terça-feira, 15 de outubro de 2013

4 contra 1

As apostas on-line não enganam... A formulação é a presença de Rui Machete no Governo daqui a quinze dias: no dia de Todos-os-Santos (estou na dúvida se a escolha do dia foi uma referência ao Presidente de Angola). Se acha que o MNE continuará no cargo por mais de duas semanas, não perca a oportunidade para ganhar uns trocos: por cada euro apostado recebe quatro; quadruplique o seu capital! Ver notícia.

Com o anúncio do fim da «parceria estratégica» (ou «Protectorado» angolano?) que hoje de manhã foi feito por José Eduardo dos Santos, o rácio deverá aumentar, pela pressão que coloca sobre Pedro Passos Coelho (se estava refém de Machete, agora deixou de o estar) que terá de «despertar» finalmente para a forma desastrosa como o MNE tem sido conduzido sob o seu governo. Acorde, homem!

Ainda há pouco tempo, Paulo Portas não saía de Luanda, sempre aos beijinhos. Com tanta bajulação (continuada até ao ridículo pelo seu sucessor), foi a dignidade de Portugal e a normalidade (se não a continuidade) das relações bilaterais que foram colocadas em causa. Agora, todos choram (excepto o BE) sobre o leite derramado, enquanto José Eduardo dos Santos saboreia as suas «vitória$» à sobremesa.

A este propósito, Senhor Primeiro-Ministro de Portugal, relembro os melhores epítetos com que, aqui neste blog, brindei os seus tristes Ministros dos Negócios Estrangeiros:

1) Bajuladores do regime angolano
2) Lacaios do imperialismo angolano

Demasiada confiança não deixou de criar elevadas expectativas facilmente frustráveis. Pequena nota: tudo começou quando Paulo Portas ofereceu ao senhor Presidente de Angola uma armada, para «resolver» a alhada na qual este se tinha metido em Bissau.

sábado, 12 de outubro de 2013

Apesar de tudo... um estado soberano

O Jornal de Angola dedicou um editorial a Portugal, ainda em torno do pedido de desculpas de Machete, onde se defende ser necessária uma «clarificação» entre os dois países: para este Jornal isso resumir-se-ia a Portugal aceitar o Protectorado de Angola (em vez do «da troika»)...

Se Portugal «está reduzido a um protectorado, como afirma o senhor vice-primeiro-ministro Paulo Portas e muitos outros políticos portugueses, não tem capacidade para assumir as suas responsabilidades na comunidade dos países que falam a Língua Portuguesa».

Mas sobretudo para realçar a forma como acaba a peça «jornalística»: afirmando que Portugal «está pior do que a Guiné-Bissau, apesar de tudo um Estado soberano».

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Instigação da violência

Numa espiral de esquizofrenia, a Rádio Morabeza emitiu uma entrevista com o editor do Ditadura do Consenso (o Governo cabo-verdeano deveria tomar providências).

Nela se lamenta que o assalto à Embaixada da Nigéria tenha sido feito com pedras e não com cocktails Molotov, como o blog tinha previamente instruído, para a queimar.

Num patético «apelo» à manifestação e à «revolução» chega a afirmar, em nome do povo «_Morremos, qual é o problema?» Acrescenta que faria o mesmo em Bissau...

A proposta não parece muito atraente: só reforçará o afastamento da realidade e o isolamento a que parece querer remeter-se aquele que foi, em tempos, um grande jornalista.

PS Qual é a raiz etimológica de isolamento? Eu ajudo: isola, em italiano, é «ilha».

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O massacre continua

Neste momento, na SIC, na Quadratura do Círculo. Machete está condenado. Unanimidade dos comentadores (de vários partidos, entre eles o PSD, com Pacheco Pereira), no seu «assassinato» (merecido, diga-se de passagem) político. Para António Costa e Lobo Xavier foi um fartote, de bater no ceguinho.

