domingo, 2 de novembro de 2014

Homenagem ao Presidente do Uruguay

Traduzo, com a devida vénia, fragmentos de um artigo do ABC de Madrid, seguido de uma réplica no canal social (Twitter-Facebook- que pretendem viral), em língua espanhola, o ésnotícia.co.

Dizem de José Mujica - Pepe para os amigos - que é o homem mais honrado do mundo. Trata-se de um senhor com 78 anos, de aspecto bonacheirão, amante de boa comida e da natureza, que veste de forma informal e popular. Até aqui, tudo bem, se não se tratasse de um Presidente, neste caso, do Uruguay.

Mujica - ex-guerrilheiro e fundador do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros - ascendeu ao cargo a 1 de Março de 2010. Até aí, dividia o seu tempo entre a política e o cultivo de flores, numa humilde quinta na periferia de Montevideo, onde prometeu manter-se se ganhasse as eleições. Ofereceu depois o Palácio Presidencial para os sem abrigo poderem passar o Inverno. Outras das medidas polémicas que implementou, foi a legalização da marijuana.


Preso durante 13 anos, nunca acreditou na possibilidade de se vir a converter em Presidente. Pouco antes das eleições das quais sairia como vencedor, declarava a um jornalista «Eu vir a ser Presidente é tão improvável como um camelo passar pelo buraco de uma agulha». Desde aí que a sua humildade tem logrado conseguir a simpatia e a adesão do seu povo.

A imprensa uruguaia classificou-o como o presidente mais pobre do mundo: o seu património ascende a três terrenos, três tractores e um carro, um Volkswagen carocha, de 1987, isto segundo os dados apresentados pela Junta de Transparência e Ética do Uruguay.

O seu salário como Chefe de Estado é de cerca de 10 000 euros por mês; não obstante, doa cerca de 90% do seu ordenado a projectos de ajuda. «Mil euros chegam-me, e têm mesmo de me chegar, porque há uruguaios que vivem com muito menos» sentenciou o Presidente a esse propósito.

Para veículo oficial dispõe de um simples Corsa, depois de a sua imagem de marca ter sido a Vespa que utilizava para chegar ao Parlamento, quando foi eleito deputado, após a Ditadura. Sem contas bancárias, sem dívidas, afirma dormir tranquilo, enquanto espera pelo fim do seu mandato para descansar na sua pequena quinta de Rincón del Cerro.

Quando confrontado com a notícia do ABC de Madrid, respondeu:

«Eu não sou pobre. Pobres são os que acreditam que eu sou pobre. Tenho poucas coisas, é verdade, as mínimas para poder ser realmente rico, à minha maneira, que consiste em ter tempo para dedicar às coisas que me motivam. Se tivesse muitas coisas, teria que tratar delas todas e não poderia fazer aquilo que realmente gosto. Essa é a verdadeira liberdade, a austeridade, o consumir pouco. Se tiver muitas coisas acabo por viver preocupado com medo que me as levem. A casa pequena, para não precisar de empregada. Não, a mim bastam-me três divisões: passo a esfregona pelo chão a meias com a velhota e, num instante, já está! Assim ficamos com tempo para aquilo que realmente nos entusiasma.

Não somos pobres»

Faz-me lembrar o inventário dos bens de Thomas Sankara, Presidente do Burkina Faso, à data do seu assassinato: uma mota, duas guitarras, uma frigideira e um frigorífico avariado.

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