terça-feira, 7 de abril de 2015

Batota

«Dá para ver que a caricatura justifica a forma de pensar do Zé Dom Kichote de la Mancha, dois muadies a ouvirem rádio e tal... ou notícias ahahahah seja moderno faça uma caricatura da era digital seu panco, o tempo de ouvir notícia só da rádio já passou, acorda, estás em 2015 e não em 1960, agora temos a internet que tem mais força que o teu papel higiénico.»

Estarei eu a fazer batota ao publicar o comentário do Batota (nick para comentários) ao cartoon «plagiado» no Club-K? É um precedente de Direitos de Autor importante: parece evidente que será impossível negar ao visado no próprio cartoon os direitos de cópia e reprodução.

Conspiração anti-internet

A french connection de José Eduardo dos Santos, em TOTAL sintonia com a «inteligentzia» angolana, publicou há poucos dias um pseudo-artigo «fazedor» de opinião internacional. Engraçado é que quem acusa os outros de «não dar a cara», recorra a um perfil sem qualquer historial, referências ou contactos (Francis12)...

A denúncia de que «tentativas de desestabilização [do regime angolano] estão em curso nas arenas internacionais», imputa aos «americanos» essa mobilização, tratando o Club-K como um fantoche e presumindo que o povo angolano nem sequer existe, a política interna resumindo-se a interesses económicos. A assinatura do regime nota-se cristalinamente na hipérbole de «Angola está em vias de se tornar no maior produtor de petróleo».

Um verdadeiro choradinho: sentem-se afectados com as «virulentas críticas»... O Club-K promove a agitação social? Difunde notícias inexactas e enganadoras? Nem passou pela cabeça ao Chico (esperto) verificar o site, ilustrando o que afirma com casos práticos de lá retirados. A simples possibilidade do contraditório (o Club-K foi exemplar nesse campo, publicando imediatamente o ataque contra si) parece assustar os esbirros do ditador, incensado em uníssono pela fábrica de «enlatados», que aspira à hegemonia mediática, papagueando acriticamente o elogio do monopólio «informativo» da verdade única.

 O que não agrada ao regime é que a internet constitui um inatacável reduto da liberdade de expressão e manifestação, onde não chega o poder totalitário e intrusivo do regime. Digno de Cervantes: José Eduardo dos Santos, numa épica e titânica luta contra os moinhos de vento da Internet! (maldita energia eólica, que veio estragar o negócio!).

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Inconsistência formal

Os gráficos do Banco de Angola vão de mal a pior. A sua credibilidade tende para zero. É que os gráficos têm regras, não se pode pedir aos designers gráficos que arredondem as curvas para dar a impressão desejada: há mais de quatro meses que o câmbio só aponta para cima. Olhando com atenção para o gráfico apresentado no relatório desta semana, rapidamente se poderá perceber que a linha da variação acumulada (linha a vermelho) foi «suavizada» arbitrariamente à esquerda, só sendo relevantes os dados do último mês, embora o eixo temporal se encontre representado desde fins de Janeiro. Comparando com os respectivos dados do mês de Fevereiro, constantes do relatório publicado há cerca de um mês, pode reparar-se que a variação acumulada estava a subir (partindo de cerca de 1,5%) e não a descer (de mais de 2%, nem poderia ser de outra forma, pois ostentam variações diárias sempre positivas ou nulas, como mostra o próprio gráfico). Seria interessante que o Banco de Angola publicasse o critério que presidiu ao desenho da insidiosa curvatura da linha (inventando um ponto de inflexão que nunca existiu). Criámos um novo gráfico, por sobreposição dos dois meses, para desmascarar a ligeireza com que as autoridades angolanas parecem abordar as suas estatísticas monetárias:

Do alto da Cruz que carregam os oprimidos

A pedagogia de Domingos, digna de Paulo Freire: «o derrube da ditadura é um imperativo categórico».

A liberdade de expressão é qualitativa e não quantitativa!

Magnífica resposta às diatribes da boca de aluguer do regime.

Anúncio performativo

Contratam-se actores e figurantes para uma reconstituição histórica do contra-golpe de 12 de Abril, a realizar em Bissau por ocasião do seu terceiro aniversário. Enviar currículo para o propagandista de serviço.

