O PGR, segundo o blog Saiba novidades publicou de manhã, «voltou à carga», afirmando ter falado «pessoalmente» com o Director da Polícia Judiciária, no sentido de proceder à detenção do Ministro. Mas o senhor Procurador não entende o que lhe dizem? Onde já se viu um Procurador dar «ordens» informais, pouco instruídas e de execução (mais do que) duvidosa e equívoca? O PGR ordena a um subordinado a prisão de um superior hierárquico, Ministro imune e em funções, e espera execução tempestiva?
Se tivesse feito o seu trabalho como deve ser, teria insistido em apurar que género de razões de segurança interna motivaram o Ministro a tão arriscada atitude, bem como fundamentado também, devida e formalmente, a acusação ao empresário envolvido, que a Polícia Judiciária manteve duas semanas à sua disposição. O que não foi manifestamente o caso: as acusações mantiveram-se vagas e improcedentes, nunca tendo sido tipificado qual o crime ou crimes de que os «suspeitos» eram acusados.
Achar que o Ministro não procedeu lá muito bem neste caso, é uma coisa; mas este não pode ser acusado a posteriori de «tráfico de refugiados» ou «criação de atrito político com Portugal», pois tais crimes não estão tipificados na Lei guineense; teria de moldar a acusação em termos de Lei ou conjunto de Leis nacionais grave e grosseiramente violadas, de forma a convencer a Assembleia da República a levantar a imunidade, equiparada a Deputado, de que gozam os membros do Governo. Senão qualquer um pode ser PGR!
Palavras, leva-as o vento. Um Procurador que não cumpre os trâmites oficiais e ainda vem reclamar de um «incumprimento» oficioso? E que, depois de ser formal, pública e oficialmente notificado, insiste na barbaridade cometida, afirmando pretender mover processos disciplinares, sem pés nem cabeça, a funcionários competentes? (ou será que o processo disciplinar também é só de boca?) O melhor que tem a fazer é pegar na caneta, verificar que tem tinta, e escrever uma carta colocando o cargo à disposição.
Obrigado, irmão Saiba
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Chover no molhado
domingo, 29 de dezembro de 2013
Refresh de comentários
Apenas para publicar um comentário, entretanto colocado, ao artigo do Embaixador Seixas da Costa, publicado pelo Didinho.
«Sempre que se fala das ex-colónias, os portugueses inflam-se como nos tempos do ultimato inglês. Os comentários que surgem trazem o eco fantasmagórico do: "Para Angola rapidamente e em força!". A análise do embaixador é profundamente lúcida e obviamente não se insere naquele contexto. A questão essencial nas (não) relações entre a Guiné-Bissau e Portugal não é somente este episódio. O Governo de transição que resultou do golpe de estado de 2012 (acto naturalmente condenável, mas que, infelizmente, não é único na história daquele país) tomou em mãos uma situação muito complexa, mas tentou, e em certa medida conseguiu-o, manter os militares tranquilos, e conseguiu igualmente promover um governo de coligação com representação de todos os partidos, PAIGC incluído, pois este partido detém 5 ministérios (desde pelo menos Julho de 2013) e sem apoios financeiros excepto os da CEDEAO e muito significativamente de Timor-Leste, promover pela primeira vez naquele país um recenseamento que vai permitir outra transparência nas eleições marcadas para 16 de Março de 2014, retirando assim uma "justificação" para os sucessivos golpes de estado que contestam os poderes saídos de eleições grosseiramente fraudulentas, mesmo tomando em consideração o critério largo das outras eleições em África. Portugal nunca teve uma estratégia patriótica em relação aos países que outrora foram nossas colónias e nessa matéria também somos originais e diferentes das outras nações europeias que foram potências coloniais. Descolonizámos tarde e reactivamente aos acontecimentos que se impuseram no terreno. Agora com a democracia estabilizada andamos ao sabor da maré, leia-se dos negócios de uns poucos e, para mim, só neste âmbito se pode perceber as posições genuflectidas do nosso Governo em relação a Angola e a contrastante agressividade em relação à Guiné-Bissau. Somos fortes com os fracos e fracos com os fortes. Independentemente da forma, a posição do ministro guineense reflecte exactamente isso.»
