terça-feira, 7 de maio de 2013

Gato escondido com rabo de fora

Apenas para apontar algumas contradições na petação:

No princípio:

 “Não sou político nem tenho ambições de o ser. Sou um técnico”

No fim:

“Os militares elegeram um governo de transição que tem governado o país sob suas ordens, até à data presente. Isso não só gerou uma onda de indignação por todo o território nacional dividindo profundamente os guineenses, como o país sofreu um bloqueio internacional. Sem ajudas e sem dinheiro, os militares e este governo, têm recorrido a tudo o que é ilegal em benefício próprio, sendo o estado considerado um narco-estado”

7 e 7 são 14

Faz hoje 14 anos que Bubo n'arrebenta palácio!

(e CCF)

V

Opinião feminina no PN

Por ordem decrescente de idade:


Mmisti so fala kuma anos mamês no kansa odja no fidjos na obi tiros na Guine. Violencia marca nô mininos. Tudo ora i confuzon PAIGC ku PRS. PRS ku PAIGC. I flano ku mata flano pabia di puder, i flano ku furta dinheiro.

Luísa Gomes Silva

Pessoalmente penso que devemos libertar-nos dos partidos que até agora nos governaram. Obrigada pela oportunidade criada para "mais cidadania" como disse a Dra. Mariama Djassi.

Miloca Sambu

Se os jovens guineenses querem que o nosso país mude, devemos mudar todo o pessoal e os actores políticos. Desde já devemos lançar uma iniciativa com o lema "PAIGC, PRS bo figa kanhota". Pabia no sta farto.

Neusa Pires

Retomando um slogan do PN:

Viva mindjeris di Guiné!

P.S. Um artigo saído ontem, sobre a sociedade matriarcal nas Bijagós, incluindo videos.

Orgãos de soberania na internet

A propósito das recentes polémicas e do desafio lançado neste blog aos deputados para participarem na formação da opinião pública, utilizando a internet, alguém se lembrou de visitar a página da ANP à procura de informação actualizada sobre calendários, ordens de trabalho e o seu andamento.

Escreveu-me depois, escandalizado, porque nessa página o Presidente ainda é Raimundo Pereira e o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Junior! Uma Assembleia que não cuida do seu «output», dos seus órgãos de difusão, poderá legitimamente afirmar-se representativa do sentir actual dos guineenses?

Investiguei depois a página da Presidência e pior ainda, o coitado e esquecido do Raimundo Pereira nunca existiu (terá existido mesmo?), a última mensagem refere-se ao falecimento «esta manhã, no hospital Val-de-Grâce em Paris, de Sua Excelência o Presidente da Republica, Malam Bacai Sanhá».

Na página do Governo, excepto a colocação da foto e currículo do Primeiro-Ministro, o seu discurso de tomada de posse há quase um ano, o elenco governamental (mais dois ou três comunicados do Conselho de Ministros fora do respectivo sítio), nada mais foi actualizado, tudo continua velho, como antes.

Ora, como bem demonstram as estatísticas do Progresso Nacional, a Guiné entrou na era digital, com muita gente, desde simples cidadãos a jornalistas de rádio, seja autonomamente, seja em pontos de acesso, a querer obter informação actualizada e credível sobre a actual situação crítica do país.

Para ter uma ideia da situação anterior, publico as minhas estatísticas por país desde sempre.

Portugal
12499
Estados Unidos
2882
Brasil
2348
Senegal
2029
Reino Unido
1433
França
1142
Rússia
774
Guiné-Bissau
507
Alemanha
483
Itália
365

Como já referi em artigo anterior, a Guiné representava pouco mais de 3% do tráfico virtual. Nas estatísticas do DPN representa quase seis vezes mais: aproximadamente uma em cada seis visualizações de página.

A circulação da informação acelerou de repente, deixou de ser o exclusivo das rádios, obedecendo ao paradigma de comunicação de massas do um para muitos, para passar ao todos para todos. Foi com alegria que fui reparando no entusiasmo das pessoas com o projecto PN, que lhes deu voz.

Habituados a calar, a consentir, a condescender, perante o político, o senhor doutor, ou mesmo o militar, os guineenses estavam quase inteiramente esquecidos da mensagem de Cabral. Ora os guineenses estão ávidos de participação activa, neste momento não precisam de deputados quezilentos para os representar.