Observação: dá-se preferência aos próprios.

Amostra representativa

O senhor Artur Queirós, ou o Álvaro que escreve ao Domingos, ou o multi-anónimo (desdobrando-se patologicamente em várias personalidades), ou a pena de aluguer de José Ribeiro, «alma» omnipresente no Jornal de Angola e fonte da agressividade angolana contra Portugal por esse canal, acaba de publicar uma rábula contra a difamação na internet, no contexto perfeitamente delineado do caso Rafael Marques. Mais do que «jornalista» e censor da linha oficial do regime, quer expandir a sua área de competência à internet (último espaço de liberdade de manifestação e de opinião que o regime ainda não conseguiu ocupar - apenas contra-informar). Mas é também uma amostra representativa do regime angolano:

Racista, sexista, mesquinho, mentiroso recorrente, vira-casaca (segundo José Paulo Fafe, quando militava na OCA, núcleo maoísta do MPLA, chegou a chamar a José Eduardo dos Santos «preto matumbo»), canalha, escroque, sebosa criatura, abestalhado, manhoso, matreiro, vígaro, aldrabão, intriguista, execrável, selvagem, safardana, bandalho, merecedor que lhe cuspam na cara, assediador sexual compulsivo, mercenário, lambe-botas, autocrata... o prémio indo para a melhor definição «soft»: extremistas de diminuta credilidade profissional (ele e o patrão).

Quem tem telhados de vidro não atira a primeira pedra. A prostituta armada em donzela ofendida! Terrorista é o regime de José Eduardo dos Santos, que quer manter os angolanos sob o terror de um mito da unanimidade, que não admite sequer a manifestação pública de divergências.

Disclaimer difamatório: Nenhum dos mimos transcritos a vermelho é da minha autoria, podendo ser consultada a sua origem nas fontes abaixo discriminadas. Apenas o texto configura a minha opinião, sendo o rol para efeito de amostragem, uma simples pesquisa na internet pelo nome do sujeito poderá ampliar largamente este pequeno cardápio.

http://paginaglobal.blogspot.pt/2014/08/jose-ribeiro-e-artur-queiroz-caminho-da.html






http://altohama.blogspot.pt/2008/03/de-um-violino-de-lata-artur-queiroz-um.html

https://www.facebook.com/danieloliveira.lx/posts/524792000921585

VIVA o CLUB-K! Abaixo a tentativa de silenciamento!

domingo, 5 de abril de 2015

Charlie, atão?

sábado, 4 de abril de 2015

Viva a aliança das forças vivas angolanas!

A aliança entre a Cotação do Barril de petróleo (o maior partido da oposição, segundo opinião de Lara Pawson) e o Movimento Revolucionário (manif revu em curso, neste preciso momento, em Luanda) conduzirão infalivelmente à queda do regime de José Eduardo dos Santos, mesmo com a complacente passividade de partidos fantoches, que o regime financia para sua própria eternização.

«Porque, na verdade, se Isaías Samakuva (em lugar de passar a vida a lamentar por aí, sobre mortes dos seus militantes, propositadamente ordenadas por JES), ou Abel Chivukuvuku, Eduardo Kwangana entre outros, mandarem hoje mesmo milhares, para não dizer milhões de Angolanos, para marcharem nas ruas de Luanda, pedindo o fim da ditadura dos Santista, logo, JES não teria polícias com cavalos suficientes, que pudessem controlar um povo, aos milhares nas ruas sedento da sua merecida liberdade.» Angola 24 Horas

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Erros de quantificação

Apesar de ter reconduzido o Ministro de transição Daniel Gomes no seu cargo, o Primeiro-Ministro  desrespeita os compromissos assumidos pelo Estado, sob pretextos fúteis e pouco fundamentados.

O Primeiro-Ministro parece mesmo ter assumido, em Conselho de Ministros, a pirataria como legítimo instrumento de governação: efectivamente, que declare uma moratória no abate de árvores, parece perfeitamente razoável, face aos sinais de alarme que soavam, pelo menos até à realização de um estudo de sustentabilidade ambiental e à implementação de uma legislação eficaz nesse ramo; que confisque indiscriminada e arbitrariamente propriedade privada já configura, por outro lado, puro banditismo.