Com o nosso agradecimento a Jorge Lemos Peixoto, pela citação;
Eu acrescentaria, em jeito de resposta a alguns dos comentários a esse artigo, que quiseram colocar ao mesmo nível o caso de Portugal (ou melhor, do seu incompetente MNE, que está em todas) com Angola e com a Guiné-Bissau (quando, precisamente, são opostos e antagonistas, passe a redundância), que é a própria soberania que está em causa, com esta atitude tão pouco digna (para não dizer cobarde) dos governantes portugueses.
Quanto ao erro que o Embaixador propaga, de que a «CPLP não se viu nem se ouviu», será simples falta de informação? Portugal e Angola constrangeram a CPLP a fazer e a dizer tudo e mais alguma coisa, moveram montanhas... (aliás, foi devido a esse mau ambiente que a CPLP morreu e deixou de ouvir falar dela, senhor Embaixador da memória curta) Parece antes má fé: tentativa de ignorar as inevitáveis consequências das incompetentes e pouco prudentes atitudes da diplomacia portuguesa; tentativa de arranjar bodes expiatórios para se a história das relações (as mais antigas do Império Português, com cinco séculos e meio: só para se ter uma ideia, os primeiros colonos brancos a chegarem à América, foi dois séculos depois) com a Guiné-Bissau correrem mal.
Atrofio africano
«O principal problema da governança» no continente, segundo Carlos Lopes, «é gerir a diversidade, o respeito pelas minorias e pelas mulheres. É um problema sério que explica muitos dos conflitos em África. A falta de integração das minorias conduz à corrupção, serve regimes patrimoniais de apropriação, pela classe dirigente, dos meios do Estado em benefício próprio.»
Faltaria acrescentar que os países ocidentais, embora apregoem formalmente a democracia, aplaudem e dão palmadinhas nas costas a esses regimes, que, em troca, oferecem uma necessária (mas ilusória) estabilidade, para a prossecução dos seus negócios de carácter predatório, regra geral primários. Pouco antes de morrer, Cabral antecipou e denunciou estas derivas neo-colonialistas.
O discurso de Carlos Lopes, endereçado ao tecido empresarial espanhol, insiste num ponto importante: o principal problema «mental», em relação a um «retorno» dos empresários europeus a África, que oferece imensas oportunidades de negócio consistentes e sustentáveis, tem a ver com a percepção errada destes, fomentada por lugares comuns mediáticos equivocados.
A oportunidade propriamente dita é esta décalage, este lag, entre o potencial de crescimento por explorar, (suportado num influxo de divisas proveniente da exploração de recursos naturais, sobretudo minerais) e o seu liminar desaproveitamento. África tem de (re)começar a ser «vendida», com operações de marketing e de charme, como aos nossos bisavós, com o encanto de «virgem».
Serão os próprios empresários, que se queiram estabelecer, fortes do seu contributo de saber fazer, conhecimento e experiência, que deverão criar o seu próprio estatuto, defendê-lo e valorizá-lo, integrando-se (desta vez, sem a «cobertura» administrativa colonial) no tecido económico local, contribuindo para o seu crescimento consentâneo, retroalimentando e potenciando o todo.
Terão também de estar atentos aos escolhos, excluir, sem excepções e por uma importantíssima questão de princípio, deixarem-se envolver em sistemas de corrupção, ou de «partilha» de benefícios. A sua transparência e seriedade, mantendo-se acima de qualquer suspeita, serão decerto os seus melhores cartões de visita, garantia de investimento e mesmo, seguro de vida.
Obrigado, Carlos Lopes e Progresso Nacional (artigo do El Pais)
sábado, 28 de dezembro de 2013
Cadogo desmente Nando Vaz
Logo depois de o Ministro da Presidência ter produzido afirmações, em Lisboa, ao Jornal Ionline, de que Carlos Gomes Junior não se poderia candidatar por não se ter recenseado (declaração algo prematura, não estando o acto encerrado), eis que Fernando Vaz é contrariado pelo recenseamento do ex-candidato presidencial, no Consulado da cidade da Praia (ver Ditadura do Consenso, link à direita), primeiro passo para aquilo que se pensa poder vir a constituir uma renovada candidatura à Presidência.