Os números, ainda limitados pelas dificuldades económicas e tecnológicas de acesso, que traduzem essa tomada de consciência, não são comparáveis, na minha opinião, com os acessos da Diáspora, já que têm decerto um factor de propagação boca a boca muito superior e um impacto muito maior na realidade local.


Ultimamente, em Bissau, tem-se ouvido muito o nome do Progresso Nacional. Como lançou a Esperança Cardoso: Bó na toca corçon di GUINEENSES dé!  Bó bata danu informaçon cu nó precisa!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Inclusividade, excluindo o 1º

Ouvi com agrado o Secretário-Geral do PRS, em entrevista há pouco à RFI, à saída do encontro da Delegação do seu Partido com o Presidente da República, manifestando o seu apoio perante a ideia da inclusão, no governo de transição, de personalidades da sociedade civil e da comunidade religiosa.

Para o PRS, o que está em cima da mesa não é um novo governo, mas sim uma «remodelação», mantendo-se portanto o actual Primeiro-Ministro no cargo. A entrevista de Florentino Mendes Pereira é elucidativa, mais pelos silêncios, que propriamente pelo que «expressa» directamente.

Tentando desencriptar a mensagem: porque é que o PRS insiste tanto em «representatividade»? Será um simples jogo de rato e gato com o PAIGC por mais Ministérios? Julgo que não. O adversário (para os dois maiores partidos) parece ser agora a opinião, questionando a legitimidade da caduca ANP.

Uma remodelação parcial e condicionada, neste momento, poderá não fazer qualquer sentido. Nenhuma figura proeminente da sociedade civil aceitará integrar um governo de gestão, por seis meses. Numa «transição», será que o mais importante é a rapidez? Não será antes a sua sustentabilidade?

Eclipse total de Ramos Horta

O último comunicado do escritório da ONU em Bissau foi emitido pelo número dois, Gana Fofang.

Guiné-Bissau continua prioridade na Agenda angolana

 O presidente da Assembleia Nacional angolana, um dos Santos, em visita à África do Sul, tece considerações...

Problemas da Guiné-Bissau, um estado soberano, serão resolvidos internamente!

Opções

Que bela história!

Obrigado, irmãos e intelectuais balantas. Grande sentido de oportunidade. Oxalá os guineenses vos escutem! E a Guiné possa encontrar um caminho original...

Que tal «comer» o maldito veredicto?

Barca de Boé

Avisado por Deus, Noé conseguiu, embarcando na sua arca no prazo estipulado, salvar a biodiversidade das águas do Dilúvio.

Noé precisava apenas de se salvar das águas, por isso construiu uma simples arca, capaz de flutuar e com capacidade para a bicharada toda, para além da sua grande família. Quando parou de chover e as águas baixaram, a arca encalhou em terra firme, garantindo a continuidade da vida no mundo.

A canoa lançada em Boé, andou quatro décadas à deriva e encalhou. A Guiné, depois de ter encarnado as maiores esperanças de verdadeira Libertação africana, abriu falência, tornando-se um estado pária perante a opinião mundial. sob as malignas designações de estado falhado, narco-estado ou mesmo de não-estado.

Depois de tantos sobressaltos traduzidos em assassinatos políticos, golpes de estado, a intervenção dos EUA desempenhou um efeito de catarse colectiva, confrontando os guineenses com a insustentabilidade da anarquia e avivando sobremaneira as suas preocupações em relação ao futuro do país.

Querendo apresentar as suas agendas pessoais a título de salvadores da pátria, alguns falaram de uma «última oportunidade» (cenário diluviano e apocalíptico). Em parte têm razão, a Guiné está, na minha opinião, perante uma oportunidade escatológica para evitar o fim do seu «lugar» no mundo.

Nestes momentos, são contra-indicadas as simples medidas paliativas. Perante o estado de choque, só medidas de choque se podem revelar eficazes.

Barco sem leme não conhece rumo.

domingo, 5 de maio de 2013

Epílogo constitucional


As primeiras palavras da Constituição, no princípio do Preâmbulo:

«O PAIGC, fundado em 19 de Setembro de 1956, cumpriu exemplarmente o seu Programa Mínimo, que consistia em libertar os povos da Guiné e Cabo Verde, conquistando a soberania dos respectivos Estados».

Até aqui, é verdade... Obrigado, PAIGC.

O problema está a partir daí.