O mesmo Domingos Simões Pereira confirmou hoje, em declarações à Lusa, que adoptou o mesmo critério com as areias pesadas de Varela. Voltando a dar provas da sua mania das grandezas, ou melhor, dificuldades com grandes números, o Primeiro-Ministro especulou as 500 toneladas que tem vindo a confiscar, desde Novembro, em 500 mil toneladas... Ora os russos fizeram uma primeira experiência, da qual seria importante conhecer resultados e expectativas criadas, bem como dar um sinal claro a futuros investidores: não é preciso ser muito esperto para adivinhar que o discurso com visão de futuro seria:

«Consideramos que este contrato foi assinado por um Governo ilegítimo. Contudo, para que se saiba, na Guiné-Bissau, mesmo para além das nossas peripécias políticas internas, respeitamos o investidor estrangeiro. Por isso, reuniremos com a firma para avaliar a experiência, esclarecer as potencialidades do negócio e negociar uma eventual continuação da sua exploração, tendo em conta a minimização do seu impacto ecológico e humano.»

Como esperar atrair o investimento estrangeiro com este comportamento errático e predatório? Ou significará esta «ofensiva» o verdadeiro balanço da mesa redonda (ou seja, que o Primeiro-Ministro, em desespero de causa, virou amigo do alheio)? Nas areias pesadas, tal como na madeira ou no resto, o país tem de encontrar um compromisso de desenvolvimento, baseado na transparência e em regras claras, que garantam aos operadores uma razoável previsibilidade e estabilidade do negócio, pois de outra forma estes exigirão um elevado prémio para desenvolver qualquer actividade no país, prejudicando a sua viabilidade económica.

DSP parece estar a encarar a sua missão como de simples correcção dos erros cometidos pelo Governo de Transição, cujo pacto assinou (e das mãos de quem recebeu o poder). O seu conceito de governar limita-se a desfazer o que julga mal; ora Governar é essencialmente fazer avançar... Envolver empresas de capital estrangeiro numa discussão jurídica sobre a legalidade dos actos do Governo de Transição não parece ser especialmente oportuno.

Se for assaltado pelo Estado, exija um recibo discriminado de tudo o que levarem! Essa de primeiro confiscar para depois «chamar técnicos estrangeiros» para darem uma opinião faz lembrar as regras do Far West: «primeiro dispara-se, depois pergunta-se». Não estará o senhor Primeiro-Ministro a colocar o carro à frente dos bois? E agora, que é «fiel depositário», já está a negociar com o receptador o fruto do gamanço? Ou pensa deixar apodrecer o assunto no armazém? Dá um fait divers «super-interessante»: uma empresa que processa um Estado por «assalto à mão armada»...

Adivinha: de quem é a frase «[é preciso] Não andar a fazer trafulhas, passar licenças para ganhar dinheiro a torto e a direito»

Tento na língua

Doka

Lamento que reivindiques a liberdade de expressão num sentido pelos vistos apenas negativo. Por exemplo, se eu chamar assassino a José Eduardo dos Santos e lembrar o caso Milocas Pereira, não andarei muito longe da verdade, não podendo portanto tratar-se de difamação, mas apenas de vulgar e redundante confirmação. Eu respeito a pessoa de José Eduardo dos Santos, compreendo que não tenha tido uma vida ou uma formação fáceis, que tenha sido muito calejado pela guerra e inspirado num modelo de governação centralizado e, pior que autoritário, totalitário. Posso criticar toda a porcaria que tem feito, mas isso não me dá legitimidade para inventar que violou a filha quando tinha 11 anos, ou que o pai não gostava dele.