Faz assim orelhas moucas aos vários apelos populares, para que deixe a política (activa, pelo menos; poderia aceitar um cargo de conselheiro) e se dedique aos seus negócios. Neste momento, constitui um factor de instabilidade para a Guiné-Bissau (e estou a ser simpático, pois poderia ser considerado uma ameaça externa, ao defender o envio de forças ocupantes para o país). Defender perante as Nações Unidas operações de «reposição de legitimidade perdida» quando esta nem a Paz consegue manter?
Além disso, continua a insistir nas suas atitudes contraditórias: por um lado afirma-se chefe de um governo legítimo, por outro, faz o recenseamento num «sistema» diferente. Será o mesmo país? Aparentemente, coabita facilmente com múltiplas máscaras, o que pouco abona para a seriedade e integridade que devem ser apanágio de um Presidente. Um Presidente deve servir a unidade, não a separação e a divisão dos seus cidadãos. A vaidade do poder (que não soube justificar) estará a subir-lhe à cabeça?
Felicitações à Polícia Judiciária
A Polícia Judiciária deu uma resposta institucional às acusações (públicas) do Ministério Público. Com elevado sentido de Estado e de enquadramento orgânico legal, a PJ solicita (desafia) o PGR a tornar público o respectivo ofício (que se perdeu pelo caminho), pedindo humilde e submissamente que o MP observe «o primado da tramitação documental».
A PJ tem um triste histórico no relacionamento com militares, mas é uma respeitável instituição guineense de elite, muito devendo à acção da sua ex-Directora, Lucinda Barbosa, bem como ao seu substituto João Biagué, que se demitiu (notem a diferença: não colocou o cargo à disposição, demitiu-se, pura e simplesmente) por razões éticas.
Pelos vistos, o novo Director Armando Namontche também não deixa o prestígio da instituição por mãos alheias. O esforço de todas estas pessoas, o seu talento, mérito e capacidade, deveria ser reconhecido, e não ofendido gratuitamente, como o fez o PGR. Talvez o Procurador se deva auto-processar, neste caso, no qual revelou uma certa infantilidade.
Foi uma postura digna de um Estado de Direito. Ver Nota de Imprensa. Obrigado Ditadura do Consenso
UÁ, UÁ, o rei vai NU
Carlos Gomes Junior em entrevista à revista Monocle, citado em cabeçalho pelo Ditadura do Consenso:
Forças sob a égide da UA e NU? Amplo mandato... situação «já anteriormente denunciada». O «governo legítimo» cai mal porque as NU estão-se a ver «gregas» para aguentar o continente, que ameaça «rebentar pelas costuras».
O bangui-bangui continua, o mal ali à espreita no Mali enquanto arranjam maneira de ver s'o dão por acabado no Sudão: vão estar ocupadíssimos com coisas importantes, para se debruçarem sobre as suas preocupações.
Na África austral também há problemas sérios, que justificariam a atenção da respectiva organização sub-regional, bem como, num âmbito mais alargado, da UA, em especial através do seu Conselho de Paz e Segurança.
Pegar o boi pelos cornos
Sendo eu scalabitano, capital dos forcados, não posso deixar de me insurgir contra o tom pejorativo que o anónimo que se envolveu em polémica com o Filomeno Pina, no blog do irmão Doka, quis atribuir ao termo forcado. Aqui, na minha terra, um forcado improvisado e sem preparação que ousa desafiar (as más línguas dirão que está bêbado - e não andarão longe da verdade - mas isso não é chamado ao caso) o touro na picaria, tem todo o valor.
Uma coisa é a gente fina, que anda lá em cima do cavalo a ferir o animal, simulando reminiscências de caça com requintes de malvadez; outra, de valorizar, é a luta mano a mano, sem armas, com o objectivo de o imobilizar. Enfrentar, olhos nos olhos. Como o faz Filomeno Pina, que não brinca em serviço. Sobretudo ao serviço da Guiné-Bissau. Vamos falar de coisas sérias?
