Ao contrário das análises que cantam a vitória de Israel, de facto, aquilo que estamos a assistir é a uma clara vitória iraniana. De um primeiro teste (que nada tem de retaliação ainda, obviamente) supostamente com cem Shahed, terão passado quatro, segundo a CNN, podendo ver-se apartamentos em chamas em Telavive.
sexta-feira, 13 de junho de 2025
Economia de guerra
quarta-feira, 4 de junho de 2025
Tabaski de 2008
Partilhei a festa do Tabaski em Jemberém, no ano de 2008. No primeiro dia estava a tomar banho na piscina. A festa acabaria dia 12 de Dezembro, uma sexta-feira. No ano seguinte a festa começaria também à sexta.
terça-feira, 3 de junho de 2025
Decreto excepcional
Impondo-se minimizar os factores de risco para o bem estar colectivo, seria de bom tom decretar que da próxima sexta (6ta, 6 do 6) a uma semana, dia 13, passa a ser sábado, ficando os funcionários públicos dispensados do serviço, para não dar azar.
sexta-feira, 30 de maio de 2025
A direita no seu pior
A AD representa, tal como o PS, a mediocridade do sistema "democrático". O Chega é um inqualificável epifenómeno de imbecilidade, incompetência e ignorância, desmerecedor de uma direita nacional com referências sérias, sólidas e sustentáveis, como Fernando Pessoa, Rolão Preto ou Oliveira Salazar. Já dizia o democrata integral Fernando José que se o povo quiser ir para o inferno, é para lá mesmo que iremos. Depois será preciso tirá-lo de lá, quando começar a arder. Face à impossibilidade remanescente de bloco central, resta unir as pontas da ferradura, fechando o círculo, dispensando o centro e os indecisos, numa aliança de polos para novas soluções nacionais, sub-regionais e globais. Por uma direita capaz de erguer pontes em vez de muros, fiel à vocação universalista nacional, da qual o Professor Adriano Moreira foi o último digno representante.
domingo, 25 de maio de 2025
Descrédito do Vaticano
O Sérgio lavrou a acta de desautorização, colocando o falso papa no lugar.
A Sede continuará Vacante, animada pela pena do proto-Papa José.
A cada instituição, o seu purgatório. E o falso Papa, para o Inferno.
A contra-partida de Vance, a conversão dos EUA, não vale a alma.
A sucessão do pudim deveria ser equacionada enquanto está por cima >
O homólogo de Molotov daria uma boa saída e solução diplomática >
Salvação da União Europeia, pela adesão da Rússia, Ucrânia e Turquia >
Realinhamento geoestratégico num novo Pacto de Varsóvia anti-NATO.
PS pessoalmente à disposição do Reino da Dinamarca para a defesa da colónia.
terça-feira, 13 de maio de 2025
Josés
Grande respeito por José Battle, ex-presidente do Uruguai, de alcunha "Don Pepe". Hoje morreu um digno sucessor, curiosamente, José Pepe, de nome próprio. Os heróis, como Tomás Sankara, têm propensão a reencarnar, em momentos de desespero do seu povo, tal como Ibrahim. Os guineenses esperam que Cabral se levante do chão, tal como os portugueses esperam por Dom Sebastião. Mujica tinha mais coisas em comum com Salazar do que muitos possam pensar.
sexta-feira, 9 de maio de 2025
SS: "_a ver shi kaio ou shi kago"
Entre Chiclayo e Chicago, numa indigna submissão às masturbações pouco subtis da Inteligência Artificial de Trump, mais propriamente manifestações da Estupidez Natural da humanidade, com o aval do Semchave (falso conclave), traiu-se a directriz da deriva dos continentes e a única esperança de evitar a queda da Igreja. Depois do cagalhão do Sul, agora um cócó do Norte, mas a bosta que os unge é a mesma. Roma, num indigno upgrade ao poder global que idealmente representa, emigra para o Texas, como fez a sua congénere Paris no filme, para se aproximar da sede do poder material. Roma confirma o anátema do anagrama. César papa o papa gangster. Venceu o anti-amor, na traição ao Espírito Santo.
quinta-feira, 8 de maio de 2025
Hipocrisia e água benta
Cada um toma a que quer. Mas há sempre quem seja incapaz de moderação...