O Partido traiu a generosidade de Amílcar Cabral, os seus ensinamentos defendendo uma práxis da libertação não só política, mas essencialmente mental e cultural. 

O Partido abusou da Nação, indigitando-se primeira palavra de uma Constituição, desenhada por si e para si, rememorando-se em todos os seus «cromos» hino, bandeira, ...

O Partido tornou-se numa agência de emprego, um viveiro de ambições pessoais, deixou de ser um motor para a Nação e passou a ser um peso morto, com iniludível responsabilidade na actual situação.

Com tantos pretendentes e alas divergentes, o que devemos esperar deste partido que pretende hoje, contra todos os sinais em contrário, continuar a representar a maioria dos guineenses?

Que ideias, que projectos, que estratégias? As quatro dezenas de deputados do PAIGC que inviabilizaram a solução de transição deveriam prestar contas, justificando o seu acto...

Abriram-se novos fóruns, como o blog Progresso Nacional, onde todos podem confrontar as suas ideias. Os senhores deputados aceitem o desafio, já que argumentar é a vossa profissão e a vossa função, participem no «jogo», muito actual, de opiniões pela internet, esclareçam as pessoas.

Aquilo a que temos assistido são simples jogos de compadrio pelo poleiro. O facto é que parece estar a gerar-se, tanto na Diáspora, como internamente, um (ainda incipiente) movimento de «opinião», advogando um corte com o passado. O que poderá ser fatal para a presúria na qual o PAIGC tem mantido o Estado.

A dissolução do Partido, neste contexto, assumindo o fim de uma era, seria a opção mais digna, no respeito pela memória de Amílcar Cabral. Os indivíduos realmente capazes que o compõem, terão decerto o seu lugar, no contexto da necessidade de quadros experientes para uma verdadeira reorganização do país.

O verdadeiro PAIGC vive, inextirpável, no coração da guinendade, como grito de liberdade. Por respeito para com a sua «presença», o seu actual fantasma, que não passa de um simulacro, desprestigiando e desonrando a Nação, deve ser enterrado, pois já morreu há muito e ninguém o informou.

Depois do requiem e do toca tchuru, estaríamos prontos para um virar de página. De outra forma, caso o PND e os outros partidos com representação parlamentar, decidirem abandonar o Parlamento, ficam a falar sozinhos, nos escombros da ANP, expostos ao ridículo (e o resultado será exactamente o mesmo).

sábado, 4 de maio de 2013

Jagudis no ar

O artigo que Jorge Heitor acaba de publicar no seu blog é, infelizmente, uma triste amostra das atitudes negativistas em relação à Guiné que, à força de repetição dos mesmos argumentos já velhos e cansados, se instalaram na quase totalidade das mentes demasiado formatadas de jornalistas, colunistas e pretensos «opinion makers».

Em vez de bater mais no ceguinho e sempre na mesma tecla (já gasta), criando rotinas depreciativas auto-confirmatórias, vestindo o hábito de profetas da desgraça (alheia - já no Velho Testamento se diz que é fácil ver o cisco no olho do parceiro mas preferir ignorar a trave à frente dos olhos), porque não dão um contributo positivo?

Aprendam a ler os sinais de esperança.

Beco sem saída

O PN acaba de noticiar que o Partido da Nova Democracia, signatário do Pacto de Transição, se dirigiu hoje ao Presidente da República, pedindo a dissolução da Assembleia.

Fará sentido uma Assembleia com maioria de bloqueio PAIGC? Deposto o Governo saído do acto eleitoral que também elegeu os Deputados à ANP, assinado um Acordo de Transição reconhecendo todos os Partidos, com e sem representação parlamentar, há que reconhecer que as circunstâncias mudaram muito. Que legitimidade têm estes deputados? Com base em que «representatividade» actual pode o PAIGC pretender conduzir a Guiné a um beco sem saída?

A hora é de afirmação!

Guinendade como ideologia nacional!

Precedência para precedente

Ainda a propósito da Constituição, às organizações internacionais, pedir-se-ia uma certa contenção, no sentido de se evitarem mais ofensas à inalienável soberania guineense, pois parecem existir alguns países interessados num agudizar artificial das tensões.


Em último caso, o povo pode legitimamente impor de forma legal uma nova realidade, ao abrigo da alínea 2 do artigo 2º da Constituição, que o convida a exercer o poder político directamente (com precedência sobre as urnas). Dispensaria assim a ajuda, o dinheiro, os conselhos interesseiros e hipócritas, as ingerências e humilhações a que o têm submetido nos últimos tempos.

