de uma série de peripécias, o conto termina com o Ali Baba levando o filho até à gruta, ensinando-lhe o segredo e a utilizar a boa fortuna com moderação, vivendo honradamente e em grande esplendor.

Água do Geba

Li com agrado o apelo à união do irmão libanês, no Progresso Nacional: o que pode unir os guineenses, em prol de uma estabilidade para o desenvolvimento, é de ordem superior à voracidade da ganância individual, que parece ter alimentado os políticos nacionais, desde há muito.

Compreende-se o esforço que deve ter feito o Ali, sabendo que não escreve muito bem o português, para emitir o seu contributo positivo, para participar do momento, comungando do destino do povo guineense. Vale mais o conteúdo que a forma. Um verdadeiro afilhado do chão.

O Ali, forte da experiência traumática do seu país, acusa a mentalidade do «bode expiatório», de empurrar a culpa para os outros, fomentando um constante ambiente de guerra. Aponta essencialmente, como factores de bloqueio, a falta de patriotismo e de valor. Dava um bom slogan:

«Paz, Pátria e Mérito»

PS Tal como os corajosos gauleses da banda desenhada Astérix, que deviam a sua feroz independência do Império Romano, à poção mágica do seu druida (que lhes proporcionava uma força sobrehumana) e ao facto de Obélix ter caído no caldeirão dela quando era pequeno, conservando o seu efeito para toda a vida; também os guineenses podem agradecer a abençoada dádiva desta água, com poderes tais, que afeiçoa quem dela bebe.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Feitiço contra o feiticeiro

O presidente moçambicano Guebuza, cuja desgastada imagem anda pelas ruas da amargura, tentou inverter essa situação, graças à realização de uma marcha de apoio, com forte cobertura mediática. Ver notícia.

Apesar de o partido ter tentado forçar a participação de muitos funcionários públicos, a marcha contou apenas com a participação da família de Guebuza e meia dúzia de apaniguados, beneficiários da sua governação...

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

África central à beira do precipício

Título que faz a primeira página do Le Monde de hoje.

E, perante todas as evidências, a palavra genocídio encheu o vocabulário da ONU e da imprensa francesa. Apesar do apelo do Papa, a sementeira do ódio continua e as suas sequelas não deixarão de estigmatizar o futuro do povo centro-africano (e não só). A FrançAfrique morreu, no coração de África.

No âmbito da CEDEAO, quem sai a perder com esta incapacidade e «falência» demonstrada pelo anterior «modelo» francês, são os presidentes da Costa do Marfim e do Burkina Faso.

Aminata Traoré, ex-Ministra do Mali, pergunta «Por que razão deveríamos agradecer à França?», em entrevista cedida à imprensa senegalesa, hoje publicada.

Talvez à luz dos recentes acontecimentos no Mali, República Centro Africana, Sudão do Sul, se possa valorizar a coesão das Forças Armadas, não só na Guiné-Bissau como no Egipto.

É necessário repensar África. Precipício ou novo princípio?

Conspiração desmascarada

Especialistas americanos concluíram que NÃO foi o Governo sírio que utilizou as armas químicas, em Agosto do ano passado. Lembre-se que, na altura, esse argumento quase serviu para arrastar a «Comunidade Internacional» para uma intervenção. Tal como, aliás, no Iraque, onde as armas proibidas, que serviram de pretexto à agressão estrangeira, nunca foram encontradas...

Na altura, quando questionada sobre as suas fontes de informação, a administração norte-americana referiu que os serviços secretos ingleses e israelitas tinham apresentado elementos «credíveis»... (o presidente Obama tinha afirmado que a utilização de armas químicas era a red line a não ultrapassar, para o regime) pois, pois, ficam agora com a careca a descoberto.

Ver notícia.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Peixeirada russa

Depois de se ter percebido que o cocktail Molotov não era uma bebida; que os russos nem gostam de salada russa; e finalmente, que apreciam bastante o peixe guineense; eis o Ady, para nos fazer rir. Ver Kafumbero.

Fórum África

Vários Presidentes africanos, do sul africano ao queniano, chegaram hoje a Luanda (que vai assumir a presidência da Conferência dos Grandes Lagos, ICGLR, na sigla em inglês) para discutir os casos dos conflitos armados no Sudão do Sul, Repúblicas Centro Africana e Democrática do Congo, que não param de se agravar.