quarta-feira, 7 de maio de 2025
O dino dos dinos
Não o tomem por anódino. Recomenda-se o perfil no FaceBook, do Eminentíssimo Professor Galopim de Carvalho, para intermináveis horas de agradável leitura gratuita, para quem gosta de aprender, só porque sim, por vezes em inspirados e deliciosos episódios de transdisciplinaridade, entre história, geologia ou outras ciências, mas, acima de tudo, um pedagogo à escala dos seus animais de estimação. Leia-se o magnífico artigo publicado há umas horas, que começa assim:
«Perguntei, há dias, a um grupo de adolescentes, a frequentarem o secundário, porque é que a lata de Coca Cola, saída do frigorifico para a mesa, começa a ficar cheia de bolhinhas de água, com se mostra na imagem. A maioria ficou calada. Os dois ou três que procuraram responder, mostraram que foram amestrados para responderem às perguntas que lhes são feitas no exame final, mas estão a léguas de toda a beleza que a Física tem para nos mostrar. E quem diz a Física, diz quaisquer outras disciplinas.»
Aqui em Bissau, nada-se em humidade do ar. Os viajantes aéreos mais apressados são confrontados, mal a equipagem acciona o mecanismo de abertura da porta, com o efeito de brusca descompressão (não cai directo, quase um suspiro) para acto contínuo, levarem com o violento impacto do bafo, um autêntico murro de água (julgo que as tripulações veteranas têm gozo nisso). Bom, mas estou a afastar-me do assunto, foi apenas para contextualizar as coordenadas geográficas. Aqui, o efeito que o Eminentíssimo Professor descreve é bem mais rápido e intenso do que em Portugal. Portanto, mais propenso a despertar a curiosidade. Aqui não é preciso colocar em slow motion para ver com os próprios olhos a "lenta" formação de grossas gotas. Até porque, muitas vezes, as latas chegam a "fumegar" água do excesso de refrigeração e quase congelação. As crianças são gente atenta e curiosa (e também gulosa). Aconteceu que, por necessidade de hidratação e decerto num devaneio anti-alcoólico, pedi uma Fanta. A lata laranja atraiu o olhar de dois jovens (10 ou 11 anos, não sei bem) que andavam por ali, muito educadamente, pediram licença para sentar. Disse imediatamente que sim, mas desconfiado que me iriam pedir um sumo (e estava disposto a dizer-lhes imediatamente que não)... não sabia se me tinham lido o pensamento, o facto é que se sentaram só e pareciam estar felizes por partilhar o momento de beber a lata, mesmo sem beber nada. Não me decidia a abrir a lata, que ali estava. Houve um momento de indecisão, mas os remorsos de uma possível suspeição infundada mas também a pensar que já estava "agarrado", pedi mais um copo (para poupar o empregado, que já tinha trazido um). Dando a entender que ia dividir o sumo, coloquei um copo à frente de cada um, enquanto perguntava se alguém queria beber pela lata (no pressuposto errado que ficaria para mim), mas nesse momento, um deles, que continuava concentrado na lata, disse que preferia a lata, mas quando vou para lhe pegar para a abrir, vira-se para o amigo e aponta para as pérolas de água em formação (passado pouco tempo começariam a "chover" pela superfície vertical da lata)... eventualmente iniciado havia pouco tempo, estava a mostrar a maravilha daquela animação ao colega (claramente mais desatento, ou chegado do interior onde o frio ainda não chegou); tinha razão, o mestre, pois o discípulo esbugalhou os olhos e ficou maravilhado. O amigo com toda a espontaneidade, vira-se para mim e pergunta "De onde vem a água"? Claro que é nestes momentos que sabe bem ser pedagogo. Hoje, que recupero a história por associação à do professor, começo mesmo a pensar (conhecendo bem a esperteza congénita dos guineenses) que não foi casual, mas sim premeditado: o "artista" estava mais interessado na explicação do que no seu trinhão de sumo.