Palavras finais de Pacheco Pereira, neste contexto:

«Completa degenerescência do sentido de Estado»
«O governo coloca em causa a soberania nacional»

Reacção do Embaixador da Nigéria

Obrigado, irmão Samba Bari, pelas novidades via RDP África no Rispito: as declarações do embaixador da Nigéria vieram acalmar as coisas.

Pelos vistos o feitiço virou-se contra o feiticeiro... o tiro saiu pela culatra. A situação parece estar a gerar compreensão e mesmo uma onda de simpatia.

O senhor embaixador em Bissau classificou o ocorrido como uma «provocação atribuída a mecanismos diabólicos e inimigos do progresso».

Acusou igualmente a Rádio Pindjiguiti de incitação à violência.

Tese dos três

A rádio difusão nacional nigeriana, Voice of Nigeria acaba de editar uma notícia, na qual se mantém o erro. Seria importante corrigir este erro rapidamente... Há que expurgar o «s» do plural no fim de «killing(s)».

A origem parece ser a France Press (AFP), que deveria ser requerida para desmentir a sua versão, face à inconsistência das notícias publicadas (até porque está em causa não só a credibilidade da Agência, como a sua quota parte de responsabilidade ética), no tocante à versão de a multidão ter arrancado os «nigerianos» de um carro da polícia (a foto do indivíduo publicada pela agência não corresponde à da foto chocante publicada pelo Ditadura do Consenso), ou de a(s) morte(s) ter ocorrido nas imediações da Embaixada. O jornalista da AFP teria visto dois corpos «nigerianos» no Hospital e a notícia acaba por se referir a três...

Uma dúzia de detidos

A Lusa acaba de publicar a notícia da prisão de doze suspeitos no caso do linchamento de um cidadão nigeriano.

Segundo Abdu Mané, Procurador-Geral, estão indiciados por participação material no linchamento mortal e incitação à violência e ódio xenófobo.

Seria importante que o processo corresse com a maior celeridade e transparência possível.

O Doka acaba igualmente de publicar um artigo sobre os incidentes, insurgindo-se também contra esta barbaridade, e termina perguntando: «como podemos querer que tratem bem os nossos irmãos na diáspora, se tratamos assim os estrangeiros?»

Panapress insiste no erro

Num comunicado saído há pouco, com o título «Nigéria furiosa com assassinatos dos seus cidadãos», continuam a afirmar serem três os mortos (o que faz com que pareçam assassinatos em série), tendo os jornalistas optado por escolher os piores sinais de todo o contexto (que está já em vias de acalmia, com toda a gente a por água na fervura, incluindo do lado nigeriano):

''When people come and invade our mission, then it is assumed that they have invaded Nigeria.»

Com este género de acusações oficiais, não se brinca, como sugere o PN.

Assumindo as suspeitas, baseadas nas circunstâncias em que ocorreram os factos (a quem aproveitou a «contra-notícia»? era para «abafar» a presença de Xanana?), parece importante desmascarar o carácter maquiavélico das forças obscuras em questão, apurando até às últimas consequências o modus operandi que conduziu a resultados sociológicos tão funestos. Assim, seria importante analisar o registo audio da Rádio Pindjiguiti desse dia, o qual deveria ser tornado público.

Parece uma boa ocasião para reflectir sobre a responsabilidade jornalística e o seu papel na sociedade...

Ntene foronta di borgonha

A vergonha que se passou em Bissau foi discutida no Parlamento nigeriano, que pediu o reforço da segurança em todas as suas embaixadas pelo mundo fora, tendo o governo condenado veemente os factos, considerando-os «bárbaros e inumanos»; o Presidente ordenou ao embaixador em Bissau que investigue as razões do sucedido.

Face ao aturdimento generalizado que revelam as primeiras notícias, de repúdio por esta inqualificável atitude de xenofobia, foi veiculada alguma informação errada passível de dar origem a um mau entendimento do que se passou, já que não se referem a uma acção «popular» (que teria sido mais ou menos «espontânea»), mas sim à actuação de supostas milícias armadas, numa operação estilo «comando» de guerrilha (eventualmente traduzindo uma putativa «intencionalidade»).

