Gostaria de apelar à comunidade guineense de blogs, para que se acabe de vez com os insultos, ofensas gratuitas, linguagem imprópria, difamação e calúnia. Os recentes acontecimentos reforçam a ideia, que já não é nova, de que é necessário fazer algo para disciplinar a má imagem que podem dar do país as intermináveis e estéreis querelas entre uns e outros. A verdade é que, como já defendi, julgo que a Guiné-Bissau tem uma vitalidade excepcional e precoce, se considerada no seu contexto regional, na apropriação de um espaço de opinião e participação virtual. Sem dúvida que mereceria transformar-se num caso de estudo para o Blogger: até o Governo é alcunhado de «Facebook».
Gostaria de comparar o actual panorama com a situação há pouco menos de duas décadas atrás. No «princípio», a internet era essencialmente concebida como um imenso espaço para o exercício da «liberdade» sob anonimato. Evidentemente que, nesse contexto, surgiam muitas coisas interessantes, um acesso a informação nunca antes visto, mas igualmente as maiores barbaridades, pois ninguém se responsabilizava por nada. Todos aqueles a quem «mosca tzé-tzé» diz qualquer coisa, saberão do que estou a falar. Sob esse pseudónimo, se bem que radical e por vezes provocatório, sempre se apelou a uma visão construtiva e a uma participação sem ofensas. Lembro que a comunidade elegera como espaço de encontro o fórum disponibilizado na plataforma PortugalNet, dividida por PALOPs. Por altura do conflito de 1998/99 e talvez em certa medida influenciado por isso, o fórum guineense era o que apresentava a esmagadora maioria da actividade «opinativa», com uma interacção largas dezenas ou centenas de vezes superior a todos os outros fóruns juntos; no entanto, a entropia que gerou a má língua acabou, para aqueles que se lembram, por fazer com que o administrador, depois de múltiplos avisos e admoestações, censuras, etc, para tentar limpar a «porcaria» (nojenta mixórdia?), acabou por tomar a decisão radical de fechar o fórum, já no ano 2000; alguns poucos, talvez se lembrem que conseguimos criar um fórum próprio, que funcionou durante seis meses [aliás, era melhor que o da PortugalNet, para cujo contador se estava no ano de 20100 (19 + 99) = (20 + 100) sofrendo do «virus do milénio»] até a PortugalNet ser obrigada a reabrir.
Claro que na altura, só na Diáspora era possível aceder à Internet; só de há poucos anos a esta parte se começou a divulgar em Bissau, encontrando-se hoje em franco crescimento, como me é dado constatar, à minha escala insignificante e sem pretensões de representatividade, pelas estatísticas do meu próprio blog. Entretanto, a forma como se encara a internet evoluiu muito: partindo do anonimato e irresponsabilidade, o paradigma FaceBook, ao insistir na consistência identitária, veio disciplinar e «civilizar» esse mundo «selvagem» que era o ciberespaço, fazendo evoluir as mentalidades. Anteriormente podia dizer-se tudo, mas não tinha grande importância, porque era uma máscara que o declinava, chegando a notar-se a existência de desdobramentos de personalidade cujos heterónimos se insultavam mutuamente! Hoje, a ideia prevalecente é a de que o mundo virtual deve servir para a organização das nossas vidas, ou seja, de cara descoberta e na maior transparência, sem prejuízo do nível de privacidade que cada um deseja manter em relação à sua vida em particular. Somos, de qualquer forma, uma amostra com alguma visibilidade da Guiné-Bissau.
Vamos contribuir de forma positiva, mostrando que respeitamos os nossos irmãos e as nossas irmãs.
Há 7 minutos
1 comentário:
Muito obrigado ao Progresso Nacional pela compreensão. Aos restantes blogs da comunidade, peço encarecidamente que adiram ao mesmo espírito. Que a ciber-esfera guineense se torne uma amostra de convivência saudável, ilustrando com dignidade a diversidade e a tolerância que dão cor e luz, permitindo manter viva a alegria e esperança na pátria de Cabral, cuja memória bem o merece.
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