Em crioulo, expliquei de todas as formas que me lembrei, até perceber que tinham entendido a "santíssima" trindade Gelo+Água+Vapor de água e entendessem que era a temperatura que determinava a passagem de estado entre elas, entre 0 para o gelo (com algumas temperaturas pelo meio, como a corporal, para comparação) e 100º, iagu firbi quando se lhe incorpora calor. O vapor de água foi claramente o mais difícil, pois gelo e água conhecem muito bem, sabem que o gelo derrete e se torna em água, e que ao contrário, colocando água na arca esta torna-se em gelo passado algum tempo (ainda ensaiei uma explicação sobre o funcionamento dos frigoríficos e que estes não "fazem" frio como estavam a dizer, dito mais cientificamente extraem calor, mas rapidamente deram a entender que me estava a espalhar e a afastar do essencial). Voltando ao vapor, como haveria de definir vapor de água para que percebessem? Fui pelos cenários, perguntei se sabiam o que acontecia, quando se punha água a ferver ao lume e se esquecia. Responderam ao desafio, com multitude de pormenores, um até descreveu a dificuldade que a mãe tinha tido em raspar o carvão para lavar depois. Então para onde foi a água? perguntei. Passou-se um momento, o mais d(esperto) observou que, "se pusermos a tampa para impedir que ela fuja, não dá, porque ela faz cada vez mais força". Um cientista! Um pouco mais, reinventaria a máquina a vapor ou a panela a pressão. Escaldado com o exemplo do frigorífico, desisti de explorar o assunto. A nuvem do cozinhado, a condensação na parte superior da tampa, acabaram por perceber, garantido por um pequeno exame. A curiosidade, a capacidade de se maravilhar, fazem parte desse querer aprender. Por si próprio (são a nata da elite, segundo Fernando Pessoa), ou pelos outros; havendo sempre (essa restrição, mesmo com fraca variabilidade histórica, depende obviamente da organização política) uma maioria que não aprende, nem sozinhos nem ensinados (a que corresponde o povo, nesta tipologia pessoal pessoana anti-democrática). Estas são as verdadeiras elites, mesmo se cada vez mais escassas e arredadas do poder, por ameaçarem a mediocridade reinante. Já Fernando Pessoa, em pleno conhecimento de causa, o dizia. Em terra de cegos, quem tem um olho é rei, e desgraça de quem tem dois: ou fura um, para disfarçar, ou emigra.
O professor induziu a pergunta e não só colheu uma amostra estatisticamente representativa do falhanço da escola, como ainda detectou os subprodutos, todo o fingimento da mediocridade no poder, não só de falta de formação de elites, mas mesmo de deformação de pseudo-elites. O que temos? Pior que a massa de ignorantes (dos quais poucos, neste ambiente, poderão aspirar à humildade socrática que favorece a utilização da pergunta "Porquê"), os macacos ensinados a armar-se em espertos (decerto filhos de peixe), preparados para serem os políticos "muito" democráticos do futuro, conjugam ignorância com arrogância. Onde estão as elites de amanhã? É preciso repensar a escola obsoleta que temos, fazer exames sérios e exigentes, despedir a granel. A escolaridade obrigatória tornou-se um sequestro da juventude pelo estado pseudo-democrata-socializante, que para nada serve, senão como pernicioso obstáculo à mobilidade social e à manutenção de pseudo-elites medíocres e corruptas. Há que devolver às famílias as crianças! Com esta escola mais vale transferir a angústia: que vão aprender sózinhas e depois que se sujeitem a exame.
Só pela existência de uns poucos, que à sua grandiosa escala, mantiveram estoicamente o esboço de formação de elites, tais como o Eminente professor, é que o país ainda não desapareceu. Pena é que as poucas vozes nesse deserto não tenham força suficiente para contrariar o triste estado a que nos conduziu a lógica da defesa da mediania e dos coitadinhos: como reconhece o ladino professor e magnífico pedagogo, chumbaram todos. Que bosta de escola, que se esqueceu que é feita para fazer pensar, para compreender o mundo, para fazer a sociedade beneficiar do contributo dos melhores e não ficar exposta aos piores! Comungo com o meu irmão esta nossa pedagogia da lata orlada de pérolas de água de outras latitudes.