Portugueses na Diáspora
Depois de ter gasto cerca de seis milhões de euros para «tentar repatriar» uma comunidade portuguesa na Guiné-Bissau que nunca se sentiu ameaçada, eis que o mesmo Governo perdulário prejudica de forma preocupante a vida a essa mesma comunidade.
Ver o grito de alerta da Associação representativa dessa comunidade (que em Abril do ano passado se recusou a ser salva pela operação Manatim), a quem cortaram agora o cordão umbilical, por dá cá aquela palha. Uma vez mais, a hipocrisia venceu.
Este governo discrimina as comunidades portuguesas: com a angolana, está disposto, se necessário for, (como já mostrou) a humilhar-se; parecendo desprezar a comunidade guineense, que, pela pequena dimensão, considera um simples joguete diplomático.
Uns são filhos, outros enteados. Este Governo é fraco perante os fortes, mas quer fazer-se forte perante aqueles que julga perceber como fracos. Seis milhões de euros sobravam para oferecer uma viagem TAP de ida e volta a Lisboa a cada português em Bissau.
Podem guardar o troco. Obrigado, PN
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Gorgolejão
O politólogo editor do Blog ítica, acaba de publicar mais uma das suas tiradas inócuas, convencionais e ressabiadas. Gorgolejo é o que se recomenda para a espinha atravessada na garganta. Quem tem uma trave à frente dos olhos, tem tendência a apontar o cisco no olho do vizinho. Tal como o Governo português, também Paulo Gorjão «profetizou» a rápida queda (poucos dias lhe dava) daquele que agora (passados quase dois anos) chama de «governo de facto» (e a «reacção da comunidade internacional» que propala em tons ameaçadores também não é novidade, é mesmo um pouco dejà vu...) Essa é a espinha atravessada na sua garganta. Não espere que lhe dêem palmadinhas nas costas, precisa mas é de um valente gorgolejão.
Pode ser uma resposta um pouco infantil, mas, como foi a moda do dia, não resisto:
«Quem diz é quem é!»
Inexistência de condições de segurança
Não se percebe por que razão o PGR insiste na deslealdade e injustiça da acusação ao Director da Polícia Judiciária, que se justificou, no referido momento, com a inexistência de condições de segurança para levar a cabo tal incumbência. Quem leia esta notícia da Lusa (obrigado, Umaro), poderá ser levado a pensar que o Procurador duvida de tal facto. Pretende que o Tribunal passe um atestado da evidência? Ou é uma lavagem de mãos, como Pilatos e Delfim?
O máximo de desinformação
Jorge Heitor voltou a comentar a situação na Guiné-Bissau, mostrando-se pouco informado sobre a realidade. As autoridades guineenses não vendem bilhetes de avião (pelo menos ainda), muito menos passam vistos para Portugal.
Quanto à presença de Fernando Vaz, cidadão português, em Lisboa, não estou a ver porque o estranha: trata-se de um elo de ligação. Mais improvável, seria o ex-jornalista estar em Bissau, a inteirar-se melhor da situação.
Insinuar uma «conspiração» interna e insuspeitas amizades junto do Governo português revela uma imaginação muito fértil. Disparates de quilates! Obrigado, Ditadura do Consenso
Imprecisão de Fernando Vaz
Fernando Vaz, em entrevista à TSF retomada pela RTP, afirma que Cavaco Silva revelou precipitação e um posicionamento infantil, ao ir a correr participar na «brincadeira» de mau gosto contra o bom nome da Guiné-Bissau. Infantil ainda parece simpático; senil seria mais adequado. E, como sugeriram, imbecil também não ficaria mal. De qualquer forma, ouvido o audio, o governante classificava atitudes de Estado, posicionamentos institucionais, não brindou propriamente com esse epíteto a pessoa do Presidente da República portuguesa.