Compreendo igualmente que, de todo o leque de insultos com que costumas mimar os inamigos do momento, a tua preferência vá para a falta de pai, que sofreste físicamente. Compreendo-o duplamente, porque, embora o meu pai tenha estado presente fisicamente até há relativamente pouco tempo, sofri imenso dela, moralmente. Infelizmente, posso dizer que aprendi mais com o meu avô paterno (talvez por este o ter percebido e querido suprir). Tenho ainda hoje um buraco, em mim. Não se infira daqui que eu não gostava do meu pai... Bem pelo contrário: quando foi colocado na Guiné-Bissau como cooperante, fiz uma interminável birra para convencer a minha mãe a deixar-me ir com ele (tinha seis anos). E consegui.

No entanto, todos temos de crescer, de aprender a conviver com as nossas frustrações. Dizia humildemente  Daba um dia destes: aprender a não pesar sobre os outros. E isso, para ti, talvez devesse significar cultivar um ambiente de amor e respeito, ajudar a reconstruir, positivamente, uma casa onde valorizemos todas as coisas lindas que nos unem, uma república de «meninos» que continuam sempre a aprender, pela vida fora, numa saudável convivência e confraternização. A mudança tem de vir de dentro. E, neste momento, estás a arriscar tornares-te uma imagem negativa e quase diabólica, como tu próprio dizes, perpetuando os males que sofreste. Preferia ver-te num outro papel, mais construtivo, interropendo a máquina infernal.

Posso ser suspeito, por ser amigo do Leopoldo e da Carmelita, quase que os «apresentei», apadrinhei o namoro em Lisboa, durante a guerra, andei ao colo com o filho desse casamento, posso afiançar que foi dos mais felizes que me foram dados a conhecer (pelo menos na minha geração); guardo, aliás, algumas fotos dessa altura; mas, mesmo que tivesse sido um desastre total, a que propósito o publicitarias tu? Apenas para fazer doer? Porquê a necessidade doentia de presumir que a roupa está sempre suja, a precisar de ser lavada? Mas voltando ao amor de pai: parece-me que estás a tentar injustamente projectar nos outros a tua própria frustração, que poderias utilizar precisamente em sentido inverso, para tentar romper o ciclo vicioso.

E, se bem que já não tenha grande intimidade com a família Pires, posso afiançar-te na primeira pessoa que o patriarca é um homem carinhoso, com muito orgulho na filha, a qual teve uma infância imersa no caldo multi-étnico guineense, de balanta a fula. Peço desculpa a uns e a outros por esta intromissão, mas detesto ver qualquer pessoa injustamente vilipendiada, ainda para mais quando se trata de amigos, de pessoas por quem nutro respeito. Isto transcende este caso, Doka, prendendo-se antes com o espírito da abordagem que empregas. Ainda tenho esperança que venhas a assumir um importante contributo positivo, por isso gostaria que mudasses de atitude; até lá, discordo em absoluto desta impiedosa obsessão.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

MR na vanguarda!

Manifestação para Sábado, exigindo a libertação imediata e incondicional dos activistas cabindas (denunciando o agravamento do seu estado de saúde) detidos por tentativa de exercício de um Direito constitucional.

«Análise» de 1 de Abril

Jorge Heitor, o «Máximo», jornalista reformado, andeiro e vezeiro das coisas da Guiné, alinhavou umas frases banais para traduzir o momento que se vive no país, à intenção do ÁfricaMonitor. No entanto, a sua «análise» poderia resumir-se a um acto falhado (onde aparece, a despropósito, o ano de 2010... na sua cabeça, era importante comemorar os 5 anos da mentira desse dia) e a uma atribuição muito voluntariosa (para não dizer completamente errada) das intenções dos «parceiros», quando afirma

«Os participantes na mesa redonda de Bruxelas desejam que o Presidente José Mário Vaz e o primeiro-ministro Domingos Simôes Pereira levem até ao fim os seus mandatos, sem que haja mais necessidade de recorrer a tropas estrangeiras para resolver assuntos internos; sejam essas tropas do Senegal, da República da Guiné ou de Angola.»

Se dissesse «o povo» estaria plenamente de acordo. Agora «os participantes» na mesa redonda? O comunicado final (difundido pelo Primeiro-Ministro), nos seus dois últimos pontos, dá claramente a entender precisamente o contrário. No entanto, regista-se com agrado a evolução da sua opinião pessoal, mesmo travestida de análise infeliz.