Acrescentando que é uma das razões que me faz sentir livre na Guiné-Bissau e muito menos stressado, que nesse país de velhos precocemente senis (aos 40, já só podem invejar a presença de espírito dos dinos e tentar varrer a sua insustentável leveza para debaixo do tapete da sala, só que esta levanta e contamina toda a casa), numa involução educacional e regressão geracional, forjada desde a escola, contrastando decididamente, especialmente em Portugal, com as conquistas do século XX. Fala um filho de professores primários, que conheceu pessoalmente Paulo Freire na Guiné-Bissau, em criança. Com admiração, como sempre, muito obrigado, Professor, por existir!
domingo, 4 de maio de 2025
nous parions que nos párias À paris n'ont pas appris
De acordo em acordo até ao desacordo final, os líderes partidários, cada vez menos maioritários, tardam em acordar para a vida. Na realidade, de mais de 95%, viram a fasquia rebaixada para menos dos dois terços exigíveis a um discurso ditatorial, devido àquilo que foi considerado como traição do MADEM, pelos respectivos activistas. Num inenarrável desperdício de rúbricas e assinaturas, comprometem-se mutuamente mundos e fundos. Com mesas redondas ou quadradas, em Paris é outro estilo (nada draconiano, plutôt macroniano). É pena que não tenham sobrado fundos (indigência ou má gestão?) para pagar uns trocados a um revisor de português (sabendo que estes são muito mais miseráveis que os franceses, nas suas exigências), para evitar acentuar indevidamente o "a". Há muitos "à" que são "a". Ahahahah! O pior é que não se trata apenas do português, mas da organização das ideias. Seria igualmente preciso pagar a um editor, para organizar o conteúdo e evitar, por exemplo: encavalitar considerandos (ou outros itens igualmente desapropriados) em caracterizações; retomar, como ponto principal (no extremo esquerdo da tabulação) o número 5 de uma sequência indentada (com avanço). Para além dessas questões imputáveis à (este é legítimo, podem sempre tentar aprender) redacção, resta o conteúdo, que se mostra bem pior que as questões de forma, ao não se pronunciar claramente sobre a questão chave de um eventual boicote eleitoral. Nomear comissões parece um simples silogismo para um rotundo falhanço negocial. Quando chegar a hora da verdade, o que contará será a realidade. Nessa altura, este acordo não passará de uma vaga recordação, à imagem de muitos outros, com que a práxis política guineense da traição se encarrega de ilustrar para a posteridade o cardápio da hipocrisia.
sábado, 3 de maio de 2025
Incompreensível, incoerente, insustentável, e com o rei na barriga
De forma disléxica, anacrónica e descontextualizada, em mensagem do 1º de Maio, publicada na página oficial do Partido, o líder do PAIGC anuncia como imperativo nacional "afastar os militares do jogo político e devolver o poder ao povo". Ora, se constatarmos que os militares se encontram auto-excluídos do jogo político (reduzidos à sua condição de "forças republicanas"), a sua mensagem torna-se incompreensível: que consequência desejaria afinal, qual o efeito para essa causa? o que deveriam fazer as forças armadas para o contentar? Será que pecam por omissão? Há uma dúzia de anos, quando as forças armadas também serviram de bode expiatório ao PAIGC para os seus desaires políticos, o discurso era outro. Para além disso, qual a sua legitimidade para ditar "imperativos nacionais"?
terça-feira, 29 de abril de 2025
Processo da democracia
Admirador de Salazar, tal como Gilbert Durand (responsável pela divulgação dos escritos de Fernando Pessoa em França, ainda em vida deste) Jean Haupt é daqueles franceses criados na escola de Maurras, que vieram a Portugal no final dos anos 30 como turistas políticos, à procura de novas alternativas à degeneração social do parlamentarismo (esta foi depois apontada como bode expiatório para a derrota). O regime de Pétain acabaria mesmo por se inspirar no Estado Novo.
Na teia atei a ateia
Reparei, no FaceBook de uma minha amiga de extrema-esquerda e descrente (cujo nome obviamente não vou citar), que esta partilhara uma imagem, decerto gerada por IA, do falso Papa com um cravo vermelho na mão. Não é, aliás, caso único entre os meus amigos.
Ursula versus Grande Ursa
A histeria da Úrsula não é apenas patológica, mas também extremamente perigosa. Acusar Putin de sabotagem, a quente e baseada em suposições, quando, mesmo que fosse verdade, a única resposta viável seria agradecer aos hackers terem exposto as vulnerabilidades do sistema? Nem que depois, com a mesma inteligência com que tivessem aprendido, retaliassem, ao abrigo da lei de Talião. Enfiar o barrete é burrice demais e completamente irresponsável.