Viva a Guiné-Bissau

Constituição da República

Acabei de ler a opinião de Alai Sidibe, no Progresso Nacional. com a qual estou em desacordo, pelas razões que passo a expor:

Parece um pouco gratuito querer sugerir que Daba Na Walna, professor na Faculdade de Direito de Bissau, não conheça a Constituição do seu país, que defende. Já o Alai é que parece conhecer a Constituição muito por alto (acabando por se mostrar pouco responsável e positivo neste contributo), e não quis dar-se ao trabalho de documentar as suas afirmações com referências aos números dos artigos que pensa apoiarem a sua «tese». Para que o possa fazer, numa próxima ocasião, informamos que o Didinho disponibiliza desde há muito o texto da ex-Constituição.

Agora já não vale a pena, deixe-me ajudá-lo:

Não sei onde foi buscar a ideia de que a Constituição
«claramente estabelece a submissão do poder militar ao poder (...) civil»

Apenas um artigo se refere às Forças Armadas, o 20º, enquadrado no Título I - Princípios Fundamentais;
A única referência, para além dessa, ocorre já no âmbito do Título III - Organização do Poder Político, Artigo 62º, enumerando as funções do Presidente, entre elas, o Comando Supremo das Forças Armadas.

O artigo 20º está ordenado:

1) (...) incumbe-lhes defender a independência, a soberania e a integridade territorial
2) É dever cívico e de honra dos membros das Forças Armadas participar activamente nas tarefas da reconstrução nacional.
Só em terceiro lugar, surge então uma vaga referência, não a subordinação, mas a obediência:
3) As Forças Armadas obedecem aos órgãos de soberania competentes, nos termos da Constituição e da lei.

E neste ponto temos uma questão ética e outra de indefinição jurídica:

a) Será que devem obedecer a órgãos de soberania incompetentes?
b) A Constituição não tem mais termos referentes a este assunto, portanto isto não passa de uma pescadinha de rabo na boca (uma referência circular, numa analogia informática; em crioulo, poderíamos utilizar volta di mundu i rabu di pumba); não havendo também leis específicas ou especializadas para esses casos de insubordinação.

Ajudando à conclusão, que me parece evidente:

Perante manifesto falhanço, falta de moralidade e/ou de autoridade dos titulares de outros órgãos de soberania regidos pelos simples e formais Princípios de Organização Política;

não só pelas razões explícitas de precedência, mas igualmente pela questão histórica implícita, as Forças Armadas, regidas pelos Princípios Fundamentais, estão acima dessa obediência e devem, como têm feito até aqui, dar primazia à primeira alínea do art. 20º, um princípio de ordem superior. No actual contexto, julgamos que também a segunda alínea pode ser accionada, com precedência sobre a terceira.

Caro Alai, não vá por aí. Utilize argumentos, documente-se, poupe-nos a ataques pessoais inconsistentes e sem substância. Pode não concordar com a figura ou as suas posições, mas Daba Na Walna, ao contrário do Alai, pelos vistos, é um verdadeiro jurista e sabe do que está a falar (embora neste caso o conteúdo da entrevista, em termos propriamente jurídicos, seja de pouca relevância - não era isso o mais importante, era a mensagem implícita - para bom entendedor...)

Terminando a questão da ex-Constituição: quantas vezes essa Constituição foi profanada? O melhor é reduzir o âmbito senão, fica sem dedos para contar; digamos só, quantas vezes foi violada pela própria pessoa que a promulgou? E já agora, dou-lhe pistas para que possa denunciar algumas flagrantes tentativas de violação da sua «dama» (sem ser preciso recuar tanto), leia-se

artigo 43º
1) Em caso algum é admissível a extradição ou expulsão do país do cidadão nacional

já quanto ao artigo 65º, não deveria ser válido, de tal forma parece ad hominem, feito à medida de Cadogo, e passo a citar:
As funções de Presidente da República são incompatíveis com quaisquer outras de natureza pública ou privada.

Já agora, caro Alai, leia também todos os direitos lá consagrados para o Povo, compare com a realidade, e talvez possa perceber melhor porque os militares ... para a infeliz. E, se estiver de boa fé, talvez ainda venha a concordar. Aquilo que me parece que a DPN queria (e conseguiu, de forma emotiva) transmitir foi que Daba falou bem, com carisma e convicção.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Graves insinuações

A RFI acaba de publicar, em jeito de notícia, a tomada de posse por parte de Angola, da Presidência do Conselho de Paz e Segurança da OUA.

