Interessante artigo sobre a Guiné-Bissau de um jornalista angolano, a propósito da extensão das sanções da UE a mais quinze nomes a anunciar amanhã no jornal oficial...
http://altohama.blogspot.pt/2012/05/ue-nao-sabe-o-que-diz-e-nao-diz-o-que.html
A UE afirma ainda não reconhecer o Governo de Transição por este «estar aparentemente sob o controlo dos militares».
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Os cães ladram e a caravana passa
Angola desmente adiamento
Segundo a Reuters, afinal parecem ter sido ultrapassadas as «dificuldades de ordem técnica» que se anteviam para a retirada da MISSANG, tendo Angola negado os insistentes rumores de adiamento da partida do seu contingente militar, apressando-a para começar já este fim de semana prevendo que se possa prolongar no máximo até 10 de Junho, dia de Portugal e das Comunidades de Língua Portuguesa. Esperemos que sim.
Quatro aeronaves vão estar envolvidas na operação. Já o igualmente anunciado navio... talvez se fique apenas pelas intenções. Parece uma medida razoável, não adiar mais a resolução de uma situação desconfortável para todos os envolvidos.
Tentativa de manipulação mediática
A LUSA emitiu ontem, dia 30 de Maio, dois comunicados sobre a Guiné-Bissau, sem aparente correlação formal: no entanto, ambos se referem a embaixadores nesse país.
O primeiro anuncia a decisão de Portugal de retirar o seu Embaixador de Bissau, cuja reposição condiciona ao retorno da ordem constitucional no país.
Numa atitude mais construtiva, o embaixador da França na Guiné-Bissau, recebeu o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros, dando conta das expectativas da França quanto ao cumprimento do Roteiro do Governo de Transição, o que foi objecto de um segundo comunicado.
Nesse comunicado imputa-se ao diplomata a utilização no seu discurso do termo «imperativos», emprestando-lhe assim muito convenientemente um tom de diktat, próprio para acirrar ânimos anti-gauleses. Não parece muito provável que o senhor Michel Flesh, como diplomata de carreira, formado em Estudos Políticos, cometa gaffes tão grosseiras como aquelas que o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal tem vindo a cometer neste dossier. Se utilizou a palavra, deve ter sido noutro contexto, sem o relevo que lhe quiseram dar. Ainda bem que o jornalista deixou o rabo de fora, utilizando aspas...
A mensagem «de despedida» para os guineenses não poderia ser mais clara: «Olhem que os franceses são mais mandões que nós». Talvez os dois comunicados pudessem ter sido sintetizados num só, com o título: Portugal sai, França entra. Mais um tiro no pé de Paulo Portas.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Temporização indecente e improcedente
Angola estará porventura a fazer um erro de cálculo, nesta terminal tentativa de se agarrar ao chão. Ango-lapa não larga rocha. Firme que nem rochedo. No entanto, mais vale dobrar do que quebrar. Partir da Guiné ou partir tudo na Guiné?
Jogo perigoso, contra o tempo, que não joga a favor de José Eduardo dos Santos... Só aumenta mesmo a sua exposição à incerteza, até porque a imprensa internacional parece ter finalmente levantado a lebre da MISSANG, como principal factor do berbicacho.
A CEDEAO tem dificuldades em mandatar de forma precisa e em capacitar os seus representantes, demasiado complacentes face às contrariedades relativamente a objectivos básicos: como é possível que numa reunião para tratar de pormenores simples, se deixem enredar nos subterfúgios de Angola?
«Dificuldades técnicas»? Estarão a brincar? É de mau gosto. 3 viagens charter do mesmo avião e 10 idas e vindas (10m) do mesmo autocarro seriam suficientes... Porque se armam em esquisitos? Agora só saem se o autocarro tiver ar condicionado? Não estão em posição de condicionar...