Apagão
Já se descobriram as causas do apagão das luzes em Portugal. Segundo o Secretariado Nacional da Propaganda, foi uma medida destinada a democratizar a festa de aniversário de António de Oliveira Salazar, multiplicando as velas para apagar.
quarta-feira, 23 de abril de 2025
Noções de geografia
Concedendo que a Jamaica está na América e não à deriva no Atlântico, há que reconhecer que, ao contrário dos Açores, técnica e latitudinalmente, a Madeira situa-se no continente negro. Para todos os efeitos e em termos científicos, Ronaldo é africano, tal como o futuro Papa.
Olhai os lírios do campo
Como crescem!
segunda-feira, 21 de abril de 2025
Os pestiferados de Jaffa
Durante a campanha do Egipto, na sequência da tomada de Jaffa, uma epidemia de peste alastrou entre os soldados do jovem Bonaparte. Este não hesitou em visitar o hospital onde estavam internados, apesar de vivamente desaconselhado pelo médico de serviço, passando uma hora e meia em contacto com os doentes. No quadro pode constatar-se que Napoleão tirou as luvas e está a tocar no peito de um soldado, enquanto o médico Desgennetes, apavorado, tenta evitar o contacto físico; durante toda a permanência no hospital, tenta insistir com o teimoso corso para abreviar a coisa; este farta-se e responde-lhe que estava apenas a cumprir o seu dever, como chefe. Notem-se, no quadro, a atitude de alguns oficiais, um cobrindo a cara com um lenço, outro claramente com nojo da cena, enquanto, por trás e em segundo plano, outros se mantém longe, sem sequer descer dos cavalos...
domingo, 13 de abril de 2025
Em memória
Morreu o Capitão de Abril Carlos Matos Gomes. Extremamente activo ultimamente, no apogeu da sua consciência política, ficando para testemunho a extensa citação, com breve apresentação biográfica, que lhe dedicou há pouco mais de um mês este blog. Depois de Otelo e Dinis de Almeida, junta-se ao Olimpo do 25.
sábado, 5 de abril de 2025
Bombeiros apanham canas
Fazem a festa, deitam foguetes como "presidencialização dos sistemas de governo", quando o título oportuno seria "erosão da democracia" (a melhor tradução para crioulo é stress), apesar de obsoleto (pois aqui em Bissau já se passou à sedimentação da ditadura).
terça-feira, 18 de março de 2025
Neocolonialismo por procuração
Com muitos países "francófonos" a abandonarem a francofonia, Macron abusa da máquina burocrática da União Europeia para extravazar da sua zona de influência tradicional. Portugal a ver passar os bapur. Por que processo e baseado em que concurso foi recrutada a Agência francesa de "cooperação técnica", para apoio à modernização do tribunal de contas da Guiné-Bissau? E depois vêm-nos impingir "transparência"!
quinta-feira, 13 de março de 2025
Alternativa ou alternância
Tradução de certas mensagens elogiosas para o regime:
Perseguição política
A mediocridade reinante, não contente em expulsar um magistrado promissor, invade-lhe agora a privacidade (com ameaça de arrombamento), para castigo das suas opções políticas (as anti-sanitárias COVID e agora a salvaguarda da pedagogia infantil). Em qualquer país do mundo, a justiça protegeria o seu cidadão, nem que em território alheio... Já a justiça portuguesa, completamente cega e alienada, assume vergonhosamente prejudicá-lo transnacionalmente de forma deliberada, sem ouvir as suas razões, em solo pátrio, com o claro objectivo de o desacreditar. De envergonhar, em termos de eficácia, qualquer decisão da justiça brasileira (que levaria bastante mais tempo a executar, em termos de tramitação processual, gerando potenciais conflitos de competência territorial e possíveis divergências legais entre os dois países). Quando a pátria desautoriza ostensivamente um pai de família, algo vai mal; e não é apenas na célula básica.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Comunicado do MFDC
Comunicado do MFDC de Salif Sadio, intitulado
Acordo da vergonha assinado em papel higiénico
Este domingo, 23 de fevereiro de 2025, o primeiro-ministro senegalês, Ousmane Sonko, anunciou a assinatura de um ilusório acordo de paz entre o Senegal e o Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC). Este acordo, apresentado como um grande passo no sentido da resolução do conflito em Casamança, teria sido finalizado em Bissau, sob a égide do presidente guineense Umaro Sissoco Embaló. No entanto, por detrás das declarações triunfantes e dos apertos de mão formais, existe uma realidade muito mais sombria: um acordo sem legitimidade, assinado por interlocutores sem representatividade, e que corre o risco de perpetuar um ciclo de violência e de desconfiança.