Por falar em actos falhados, o mesmo excerto revela a perspectiva subliminar do seu feitor: escreve Presidente com maíúscula, dignidade que não atribui ao primeiro-ministro.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Rectificação III

Finalmente, foi rectificado o desdobramento de personalidades de Pereiras no «Portal» do Governo. Mais vale tarde do que nunca. Não poderíamos deixar de o assinalar para a posteridade.

terça-feira, 31 de março de 2015

Conceito Nacional de Defesa

Depois da ignóbil e abjecta ofensa às Forças Armadas guineenses que consistiu no anúncio da cooptação de dois adidos militares portugueses (e seria bom que publicitassem o respectivo currículo)

[Não digo que, numa base de confraternização e, como antigos inimigos conhecedores do terreno e das tácticas mais adequadas ao cenário, se não pudessem convidar antigos combatentes portugueses reformados, para «partilhar» essa formação, mas nunca «envernizados» de carreira com pouco «sumo».]

para decisões de política e estratégia militar nacional (violando manifestamente, num domínio sensível, o espírito do Artigo 28º da Constituição da República), resta assumir que a «Reforma» das Forças Armadas continua a ser a «galinha dos ovos de ouro» do Executivo, numa espécie de «chantagem» com um «regresso ao futuro», agitando perante o exterior o espantalho de um levantamento militar: lamentável que as Forças Armadas se vejam reduzidas a simples engodo, na pesca ao «financiamento» dos parceiros. Mas a cavalo dado não se olha o dente...

No entanto, essa perspectiva parece bastante perigosa: é inconcebível que sejam outros a pensar por nós em assunto dessa importância e, no mínimo, desajeitado, apresentá-lo dessa forma degradante para a soberania nacional. Qual a razão pela qual se parte do princípio de que não existem recursos humanos à escala nacional?

Estive a ouvir as declarações prestadas à Rádio ONU pelo Presidente do Tribunal Militar. Ouvi o choradinho do costume: necessidade de formação, ausência de meios, etc. O mais importante, não é o equipamento, mas sim a capacidade de o entender: material, acaba sempre por se arranjar, o mais importante é a competência para o manusear. «A Guiné-Bissau não tem um único avião». Pois. O inimigo de 1999 também julgava que não. No entanto, de vários Migs inoperacionais, a Força Aérea guineense conseguiu montar um e colocá-lo no ar, marcando pontos decisivos em termos de moral das tropas.

É impossível falar numa «Reforma» das Forças Armadas sem uma clara visão geo-estratégica da sub-região, onde se avolumam sinais de alarme em torno da expansão de novas ameaças de segurança à soberania. É impossível descartar o «valor acrescentado» das Forças Armadas guineenses, colocando o país a soldo de inconfessáveis e inconsistentes interesses estrangeiros (como julga Portugal que a Guiné-Bissau poderá sobreviver ao desmantelamento do seu exército?).

É precisamente por aí que é preciso começar, pelo reconhecimento do valor dos melhores filhos da Guiné, massa crítica que a poderia guindar a alturas já sonhadas mas nunca vistas (e até desacreditadas). Como é possível falar de Revisão Constitucional sem fazer tudo para tentar interessar o professor doutor Kaft Kosta? Como é possível falar de Portal sem referir o Didinho e o contributo positivo do seu Projecto? Como é possível falar de Reforma das Forças Armadas sem uma reunião do Conselho da Defesa, uma avaliação da capacidade operacional, um inventário de meios, distinguindo os operacionais dos restantes, um debate avalizado entre as maiores cabeças militares (estou a pensar, por exemplo, em Melcíades Fernandes ou Daba Naualna)?