O mesmo refere a notícia em inglês divulgada pelo Progresso Nacional, no qual parece que a situação evolui já favoravelmente graças a uma reacção pronta e firme das autoridades e a um pedido de desculpas à Nigéria ; num outro artigo do mesmo blog associam-se os acontecimentos subsequentes, sugerindo tratar-se de retaliação por parte das autoridades militares, numa percepção de que a fúria popular terá sido premeditada e induzida por provocadores.

(Falta de) Visão nocturna

A Visão aceita queixas. Se lhe roubarem o telemóvel, telefone (de uma cabine pública), que a revista faz um artigo, para ver se conseguem recuperar o seu aparelho. Ver (pseudo) notícia (mas literária).

PS Julgo que o patrão lhe tinha agradecido mais uma crónica entrevistando Xanana, naquele contexto... Que falta de faro e de sentido de oportunidade para entrar para a história e vender mais umas revistas. Deveria ser despedido de cronista, pois o papel da Visão é de qualidade boa demais para esta vítima lamechas de assaltos no escuro. Para a próxima, em Bissau, volte para o Hotel antes do por do sol, ou compre uns óculos de Visão nocturna.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Machete massacrado em todos os telejornais

Na SIC foi mesmo a «estrela», há pouco, à hora do almoço, com mais de 10 minutos de tempo de antena.


Ver também a entrevista de Rafael Marques, à mesma cadeia, na qual o jornalista angolano acusa de subserviência (no mínimo) os ministros portugueses.

O diário do regime, em Luanda, como publicou o Didinho, reage sempre, por antecipação, disparando em todas as direcções e, como é costume, utilizando o argumento de sempre, o único, aliás: os reféns portugueses que mantêm no país, evidenciando o carácter essencialmente perverso do relacionamento entre os dois países... E ainda têm a lata de falar em reciprocidade?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Notícia canibalizada

Primeiro uma nota de desagrado pela «não notícia» que invadiu os meios de comunicação social portuguesa: desde quando o roubo de um telemóvel é notícia? O grande comandante Xanana visita Bissau e sobre isso nem uma palavra... Parabéns ao Progresso Nacional pela desmistificação.

Parabéns ao Nbissane Nquelim, publicado pelos irmãos intelectuais balantas, pela desmistificação dos boatos anti-nigerianos; seria interessante conhecer a sua proveniência... já agora, os parabéns também à Liga pela pronta reacção. Depois de o sangue ter corrido, é precisa introspecção.

E refiro o exemplo de Ramos-Horta: segundo conta, a violência política em Timor, só acalmou depois do atentado contra si. Ao verem o sangue os seus opositores ficaram confundidos.

É natural que os ânimos se exaltem com facilidade devido ao triste quadro económico e social... E também aos apelos e instigações à violência. É triste e não dignifica o país.

Nada justifica a loucura assassina que assolou hoje Bissau.

Visita de Estado

Foi emocionante constatar a empatia de Xanana, vestindo farda a rigor; exemplificando assim como um militar também pode ser um político interveniente.

A sua capacidade para sentir, para comungar das preocupações dos outros, são exemplares de humildade e humanidade. Grande bofetada para Lisboa.

Um bom exemplo para os cinzentões de cabeça vazia, políticos e jornalistas, que papagueiam condenações no desconhecimento das realidades do país.

O povo da Guiné-Bissau, «tão desencantado pelas elites políticas, traído nos seus sonhos mais simples», agradece a Ramos Horta pela oportunidade.

Espera-se com impaciência a apresentação conjunta dos resultados e conclusões desta visita histórica, sendo momento ideal para grandes decisões.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Rua!

Marcelo Rebelo de Sousa recomendou ao bajulador do regime angolano, Rui Machete, infeliz escolha de Passos Coelho para Ministro dos Negócios Estrangeiros, que se demita, para não obrigar o Primeiro-Ministro a ter que fazê-lo...