Um acordo assinado com quem e para que fim?
O primeiro-ministro Ousmane Sonko saudou o acordo como um "grande passo em direção à paz duradoura em Casamança". Mas a questão mantém-se: com quem assinou o governo senegalês este acordo? Em 2022, sob o comando do ex-Presidente Macky Sall, foi assinado em Bissau um primeiro acordo com um grupo que afirma ser do MFDC, composto por Cesar Atoute Badiate, Rambo Bassène e Lansana Fabouré. Este grupo, alegadamente designado por "Comité Provisório das Alas Políticas e Combatentes do MFDC", não tinha nem tem qualquer legitimidade no terreno. Hoje, o governo de Bassirou Diomaye Faye parece estar a repetir os mesmos erros, ao assinar um novo acordo com interlocutores cuja representatividade é mais do que duvidosa.
Um líder independentista em Ziguinchor, declarou: "Vamos ser sérios! Todos aqueles que acompanham os acontecimentos em Casamança percebem a inutilidade de uma abordagem política à paz baseada em rios de dinheiro e em acordos de paz com pessoas insignificantes. A situação é tão grave e o descuido das novas autoridades tão flagrante que a paz não está no horizonte."
Uma paz a duas velocidades
O governo senegalês parece acreditar que a paz pode ser comprada. Mas a paz não se resume a assinar documentos. Este acordo não parece cumprir nenhum dos requisitos de verdadeiras negociações de paz, após 43 anos de conflito armado imposto a Casamança. Esta passada em Bissau é o resultado de negociações opacas, conduzidas na sombra, sem a participação dos verdadeiros actores do conflito.
O MFDC, que luta pela independência de Casamança desde 1982, condenou esta abordagem. Para os separatistas, este acordo não é mais do que uma manobra política que visa legitimar um governo senegalês em busca de credibilidade internacional. "A paz não se constrói sobre mentiras e pretensões", disse um porta-voz do MFDC. "Não reconhecemos este acordo e continuaremos a nossa luta até que os nossos direitos à autodeterminação sejam respeitados."
O papel obscuro da Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau, sob a presidência de Umaro Sissoco Embaló, desempenha um papel ambíguo neste processo. Apresentada como mediação neutra, a Guiné-Bissau parece, na verdade, servir os interesses do governo senegalês. Em 2022, já tinha facilitado a assinatura de um acordo falso com este mesmo grupo fantoche do MFDC. Hoje, está a repetir a mesma comédia, ao insistir uma plataforma para negociações que não têm qualquer hipótese de conduzir a uma paz sustentável e duradoura.
"Esta é a segunda vez que as partes em conflito assinam um acordo em Bissau, desde 2022", disse Umaro Sissoco Embaló. Mas esta repetição não é sinal de progresso. Pelo contrário, é a prova de que os mesmos erros são repetidamente cometidos. Como diz o ditado: "Só os tolos fazem a mesma coisa e esperam um resultado diferente."
Paz impossível sem justiça
Casamança merece mais do que acordos baratos: merece uma verdadeira paz, baseada na justiça e no respeito pelos direitos humanos. O governo senegalês deve parar de brincar com as esperanças do povo de Casamança e iniciar um diálogo sério com os verdadeiros representantes do MFDC. Sem esta, este acordo não passará de mais um capítulo numa já longa história de violência e desilusão.
Este acordo de paz assinado em Bissau não passa de uma farsa política: não resolverá nada e só piorará a situação, já de si explosiva. A paz em Casamança não pode assentar sobre mentiras e falsas premissas: deve ser o resultado de um diálogo inclusivo, transparente e que respeite as legítimas aspirações das populações. À falta disso, Casamança não deixará de sofrer e a paz continuará a ser uma miragem.
PS Comentário anota que não se assiste à assinatura de qualquer documento no vídeo divulgado sobre o evento.
sábado, 22 de fevereiro de 2025
A verdade nua e crua
Àcerca da absoluta necessidade da recomposição acelerada das elites nacionais, transcrevemos o texto do Coronel Matos Gomes, ribatejano, que fez o Liceu em Tomar, várias vezes condecorado, ferido em combate, participou em várias operações especiais, como Ametista Real, na Guiné, onde se encontrava à data do 25 de Abril, pertencia à estrutura do MFA, amigo pessoal de Salgueiro Maia e Capitão de Abril.