O PAIGC matou o PAI e, tal como o MPLA, em Angola, alimentou uma mediocridade sarnenta que sabia que só poderia sobreviver na perseguição a todo o esboço de espírito crítico. Deitavam assim a perder os créditos adquiridos com a Luta de Libertação (aliás, ficando ainda a dever imenso à «caixa», pois a palavra que a maior parte encontra para designar os últimos 40 anos é RETROCESSO). A revolução pensada por Cabral foi prostituída até aos limites do inimaginável, redundando numa miserável involução. A capacidade de pensar pela própria cabeça, ideal último do líder, foi adulterada até à obediência cega. Por este andar, mais vale entregar as «chaves» do país!

segunda-feira, 30 de março de 2015

Jornal de Angola ataca Portugal

Num ataque dominical, o Jornal de Angola rebaixa os deputados portugueses em artigo de «opinião», com especial acutilância no achincalhamento do Bloco de Esquerda: o regime continua a esticar a corda, extremando posições para desviar as atenções e encobrir as suas fraquezas. O caso Rafael Marques continua a catalizar os esforços do «estabelecimento» para manter uma credibilidade cada vez mais insustentável, tanto em termos internos como externos. A receita do costume, portanto (seria interessante apurar quanto custaram aos generais as dicas que enformaram o «artigo»). Felizmente, o Álvaro só escreve aos Domingos.

O fim do Império

Depois da Costa do Marfim, da Guiné-Bissau, do Sudão do Sul, caiu o último bastião do imperialismo angolano: Guebuza (aquele que abusa). Depois de uma tensão crescente com o «modelo» do ex-Presidente, o novo Presidente toma as rédeas do país, permitindo augurar um diálogo nacional e uma abertura que seriam impossíveis com este à frente do Partido. Moçambique já percebeu que, por esse caminho, não iria a lado nenhum, parecendo apostado em cooptar os portugueses residentes em Angola para um projecto mais consistente de governança na costa oriental.

Angola, que ainda há pouco tempo ostentava um agressivo discurso de «afirmação» regional como «potência» (talvez na extracção de petróleo), encontra-se, pelo contrário, completamente enredada numa espiral depressiva, que está a empurrar o MPLA (que não soube renovar-se, nem antever a substituição do «querido» líder que o prostituiu) para uma radicalização do discurso «Quem não é por nós é contra nós», implicando uma ameaça implícita de escalada da violência interna, que poderá afectar gravemente a «coesão» social a curto prazo. Todos os sinais de alarme parecem disparar ao mesmo tempo...

Carta da Liga ao PGR angolano

Dos dois casos apontados pela Liga guineense dos Direitos Humanos em Carta Aberta ao Procurador Geral da República de Angola, destaco o da jornalista Milocas Pereira, por este assumir graves contornos políticos. De facto, esta tinha partilhado com amigos chegados que andava a ser perseguida por causa das suas opiniões em relação ao papel de Angola na crise que conduziu ao contra-golpe de 12 de Abril de 2012. Segundo certos rumores, consistentes com esse contexto e nunca desmentidos, Milocas teria ido ao Palácio Presidencial, havendo memória auditiva de uma grande discussão... nunca mais tendo sido vista desde aí. Ordens directas ou indirectas (com os seus esbirros a quererem fazer um «favor» ao chefe, livrando-o de um fardo incómodo)? De facto, nesse caso, pouco interessaria, pois a responsabilidade é inequivocamente de um só. A ocorrência é reveladora do espírito estalinista de José Eduardo dos Santos, na forma de lidar com a opinião alheia (não suportando aqueles que ousam dizer-lhe a verdade, nua e crua, de frente, olhos nos olhos). Qual é a legitimidade alienígena e amoral que José Eduardo dos Santos se arroga sobre a Guiné-Bissau, para mandar matar assim uma das suas filhas, por divergências políticas sobre a sua própria terra? Pede informação e conselhos e depois agradece condenando à morte, porque não lhe agradam as conclusões? Nem que tudo se viesse a revelar fruto de especulações infundadas, a Justiça angolana deveria investigar... Passaram três anos, nada foi feito. Em aNGOLA, a jUSTIÇA, tal como o poder, só funciona em sentido descendente.

sábado, 28 de março de 2015

Operação de limpeza

Mantenhamos a higiene no ciber-espaço guineense.