Não bastava o outro MNE, este é ainda pior!

Ver notícia.

domingo, 6 de outubro de 2013

Exemplo de tolerância

Viajando com o chefe da sua própria oposição, Xanana enunciou, com emoção e lágrimas nos olhos, um apelo à estabilidade no país, perante o Presidente de Transição e o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, instando os guineenses a seguir o exemplo timorense e «que nunca mais corra sangue».

Viva a estabilidade!

Adjarama, Comandante Xanana!

Obrigado, irmãos intelectuais balantas na diáspora.

Moralistas intolerantes e vendidos

Jorge Heitor reflectiu, com óbvias implicações na actual tomada de posição de Xanana na Guiné-Bissau, uma notícia do semanário Sol (cuja tiragem, principal aposta e fonte de financiamento é Angola), de um pseudo-jornalista lamechas dando pelo nome de Luís Osório: este insignificante insecto, vem agora supostamente «retrair» lágrimas que terá, em tempos, vertido. Mais um hipócrita da conhecida escola; eram quase de esperar estes ataques injustificados e injustos.

Tal como a acusação de «golpista» em nada afectará Justino Delgado, junto dos seus fãs, também esta ignóbil atitude movida por obscuros interesses, em nada afecta para mim (nem para mais ninguém), que também chorei por Xanana e por Timor, a imagem do grande Comandante. Vou aproveitar agora para dizer ao meu filho, que começa a perceber as coisas, que, «se ainda existem heróis, Xanana Gusmão é um deles», tal como Nelson Mandela ou Amílcar Cabral.

PS Na minha família, o ambiente sempre foi emocionalmente muito sensível a Timor (e partizan). Tanto que a minha irmã foi das primeiras voluntárias a partir para Timor, onde ficou mais de um ano a formar e capacitar técnicos locais, tendo participado em diversas iniciativas comunitárias, colaborado com rádios, com ONGs... e vivido a experiência de um país novo.

Coca (ou) Cola ?


Gastar milhões de dólares ao orçamento, para inventar, de todas as peças, uma cabala triangular intercontinental, com «espiões» caros à mistura, raptar um CEM num país estrangeiro (cinquenta polícias e um avião à espera), não configuram propriamente «serviços essenciais»: os funcionários da DEA deveriam ser mandados para casa, sem vencimento, até Obama saber ao certo se vai ter dinheiro para lhes pagar.

Isto tudo, porque, face à paranóia norte-americana, um relatório de um general colombiano, comentando a apreensão às FARC de um míssil Strella, afirmava que este estava completamente inoperacional e não constituía qualquer perigo, quer para o exército colombiano, quer norte-americano. Herbert, numa colaboração com um semanário angolano, insiste numa versão persecutória por parte dos Estados Unidos da América.

A ser verdade a história da escolta, seria indigno para os Estados Unidos, sendo motivo para apoiar a retirada da sede das Nações Unidas de território americano. Bem como de uma chamada ao palácio presidencial do embaixador que, em Dakar (mas ainda não há muito tempo esteve em Bissau por causa dos Direitos Humanos) se atribui o âmbito geográfico «Senegal e Guiné-Bissau», para lhe manifestar a sua indignação.

País que é o maior consumidor de cocaína no mundo, cuja bebida nacional começa com «Coca», não se deve arrogar esses «direitos» de interferência forjados. Obasanjo e a Liga bem procuraram, mas não há drogados desses em Bissau. Abaixo a coca, que é uma droga estrangeira, prefira a droga nacional: masque cola. Info para espiões da DEA: a melhor droga pode comprar-se à saída, no aeroporto, uma noz por apenas 50FCFA.

Aliança transcontinental

Felicitações ao grande Comandante Xanana, pela postura humilde «Não viemos para ensinar nada; apenas para trocar experiências». Trata-se de um convívio, humana e politicamente enriquecedor. O grande Comandante da guerrilha sabe o que são decisões impopulares.

