domingo, 24 de junho de 2012

Manatim X

Sim.

É bom saber da prontidão das FAP para atender a qualquer situação. Outra coisa não se esperaria, na boa tradição do exército português. Ainda bem que a Guiné proporcionou a oportunidade para o treino e aferição da qualidade e disponibilidade dos meios mobilizáveis. No entanto, no interesse da segurança dos potencialmente interessados (ao contrário da Guiné, onde mal-grado muita insistência não houve qualquer aderente) cidadãos portugueses eventualmente carentes de evacuação tempestiva (embora possam dormir descansados) terão eventualmente de fazer fila (aliás, uma segunda vez, já em 1975 foi a mesma coisa, houve filas em Angola, não na Guiné - deverão ter reparado que evito propositadamente o termo «bicha», para evitar ferir susceptibilidades). Nem ouso avançar com a designação Manatim II, pois arriscar-me-ia a pecar por defeito; o melhor mesmo, caso venha a ser necessário, é chamarem-lhe Manatim 10 (a contar com o desdobramento dos meios, as idas e vindas...) presumindo que a evacuação pelo ar estará interdita (os sírios* lembraram-nos há pouco a eficácia dos velhinhos SAM, invocando esquecidas glórias guineenses)... permitam-me já agora especular um pouco nas entrelinhas das notícias: o bom senso turco, ao reconhecer por via presidencial o próprio erro parece-me altamente louvável! Humildade ou guerra. A paz é sempre a melhor e mais barata opção, mesmo que se tenha de dar o braço a torcer. Isto tudo num curto espaço de tempo, antes sequer de se tornar notícia: as más línguas verão uma inevitável «mão» russa, atalhando cientificamente qualquer «mito» em gestação. Estão todos de parabéns. Um facto que poderia gerar uma guerra (a Turquia pertence à NATO). Finalmente, no mundo, algo a merecer destaque, neste blog, para além da actualidade guineense.


*Ver notícias: DAK síria abate jacto turco sobre a «linha» de fronteira marítima

P.S. Outra leitura possível para o caso do F4 Phantom abatido é tratar-se de uma «encomenda», para justificar uma intervenção militar na Síria. Mas nesse caso, não vai ser tão «simples» como na Líbia; e os russos não vão gostar mesmo nada dessas mexidas no frágil equilíbrio actual... Esperemos que não sejam prenúncios de mau agouro.

1 comentário:

Retornado disse...

Os guineenses tradicionalmente não tratam mal os estrangeiros/empresários/cooperantes.

Quando Nino fez um dos golpes do PAIGC,(em 14/11/1980)dizia aos guineenses que "se vires um cooperante com fome, dá-lhe de comer, se tiver sede dá-lhe de beber.

A ordem era como sempre, os guineenses tratarem bem os de fora.

Estes militares deste golpe sabem essa lição, porque a escola é a mesma.

Os militares só não ajudam o povo da Guiné.

No golpe de 20/01/73, e em 1998, também não foram atingidos os estrangeiros.