Nessa peça está inserida uma entrevista de cinco minutos a um «analista» político angolano, o qual se oferece como intérprete das opiniões e sensibilidades angolanas (quero dizer, a voz do dono).

Amílcar Xavier, depois de referir que Angola irá decerto utilizar o seu posto para defender os seus interesses estratégicos consubstanciados nas concessões de bauxite efectuadas pelo anterior governo guineense, julga que deverá «assumir as suas responsabilidades» em «ajudar» (nem que seja à força?!) a Guiné-Bissau, sendo essa a agenda de uma próxima visita do Presidente de Cabo-Verde a Luanda.

O mais grave (ainda para mais em declarações à Rádio France Internacional) é a acusação de a França (não estará na altura de fazer, mais que um desmentido, uma «mise au point», um esclarecimento?) ter instigado os militares guineenses a darem o Golpe de Estado (por inveja, presume-se, da concessão da Bauxite a Angola em seu detrimento). Traduza-se: a Guiné não existe, nem os guineenses, quanto mais os seus legítimos interesses, não passa de um simples palco para as disputas de poder geo-estratégicas sobre recursos minerais entre Angola (os bons) e os outros (os maus, claro).

Sistema eleitoral na Guiné

Embora não seja jurista, não quis deixar de responder ao desafio lançado pelo Progresso Nacional, reflectindo e dando a minha opinião sobre o assunto, no sentido de tentar contribuir para o esclarecimento da Conceição. Formalmente, basta clicar aqui para ser encaminhada para o tópico do Didinho, onde poderá consultar, em formato digital, toda a informação que procura, por baixo do mapa da Guiné.

Informalmente, darei também a minha opinião à Conceição: o sistema eleitoral guineense é uma farsa e dificilmente se pode considerar um exercício de cidadania. Como resultado das várias convulsões e dos problemas estruturais de insubordinação das forças armadas perante a mentalidade corrupta e a incompetência dos políticos, agravados pela extrema pobreza a que estes condenaram o país, expondo-o por essa via às mais vis e interesseiras e grosseiras propostas desonestas, as eleições são sempre financiadas (importando técnicos estrangeiros, muito pouco desse dinheiro fica na Guiné) e observadas (supostamente policiadas, viu-se o paradigma do modelo, com as eleições angolanas) por estrangeiros.

Graças ao mito da «dependência», querem hipocritamente fazer-nos acreditar que a Guiné precisa de estrangeiros para financiar (os próprios estrangeiros) a virem dar prémios de bom comportamento à manutenção das aparências. Que valor ou validade, que legitimidade têm eleições pagas por estranhos? Como pode esse acto pretensamente estruturante da soberania popular estar dependente de circunstâncias estranhas e vontades alheias?

Não há almoços gratuitos (excepto para os deputados, na cantina da ANP).

Inoperância ou irresponsabilidade?

Os dois maiores partidos, no seio da ANP, mostram-se incapazes de se entenderem, demonstrando claramente a sua caducidade (partidos e ANP) face à actual situação do país.

Na ANP, continuam a ser inviabilizados pedidos de levantamento da imunidade a alguns deputados, requestados pela justiça para responderem em casos de corrupção.

Ora a Guiné sofreu mais uma violenta catarse, dano colateral de uma cabala urdida pela agência norte-americana DEA, que culminaria na acusação lançada ao actual CEMFA.

O futuro do país não pode continuar adiado, refém de interesses mesquinhos e de «consensos» frágeis. Há que cortar com o passado e recolocar os contadores a zero.

Antecipando uma eventual passagem do testemunho no cargo de CEMFA (da responsabilidade, por cooptação, do Comando Militar, que assumiu a situação), essa rotação seria idealmente acompanhada por:

1) Dissolução da ANP pelo Presidente da República
2) Demissão do Presidente da República
3) Tomada de posse de um Presidente e Governo de Tecnocratas de «sentimento» nacional com projecto claro e mandato transparente de reorganização e estabilização do país
4) Reunião de um Fórum Constituinte

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Fontes?

A publicação de Cabo-Verde A Semana, perdeu hoje uma boa ocasião para ficar quieta. Recomenda-se-lhes a leitura das notas soltas de Corsino Tolentino.