Como quando optou pela não violência, numa decisão pessoal, como Nelson Mandela, entregando-se ao inimigo, para o roer por dentro. O grande Comandante sabe como, às vezes, é preciso dar um passo atrás, para depois poder dar dois, em confiança, para a frente.

Timor-Leste está com um protagonismo internacional invejável, afirmando-se na cena mundial muito para além da sua pequena dimensão, no âmbito da Presidência do G7+, um organismo reunindo 18 países que aspiram a encontrar a fórmula para o desenvolvimento sustentável.

Tal como Timor-Leste fica feliz por poder apoiar o povo irmão da Guiné-Bissau, agora que começa a chegar algum dinheiro do petróleo (a Guiné é mais pequena que Timor), só tem a lucrar, com uma experiência piloto conduzida com sucesso, para servir de modelo.

É que, um investimento criteriosamente alocado, não só ajudaria a Guiné-Bissau, como, seguindo o exemplo Timorense, talvez viesse a permitir, mais cedo do que se julga, contribuir para um Fundo de Desenvolvimento Global, que por sua vez ajudasse outros países.

Porque vêem as Necessidades a aproximação Dili-Bissau de mau olho? Pela voz de Xanana, Timor apenas manifestou algum ressentimento de ter sido economicamente abandonado por Portugal, no processo de reconstrução, resumindo-se o apoio a alguma cultura «chocha».

Não há qualquer consistência nas «arquitecturas» de Lisboa, que parece ter abandonado qualquer política própria e andar a reboque de Angola. Qualquer vaga ideia «lírica» de um Portugal universalista e construtivo, desapareceu, num lamentável desfile de medíocres.

A actual dinâmica não deve ser perdida, talvez o grande Comandante pudesse, via Lisboa, seguir para o Brasil, para tentar convencer o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros do interesse, para o seu país, em aderir a uma nova visão da CPLP, sem preconceitos.

No mesmo sentido, uma visita ecuménica de Dom Ximenes Belo, completaria o quadro deste estreito relacionamento, que se espera possa vir a dar belos frutos e a beneficiar não só os dois povos, como indirectamente os povos oprimidos de Portugal e de Angola.

PS Julgo que o povo guineense, deveria poder manifestar a sua gratidão pelo empenho do grande Comandante Xanana, pelo que talvez fosse de abrir uma excepção ao regime de proibição de manifestações públicas, permitindo a expressão do afecto (e vontade) popular.

Rispito

Apenas para felicitar e comentar o Samba Bari, no Ponto di Mira desta semana.

Não resisto a citá-lo:

«Mesmo quem vive com mais péssimo estado de analfabetismo e falta de cultura geral, sabe que semear a boa semente, com ou sem suor e sacrifício, ainda que seja pela humidade das lágrimas, a certeza é de que um dia verá nascer as plantas. E das plantas que nascer requeiram um tratamento cuidadoso, um acompanhamento continuo, para servir a todos. O importante é o espírito, a vontade, o esforço e a dedicação...»

Em termos de governantes, ficaríamos melhor servidos com o Samba Bari, do que com qualquer elemento indicado por qualquer partido. Estou a falar também do Samuel, do No Djemberém. Pessoas que já deram provas do seu patriotismo e desinteresse. Refiro-me também ao Didinho, ao Filomeno Pina, que têm orientado os guineenses, nestes tempos conturbados, com as suas opiniões e tomadas de posição.

«É sabido que tudo o que não tem cabeça não anda mas é pior quando existem varias cabeças em que cada um puxa para o seu lado. (...) Não falo só deste governo como também o governo e o regime democrático que vier a ser instaurado depois das próximas eleições gerais. Se não reunir um consenso e a boa vontade de todos, nada impede a situação arrastar com continuidades de sacrifício e de sofrimento para todos.»