O esplendor da oligarquia
(in Medium.com, 15/02/2025, Revisão da Estátua de Sal)
O discurso do vice presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, na Conferência de Segurança realizada em Munique, na semana de 10 a 15 de Fevereiro é uma extraordinária lição de política. Independentemente do que cada um possa pensar de J.D. Vance, ou de Trump, ou dos EUA, ou da Rússia, o discurso do vice-presidente dos EUA apresenta os fundamentos da prática política dos Estados Unidos desde a sua fundação: o poder assenta na força dos fortes e é essa força que permite apresentar os poderosos como virtuosos. Maquiavel afirmou o mesmo. Os europeus praticaram estes princípios até à Segunda Guerra Mundial, que colocou um fim no colonialismo e na falácia da missão civilizadora do Ocidente.
J. D. Vance foi a Munique afirmar o princípio da força como fundamento do poder, o princípio da unidade do poder e negar as bem-intencionadas teses da divisão tripartida dos poderes, executivo, legislativo e judicial de Montesquieu. O vice presidente dos EUA foi a Munique expor a realidade em que assenta o poder nos Estados Unidos: a lei dos xerifes do Oeste: a lei sou eu e o meu revólver. Os poderes tradicionais e os não tradicionais devem estar submetidos ao detentor do poder executivo. J. D. Vance explicou que o êxito dos Estados Unidos e a vitória de Trump resultam do facto de o poder ser exercido por uma conjugação de tirania e oligarquia, na classificação de modos de governo estabelecido por Platão em República.
Perante uma assembleia de funcionários políticos europeus (raros políticos eleitos), o vice-presidente dos EUA afirmou que o governo de Trump respeita a hierarquia de Platão, de que a oligarquia é preferível à democracia, que durante milénios foi eficaz para os poderosos exercerem o seu poder e gozarem os seus privilégios, que a oligarquia constitui o único sistema de governo, e que aquilo que atualmente (desde o final da Segunda Guerra Mundial) é designado por “democracias” são versões de oligarquias adaptadas aos meios para as legitimar.
A versão de poder de Trump apresentada por J.D Vance em Munique pode ser traduzida com uma adaptação da conhecida frase de Eça de Queiroz: “a nudez crua da verdade do poder da oligarquia sem o manto diáfano da fantasia das instituições reguladoras“.
J. D. Vance afirmou na cara dos atónitos funcionários políticos europeus reunidos em Munique que o perigo para a Europa se encontra no seu interior, na falsidade em que os políticos assentam os seus princípios, na distância entre as afirmações e a prática dos políticos europeus, na fraqueza do poder político quer na União Europeia quer nos seus Estados nacionais, e daí, a perceção da fraqueza dos seus dirigentes e a busca de novas formas de participação dos povos no seu governo, que os funcionários (sempre muito moderados) se apressam a classificar de extremistas e radicais.
Quanto à política global, J.D. Vance deixou claro que quem define as relações de poder no mundo atual são as oligarquias dos Estados Unidos, da Rússia e da China porque são estas que dominam os circuitos do dinheiro, das matérias-primas, das tecnologias e da força armada, são elas que decidem a guerra e a paz, quem paga as contas e quem recolhe os lucros.
Do ponto de vista do amor-próprio é compreensível que as várias correntes do pensamento político europeu tenham silenciado que a decadência, ou a irrelevância da Europa, no atual cenário mundial tem como causa a incapacidade de esta ter gerado, ou mantido, ou reconstituído as suas oligarquias após a derrota da Segunda Guerra Mundial.
Não é popular defender a oligarquia e os oligarcas (daí que a comunicação de massas ocidental reserve o termo para os adversários — oligarca é sempre russo, enquanto os oligarcas norte-americanos são bilionários), mas a verdade é que, até à Primeira Grande Guerra, a Europa foi governada por oligarquias aristocráticas, monarquias mais ou menos autoritárias e que no período entre guerras a Europa conseguiu manter os seus governos oligárquicos, extraídos, ou gerados pelas industrias das novas tecnologias, em particular pela motorização, automóveis e aviões, pela química, pela energia (petróleo), transportes e eletrónica, tendo no topo a oligarquia financeira. Mas, um dos resultados da Segunda Guerra, foi a extinção dos oligarcas europeus.