Rapidamente denunciam a encomenda, num artigo sobre a Guiné, oferecendo-nos uma pérola de retórica barata disfarçada de pleonasmo básico «é cada vez mais crescente»... Como o texto não passa de uma compilação de fontes desactualizadas (e algumas desmentidas), não liguem muito. Porque não seguem o recente exemplo de transparência que vos vem da blogoesfera guineense e começam a colocar as vossas fontes, para podermos medir a sua actualidade e credibilidade?

Mas por outro lado, não percam os comentários! Poderão aferir da hipocrisia dos governantes cabo-verdeanos, rapidamente desmascarada pelos seus próprios cidadãos.

Sinais muito positivos

Daba Na Walna abordou, em entrevista reportada pelo PN, o tema quente da subordinação do poder militar ao político, já levantado pelo ex-Oficial Rui Ndem

dia ku no tene politicos responsaveis, militaris na para ronca malcardessa.

sugerindo ainda que os militares também podem ser estadistas.

Bombástico!

Notícia, no Progresso Nacional, dá conta de possível deslocação do actual CEMFA, até um país da Região onde poderá eventualmente permanecer, frisando ser uma decisão tomada de livre vontade.

A confirmar-se essa intenção, o General daria mostras de ser um verdadeiro patriota, colocando acima dos seus interesses (e mesmo direitos) o bem-estar do seu povo, ultrajado por uma conspiração mundial, envolvendo espiões, movimentações de contornos pouco claros e o país mais poderoso do mundo. Tendo-se tornado num «alvo» para alguns, a atitude de afastar a «mira» seria reveladora de um sentido de Estado que muitos o acusaram de não ter.

PS Escolhi este título por conter em si e pela ordem certa, a palavra bo(mb)á(s)t(ic)o. Acredito perfeitamente na honestidade do Progresso Nacional, bem como que possa ser verdade (e já aproveitei a boleia para dar a minha opinião quanto ao cenário), mas julgo que a reacção das pessoas a esta notícia vai ser como a de São Tomé: «Ver para crer».

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Visão pragmática

Estava eu a olhar para as Estatísticas devido às actuais solicitações (o que não é muito frequente), quando reparei num padrão de acessos um pouco diferente do habitual. Em vez de ter origem no simples didinho.org ou /link, o mesmo endereço tinha continuação para um artigo. Curioso, fui investigar e descobri que, pela primeira vez, tive a honra de um link para o meu blog inserido no texto de um artigo. Desde já queria agradecer ao Marcelino Monteiro pela gentileza.

Gostei da brincadeira entre os crescimentos: económico; e como povo. Aproveitando a deixa para puxar a brasa à sardinha, julgo que, na realidade, neste momento, não há na Guiné outra instituição digna desse nome, para além da castrense, que se mantém forte e disciplinada. Por isso já defendi que esse deveria ser, por simples bom senso e sem hipocrisias, o pilar institucional para uma experiência política diferente, não fiquem os guineenses com a sensação de mais do mesmo.

E claro que tem razão, quanto à promiscuidade dos políticos-empresários = associação criminosa. Volta tudo à vaca fria? Voltamos (não avançamos) à casa de partida (sem receber nada, claro, como no jogo do Monopólio)? Onde não há instituições fortes, só um poder forte pode dar confiança aos empresários numa certa estabilidade sem (muitos) sobressaltos, evitando uma percepção generalizada de grande incerteza nos investimentos, derivada de riscos políticos.

Guerra do «refresh» na blogoesfera guineense

Os blogs guineenses envolveram-se numa guerra de números, na qual estatísticas e contadores são brandidas como armas de arremesso.

Desde já confesso, neste contexto, que estou mais ou menos habituado a que ninguém me leia, excepto um ou outro curioso da Casa do Xadrez, como o Russo ou o Gonçalo, que de vez em quando dão uma vista de olhos, ou algum cibernauta perdido, passado muito tempo da publicação, porque cruzou inadvertidamente duas ou mais palavras nalgum artigo. Esporadicamente aparecem também motores de pesquisa «privados» que pescam «à linha» (graças à presença de palavras chave, ou através de «marcação»).