Para quê tentar travestir a situação que já todos perceberam? Só chamam ainda mais a atenção! Que falta de fair play e de «recreio»! A provocar? É o princípio do chicote em funcionamento, mas se a CEDEAO abdica de cumprir o papel essencial com o qual se comprometeu, apenas demonstra, neste momento crítico, uma inoperância perigosa (para além de uma forte possibilidade de serem dispensados como incompetentes).
E, em último caso, voltar-se-á à casa de partida, com nova subida da tensão... Brevemente, com toda a provocação, a benevolência inicial para com os cambas assumirá cambiantes de merecida humilhação, com uma marcha forçada, apeada e apenas com bagagem «de mão». Não esperem pelo último barco...
Adiamento sine die e unilateral de uma retirada anunciada? Parece muito má opção, atendendo ao contexto politico e militar. O Comando Militar ver-se-á assim obrigado, mesmo que a contra-gosto e a título de estado de excepção, a voltar a sair das casernas para assegurar a soberania nacional.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Pistas de Zamora apontam novamente Banjul
Sim, o jogo de comunicados e contra-comunicados continua, agora pela voz de Ensa Jawara, porta-voz do Ministério da Imigração da Gâmbia em declarações à France Press. Zamora estaria em Banjul em guarda à vista...
Parece o jogo do empurra.
Sem comentários II
À margem da inauguração da Embaixada de São Tomé e Príncipe, em Lisboa, os jornalistas confrontaram Paulo Portas com as declarações de Daba Na Walna, que o acusara pessoalmente (e não Portugal) de leviandade (mais que provada com a Missão Manatim). Resposta do já referido: _«"Portugal não entra em controvérsia com autoridades que não reconhece. A resposta é esta", disse Paulo Portas». Pois o senhor Ministro defende-se de uma acusação pessoal falando em nome de Portugal? Porque não respondeu antes «Não entro em controvérsia com autoridades que Portugal não reconhece. A resposta é esta» Pequena, mas fulcral nuance. É, no mínimo que se possa dizer, falta de tacto, para um ministro dos Negócios Estrangeiros; no entanto, dado o carácter reincidente da forma como o faz, raia cada vez mais o insuportável. Ainda bem que os guineenses já aprenderam a distinguir o que vem de si, sem o associar a Portugal e aos portugueses (se bem que actualmente completamente manipulados por um «consenso» podre dos meios de comunicação social e dos partidos com representação parlamentar).
Arrombar Portas à machadada, Miguel?
Didinho insurgiu-se! E com razão. Chama «terrorista» a Miguel Machado, autor de uma triste (senão mesmo ofensiva para os guineenses) coluna de OPINIÃO no DN desta segunda-feira.
Este, se tem razão quando faz o diagnóstico da situação: nomeadamente quanto ao ridículo em que caiu o «inicial tom ameaçador do Ministro dos Negócios Estrangeiros português», apontando ainda «a precipitação inicial» e «uma politica de comunicação confusa, senão
perigosa»; por outro lado, quando acaba esse diagnóstico e emite a sua OPINIÃO, vira uma verdadeira desgraça, entrando em puro delírio militarista, sugerindo a Paulo Portas que accione a NATO! A NATO foi desenhada como uma organização defensiva (e é um pouco forçado situar a Guiné no contexto geo-estratégico do Atlântico Norte)... aliás, tal como a CPLP nunca teve (até à era Paulo Portas), nos estatutos ou na prática, qualquer competência seja de «restabelecimento da ordem constitucional», seja sequer de «interposição» ou «manutenção de paz» (ainda para mais através da força das armas). Pelos vistos, a missão no Afeganistão deu-lhe a volta à cabeça, sr. Tenente-Coronel! Aterre com os pés no chão...
«Só falta convencer a NATO»?
Sem comentários.
