Contributo construtivo de uma cabo-verdiana em Angola, no Ditadura do Consenso.
«Sinto que a Guiné-Bissau se
perdeu acima de tudo por não ter encontrado um líder (porque não uma
líder) capaz de levar o barco a bom porto, pois a Guiné tem gente capaz e intelectuais os quais todos juntos
qual Fénix a poderiam fazer renascer das cinzas e exorcizar os demónios que
se lhe incrustaram na alma. Esse exercício passaría por uma catarse colectiva, algo como uma Comissão da Reconciliação e da Verdade.»
Nexo à direita >
Lidas as suas palavras, escritas de uma forma tão ponderada e suave, fica-nos até a parecer legítima uma certa «vontade de protagonismo» de Angola... apoiadas na sua «grandeza e generosidade». No entanto, para isso, há que aprender com os erros. Grandeza e generosidade são desprendidos e gratuitos: só fazem realmente sentido num contexto de respeito pela dignidade e identidade dos outros...
Mas também a sugestão de encontrar, já não um líder, mas uma, parece ser uma observação perspicaz. Numa sociedade na qual se pretende vencer uma violência endémica, porque não escolher uma mulher para liderar uma verdadeira «revolução» das mentalidades? Sem cair em feminismos, que a sociedade guineense não toleraria, há gente muito capaz na Guiné, como diz Isabel, das quais também mulheres.
Já aqui falámos, por exemplo, de Carmelita Pires, ex-Ministra da Justiça, que se distinguiu no combate ao tráfico de droga. Não se duvide que poderia encarnar com sucesso essa liderança proposta por Isabel... Mas também temos, em visitas recentes a este blog:
Titina Silá à Liderança!
P.S. Parabéns, Isabel, pelo tom construtivo do discurso. A Guiné precisa de pontes e não de posições obsessivas, ou de gente obcecada. Já Heráclito garantia que não podíamos tomar banho duas vezes no «mesmo» rio...
Há 1 hora
2 comentários:
Em que medida é preciso conhecer Angola e quem deve conhecer Angola, para (só depois) criticá-la?
A quem realmente é dirigida a mensagem?
Aos angolanos, dentre muitos que criticam os governantes do seu país, pelos atropelos aos direitos e liberdades dos cidadãos, pela cultura da corrupção e o estado de pobreza generalizada da maioria da população angolana, contrariamente a uma elite poderosa (tendo como rosto principal, Isabel dos Santos, filha do Presidente da República, José Eduardo dos Santos), que é sustentada pelos dinheiros do petróleo e dos diamantes, entre outras riquezas naturais de Angola?
Ao Rafael Marques, ao Filomeno Lopes e a tantos activistas políticos e sociais, líderes de partidos políticos na oposição; ao ao William Tonet, ao Orlando Castro, ilustre jornalista luso-angolano e a tantos que têm criticado o que se passa em Angola?
Ou a senhora Isabel está a referir-se apenas e só, aos guineenses, face ao "Caso Missang", pois os guineenses, para a senhora Isabel, não conhecem a realidade angolana, nenhum guineense esteve ou está em Angola, nenhum guineense acompanha o que se passa em Angola.
É tão difícil "conhecer" Angola, para criticá-la?!
Pessoalmente, conheço Angola, no dia-a-dia acompanho Angola por força da conjuntura, talvez não tenha o direito ou o à vontade para criticar Angola, na óptica da senhora Isabel, eu e muitos outros, entre angolanos e os não angolanos...
Didinho
www.didinho.org
Amigos e Compatriotas (permitam a volição da designação),
Pina, meu ilustre psicólogo, lamento, nesta pugna, declinar o convite de desviar para assuntos em relação aos quais não me predispus. Sem deixar de sentir-me lisonjeada com os seus afrontamentos. Bem-haja! Porém, aguardo alvoroçada a sua próxima crónica, como as chama inteligentemente o nosso Turpim.
7ze, não tente identificar-me com quem não sou, ainda que se trate duma pessoa e figura que, como muitos, igualmente apreciei o trabalho que fez na Guiné-Bissau e a sua garra. Ademais seria uma pessoa com a qual não me custaria de fazer dobre e consórcio em prol duma outra Guiné-Bissau. Esqueça este assunto.
Peter from Itália e Pedro Lopes from Portugal, as opiniões vertidas recomendam que não vos consegui chegar, sejam uma ou pessoas diversas. Uma pena! Bem que tentei! Contudo, estou certíssima que nos encontraremos: “Dianti qui caminho”. E ainda diremos: controvérsia superada (Se é que isso existe!).
No entretanto, Indjai “preside” o Conselho de Ministros. E continuamos a vê-las passar, enquanto se fala de “obsessão” e outras coisas que não vêm ao caso.
Não nos descuidemos com alas. Foquemos no hoje, no quem é quem e no que poderá daqui, Guiné-Bissau, sair para nós. O passado é importante para que nos possamos sintonizar e para não só julgar e condenar, como não permitir mais, em circunstância nenhuma, qualquer que seja a justificação, que se explique atentados à vida, à dignidade humana e assassinatos bárbaros. Porque expurgar estes males execráveis, quem não os solicitará no seu perfeito juízo?
Mas, com os tais? Os actuais donos do chão e de mãos sujas? Poupem-me!
A nossa Guiné-Bissau precisa de outros filhos a arquitectar o seu destino, seus filhos num outro sentido vário, a começar pelo patriotismo. E nós, labutando, estamos aqui, divergentes mas juntos.
Titina Silá
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