E por fim, um pouco mais à frente, num genuíno apelo à responsabilidade colectiva das gerações:

«Se não encararmos com seriedade e persistência as possibilidades da vida, para aquilo que podemos transformar em bem-estar, felicidade e realização também não vamos escapar à responsabilidade de sermos cúmplices de toda a má vivência projectada para as futuras gerações.»

Advogado do Diabo

Trata-se de uma figura do Direito canónico da Igreja católica: na instrução de um processo de santidade, julga-se que o «Diabo» também deve ter a sua palavra, a bem da verdade; este deve contrariar o processo no que puder, evidenciando algum defeito ou vício do candidato, ou o não cumprimento de todas as regras de canonização exigidas.

Numa observação perspicaz e simpática (reconhecendo o meu empenho e minúcia), o Marcelo Marques afirmou, em comentário, que «procuro constantemente tudo o que de mais ínfimo possa legitimar» a actual situação. Ao ver a verdade sistematicamente deturpada, cabalas em catadupa, manipulação mental, tentativas ficcionais de exorcizar a realidade...

Ter-me-ia sido muito mais fácil e simples (para toda a gente, até actuais «golpistas») ter aderido à «unanimidade» do discurso «anti-golpista», cujo campo muitos queriam fazer parecer estar reduzido a «meia dúzia de militares analfabetos»; mas não gosto que pensem por mim... tal como me parece ter sido a postura da imensa maioria dos guineenses: esperar.

Engraçado é que, discretos, os guineenses nunca aderiram publicamente, na diáspora (onde o podiam fazer) a quaisquer iniciativas de apoio ao Governo deposto (em massa, como pretendiam e quiseram fazer crer), como aliás foi sendo documentado neste blog. Depois, tiveram de reconhecer a figura de «intelectuais golpistas»...

Depois vieram os artistas «golpistas»... Brevemente, quando o povo se pronunciar, teremos um «povo golpista». Continua o discurso diabolizador do contra-golpe, passado mais de um ano e meio. A caricatura do Kafumbero funciona em pleno: em vez de reconciliação, temos um mero diálogo de surdos. Este não é um contexto favorável para eleições.

Os autodenominados «anti-golpistas» reduziram-se a uma irredutibilidade que prejudica claramente os objectivos primeiros de estabilidade da nação; coagindo os militares a uma fuga para a frente. É o tudo ou nada, com a desestabilização da Guiné como pano de fundo. Resta aos responsáveis militares por toda esta situação tentarem redimir-se.

sábado, 5 de outubro de 2013

Xanana critica CPLP

O grande comandante Xanana criticou a CPLP, defendendo que esta deverá ter um papel sobretudo económico e não político, como no caso da Guiné-Bissau.

Timor-Leste está a desempenhar um papel digno de louvor, ao seu mais alto nível, dando o exemplo de uma abordagem pragmática e construtiva em prol da paz.

Quanto aos modelos de desenvolvimento a adoptar, a Guiné-Bissau está num estado mais difícil do que Timor quando foi elevado a Estado: Timor começava do zero.

 A Guiné-Bissau não começa do zero; tem um enorme «passivo», resultado de quatro décadas de independência abusada. A democracia deverá ser reconstituinte.

Ou seja: deverá transcender o actual enquadramento político-partidário; ser elaborado um novo quadro constitucional, depois de um período de transição consistente.

A transição deverá basear-se na estabilidade político-militar, que só poderá ser obtida com a adesão dos militares a um pacto de regime, o qual terá de dar garantias de governabilidade.

Esse desafio de governabilidade só pode consistir num governo de gente empenhada, tecnicamente competente e não envolvida no actual sistema político.

Novo conceito de responsabilidade, associado à transparência de actuação, consubstanciados num mandato «mínimo», a cumprir num prazo estipulado.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Retórica anti-golpista

Os defensores de Cadogo, têm vindo a utilizar o termo «golpista», como sinónimo de «diabólico», resumindo irremissivelmente todos os males e estigmas, com que se pode acusar e condenar definitivamente alguém. Sente-se a força da grande autoridade moral de quem o afirma.