Zamora desaparecido entre Ziguinchor e Banjul
A Gâmbia acaba de negar oficialmente a entrada de Zamora. Por exclusão de partes, Zamora parece estar realmente retido no Senegal, que faria bem em confirmar a recepção da encomenda: o novo Presidente deverá pessoalmente garantir a segurança do seu convidado (tal como parece ter ordenado a sua captura) não vá entretanto acontecer-lhe alguma coisa, pois há muita gente em Lisboa que, à falta de poder desfrutar da sua companhia, estaria interessada na sua eliminação física...
http://thepoint.gm/africa/gambia/article/gambia-has-no-knowledge-of-g-bissau-ex-army-chief-minister
O coitado do Sr. Almirante já deve estar farto de ser interrogado... a esta hora deve estar um pouco confundido: as informações, para além dos dois anos de «décalage» devido ao seu afastamento, sofrerão decerto com isso.
Preocupação justificada
A Guiné-Bissau, pela voz da Alta Comissária das Nações Unidas para os
Direitos Humanos, Navi Pillay, ocupou hoje, Segunda-Feira, a uma do
Centro de Imprensa das Nações Unidas.
A situação parece realmente preocupante, mas talvez se devesse reflectir em torno das suas causas. De quem é a culpa da situação?
Será de Angola? Pela ingerência grave? Será de Portugal? Por seguir canina e obedientemente o seu retro-colonizador e ter criado um clima de medo e insegurança? Dos restantes membros da CPLP que «deixaram andar» num primeiro tempo e estão custosos de emendar a mão? Dos arredados do poder, aqueles que tentam radicalizar as posições, inviabilizando consensos, tentando desesperadamente recuperar «na secretaria» o poder que perderam por inépcia criminosa e que agora apelam à desobediência e à guerra civil? Dos comerciantes que açambarcam as mercadorias?
O Comando Militar, como cooperante do Acordo Político, se não detém já toda a responsabilidade pela calma e paz social, que agora partilha com o Governo de Transição, continua responsável pela ordem pública, que tem religiosamente conservado, com o apoio da maior parte da população, cuja maior aspiração é a de que não haja vítimas a lamentar. Essa é, até agora, a maior coroa de glória do Comando Militar.
Lembre-se que a actuação do Comando tem sido firme e clara: mantém-se, sob a sua responsabilidade, toda a liberdade de opinião e de expressão, mas está proibida qualquer manifestação pública. Quando a Alta Comissária afirma que tem conhecimento de relatos «de violações dos direitos humanos» incluindo:
1) «a repressão violenta de uma manifestação pacífica»: estará decerto a referir-se à «oportunamente» ocorrida esta sexta-feira, 25 de Maio, à frente da sede das Nações Unidas em Bissau; no entanto, essa manifestação era tudo menos «pacífica», destinava-se a perturbar as negociações em curso nesse momento, nessas instalações, apoiando uma das partes (note-se que o Comando também proíbe manifestações de apoio), tendo-se registado apenas um ferido com pouca gravidade. Grave seria expor os senhores diplomatas e negociadores, por quem o Comando era responsável.
2) «liberdade de expressão?»: o exemplo da Ditadura do Consenso (claramente anti-Comando, e estou a ser simpático) fala por si
3) «saques»? só no próprio dia 12 de Abril, por o Comando ainda não ter assumido a sua responsabilidade, tendo desde aí agido em conformidade
4) «detenções arbitrárias»? mesmo considerando arbitrárias as prisões do Presidente e Primeiro-Ministro, como dar um golpe de estado responsável de outra maneira? além disso, já foram libertados, devemos portanto concluir pelo «non lieu» da acusação; a única detenção que continua, de um Secretário de Estado, foi justificada pelo Comando por subversão activa e tentativa de contratação de agitadores guerrilheiros na região de Casamança.
Talvez a Alta Comissária, com tanto trabalho por outras bandas do mundo (não resisto a apontar Angola, como exemplo, onde o seu trabalho poderá ser bastante útil, para onde deveria mandar já observadores com o objectivo de prevenir violências estatais pré-eleitorais) se acanhe um pouco nestes comunicados bastante vistosos e alarmistas mas muito pouco rigorosos...
segunda-feira, 28 de maio de 2012
CPLP = Fantoche
Sim, Zédu$ compra tudo: quintas, bancos, economia, consciência...
http://dokainternacional.blogspot.pt/2012/05/cplp-nao-passa-de-uma-marionete-de-jose.html
Mas terá de responder: depois da humilhação pela qual passará em Bissau, já nem em casa o vão aturar.