Também é verdade que passo longos períodos sem escrever absolutamente nada, em total hibernação bloguista. Tenho o blog desde há cinco anos, com pouco mais de 27000 visitas, na última semana, tive 880, mas este número excede largamente a média, porque tem a ver com os momentos do «ressuscitar» da mosca. A «mosca» estava adormecida desde o chocante assassinato de Ansumane, mas em 2008 cheirou-me a esturro e voltei à Guiné, fiquei na Pensão da Dona Berta: logo nessa noite houve bazucada, foi o «assalto» ao Palácio Presidencial; depois vi o Tagma a passar irritadíssimo, etc. Estou com o Doka, quando afirma «Eu não vim para ser amado», mas para dar a minha opinião, é para isso que servem os blogs e parece-me respeitável.

Os meus números semanais estão pontual e largamente sobreavaliados: excluindo alguns(mas) poucos(as) guineenses que seguem desde há muito a mosca tsé-tsé (quando ela dá sinais de vida), devem-se sobretudo aos links que o Didinho tem partilhado para o meu blog com os seus assíduos frequentadores, sofregamente em busca de informação credível. Julgo que, sendo a postura do Didinho de transparência total, ao tornar acessíveis todas as suas estatísticas, não se importará que divulgue os dados que se seguem.

Os leitores regulares do Didinho, serão entre 800 a 900, dos quais um pouco menos de metade numa base diária (mal o Didinho publica um link para o meu blog os acessos disparam e atingem entre 300 a 400 nas 24h seguintes) isto aferido em média pelos acessos que tenho recebido na sequência da publicação dos referidos links. O padrão de actualização do Didinho é aproximadamente diário: os mais curiosos virão portanto uma vez por dia.

Já com um blog ao estilo de uma agência noticiosa, com pequenos despachos de hora a hora, os mais curiosos terão propensão a actualizar («refresh») a página de meia em meia hora, para se manterem «actualizados». Enquanto de um lado, temos um visitante, que faz uma visita demorada para ler artigos extensos, pelo outro temos um visitante que faz múltiplas visitas à procura das últimos «telex». São portanto coisas diferentes em todos os sentidos.

Tal como com os jornais, que consoante o tipo, podem ser lidos por apenas uma ou muitas pessoas, a briga é de facto a ver quem tem mais impacto sobre a opinião, e isso depende mais da profundidade das impressões, da credibilidade atribuída, do tipo de pessoa que frequenta cada blog, se essa pessoa depois propaga a sua opinião, etc. Mas há lugar para todos e estou certo de que a maior parte dos guineenses ficarão contentes de dispor das mais variadas e diversas fontes de informação, de maneira a poderem assim construir um opinião própria mais sólida, fiável e informada do que no passado.

Conhecem a história dos caranguejos no cabaz? Mal vêem que um tem a possibilidade de sobressair um pouco, sentem-se diminuídos da sua posição no fundo; em vez de manter a ordem e esperarem calmamente que ele se eleve e saia da miserável situação em que se encontra, para depois seguirem ordeiramente os seus passos, um por um, não, penduram-se naquele que parece ter sucesso para o puxar para baixo (desequilibrando e destruindo a rampa). Vamos torcer por uma oferta diversificada de informação, pelo sucesso dos diferentes projectos, pela honestidade e seriedade.

Neste sentido, depois desta festa de transparência, gostaria de fazer um apelo no sentido de colocar um fim a querelas inúteis entre irmãos. Todos devem trabalhar para a Guiné, dando o seu melhor à sua maneira, e melhorando, aprendendo com os erros. Senão qualquer dia há uma escalada e apanham-vos feitos tolinhos a actualizar repetidamente o vosso próprio blog, com outra identidade, para incrementar o contador.

Depois de comparar o gráfico com o seu equivalente em Estatísticas, constatei que os gráficos são sempre referentes ao último mês, independentemente do período escolhido para a apresentação dos totais numéricos. Nesse sentido, e constatando a normalização dos contadores, sugiro que todos afinem os seus contadores para esse período. O meu gráfico traduz o adormecimento da mosca, até que acorda subitamente, a 22 de Abril, com dois artigos.

A concorrência saudável é boa, todos se vão doravante esforçar por ganhar não só a batalha contra o tempo, para fazer chegar mais depressa a informação, para a ilustrar, para a credibilizar com links ou emails, etc. É a comunidade Diáspora - Pátria, mais unida que nunca, graças à internet, na esperança e na busca inquieta de um futuro para o país.

Corsino volta à carga

O dia 30 de Abril, parece ser um dia especial para o investigador cabo-verdeano e amigo da Guiné-Bissau, Corsino Tolentino.