Má fama

Gostaria de apelar à comunidade guineense de blogs, para que se acabe de vez com os insultos, ofensas gratuitas, linguagem imprópria, difamação e calúnia. Os recentes acontecimentos reforçam a ideia, que já não é nova, de que é necessário fazer algo para disciplinar a má imagem que podem dar do país as intermináveis e estéreis querelas entre uns e outros. A verdade é que, como já defendi, julgo que a Guiné-Bissau tem uma vitalidade excepcional e precoce, se considerada no seu contexto regional, na apropriação de um espaço de opinião e participação virtual. Sem dúvida que mereceria transformar-se num caso de estudo para o Blogger: até o Governo é alcunhado de «Facebook».

Gostaria de comparar o actual panorama com a situação há pouco menos de duas décadas atrás. No «princípio», a internet era essencialmente concebida como um imenso espaço para o exercício da «liberdade» sob anonimato. Evidentemente que, nesse contexto, surgiam muitas coisas interessantes, um acesso a informação nunca antes visto, mas igualmente as maiores barbaridades, pois ninguém se responsabilizava por nada. Todos aqueles a quem «mosca tzé-tzé» diz qualquer coisa, saberão do que estou a falar. Sob esse pseudónimo, se bem que radical e por vezes provocatório, sempre se apelou a uma visão construtiva e a uma participação sem ofensas. Lembro que a comunidade elegera como espaço de encontro o fórum disponibilizado na plataforma PortugalNet, dividida por PALOPs. Por altura do conflito de 1998/99 e talvez em certa medida influenciado por isso, o fórum guineense era o que apresentava a esmagadora maioria da actividade «opinativa», com uma interacção largas dezenas ou centenas de vezes superior a todos os outros fóruns juntos; no entanto, a entropia que gerou a má língua acabou, para aqueles que se lembram, por fazer com que o administrador, depois de múltiplos avisos e admoestações, censuras, etc, para tentar limpar a «porcaria» (nojenta mixórdia?), acabou por tomar a decisão radical de fechar o fórum, já no ano 2000; alguns poucos, talvez se lembrem que conseguimos criar um fórum próprio, que funcionou durante seis meses [aliás, era melhor que o da PortugalNet, para cujo contador se estava no ano de 20100 (19 + 99) = (20 + 100) sofrendo do «virus do milénio»] até a PortugalNet ser obrigada a reabrir.

Claro que na altura, só na Diáspora era possível aceder à Internet; só de há poucos anos a esta parte se começou a divulgar em Bissau, encontrando-se hoje em franco crescimento, como me é dado constatar, à minha escala insignificante e sem pretensões de representatividade, pelas estatísticas do meu próprio blog. Entretanto, a forma como se encara a internet evoluiu muito: partindo do anonimato e irresponsabilidade, o paradigma FaceBook, ao insistir na consistência identitária, veio disciplinar e «civilizar» esse mundo «selvagem» que era o ciberespaço, fazendo evoluir as mentalidades. Anteriormente podia dizer-se tudo, mas não tinha grande importância, porque era uma máscara que o declinava, chegando a notar-se a existência de desdobramentos de personalidade cujos heterónimos se insultavam mutuamente! Hoje, a ideia prevalecente é a de que o mundo virtual deve servir para a organização das nossas vidas, ou seja, de cara descoberta e na maior transparência, sem prejuízo do nível de privacidade que cada um deseja manter em relação à sua vida em particular. Somos, de qualquer forma, uma amostra com alguma visibilidade da Guiné-Bissau.

Vamos contribuir de forma positiva, mostrando que respeitamos os nossos irmãos e as nossas irmãs.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Cheiro nauseabundo

Pelos vistos, o mau cheiro emanado dos contentores a apodrecer, aqui denunciados, foi oportuno, pois acaba de ser partilhada publicamente a suspensão «provisória» da limitação de importações. A confusão é grande, sempre no maior vazio legal, uma vez que, apesar de o Decreto-Executivo se encontrar em vigor desde 23 de Janeiro (afectando grandemente os exportadores portugueses), os principais actores reconhecem que a medida está «suspensa» ou foi «adiada», embora não haja qualquer despacho legal que o formalize.

Pedro Queiroz, em defesa dos interesses agro-alimentares portugueses declarou ao Público (Angola é o maior mercado externo para a cerveja portuguesa, consumindo mais que o próprio mercado interno português, segundo o mesmo artigo) classificou a suspensão como uma boa medida, MAS (não há bela sem senão) afirmou que

«não estamos minimamente tranquilos porque há muitas dificuldades com a falta de divisas»...