Opinião MDM
Não acho Filomeno um doente mental, antes pelo contrário, um ser altamente pensante e racional, pese embora podermos discordar de algumas das suas ideias, o que é natural. Até posso entender os elogios atribuídos ao Kumba Yalá, como uma forma de o sensibilizar a abandonar a sua intenção de ser de novo presidente, pois realmente a Guiné precisa de mudança e Kumba faz parte de um passado a esquecer. Foi presidente e não foi um bom presidente. A questão central que me preocupa é toda uma onda de supervalorização das qualidades intelectuais e patrióticas de Kumba Yalá que na realidade não existem. Como intelectual Kumba está ultrapassado. Nunca produziu uma obra digna de reconhecimento e de algum valor intelectual. E como estadista foi um desastre. Não acredito que as memórias sejam tão curtas a este ponto!
Obrigado, Malam Dindim Mané
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Balas de algodão doce
Ao ler a resposta de Filomeno Pina aos cidadãos pró-Kumba, compreendi o tom de irritação em que este o fez, pois nota-se de início apenas simples animosidade e vontade de contrariar, sem deixar qualquer espaço de respiração, no texto, para sequer uma opinião ou uma discussão construtiva.
Por isso me parece bastante injusto o comentário que o Doka acabou de publicar, que é ainda mais depreciativo, para as competências e boa vontade de Filomeno Pina, o qual lançou bastantes mais desafios para reflexão e sempre com todo o amor. Ironizar com trabalho de equipa não fica bem.
Nt'chamada má
A não demissão do Ministro do Interior e dos Negócios Estrangeiros arrisca-se a ser mal entendida junto da opinião pública portuguesa e mundial. O Presidente, ao reter a «disponibilização» dos seus lugares, parece querer evitar a todo o custo uma remodelação ministerial, a qual parece impor-se. Mais do que uma simples «remodelação», julgo que é absolutamente necessária uma redefinição do modelo de governação, cuja importância estratégica e relevância para o futuro, não permite que fique dependente do resultado de eventuais eleições.
Cabe às Forças Armadas, um papel de relevo, segundo a Constituição, na interpretação dos anseios colectivos da alma nacional. Viva a aliança da Força com o Povo, num pacto de estabilidade, transparência e responsabilidade de regime, encarnado num projecto claro e consistente, envolvendo a Diáspora e as forças vivas do país. Constatada uma vontade convergente, será lógico convidar-se o Povo a exercer directamente a sua soberania, como recomenda a Constituição, selando assim uma nova esperança com original LEGITIMIDADE.
Proposta de «religação»
Um triunvirato de académicos, da área da «Ciência» da religião, na Universidade Lusófona, produziram um oportuno documento, para o Público. Não tanto pelo conteúdo propriamente dito, mas mais pelo sentido de oportunidade. Parabéns.
Qual a raiz etimológica de religião? Ora! Precisamente essa: religação. Neste contexto, é um pouco pretensioso falar em «ciência», talvez fosse mais adequado (logo, mais propriamente científico) reconhecer que se trata sobretudo de uma Arte.
Interessante que a proposta cai precisamente num momento em que o Doka lançou um apelo no mesmo sentido, dirigido à comunidade virtual guineense, com especial ênfase para os blogues com quem já manteve algumas disputas e desavenças.
Não podemos mudar o mundo, se primeiro não fizermos nós próprios um esforço para mudarmos. E o mundo está especialmente carente de modelos e de bons exemplos. Se o «piorzinho» do «mundo», a Guiné-Bissau, se endireitasse!...
Esse seria um grande pedido para 2014. Também eu me quero associar ao espírito da iniciativa, e lembro aqui uma grande verdade publicada pelo retornado (um bloguista «passivo», que não tem blog mas participa activamente com comentários).
Comentava este, em tom de mágoa, que a Guiné-Bissau poderia ser um magnífico balão de ensaio, para as Nações Unidas, uma experiência piloto, que ajudasse o mundo a perceber o quanto há a ganhar numa nova fórmula de desenvolvimento.
A democracia, nesse contexto, parece mais um empecilho que um calço, como reconhecem os autores do artigo, sugerindo outras fontes de legitimidade, filão aliás já explorado pelo Fórum dos Partidos, bem como pelo Porta-Voz do Comando.
Se, na «amostra» de mundo mais diversa, onde se multiplicam com facilidade as ocasiões de divergências e desentendimentos, ocorrer um «clique»... Não resisto, neste contexto, a «profetizar» que a Guiné-Bissau está destinada a grandes coisas.