Depois de algumas tomadas de posição equívocas de Cabo-Verde, o ano passado, já tinha avisado:

http://www.portugues.rfi.fr/africa/20120430-comando-militar-da-guine-bissau-nao-aceita-pressoes-da-cedeao

Como não lhe ligaram nenhuma, voltaram a dar mais umas bordoadas na já de si complexa e susceptível relação com a Guiné-Bissau. E Corsino, exactamente um ano depois, dia por dia, volta à carga, exactamente com o mesmo discurso.

http://noticias.sapo.mz/lusa/artigo/16074070.html

Se o aparelho de Estado parece estar na mão de hipócritas, ainda há verdadeiros amigos da Guiné.Bissau, em Cabo-Verde: está na altura de os seus governantes começarem a ouvir a voz do bom senso.

Bravo, Corsino! Haja alguém! Viva o povo cabo-verdeano, que em 1998 ajudou os seus irmãos necessitados, sem querer «cobrar» ou imiscuir-se dos seus assuntos.

O perfil do futuro CEMFA

Acho que o mérito principal, até agora, do blog Progresso Nacional, foi o de ter conseguido lançar o debate interno, trazendo muitas pessoas da Guiné para a internet, onde predominava claramente a Diáspora.

Neste sentido, julgo louvável e encorajadora a mensagem que Rui Ndem deixou, no âmbito do desafio do PN Futuro Dirigentes. Louvável porque o antigo oficial adere em tudo à proposta original, que era a da definição de um perfil, enumerando depois os vários candidatos possíveis de enquadrar nesse perfil. Encorajadora porque traduz uma profunda reflexão e é feita de forma muito ética e com muito tacto, evitando tomar partido na questão política, ou seja restringindo-se à militar. Não resisto a citar: «Ma na fala bos kuma, dia ku no tene politicos responsaveis, militaris na para ronca malcardessa.» 

No entanto, julgo que a questão ultrapassa a opinião individual, para revelar um potencial mal-estar entre a hierarquia castrense, quando à possibilidade aventada de poderem vir a ser comandados por um Oficial de patente inferior. É caso para perguntar, neste caso, se todos os CEMFA que a Guiné conheceu respeitaram essa lista de critérios tão especificada. Ou, pelo contrário, não terá sido precisamente esse o problema? A não emergência de uma elite militar realmente «qualificada»?
Tal como os critérios inicialmente avançados pela DPN para esse cargo se pareciam enquadrar com o perfil de Daba Na Walna, também estes critérios parecem especificamente elaborados para excluir Daba Na Walna e Melcíades Fernandes. Ora querer puxar dos feitos da guerra colonial hoje, parece fazer pouco sentido. Parece especialmente injusto porque de resto, em termos de formação, línguas, combate, os dois cumprem generosamente os requisitos.

Quanto à questão hierárquica, temos por exemplo o precedente, em Portugal, durante o período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, da graduação a título provisório de Otelo Saraiva de Carvalho em General para poder comandar pontualmente patentes superiores, após o que voltou à patente inicial. O que está em causa, não é uma parada, nem uma feira de vaidades, mas o futuro da Guiné-Bissau. Na minha opinião, os mais velhos deveriam, por outro lado, cerrar fileiras com orgulho em torno destes jovens saídos da sua «escola» e acreditar que algo de novo se prepara para a Guiné.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Povo diverso e disperso

É incrível a quantidade de informação hoje disponível para quem edita boletins de informação virtuais. Os editores de blogs podem utilizar a funcionalidade Estatísticas para conhecer melhor as preferências dos seus utilizadores, os seus locais de origem...

Clicar para ampliar
Segui o link para as estatísticas do Didinho por países e constatei que os acessos com origem na Guiné são muito escassos, pouco passando de 3%. Ou seja, os(as) frequentadores(as) assíduos(as) da «oferta» de informação on-line relativa à Guiné-Bissau são, na sua esmagadora maioria, pertencentes à Diáspora.

Mas o mais interessante é o padrão de dispersão, por todo o mundo, da Diáspora. Há guineenses pelo mundo inteiro: sem ser necessário clicar, basta contemplar um pouco os contadores / globo do site do Didinho, para o perceber. A Guiné-Bissau é sem dúvida não só um povo maximamente diverso (etnias por quilómetro quadrado), como também disperso!