Apoio alimentar da China
domingo, 27 de maio de 2012
Chegada do contingente nigeriano
Entretanto, a confusão quanto ao destino de Zamora continua, com versões contraditórias. No entanto, o diário senegalês de referência Le Quotidien, mas também Le Senegalais, acrescentaram na edição de hoje pormenores que parecem credíveis, referindo que terá sido uma das primeiras ordens directas (e instantâneas) do próprio Presidente, Macky Sall, no seu novo cargo. O que parece ter existido foi uma verdadeira corrida na caça ao homem, entre Sall e Yammeh, pela obtenção de informações... com jogadas de contra-informação pelo meio; neste contexto, no mínimo estranha parece ser a «informação» de que Zamora procuraria «nova identidade» em Ziguinchor, o que revela indícios de que a Gâmbia terá escritórios «para-diplomáticos» em Casamança... Sall parece querer dar um sinal claro de que não quer ficar a ver «passar os navios»: homem bem informado sobre as questões geo-políticas-estratégicas-económicas, que fez a sua carreira em torno do Petróleo dessa zona, «roubou a chupeta» a Yammeh... Terá de se haver agora com os Estados Unidos, pois Zamora era o seu menino bonito. Zamora caiu claramente numa armadilha, tendo medido mal as consequências da sua desadequada e mal preparada fuga: bu ta sai da pilon, bu cai na balai?
http://www.lesenegalais.net/index.php/actualites/items/macky-ordonne-larrestation-de-lex-cemga-de-bissau.html
sábado, 26 de maio de 2012
Senegal prende Zamora e Fernando Gomes
Apanhados pela Polícia num carro com mais duas pessoas, sem documentos legais de saída da Guiné-Bissau, onde estavam refugiados na Delegação da União Europeia, deverão ser extraditados de volta para as «raízes», a pedido do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, através da embaixada em Dakar. Notícia insuspeita no Le Monde.
http://www.lemonde.fr/afrique/article/2012/05/26/l-ancien-chef-de-l-armee-bissau-guineenne-arrete-au-senegal_1707953_3212.html
Refira-se que Zamora, ao contrário de Fernando Gomes, não consta da lista de pessoas proibidas de sair do país... De qualquer forma, existem agora no país condições de segurança para que não seja necessário refugiar-se em lado nenhum, como teve que fazer ainda durante o antigo regime de Carlos Gomes Junior; nem se percebe para que foi alinhar numa «evasão» ilegal, se teria bastado pedir tranquilamente um visto para Dakar... As informações são contraditórias, outras fontes dizem que realmente o grupo dormiu em Ziguinchor mas que se teria depois dirigido para a Gâmbia, onde se ignora se chegaram.
A brincar com a tropa?
A tropa portuguesa, pela voz da AOFA, Associação de Oficiais das Forças Armadas, reagiu contra a brilhante «ideia» de contenção proposta pelo Ministro da Defesa, de «acomodar» pelos três ramos os custos da operação Manatim, depois dos cortes radicais no Orçamento já sofridos. Aviso de quem só vos quer bem: paguem, rapidamente e em força! A prudência fica bem é antes de activar a força, não é depois dar o Estado em mau pagador e caloteiro. É que quem tem as armas pode lembrar-se de seguir o brilhante exemplo da Guiné-Bissau...
Reuniões «frutuosas»
O mesmo adjectivo foi usado, em Lisboa e em Bissau, para descrever os trabalhos de reuniões em torno da situação na Guiné-Bissau. Manga di fruta. Ou seja, bué em angolano.
Em Bissau, concretizou-se a reunião entre CEDEAO e CPLP, sob os auspícios da ONU, os tais «novos canais»; no entanto, não foi autorizada qualquer entrevista dos participantes, tendo apenas sido referido o aspecto «frutuoso» das conversações. Parece um silogismo adequado para descrever um encontro com surdos (mas não mudos: são donos do mundo e não mudam uma vírgula).