Igualmente imbuído de espírito natalício, agradeço ao Progresso Nacional e Ditadura do Consenso - ver links à direita
Angola volta à carga
Novamente através do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, presidido por Angola, chega a intenção de reforçar (decerto com angolanos) a força da CEDEAO em Bissau; segundo o seu representante local, que, para além de porta-voz da UA, aparentemente também é porta-voz de Ramos-Horta (por sua vez porta-voz do Secretário Geral da ONU), este apoiaria essa intenção...
Obrigado Progresso Nacional >
Angola defende o «policiamento» africano do continente, tendo ainda, há poucos dias, o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, num resumo do ano de 2013, no Jornal de Angola, criticado a França pelas suas intervenções no Mali e na República Centro-Africana. «Angola continua a manter a sua vocação de factor de paz, estabilidade e desenvolvimento no continente». Um modelo, portanto.
Por outro lado, talvez estejam a abusar da paciência da CEDEAO, organização que não deverá estar muito interessada em desempenhar o papel de pau mandado. Os renovados e insistentes oferecimentos do regime angolano, com a mal escondida intenção de se (voltar a) imiscuir na política interna guineense (muito longe de casa!) já não são novidade, é mesmo uma tecla que está completamente gasta.
Depois de tanta pressão (e falta de respeito), o melhor a fazer será dissolver e repatriar a força da CEDEAO em Bissau (enviá-la por exemplo para o Sudão do Sul, para o Mali, ou para a República Centro-Africana, onde há guerra e estão a morrer muitas pessoas), que não tem outra serventia para além da de motivar propostas indecentes. Antes de meter a colher, é preciso ter propostas.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
tap, tap, tap
«Absolutamente inaceitável» é como o Ministério dos Negócios Estrangeiros português classifica o caso do encaminhamento dos 74 sírios no avião da TAP. Embora o pretexto da comunicação fosse a divulgação do relatório da comissão de inquérito guineense, nem uma palavra sobre as suas conclusões, insistindo mesmo na tese da «coerção» e não referindo o aval que teria vindo de Lisboa.
A expressão «absolutamente inaceitável» é claramente desadequada: utilizar-se-ia com propriedade se houvesse uma proposta ou um acto em curso; ora o caso foi pontual e está encerrado, o voo aterrou tranquilamente em Lisboa, a maior parte dos passageiros nem sequer se tendo apercebido do «desvio» à normalidade. O que é que Rui Machete não quer aceitar? O avião já lá vai...
Não quer aceitar a realidade, a situação política «de facto», vigente no país, como reconhece. Depois de ter sido desautorizado, vem uma vez mais fazer uma declaração extemporânea e abusiva para a própria transportadora, que em última análise é a responsável técnica pela análise acerca da «existência de condições de segurança no aeroporto de Bissau», sem interferências políticas.
No entanto, como sempre, no comunicado foge-lhe a boca para a verdade, reconhecendo que está em curso um processo de reavaliação do caso, na expectativa que sejam dadas garantias, através de elos de ligação entretanto estabelecidos com as autoridades de facto, no sentido de que não voltem a ocorrer situações similares, de forma a permitir «a retoma da rota» da TAP para Bissau.
Ver notícia.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Segurança interna
O Ministro do Interior terá invocado motivos de «segurança interna» para «ordenar» o embarque dos sírios, segundo noticia o Expresso baseado nos resultados do inquérito ao caso, publicado hoje; não sendo muito esclarecedor que o inquérito seja omisso quanto a isso.
A comissão de inquérito apurou igualmente não ter existido qualquer coacção física (e muito menos «armada») sobre a tripulação do avião ou sequer o chefe de escala; segundo a Lusa a ordem terá sido «visada» por um Director de Escalas da TAP, a partir de Lisboa.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Quem salva Kiir?
O porta-voz do governo sul sudanês admitiu a perda de Bor. (não, não é na Guiné-Bissau)
O Presidente insiste em tentativas de «diálogo», mas o seu rival, na resposta, limita-se a repetir incansavelmente: «Kiir para a rua, Kiir para a rua».