Pouco interessa que se apresentem ou não argumentos, basta que se acuse alguém de «golpista» e parece que se faz um silêncio, e que ficam à espera que toda a gente apedreje os visados... O desespero faz com que nem os maiores artistas guineenses sejam poupados.

Desde já um pedido ao Justino Delgado: uma vez que não consegui encontrar referência ao concerto anunciado pelo Aliu Baldé no Ditadura do Consenso, solicito o envio do cartaz, para ficar a saber se consigo encontrar disponibilidade para ir, e publicar aqui.

Controlo remoto

Ver para crer, como São Tomé: Cadogo na Guiné? Ou Congresso Extraordinário em Lisboa? PAIGC telecomandado do exílio...




Ninguém escreve ao Primeiro! Tempo cambia!

PS É muita ingratidão: Cadogo agradece ao destino e a Deus a sua libertação, mas não aos libertadores!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Liberdade de imprensa

Não faz sentido colocar obstáculos à liberdade de imprensa, quando os jornalistas não fazem mais que o seu trabalho, informar.


Depois do caso Rádio Bombolom, que «rendeu» ao país imensa publicidade negativa perante o exterior, para quê recomeçar o filme? 

Na boca ficadu... ka ta entra mosca. Se o General fala, é notícia. Para o bem e para o mal. O crioulo é uma língua sobretudo oral, com um ritmo e teatralidade próprios, muito propenso à metáfora; os verdadeiros conteúdos emocionais, passados para escrito, ou traduzidos, para ouvidos «brancos» não iniciados, podem induzir em erro. Como a história da «catana»: julgo que a maior parte dos comentadores comete o mesmo erro que cometeu em tempos Zamora, subestimando o General Injai; porque razão não haveria o General de ser capaz de ironia? Estava mais perto da verdade Ramos Horta, quando disse que não valia a pena os seus guarda-costas andarem com as «fuscas» por Bissau, porque se o General fosse atrás dele, seria com «bazucas».

Transcrevo a mensagem que recebi de Braima Darame, a quem dou desde já os parabéns pelo profissionalismo:

«Boa Noite, amigo

A Rádio Jovem foi intimidada esta noite por um grupo de indivíduos não identificados que ordenou não emitir mais a notícia do chefe das forças armadas, alegando que era uma reunião sem direito a gravação para os jornalistas convidados. Em fim, estamos tranquilos, pois fomos formalmente convidados para cobrir a reunião que decorreu hoje no clube das forças armadas esta manhã. Passamos o som com áudio, é crime? Foi aquilo que dizem que transmitimos na primeira pessoa. Por ser um acto de censura, não emitimos o jornal das 22h e se não for resolvido em breve não vamos emitir os próximos noticiários na Rádio Jovem. Por hoje, vamos ter que fechar as portas devido as chamadas anónimas e a falta de segurança para o turno nocturno da rádio.»

PS Quanto às declarações propriamente ditas, não vejo nelas nada de propriamente reprovável ou censurável: o General manifestou insatisfação (sentimento decerto partilhado pela imensa maioria dos guineenses) com a fórmula de transição escolhida, assumindo ter-se tratado de um desperdício de tempo; considero mesmo bastante oportunas, a preocupação e a motivação que deram origem a estas declarações... 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

USA => Off

É o shut down. O apagão. O estouro.

Obama é um flop. Ver o artigo que já aqui tinha escrito há uns meses, o fim de Obama. Quis lançar uma guerra para tapar os olhos aos americanos. Não conseguiu. Agora, que emerge o desastre financeiro em que se encontra a América, tenta fazer da oposição o bode expiatório para os seus falhanços e crenças despesistas (demasiado optimistas). Como pode acusar os republicanos de fazerem chantagem (ver DN), quem não tem feito outra coisa, desde que lançou o «seu» sistema de saúde (a contra-ciclo, em plena crise)?

E isto é apenas a face visível do iceberg.

1 Outubro 2013 => 1€ = $1,35