Em Lisboa, uma iniciativa organizada pela eurodeputada
socialista Ana Gomes no Centro Jean Monnet juntou eurodeputados e os 4 da vida airada (numa representação de luxo de ex- tudos: Presidente, Primeiro-Ministro, Ministro dos Negócios
Estrangeiros e Embaixador) os quais de Belém ao Rato não se cansam de marcar presença. No final Carlos Gomes Júnior declarou
aos jornalistas que "Esta reunião foi bastante frutuosa para
demonstrar que o povo guineense está a exigir o retorno do governo saído
das urnas".
Note-se a incongruência de exigir o «retorno do Governo saído»: podiam também pedir ao contrário, a saída do Governo entrado, que ia dar ao mesmo... Parece pouco adequado estarem a decorrer conversações em Bissau e conferências paralelas «contraditórias» em Lisboa. Já quanto ao ex-Primeiro-Ministro, não se compreende em que se baseia para a sua afirmação quanto às «exigências do povo»: pubis ka burro.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Remake II
O porta-voz dos insurrectos, Daaba na Walna (sim, há imensas versões do nome) acusou Carlos Gomes Junior de...
«abuso de poder, infidelidade aos princípios, uso indevido das instituições militares, violação da constituição, perseguições e atentados contra a integridade física de oficiais da classe castrense, entre outros, motivos da insurreição levada a cabo na Guiné Bissau».
Estão todos a pensar que isto é de Abril de 2012: pois enganam-se.
É sim uma «mentira» de 1 de Abril (mas de 2010)!
Como começou esse dia? Com uma «assembleia» de altas patentes em Amura, para o confronto directo entre CEMFA (Zamora) e seu Vice (Injai), na sequência do mal-estar que se vinha vivendo desde Janeiro, quando Zamora chamara Injai a São Vicente para o acusar de cumplicidade no retorno de Bubo da Gâmbia onde se encontrava refugiado; a coisa acabou a murro, com a grande maioria dos oficiais a darem razão a Injai, tendo sido imediatamente desarmados e presos Zamora e Samba, o chefe da sua sinistra secreta, o qual aparentemente urdira toda a intriga, nela acabando por enredar o seu próprio chefe. Injai estava a ser vítima de uma «inventona» («crioulo» guineense derivado de intentona) que teria tentado prevenir no dia anterior telefonando aos mais altos responsáveis da Nação, Presidente, Primeiro-Ministro e Procurador-Geral, que se negaram a ouvi-lo. Toda a cena depois, que a comunicação social apanhou, foi feita «a ferver», assumindo a forma de uma «explicação» não agendada com o Primeiro-Ministro, na qual não houve outro estrago senão um par de óculos de um ministro.
Apertado, Samba terá chegado a deixar cair um nome relacionado com a Embaixada de Angola... Mais recentemente, quando foi morto (curiosamente na véspera de ser ouvido em Tribunal), como o Aly constatou, a surpresa da tropa foi total (I Samba!), até porque se tinham responsabilizado pelo desenrolar tranquilo do processo eleitoral, conforme justificação do «eterno» porta-voz. Quem poderia Samba denunciar? A quem aproveita o crime? Terá sido a gota de água que fez transbordar o copo da classe castrense? Se Zamora foi mais vítima da sua ingenuidade do que propriamente cúmplice, o seu testemunho será importante (o mais importante talvez nem seja o assassinato de Nino): deverá talvez, neste momento, evitar Lisboa, para manter a sua imparcialidade perante Bissau.
Neste contexto, o recente comunicado do dia 23, da Liga Guineense dos Direitos Humanos, para além de suspeito, contradiz-se na forma: como podem pedir, no ponto 2, a libertação de Bubo invocando a Amnistia a aprovar pela ANP ao abrigo do Acordo Político, se esta se refere, na letra, exclusivamente ao dia 12 de Abril deste ano? Se invocam o texto, se pretendem um alargamento do seu âmbito, estão a reconhecê-lo. Mas não: logo no ponto seguinte denunciam o Acordo Político, para no ponto 4, apelar à rejeição da Amnistia. Em que ficamos? Tristes encenações, a juntar-se ao coro de protestos internacionais visando a situação no país ao tempo do governo de Carlos Gomes Junior...