Este evento precede a Cimeira de Adis Abeba, a realizar na semana que vem, com a mesma ordem de trabalhos. Angola continua a assumir um papel de destaque, na coordenação dos esforços africanos para a Paz e Segurança; o défice angolano, em termos de liberdade religiosa, poderá, infelizmente, prejudicar a sua actuação.

Ver notícia.

Legitimidade Ká tem

Há coisas que não mudam. Maneiras de ser. Lembro-me de uma reunião de guineenses há cerca de quinze anos atrás, na qual participou Fernando Ká, já à época dirigente associativo. Já para o fim da guerra, quando estava mais que visto que Nino não se aguentaria sem os senegaleses, tratava-se de convencer o senhor a desistir da agressividade do seu discurso pró-Nino, pois considerava-se que se tratavam de opiniões pessoais e não de uma posição colectiva, ou sequer representativa do sentir da maior parte dos seus associados.


A impressão que me deixou na altura, foi de estar perante uma pessoa convencida, arrogante e intratável.

1) Continuando a apresentar o cartão de visita de dirigente associativo, seria bom que, antes de outras considerações, esclarecesse se fala em nome pessoal, ou da Associação que diz representar; falando em nome da Associação, se está mandatado para isso ou se é por iniciativa própria; estando mandatado para isso, se o projecto de tal incumbência foi discutido inclusivamente.

2) Mesmo que tenha respondido afirmativamente a todas as anteriores, o que lhe permite extrapolar que, para além dessa associação, representa a globalidade da comunidade guineense em Portugal? Posso apresentar-lhe bastantes guineenses que não se reverão na sua unanimização. Bastante poderosa, a lógica indutiva de FeKa = associação = comunidade = povo guineense.

A indignação serve-se quente: porque só agora reage ao caso dos sírios e dos «insultos» ao PR e MNE? 

Porque na altura, estavam por cima, calcavam a Guiné aos seus pés; foi preciso a situação ter-se invertido, para acordar e acorrer em socorro dos coitadinhos dos dirigentes portugueses, tão maltratados pela bandidagem; como bom mercenário, julga que assim terá mais visibilidade e será mais valorizado o seu papel, que lhe ficarão eternamente gratos por lhes ter dado a mão.

Ver artigo de opinião no Público.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Machete dá a mão à palmatória

Quando um «diplomata» diz

1) «Que vai fazer todos os esforços» quer dizer que talvez pense nisso

2) «Que vai envidar esforços» quer dizer que é para esquecer

3) «Que vai fazer alguns esforços» quer dizer que foi obrigado a isso

Veja lá, senhor ministro, não se esforce muito, pode cansar-se.

Obrigado, Progresso Nacional

GALP desmente ruptura

Num artigo do Diário Económico, que se destaca claramente pela afirmação do Direito Privado, a GALP garante que, tal como tem feito de forma contínua no último quarto de século, vai continuar a abastecer regularmente o mercado da Guiné-Bissau: os rumores de ruptura, propagados pelos blogs, tiveram a ver com um atraso na passagem do petroleiro.

Parece estar implícito, de alguma forma, um paralelo com o caso da TAP, podendo a comparação ser interpretada como uma crítica ao «abandono» do país por parte daquela companhia, sujeitando-se a pressões de ordem política, o que pode constituir um mau exemplo e um péssimo precedente. Como diz o ditado: «Negócios, negócios, inimigos à parte».

Rússia: recuperar o prestígio perdido

Leonid Fituni, presidente do Instituto de África da Academia Russa das Ciências, pronunciou-se a propósito do caso do Oleg Naydenov. Segundo o académico, após a queda da União Soviética, vários países se aproveitaram para concorrer nas suas áreas de influência e zonas tradicionais de exploração de recursos, marinhos e não só. Nesse contexto deve ser percebida a intenção (agora que a Rússia recupera e faz um esforço de afirmação) de marginalizar a Rússia por parte de alguns países (leia-se a França), tentando impedir a frota pesqueira russa de voltar às águas da África ocidental.

O responsável pela Agência russa para as Pescas, questionado sobre se iria chamar de volta a frota de cerca de uma dezena de arrastões a operar nessa zona, respondeu que «De forma alguma. [Tal como o Oleg Naydenov...] Estão a pescar de forma legal e com todas as licenças necessárias.»

Ver notícia.