As oligarquias europeias foram aniquiladas e a reconstrução europeia foi efetuada a partir dos Estados Unidos, com o plano Marshall, que colocou o poder da Europa nas mãos de burocratas de confiança. São os descendentes desses burocratas ao serviço dos EUA que se encontram hoje na direção política dos estados europeus, personagens que recebem um salário para administrar os Estados nacionais e a União Europeia, empresas que funcionam por rotina.
São esses descendentes que ainda vivem na guerra fria que ficaram atordoados com o discurso de J D Vance, Entretanto, quer a União Soviética, quer a China constituíam novas representações políticas e novas classes de empreendedores através dos partidos comunistas e introduziram a noção de competitividade, responsabilidade, prémio, castigo, incentivo que promoveram o aparecimento de oligarcas de grande sucesso.
A aparentemente irreversível irrelevância da Europa resulta em primeiro lugar da incapacidade de reconstituir as suas oligarquias no pós Segunda Guerra, de recriar oligarquias empreendedoras, autónomas, audaciosas. E esta incapacidade inclui também e em boa parte o mundo do trabalho — sindicatos e corporações — que em vez de disputarem o poder reclamam a proteção do Estado burocrático.
Independentemente do que cada um possa pensar de J D Vance, o que ele deixou claro na conferência de Munique foi que os Estados Unidos têm um sistema político que permite que o poder seja exercido por um macho dominante e que a Europa tem um sistema político com uma hierarquia que não se distingue da que existe num aviário.
Olhamos para as fotografias do chanceler Sholz (a quem J.D Vance negou um encontro de circunstância com a rude justificação que ele será chanceler por pouco tempo), de Macron, de Von der Leyen, de Kallas, de Mark Rutte, o atual cabo da guarda da NATO e o que vemos é um grupo de estarolas que não inspira confiança sequer para atravessar uma rua, mesmo durante o dia e com os semáforos a funcionar.
Alguém acredita que este painel de burocratas seja capaz de enfrentar os oligarcas norte americanos, russos ou chineses, que algum deles vá morrer onde for preciso combater os oligarcas russos e defender o “democrata” Zelenski, exceto o almirante Gouveia e Melo, o general Isidro e o burocrata Mark Rutte?
Por muito que nos desagrade, enquanto europeus, ouvir afirmações e interpretações duras atiradas como pedras, após a derrota da Segunda Guerra Mundial, a Europa optou por ser um navio de cruzeiros em vez de um navio de batalha. A pergunta a fazer aos inabaláveis e vocais defensores de apoio à Ucrânia até à derrota final e custe o custar é como transformar um hotel flutuante num couraçado, como substituir piscinas e jacuzzis por rampas de mísseis, empregados de camarote por artilheiros.
O choque das conclusões do encontro de Munique não resulta da explicação dos fundamentos do poder nos EUA feita por JD Vance e transmitida em estilo de sargento dos marines aos recrutas, mas da insanidade dos líderes europeus em responder que vão gastar 5% dos seus orçamentos a comprar equipamento militar aos EUA para se defenderem da Rússia, que passou a ser considerada por aqueles como um dos vértices do novo poder mundial! No momento em que os Estados Unidos reconhecem a Rússia e a China como competidores e vértices do triângulo do poder mundial, e não como inimigos com quem seja estrategicamente vantajoso desencadear um confronto armado, os burocratas europeus propõem comprar armas e tecnologias aos Estados Unidos para se defenderem de uma superpotência que considera a Europa um saco de gatos que se anularão em guerras entre si. É a análise que a Rússia faz da Europa, daí a irracionalidade, para não lhe dar o qualificativo adequado de estupidez dos analistas cujo pensamento foi magistralmente resumido pela doutora Ana Gomes: temos de nos defender dos russos porque se não o fizermos eles “vêm por aí abaixo”!
O discurso de António Costa a repetir o apoio “inabalável” da Europa à Ucrânia é um texto na linha dos argumentos de Ana Gomes, dos tempos da guerra fria, fora de tempo, é um triste exemplo de um padre que entra numa missa pós concílio Vaticano II a proferir um sermão em latim e a fazer esconjuros, perante a estupefação dos fiéis. Bastava-lhe representar o papel do croupier e anunciar: les jeux sont faits!