quinta-feira, 11 de julho de 2013

Errare humanum est

A não perder, um magnífico e oportuno contributo, pleno de positividade, publicado pelos Intelectuais Balantas na Diáspora, no qual Alberto Luís Quematcha defende coisas simples, mas verdadeiramente importantes. Tal como o primeiro passo para a cura de uma doença é o seu diagnóstico e reconhecimento pelo doente, também uma sociedade carece de aprender com os erros e para isso precisa de premiar aqueles que lhos apontam, não comprazer-se em desqualificá-los.

Que matchu!

PS 1) Neste contexto, queria fazer um público elogio ao Progresso Nacional, que, reconhecendo o erro de alimentar dissensões entre guineenses, desejaram as melhoras ao Doka.

PS 2) Em relação ao artigo, julgo que a opinião do Filomeno Pina, sobre o fenómeno de dissonância cognitiva apontado pelo Alberto Quematcha, se revestiria de grande interesse e autoridade.

3 comentários:

Anónimo disse...

Pois meu caro Alberto Luís Camatcha, o sr. podia e devia dizer também que na sociedade balanta é preciso ser bom ladrão de gado para ser considerado matcho/valente.
Se não for um bom furtadur di baca não se é respeitado na sociedade e não pode ser circuncisado/fanado. E os Intelectuais balantas podiam e deviam envolver-se “duma maneira mais comprometida na tarefa de sensibilização da sociedade balanta” para o mal que isso representa.
Até já…

7ze disse...

Por isso mesmo, tem especial valor a publicação neste blog. As circunstâncias da iniciação terão de evoluir: não devem ser rígidas, mas adaptáveis aos tempos que correm, com liberdade de interpretação. E nisso (liberdade), os balantas são muito bons. O que interessa, em qualquer cultura, é conseguir uma «realização» reconhecida pela comunidade masculina.

O masai, igualmente furtadur di baka em relação aos quicuios, tem tradicionalmente um longo percurso de várias etapas de iniciação. Vou só contar as três últimas. A antepenúltima consiste em matar um leão; a penúltima consiste em matar um inimigo. Quem pensaria hoje, que é preciso matar um semelhante, para provar que se é homem?

Como ensina a última e mais difícil etapa, o último degrau da ascensão, último risco no escudo, que muitos nunca chegavam a conseguir, embora plenamente integrados na comunidade, o mais importante é a realização (que até pode ser original) e não simplesmente a sua forma. Era aquilo a que chamavam a «dança de bwana fizi e que consistia numa aproximação sorrateira a uma hiena e acertar, por trás, de forma a que a lança lhe corresse longitudinalmente a barriga, abrindo-lhe a barriga e soltando-lhe os intestinos; como o bicho é guloso e estúpido, quando vê tripas, abocanha-as e começa a comer as próprias entranhas, sempre a correr; descrevendo círculos perfeitos cada vez mais apertados até morrer no centro da espiral.

O que se traduz num belo ensinamento. É matchu o estudante que tem notas excelentes e merece o elogio do professor. Seria um bom desafio, lançar um prémio para a melhor definição de matchu, e depois fazer uma compilação dos melhores contributos. Antigamente haviam uns postais para namorados, com ditos que começavam sempre por «Amor é...» Poderia começar «Ser matchu é...» (ou «Ser matchu é não...».

Anónimo disse...

Boa dica. parabéns