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Resposta a um anónimo
Um anónimo defendeu ser «deselegante embaraçar as potenciais candidaturas», mas não se percebe bem se defende que seja o Supremo Tribunal a fazê-lo... Ora é precisamente porque Kumba é livre de se candidatar, que teria imenso valor a sua atitude activa de abandono (honrando Mandela), desmascarando assim, com esse gesto, a «esperança quimérica» de Cadogo, de que fala.
Mais vale um lugar de Senador vitalício e o eterno respeito dos guineenses, que uma efémera cadeira de Presidente enlameada.
Ver Bambaram di Padida
Paulo Gomes candidato a Primeiro-Ministro
O candidato Paulo Gomes parece andar com problemas de identidade quanto às suas futuras atribuições presidenciais, referindo-se ao «seu» Programa Nacional de Desenvolvimento, desdobrando-se em promessas eleitoralistas pouco consistentes, quando a procissão ainda vai no adro. Um pouco de contenção e atenção à realidade, só poderá melhorar a sua prestação. Ver Progresso Nacional >
Matchundadi
Felicitações ao irmão Filomeno Pina, pela bela e oportuna Carta Aberta ao irmão Kumba Yalá, apelando ao seu sentido de Estadista. Kumba Yalá teve o grande mérito, como presidente, de saber afirmar a sua identidade; pena que depois nem tudo tenha corrido pelo melhor...
Adulai é nome próprio, não uma invectiva golpista (mas desde já reconheço que me tornei um adulador de Indjai).
Portugal dá braço a torcer
De forma atabalhoada, o Governo português acaba de reconhecer as autoridades de facto na Guiné-Bissau, ao nomear, em Diário da República de hoje, o Coronel Armindo da Costa Caio, ao abrigo da figura de «elo de ligação», recorrendo a um Decreto-Lei de 1994 (139) consubstanciado em elementos das Forças Armadas ao serviço do Ministério da Administração Interna.
Entre as suas atribuições, «servir de elo de ligação entre as forças e serviços portugueses e os seus congéneres da República da Guiné-Bissau»; «colaborar com os serviços competentes da República da Guiné-Bissau»...
Este passo à frente, denotando a vontade de caminhar no sentido da normalização das relações diplomáticas com a Guiné-Bissau (se bem que lance uma certa confusão inter-ministerial, desautorizando, de alguma maneira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros), permite esperar que se deva a pressões da TAP, no sentido de semelhante normalização, repondo o destino Bissau na sua oferta.
Preocupação & Pedido
Julgo que as autoridades de Transição devem compreender o Presidente da Administração da TAP, colocado entre três fogos: o Governo Português; a confiança nas autoridades guineenses (que teve o mérito de manter «durante» o 12 de Abril do ano passado); e os accionistas (dos quais depende, claro, o seu bom nome como melhor gestor português - mesmo não o sendo de verdadeiro passaporte), preocupados com a multa milionária que poderão ter de pagar.
Antes de o irmão Fernando ter de inscrever nas contas da empresa uma provisão para o próximo exercício económico, julgo que o Governo da Guiné-Bissau deveria dar garantias à empresa (em termos comerciais, claro, e não diplomáticos), prontificando-se para tal eventualidade. Podem fazê-lo, aliviando assim a tensão entre a Guiné-Bissau e a TAP; não custa nada para já, será apenas preciso recrutar uma equipa de advogados guineenses à altura e está no papo.
Quanto ao novo destino da TAP, Bissau, um pouco de senso comum e um protocolo estrito daqui para a frente, aplanarão sem dificuldades as pequenas arestas que ainda possam subsistir. Como a empresa, não tendo razão para duvidar da boa-fé da proposta, tem conhecimento das dificuldades de tesouraria a que fazem face as actuais autoridades em Bissau, se os irmãos timorenses aceitassem servir de simples fiadores, poderia ajudar ao rápido desenlace.
PS Parabéns ao editor do blog Ditadura do Consenso, pela rábula da nova companhia aérea concorrente da TAP. Está com piada. «Rir é o melhor remédio».