Fernando Gomes, o ex-Ministro do Interior, faz curiosamente lembrar um seu homónimo ex-Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos. O primeiro, na sequência de mais uma «inventona» ou «intentona», conforme se queira - ou der mais jeito (na Guiné os dois termos acabam sempre por se assimilar na confusão) - do último Natal, negociou a rendição de Iaia Dabó (irmão do falecido antigo
ministro do Interior e deputado Baciro Dabó - outro sinistro personagem e narco-barão), o qual foi abatido a tiro a sangue frio no interior do carro em que pensava entregar-se (depois de negociações envolvendo vários personagens) por
elementos da Polícia de Intervenção Rápida (força formada em Angola, que já chegara no tempo de Nino, para o «proteger»), facto também noticiado pela Ditadura do Consenso. Gomes consta da lista de elementos do ex-Governo proibidos pelo Comando de deixar a Guiné-Bissau.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Doka Internacional versão Serifo
A mosca tem estado relativamente em descanso, muito poucos contactos locais (ao invés de 1998), quase tudo com origem na internet e no coração.
Mas hoje, justificava-se uma violação do protocolo.
O Presidente da República lembrou o nome do Pai (morto) do Doka; quase um elogio ao Filho (vivo).
Com o pai elogiou a seriedade e a força. Com o filho, a opinião actual e o «poder ser»...
Não partilho da opinião de certas pessoas, que se recusam a especular o passado, em conversas sobre História, puxando dos lugares comuns:
«Se cá nevasse, fazia-se cá ski» ou «Se a minha avó tivesse tomates era o meu avô»...
Como pode o futuro ser um imenso campo de possibilidades em aberto, se, por outro lado, nos recusamos liminarmente a discutir o que «poderia ter sido», afunilando o passado à vulgar e miserável realidade que foi?
Ler a história...
http://dokainternacional.blogspot.pt/2011/03/paigc-depois-de-35-anos-do-seu_09.html
Ouvir Ke ki mininu na tchora
de José Carlos Schwarz ke ki mininu na tchora
Portas impinge Bissau (também) em Estrasburgo
http://www.dw.de/dw/article/0,,15968891,00.html
Lamentável performance, uma vez mais, do (des)«Governo» português, esta quarta-feira na questão da Guiné-Bissau, desta vez no Parlamento Europeu. Paulo Rangel, eurodeputado do PSD e Diogo Feio do CDS, os lacaios de serviço, chatearam-se sozinhos porque ninguém os leva a sério: tiveram de se dirigir a uma Comissária propositadamente ausente, e constatava-se um forte tom de agastamento bem perceptível nos poucos euro-deputados presentes no hemiciclo quase vazio... bom exercício de «democracia».
O cão feioso EMI (his master voice)... para pior ainda, que horror, o homem nem falar sabe, cada vez que tenta levantar a voz, engasga-se a cada duas palavras! Olhe que parece um comunista, a berrar pelos «direitos»! Estado frágil? Deveria estar a referir-se ao seu próprio país... Quem quiser que veja a triste amostra de um minuto em video:
http://videos.sapo.pt/d4sMRMYNmYVoGEwGbaZH
Qualquer dia ninguém pode ver os portugueses: «Fujam, lá vêm os chatos com a mesma conversa»...
P.S. Quem tenta salvar a face (arranjar outros canais, deslocar-se a Bissau) não alimenta este género de diversões de mau gosto.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Jair Jaló : Que Deus ajude o povo da Guiné pensar para Bem!
Jair:
Não te conheço, mas tenho por justo fazer-te um grande elogio. Um jovem sem complexos que escreve português como o sente (independentemente de um ou outro erro: continua a «errar» assim)...