Terra (b)ranka ou terra (b)ronka?

Presidente guineense, em encontro com o homólogo (broncosauro) português, confessa-se entristecido com as responsabilidades assumidas na Mesa Redonda. Palavra obviamente mal escolhida, consiste de facto num acto falhado, traduzindo a sua aversão visceral à despreocupação e ligeireza de abordagem do Primeiro-Ministro. Sizudo, como sempre, o Presidente (à excepção da fotogenia exigível nos registos protocolares)...

Rapidez relativa

O blog do irmão Umaro levou um minuto a corrigir um erro que não era seu, estando de parabéns.

Já no Portal do Governo, apesar dos erros aqui assinalados há uma semana, e das promessas de «actualização diária», nada foi feito.

Florentino Mendes Pereira continua a ser Primeiro-Ministro e, como toda a gente sabe, deslocou-se a Bruxelas com o Presidente.

Ou seja: a rapidez relativa do blog é, portanto:

1m x 60 = 1h x24 = 1d x 7 = 1s

= 10080 x

Ou seja o blog revelou-se (pelo menos, pois o tempo continua a contar, voltaremos a fazer as contas quando perfizer um mês) mais de 10 000 vezes mais eficiente que o Portal de DSP, no qual, aliás, o ainda Presidente do PAIGC nem sequer existe.

Pá na ceia

Teria sido mais cómodo, para Rafael Marques, conservar-se no exterior do país, fora do alcance da omnipotente máquina do regime. À falta de acordo de extradição e, além disso, inocentado pela Justiça portuguesa, nada o obrigava a ir até Luanda.

O jornalista do Público, em artigo publicado hoje, chama-lhe «luta quixotesca», mas a essa expressão prefiro a comparação com David & Golias, ou o adjectivo «titânica», que já há dias utilizei, sobre o mesmo assunto. Rafael mostrou-se decidido a subir à sua cruz (gostaríamos também, por falar em Cruz, de ouvir o Domingos...)

«É uma honra e um orgulho enfrentar um tal imenso poder»


O arcanjo Rafael transporta no seu nome a cura divina para os males do mundo. E veio interromper a ceia dos poderosos, colocando-lhes o pé na porta, uma cunha naquele que é, sem sombra para dúvidas, um processo político.

No entanto, pode virar-se o feitiço contra o feiticeiro...


Deus livre o regime de o transformar em mártir.

Polícia despistada

A ingenuidade da Polícia angolana, num alerta perante um forte incremento na emissão de cheques «sem cobertura», torna-se reveladora daquilo que as autoridades monetárias pretendem negar. Efectivamente, constatar simplesmente que a distribuição desses casos não é regular ao longo da semana, sentindo-se sobretudo à Quinta e Sexta, com um claro pico no último dia útil (sem o tentar explicar), parece enfermar de falta de perspicácia. É decerto prematuro classificar os emissores como meliantes, pois duvido que a maior parte julgue que pode fazer promessas de pagamento, ficando impune o seu incumprimento. Julgo que estes são apenas indícios claros de que a inflacção se prepara para disparar. Basta fazer as contas, de uma forma muito legal, ao tempo que leva um cheque nos procedimentos de devolução e queixa (com o emissor sempre de boa fé, claro, tal como o seu gerente bancário)...

Ao comprar à Sexta e, se em vez de pagar em dinheiro, pagar em cheque (a compensar na semana seguinte, melhor ainda «para o fim do mês, quando receber»), ser-lhe-á automaticamente concedido um imbatível «desconto», pois os preços terão subido, entretanto.

Entretanto, as novas moedas de 50 e de 100 terão «valor» unicamente para colecção.

Purga radical na Sonangol

Finalmente foram encontrados os bodes expiatórios, para a «ineficiência» da Sonangol. Decerto serão responsabilizados pela queda no preço do petróleo.

Integral redefinição de competências internas e total renovação de conselhos de administração de subsidiárias. Uma verdadeira chicotada psicológica à moda soviética.