Que o teu desejo seja exalçado. Deus não dorme.
http://www.didinho.org/vamos_participar_na_busca_de_solucao.htm
Portas do Cavalo II
Foto infeliz II
Hollande dá continuidade a política africana de Sarkozy
http://koaci.com/articles-75089
domingo, 20 de maio de 2012
Nova constituição
Garantir a autonomia e independência da Justiça e da Comissão Nacional de Eleições.
Garantir o combate à corrupção e ao tráfico de drogas.
Garantir o restabelecimento da confiança nas Instituições do Estado, a nível interno e externo.
Garantir a qualidade técnica dos envolvidos em questões de governação.
Garantir a transparência das Contas do Estado, promovendo auditorias independentes ao anterior Governo e ao próprio Governo de Transição (uma vez findo o seu Mandato).
Garantir uma Amnistia (prova de humildade da tropa, que reconhece assim que teve de optar entre dois males - enveredando pelo menor) a favor dos promotores da clarificação da situação política e elementos do Comando (mas porque não alargá-la, em prol da reconciliação e do apuramento da verdade, a todos os implicados em crimes políticos dos últimos anos? mesmo o principal beneficiado sendo Cadogo, de outra forma são feridas que nunca sararão e só podem trazer mais desentendimentos e complicações; perdoar, aliás, facilitará o seu esclarecimento - até porque muitos culpados, tal como as suas vítimas, estão mortos - e este é o momento ideal para uma pacificação «forçada»; vamos acabar com violência e ressentimentos? violência só pode atrair mais violência).
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Portas do cavalo na ONU
Depois de todas as asneiras que fez no processo recente da Guiné-Bissau, já não há saídas airosas para Paulo Portas, já não há sorte que lhe possa valer. O projecto de resolução, que pretendia estabelecer uma «força de reposição» da ordem, rapidamente se viu retrogradado a um humilde pedido de sanções contra os golpistas; mas mesmo conceder isso já parece demais perante tão mísera performance... porque não deixa de incomodar as pessoas? Uma Comissão terá de analisar o pedido. O projecto é obviamente remetido para as calendas gregas. E Paulo Portas recebe ainda a suprema humilhação de ser retro-condenado: há fortes «reticências» na organização quanto à insistente tentativa de impor a designação de «Governo legítimo» aplicada a cidadãos no exterior (cuja libertação, aliás, devem à CEDEAO e àqueles em quem tanto condenam a violação dos Direitos Humanos...), sem qualquer ligação com a realidade. Veja-se o jornal da ONU:
http://whatsinblue.org/2012/05/negotiations-on-a-guinea-bissau-sanctions-resolution.php#
O Togo acusou Portugal de deturpar o texto submetido, relativamente ao acordado... Agora Paulo Portas até já faz batota? Conhece a história de Pedro e do Lobo? Também o Expresso noticiará amanhã como o Conselho de Segurança deixou cair a exigência de «reposição» do «governo legítimo»...
Talvez seja altura de pensar como os portugueses do outro lado do Atlântico, ou seja, em colocar pelo menos um ovinho noutro cesto... é que o cestinho de Paulo Portas já ab...arrota, temo que alguns se tenham partido (suspeito mesmo, pelo cheiro, que alguns já estão a apodrecer...)
Brasil desmarca-se da CPLP e reconhece Comando
Ontem, num claro gesto de boa vontade, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil referiu-se à disponibilidade do Brasil para participar numa missão internacional conjunta de observadores da União Africana com a ONU, para a Guiné-Bissau, frisando insistentemente «que o Brasil não apoia uma intervenção militar na Guiné-Bissau, mas sim o envio de observadores» ou «que a posição do Brasil é a de defesa do diálogo». Defende ainda que qualquer acção deverá ser «acordada com as autoridades guineenses», estendendo a Lisboa e Luanda uma pequena ponte para o diálogo, dando um sinal para a saída do isolamento e beco sem saída a que estas diplomacias se votaram, ao defenderem intransigentemente um impossível retorno ao passado. Come back to the future!